Forum Espirita

*
  • Moderadores
  • Regras
  • Sobre
  • FAQs
  • Contactos
Por favor Entre ou registe-se.

Entrar com nome de utilizador, password e duração da sessão
  • Início
  • Pesquisa
  • Contato
  • Salas de Chat
  • Entrar
  • Registe-se
  • Forum Espirita »
  • GERAL »
  • Outros Temas »
  • Leon Denis

Aumentar pontos de Participação:  
O que pensa sobre esta mensagem?
Gostei Não gostei  
Comentar:

« anterior seguinte »
  • Imprimir
Páginas: [1]   Ir para o fundo

Autor Tópico: Leon Denis  (Lida 2464 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.

Offline Klauz

  • Mundo de Regeneração
  • *
  • Mensagens: 195
  • Participação: 39
  • Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +26
  • Cidade: João Neiva-ES
  • País: Brasil
Leon Denis
« em: 06 de Fevereiro de 2011, 16:49 »
0Gostou?
A  IGREJA

  Léon Denis

 

Durante doze séculos a Igreja dominou, formou a seu talante a alma humana e toda a sociedade. Em sua mão se concentravam todos os poderes. Todas as autoridades residiam nela, ou dela procediam. Ela imperava sobre os espíritos como sobre os corpos; imperava pela palavra, e pelo livro, pelo ferro e pelo fogo. Era senhora absoluta do mundo cristão; nenhum freio, nenhum marco limitava a sua ação. Que fez ela dessa sociedade? Queixa-se da sua corrupção, do seu cepticismo, dos seus vícios. Esquece-se de que, acusando-a, acusa-se a si mesma? Essa sociedade é obra sua; a verdade é que ela foi impotente para a dirigir e melhorar. A sociedade corrompida e céptica do século XVIII saiu de suas mãos. Foram os abusos, os excessos, os erros do sacerdócio que determinaram o seu estado de espírito. Foi a impossibilidade de crer nos dogmas da Igreja, o que impeliu a Humanidade para a dúvida e para a negação.

O materialismo penetrou até à medula, no corpo social. Mas de quem é a culpa? Se as almas tivessem encontrado na religião, tal como lhes era ensinada, a força moral, as consolações, a direção espiritual de que necessitavam, ter-se-iam afastados dessas igrejas que em seus poderosos braços embalaram tantas gerações? Teriam elas deixado de crer, de amar e de esperar?

A verdade é que o ensino da Igreja não conseguiu satisfazer as inteligências e as consciências. Não pode dominar os costumes; por toda parte lançou a incerteza, a perturbação do pensamento, de que proveio a hesitação no cumprimento do dever e, para muitos, o aniquilamento de toda esperança.

Se, no auge do seu poderio, a Igreja não conseguiu regenerar a Humanidade, como o poderia hoje fazer? Ah! talvez, se abandonasse os seus palácios, as suas riquezas, o seu culto faustoso e teatral, o ouro e a púrpura; se, cobertos de burel, com o crucifixo na mão, os bispos, os príncipes da Igreja, renunciando aos bens materiais e tornando-se como o Cristo, sublimes vagabundos, fossem pregar às multidões o verdadeiro evangelho da paz e do amor, então talvez a Humanidade acreditasse neles. Não se mostra disposta a Igreja Romana a desempenhar esse papel; o espírito do Cristo parece cada vez mais abandoná-la. Nela quase não resta senão uma forma exterior, uma aparência, sob a qual já não existe mais que o cadáver de uma grande idéia.

As igrejas cristãs, em seu conjunto, não subsistem senão pelo que nelas resta de moral evangélica; sua concepção do mundo, da vida, do destino, é simplesmente letra morta. Que pensar, com efeito, e que dizer de um ensino que forçou os homens a crer, a afirmar, durante séculos, a imobilidade da Terra e a criação do mundo em seis dias? Que pensar de uma doutrina que vê na ressurreição da carne o único meio de restituir à vida os mortos? Que dizer dessa crença que pretende deverem os átomos do nosso corpo, há tanto tempo dispersos, reunir-se um dia? Em presença dos novos dados que todo dia vêm esclarecer o problema da sobrevivência, tudo isso não é mais que um sonho de criança.

