Malu,

Nosso problema está em querer associar a vida no mundo espiritual à vida no mundo corpóreo, em função do simples fato de serem os Espíritos as almas dos homens que habitam ou habitaram a terra. Assim, por consequência direta desse fato, os Espíritos devem precisar não apenas de um idioma, mas de lugares circunscritos para viver, cidades, objetos, e atividades semelhantes as que fazemos enquanto encarnados. É óbvio que partindo desse princípio só poderíamos entrar em divergências como as que embalamos a cada tópico desse Fórum que propõe a discutir assuntos a respeito do mundo espiritual.

O mundo espiritual é dos Espíritos desencarnados. A faculdade de pensar é também um atributo do Espírito. Mas a faculdade não é dada por nenhum órgão particular porque o Espírito não possui órgãos. Sabemos por meio dos Espíritos Superiores que a faculdade de pensar no Espírito encarnado se torna bastante limitada quando se manifesta pelo órgão físico de que dispõe para isso. O pensamento no mundo espiritual é algo que desconcemos porque nosso órgão físico não o permite. O mundo espiritual é portanto desconhecido pelo cérebro humano, e  é nosso dever respeitarmos essa limitação, pois ela é necessária.

Em O livro dos Espíritos, kardec perguntou aos Espíritos Superiores:

227. De que maneira os Espíritos errantes se instruem? Eles, certamente, não o fazem da mesma maneira que nós?

Ao que os Espíritos responderam:

“- Eles estudam o próprio passado e procuram os meios de se elevar. Vê em, observam o que acontece nos locais que percorrem; escutam as palestras dos homens esclarecidos e as opiniões dos Espíritos mais elevados que eles, e isto lhes traz ideias que não possuíam.”

Kardec disse que “certamente, não o fazem da mesma maneira que nós” e os Espíritos Superiores não o corrigiram. Deveria ser o suficiente para não darmos ouvidos a Espíritos que surgem com livros sobre Universidades e matrículas em cursos no mundo espiritual. 

Os idiomas sugiram a partir da fala, o som articulado, que em seu desenvolvimento gerou a palavra articulada. Não foi a fala que surgiu a partir dos idiomas.

"A palavra articulada também é uma necessidade de nossa organização. Não necessitando de vibrações sonoras para lhes ferir os ouvidos, os Espíritos se entendem pela simples transmissão do pensamento, assim como muitas vezes nos entendemos por meio de um simples olhar." (KARDEC. Quadro da vida espírita. In: Revista Espírita, abril de 1859)

Os Espíritos se comunicam pelo pensamento. Como? não sabemos. Falta-nos capacidade para entender isso. Mesmo porque, “nossa linguagem não é feita para exprimir ideias que não possuímos, precisamente como a linguagem dos selvagens não possui termos para exprimir nossas artes e nossas doutrinas filosóficas. (Kardec, LE, Vida Espírita)

Abraço,



 

Olá

Há que distinguir o pensamento da linguagem. O pensamento está a montante da linguagem. São dois níveis diferentes de processamento.

O pensamento é emitido pelo espírito e recebido pelo cérebro, no caso de estado normal de consciência, quando estamos acordados. 

A linguagem é algo que está dependente do cérebro, não do espírito. É o segundo nível de processamento. 

Quando nós pensamos, não conseguimos distinguir a acção do cérebro da acção do espírito. Por isso temos a sensação que é tudo o mesmo, e que dependemos da língua para pensar.
 
Mas, ao nível da alma, existem ainda dois níveis de processamento:

- A comunicação espírito - perispirito;
- A comunicação perispirito - cérebro;

O perispirito não é igual em todos os mundos. Está adaptado ao tipo de corpo desse mundo. O que é mesmo igual em todos os mundos, em principio, é a comunicação espírito - perispirito. E é essa a linguagem universal dos espiritos.

Quando um médium fala uma língua que não conhece, as suas cordas vocais são como um objecto independente, não são accionadas através do cérebro do médium. É um efeito físico. É tal como um médium de psicografia (escrita automática), que consegue fazer uma letra que não é o tipo de letra dele, mas do espírito comunicante. Como se mexem as cordas vocais, podia-se fazer outros sons, por processos que fizessem ondas de pressão de ar, que são conseguidos pela acção conjunta do médium e do espírito.

Claro que se trata de um processo muito complexo, e que podem haver vários fenómenos diferentes em simultâneo, de tipos diferentes.

Os espiritos comunicam como as pessoas comunicam através da telepatia, cuja possibilidade está demonstrada através das experiências ganzfeld.

http://en.wikipedia.org/wiki/Ganzfeld_experiment

Esta é a minha interpretação do que diz o livro dos médiuns.

bem hajam