O mesmo acontece com a idéia de Deus. A mais grave censura que se pode irrogar ao ensino das igrejas, incide no fato de haver falseado, desnaturado a idéia de Deus, tornando-a por odiosa a muitíssimos espíritos. A Igreja Romana sempre impôs o temor de Deus às multidões. Havia nisso um sentimento necessário para realizar o seu plano de domínio, para submeter a Humanidade semibárbara ao princípio da autoridade, mas um sentimento perigoso, porque, depois de haver feito muito tempo escravos, acabou por suscitar os revoltados, - sentimento nocivo, esse do medo, que, depois de ter levado o homem a temer, o levou a odiar; que o ensinou a não ver no poder supremo senão o Deus das punições terríveis e das eternas penas, o Deus em cujo nome se levantaram os cadafalsos e as fogueiras, em cujo nome correu o sangue nas salas de tortura. Daí se originou essa reação violenta, essa furiosa negação, esse ódio à idéia de Deus, do Deus carrasco e déspota, ódio que se traduz por esse grito que hoje em dia ressoa em toda parte, em nossos lares, em nossas praças, em nossas folhas públicas: nem Deus, nem Senhor.

E, se a isso acrescentarmos a terrível disciplina imposta aos fiéis pela Igreja da Idade Média, os jejuns, as macerações, o temor perpétuo da condenação, os exagerados escrúpulos, sendo um olhar, um pensamento, uma palavra delituosa, passíveis das penas do inferno, compreendereis que ideal sombrio, que regime de terror fez a Igreja pesar durante séculos sobre o mundo, compelindo-o a renunciar a tudo o que constitui a civilização, a vida social, para não cuidar senão da salvação pessoal, com desprezo das leis naturais, que são as leis divinas.

Há! Não era isso o que ensinava Jesus, quando falava do Pai, quando afirmava este único, este verdadeiro princípio do Cristianismo - o amor, sentimento que fecunda a alma, que a reergue de todo o abatimento, franqueia os umbrais às potências afetivas que ela encerra, sentimento de que ainda pode surgir a renovação, a regeneração da Humanidade.

Porque nós não podemos conhecer Deus e dele aproximar-nos senão pelo amor; só o amor atrai e vivifica. Deus é todo amor e para o compreender é necessário desenvolver em nós esse princípio divino. É preciso cessar de viver na esfera do “eu” para viver na esfera do divino, que abrange todas as criações. Deus está em todo homem que sabe amar. Em amar e cultivar o que há de divino em nós e na Humanidade, é que consiste o segredo de todo progresso, de toda elevação. Escrito está: “Amarás a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.

Se tivessem prevalecido os preceitos evangélicos, o Cristianismo estaria no apogeu do seu poder e da sua glória. Eis porque será preciso voltar aos puros ensinamentos de Jesus, se quiserem reerguer e salvar a religião; porque, se a religião do poder tem sua grandeza, maior é a do amor; se a religião da justiça é grande, maior é a do perdão e da misericórdia. Aí estão os verdadeiros princípios e a base real do Cristianismo.

 

 

(Léon Denis - Obra: Cristianismo e Espiritismo).

 
 
 

Registado
Poderoso é o sol da verdade

Offline Klauz

  • Mundo de Regeneração
  • *
  • Mensagens: 195
  • Participação: 39
  • Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +26
  • Cidade: João Neiva-ES
  • País: Brasil
Re: Leon Denis
« Responder #1 em: 06 de Fevereiro de 2011, 16:51 »
0Gostou?
A  ALMA

  Léon Denis

 

     A alma vem de Deus; é, em nós, o princípio da inteligência e da vida. Essência, misteriosa, escapa à análise, como tudo quanto dimana do Absoluto. Criada por amor, criada para amar, tão mesquinha que pode ser encerrada numa forma acanhada e frágil, tão grande que, com um impulso do seu pensamento, abrange o Infinito, a alma é uma partícula da essência divina projetada no mundo material.

     Desde a hora em que caiu na matéria, qual foi o caminho que seguiu para remontar até ao ponto atual da sua carreira? Precisou passar vias escuras, revestir formas, animar organismos que deixava ao sair de cada existência, como se faz com um vestuário inútil. Todos estes corpos de carne pereceram, o sopro dos destinos dispersou-lhes as cinzas, mas a alma persiste e permanece na sua perpetuidade, prossegue sua marcha ascendente, percorre as inumeráveis estações da sua viagem e dirige-se para um fim grande e apetecível, um fim que é a perfeição.

     A alma contém, no estado virtual, todos os germens dos seus desenvolvimentos futuros. É destinada a conhecer, adquirir e possuir tudo. Como, pois, poderia ela conseguir tudo isso numa única existência? A vida é curta e longe está a perfeição! Poderia a alma, numa vida única, desenvolver o seu entendimento, esclarecer a razão, fortificar a consciência, assimilar todos os elementos da sabedoria, da santidade, do gênio? Para realizar os seus fins, tem de percorrer, no tempo e no espaço, um campo sem limites. É passando por inúmeras transformações, no fim de milhares de séculos, que o mineral grosseiro se converte em diamante puro, refratando mil cintilações. Sucede o mesmo com a alma humana.

     O objetivo da evolução, a razão de ser da vida não é a felicidade terrestre, como muitos erradamente crêem, mas o aperfeiçoamento de cada um de nós, e esse aperfeiçoamento devemos realizá-lo por meio do trabalho, do esforço, de todas as alternativas da alegria e da dor, até que nos tenhamos desenvolvido completamente e elevado ao estado celeste. Se há na Terra menos alegria do que sofrimento, é que este é o instrumento por excelência da educação e do progresso, um estimulante para o ser, que, sem ele, ficaria retardado nas vias da sensualidade. A dor, física e moral, forma a nossa experiência. A sabedoria é o prêmio.

     Pouco a pouco a alma se eleva e, conforme vai subindo, nela se vai acumulando uma soma sempre crescente de saber e virtude; sente-se mais estreitamente ligada aos seus semelhantes; comunica mais intimamente com o seu meio social e planetário. Elevando-se cada vez mais, não tarda a ligar-se por laços pujantes às sociedades do Espaço e depois ao Ser Universal.

     Assim, a vida do ser consciente é uma vida de solidariedade e liberdade. Livre dentro dos limites que lhe assinalam as leis eternas, faz-se o arquiteto do seu destino. O seu adiantamento é obra sua . Nenhuma fatalidade o oprime, salvo a dos próprios atos, cujas conseqüências nele recaem; mas, não pode desenvolver-se e medrar senão na vida coletiva com o recurso de cada um e em proveito de todos. Quanto mais sobe, tanto mais se sente viver e sofrer em todos e por todos. Na necessidade de se elevar a si mesmo, atrai a si, para fazê-los chegar ao estado espiritual, todos os seres humanos que povoam os mundos onde viveram. Quer fazer por eles o que por ele fizeram os seus irmãos mais velhos, os grandes Espíritos que o guiaram na sua marcha.

     A Lei de justiça requer que, por sua vez, sejam emancipadas, libertadas da vida inferior todas as almas. Todo ser que chega à plenitude da consciência deve trabalhar para preparar aos seus irmãos uma vida suportável, um estado social que só comporte a soma de males inevitáveis. Esses males, necessários ao funcionamento da lei de educação geral, nunca deixarão de existir em nosso mundo, representam uma das condições da vida terrestre. A matéria é o obstáculo útil; provoca o esforço e desenvolve a vontade; contribui para a ascensão dos seres impondo-lhes necessidades que os obrigam a trabalhar. Como, sem a dor, havíamos de conhecer a alegria; sem a sombra, apreciar a luz; sem a privação, saborear o bem adquirido, a satisfação alcançada? Eis aqui a razão por que encontramos dificuldades de toda sorte em nós e em volta de nós.

 

(L. Denis - O Problema do Ser, do Destino e da Dor)

(Léon Denis - Obra: Depois da Morte).
 
 

Registado
Poderoso é o sol da verdade

Offline Klauz

  • Mundo de Regeneração
  • *
  • Mensagens: 195
  • Participação: 39
  • Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +26
  • Cidade: João Neiva-ES
  • País: Brasil
Re: Leon Denis
« Responder #2 em: 06 de Fevereiro de 2011, 16:53 »
0Gostou?
JOANA D´ARC
 

Léon Denis

 

Cavalgava à frente do rei, armada dum arnês completo, com o estandarte desfraldado. Quando desarmada, trazia vestuário de cavaleiro, sapa­tos atados acima dos pés, gibão e calções justos, um capuz na cabeça; usava trajes muito nobres, de brocado de ouro e de sêda, bastante grossos.

  Ela era bela e bem feita, robusta e infatigável, tendo ao mesmo tempo um ar risonho e as lágrimas fáceis. Tem bom porte quando em armas e o busto belo. Suas sobrancelhas finamente desenhadas, sombreando belos olhos pardos, davam-lhe unia expressão de doçura infinita ao olhar inspirado.

Os cabelos eram prêtos e cortados curtos “em escudela”, de maneira a formarem na cabeça uma espécie de calota, se­melhante a um tecido de sêda escura. O semblante da heroína, de traços regulares, tinha o cunho da doçura e da modéstia.

Modelavam-lhe o corpo linhas cheias e harmoniosas. Desde os primeiros dias, surpreendem e encantam seus gestos desembaraçados de menina, sua graciosa flexibilidade em tôdas as circunstâncias e partícularmente em trajes guerreiros a cavalo, em- punhando a lança ou a bandeira.

Enfim, o cândido fulgor de sua virgindade e a chama da inspiração lhe espargiam por sôbre o conjunto “uma virtude secreta, que afastava os desejos carnais”, impondo respeito e atenção aos mais sensuais.

Cobrem-na brilhantes atavios de guerra. As vestes e a bandeira são de alvos e preciosos tecidos, como convinha, para lembrarem sua castidade e a missão angélica a que esta se achava ligada. Um suave reflexo lhe irradiava do semblante iluminado por um pensamento íntimo. A alma, até certo ponto, esculpe os traços de seu invólucro.

Por aí podemos fazer idéia da beleza daquele ser excepcional, do luzeiro nêle oculto e que, fulgurando-lhe na fisionomia, em todos os seus atos rebrilha. Dela emanava uma serenidade, um eflúvio que envolviam todos os que se lhe aproximavam, acalmando os mais insubmissos.

No torvelinho das batalhas e dos acampamentos, conserva sempre a calma, que é o apanágio das almas superiores. Aparece como uma flor das campinas da França, esbelta e robusta, fresca e perfumada.

Em seu caráter se casam e se fundem as qualidades aparentemente mais contraditórias: a fôrça e a brandura, a energia e a meiguice, a providência e a sagacidade, o espírito arguto, engenhoso, penetrante, que em poucas palavras, nítidas e precisas, deslinda as mais difíceis questões, aclara as situações mais ambíguas.

Uma efluência do Além lhe aureola a fronte bela e grave e à emoção que incute se  agrega ­um sentimento de respeito. Sempre ponderada e circunspecta, alia a humildade da camponesa à nobreza da rainha, uma pureza absoluta a uma extrema audácia. A glória que a cinge parece-lhe tão natural que nunca lhe ocorre envai­decer-se dela.

Sob uma certa ingenuidade gaulesa que a enfaixa, nela se expande um senso profundo dos sêres e das coisas, o qual, nos momentos decisivos, lhe sugere as inflexões capazes de atear o ardor nas almas e de, nos corações, reavivar os sentimentos fortes e generosos.

Era muito circunspecta e pouco loquaz, mas, quando falava, sua voz tinha vibrações que penetravam no íntimo dos ouvintes, nos quais sensibilizava fibras que lhes eram desconhecidas e que nenhum poder lograva ainda espertar a tal ponto.

Simples e despretensiosa, preferia esquivar-se às “adorações” da multidão. Tinha paixão pelas belas armaduras e revelava um esmêro muito puro e distinto nas mais insignificantes minudências do trato de sua pessoa e de seu vestuário.

Os cortesãos lhe admiravam esses cuidados e as próprias damas muito naturalmente a houveram tomado por uma de sua hierarquia, tais a graça e a distinção que se lhe notavam.

Valente ao ponto de, nos combates, desafiar alegremente a morte, sem jamais dá-la a quem quer que fôsse, adorâvelmente mulher, não dissimulava o contentamento por possuir brilhantes armas e belos cavalos negros, sobretudo por serem êstes tais e tão maliciosos que ninguém se atreveria a montá-los.     

Seu misticismo, de ordem elevada, associando o sentimento do belo ao do bem, nada tinha de comum com essa espécie de ascetismo que faz da negligência com o corpo e do exte­rior sórdido uma virtude e que parece ter por ideal o feio.

Tinha a pureza duma virgem e a intrepidez de um capitão; o recolhimento com que ora  no templo e a viveza jovial nos acampamentos; a simplicidade de uma campônia e os gostos delicados de uma dama de alta estirpe; a graça, a bondade, de par com a audácia, a fôrça, o gênio.

Era uma missionária, uma enviada, um médium de Deus e, como em todos os missionários do Céu, para salvação dos povos, três grandes coisas nela preponderam: a inspiração, a ação e, por fim, a paixão, o sofrimento, que é o fecho, a apoteose de tôda existência digna.

O que na sua personalidade, porém, predomina, é o espírito de sacrifício, é a bondade, o perdão, a caridade.

 

(Do livro “Joana D’Arc” (Médium), de Léon Denis, págs. 245, 244, 245, 247, 248, 249, 252, 255, 255, 256 e 258 da 6ª ediçáo da FEB. Trata-se apenas de elementos retirados do próprio processo de Joana D’Arc, configurando, pois, descritivas e pareceres absolutamente históricos.)

 

Revista: Reformador,  número 1,  Janeiro 1972

Transcrição: Jacqueline Fernandes
 

Registado
Poderoso é o sol da verdade

Offline Klauz

  • Mundo de Regeneração
  • *
  • Mensagens: 195
  • Participação: 39
  • Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +26
  • Cidade: João Neiva-ES
  • País: Brasil
Re: Leon Denis
« Responder #3 em: 06 de Fevereiro de 2011, 16:54 »
0Gostou?
A   MORTE

 

Léon Denis

 

          A morte é uma grande reveladora. Nas horas de provação, quando as sombras nos rodeiam, perguntamos algumas vezes: Por que nasci eu? Por que não fiquei mergulhado lá na profunda noite, onde não se sente, onde não se sofre, onde só se dorme o eterno sono? E, nessas horas de dúvida e de angústia, uma voz vem até nós e diz-nos: Sofre para te engrandeceres, para te depurares! Fica sabendo que teu destino é grande. Esta terra fria não é teu sepulcro. Os mundos que brilham no âmbito dos céus são tuas moradas futuras, a herança que Deus te reserva. Tu és para sempre cidadão do Universo; pertences aos séculos passados como aos futuros, e, na hora atual, preparas a tua elevação. Suporta, pois, com calma, os males por ti mesmo escolhidos. Semeia na dor e nas lágrimas o grão que reverdecerá em tuas próximas vidas. Semeia também para os outros assim como semearam para ti! Ser imortal, caminha com passo firme sobre a vereda escarpada até às alturas de onde o futuro te aparecerá sem véu! A ascensão é rude, e o suor inundará muitas vezes teu rosto, mas, no cimo, verás brilhar a grande luz, verás despontar no horizonte o Sol da Verdade e da Justiça!

          A voz que assim nos fala é a voz dos mortos, é a voz das almas queridas que nos precederam no país da verdadeira vida. Bem longe de dormirem nos túmulos, elas velam por nós. Do pórtico do invisível vêem-nos e sorriem para nós. Adorável e divino mistério! Comunicam-se conosco e dizem: Basta de dúvidas estéreis; trabalhai e amai. Um dia, preenchida a vossa tarefa, a morte reunir-nos-á.

 
 
 

 

 


Registado
Poderoso é o sol da verdade

Offline Klauz

  • Mundo de Regeneração
  • *
  • Mensagens: 195
  • Participação: 39
  • Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +26
  • Cidade: João Neiva-ES
  • País: Brasil
Re: Leon Denis
« Responder #4 em: 06 de Fevereiro de 2011, 17:09 »
0Gostou?
A  MORTE  NÃO  EXISTE

  Léon Denis

 

A morte é uma simples mudança de estado, a destruição de uma forma frágil que já não proporciona à vida as condições necessárias ao seu funcionamento e à sua evolução. Para além da campa, abre-se uma nova fase de existência. O Espírito, debaixo da sua forma fluídica, imponderável, prepara-se para novas reencarnações; acha no seu estado mental os frutos da existência que findou.

Por toda parte se encontra a vida. A Natureza inteira mostra-nos, no seu maravilhoso panorama, a renovação perpétua de todas as coisas. Em parte alguma há a morte, como, em geral, é considerada entre nós; em parte alguma há o aniquilamento; nenhum ente pode perecer no seu princípio de vida, na sua unidade consciente. O Universo transborda de vida física e psíquica. Por toda parte o imenso formigar dos seres, a elaboração de almas que, quando escapam às demoradas e obscuras preparações da matéria, é para prosseguirem, nas etapas da luz, a sua ascensão magnífica.

A vida do homem é como o Sol das regiões polares durante o estio. Desce devagar, baixa, vai enfraquecendo, parece desaparecer um instante por baixo do horizonte. É o fim, na aparência; mas, logo depois, torna a elevar-se, para novamente descrever a sua órbita imensa no céu.

A morte é apenas um eclipse momentâneo na grande revolução das nossas existências; mas, basta esse instante para revelar-nos o sentido grave e profundo da vida. A própria morte pode ter também a sua nobreza, a sua grandeza. Não devemos temê-la, mas, antes, nos esforçar por embelezá-la, preparando-se cada um constantemente para ela, pela pesquisa e conquista da beleza moral, a beleza do Espírito que molda o corpo e o orna com um reflexo augusto na hora das separações supremas. A maneira por que cada qual sabe morrer é já, por si mesma, uma indicação do que para cada um de nós será a vida do Espaço.

Há como uma luz fria e pura em redor da almofada de certos leitos de morte. Rostos, até aí insignificantes, parecem aureolados por claridades do Além. Um silêncio imponente faz-se em volta daqueles que deixaram a Terra. Os vivos, testemunhas da morte, sentem grandes e austeros pensamentos desprenderem-se do fundo banal das suas impressões habituais, dando alguma beleza à sua vida interior. O ódio e as más paixões não resistem a esse espetáculo. Ante o corpo de um inimigo, abranda toda a animosidade, esvai-se todo o desejo de vingança. Junto de um esquife, o perdão parece mais fácil, mais imperioso o dever.

Toda morte é um parto, um renascimento; é a manifestação de uma vida até aí latente em nós, vida invisível da Terra, que vai reunir-se à vida invisível do Espaço. Depois de certo tempo de perturbação, tornamos a encontrar-nos, além do túmulo, na plenitude das nossas faculdades e da nossa consciência, junto dos seres amados que compartilharam as horas tristes ou alegres da nossa existência terrestre. A tumba apenas encerra pó. Elevemos mais alto os nossos pensamentos e as nossas recordações, se quisermos achar de novo o rastro das almas que nos foram caras.

Não peçais às pedras do sepulcro o segredo da vida. Os ossos e as cinzas que lá jazem nada são, ficai sabendo. As almas que os animaram deixaram esses lugares, revivem em formas mais sutis, mais apuradas. Do seio do invisível, onde lhes chegam as vossas orações e as comovem, elas vos seguem com a vista, vos respondem e vos sorriem. A Revelação Espírita ensinar-vos-á a comunicar com elas, a unir os vossos sentimentos num mesmo amor, numa esperança inefável.

Muitas vezes, os seres que chorais e que ides procurar no cemitério estão ao vosso lado. Vêm velar por vós aqueles que foram o amparo da vossa juventude, que vos embalaram nos braços, os amigos, companheiros das vossas alegrias e das vossas dores, bem como todas as formas, todos os meigos fantasmas dos seres que encontrastes no vosso caminho, os quais participaram da vossa existência e levaram consigo alguma coisa de vós mesmos, da vossa alma e do vosso coração. Ao redor de vós flutua a multidão dos homens que se sumiram na morte, multidão confusa, que revive, vos chama e mostra o caminho que tendes de percorrer.

Ó morte, ó serena majestade! Tu, de quem fazem um espantalho, és para o pensador simplesmente um momento de descanso, a transição entre dois atos do destino, dos quais um acaba e o outro se prepara. Quando a minha pobre alma, errante há tantos séculos através dos mundos, depois de muitas lutas, vicissitudes e decepções, depois de muitas ilusões desfeitas e esperanças adiadas, for repousar de novo no teu seio, será com alegria que saudará a aurora da vida fluídica; será com ebriedade que se elevará do pó terrestre, através dos espaços insondáveis, em direção àqueles a quem estremeceu neste mundo e que a esperam.

Para a maior parte dos homens, a morte continua a ser o grande mistério, o sombrio problema que ninguém ousa olhar de frente. Para nós, ela é a hora bendita em que o corpo cansado volve à grande Natureza para deixar à Psique, sua prisioneira, livre passagem para a Pátria Eterna.

Essa pátria é a Imensidade radiosa, cheia de sóis e de esferas. Junto deles, como há de parecer raquítica a nossa pobre Terra” O Infinito envolve-a por todos os lados. O infinito na extensão e o infinito na duração, eis o que se nos depara, quer se trate da alma, quer se trate do Universo.

Assim como cada uma das nossas existências tem o seu termo e há de desaparecer, para dar lugar a outra vida, assim também cada um dos mundos semeados no Espaço tem de morrer, para dar lugar a outros mundos mais perfeitos.

Dia virá em que a vida humana se extinguirá no Globo esfriado. A Terra, vasta necrópole, rolará, soturna, na amplidão silenciosa.

Hão de elevar-se ruínas imponentes nos lugares onde existiram Roma, Paris, Constantinopla, cadáveres de capitais, últimos vestígios das raças extintas, livros gigantescos de pedra que nenhum olhar carnal voltará a ler. Mas, a Humanidade terá desaparecido da Terra somente para prosseguir, em esferas mais bem dotadas, a carreira de sua ascensão. A vaga do progresso terá impelido todas as almas terrestres para planetas mais bem preparados para a vida. É provável que civilizações prodigiosas floresçam a esse tempo em Saturno e Júpiter; ali se hão de expandir humanidades renascidas numa glória incomparável. Lá é o lugar futuro dos seres humanos, o seu novo campo de ação, os sítios abençoados onde lhes será dado continuarem a amar e trabalhar para o seu aperfeiçoamento.

No meio dos seus trabalhos, a triste lembrança da Terra virá talvez perseguir ainda esses Espíritos; mas, das alturas atingidas, a memória das dores sofridas, das provas suportadas, será apenas um estimulante para se elevarem a maiores alturas.

Em vão a evocação do passado, lhes fará surgir à vista os espectros de carne, os tristes despojos que jazem nas sepulturas terrestres. A voz da sabedoria dir-lhes-á: “Que importa as sombras que se foram! Nada perece. Todo ser se transforma e se esclarece sobre os degraus que conduzem de esfera em esfera, de sol em sol, até Deus”. Espírito imorredouro, lembra-te disto: “A morte não existe”.

 

(Léon Denis - O Problema do Ser, do Destino e da Dor).



Registado
Poderoso é o sol da verdade

Offline Klauz

  • Mundo de Regeneração
  • *
  • Mensagens: 195
  • Participação: 39
  • Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +26
  • Cidade: João Neiva-ES
  • País: Brasil
Re: Leon Denis
« Responder #5 em: 06 de Fevereiro de 2011, 17:10 »
0Gostou?
O Espiritismo e a Mulher
Leon Denis

Encontram-se, em ambos os sexos, excelentes médiuns; é à mulher, entretanto, que parecem outorgadas as mais belas faculdades psíquicas.  Daí o eminente papel que lhe está reservado na difusão do novo Espiritualismo.

Malgrado às imperfeições inerentes a toda criatura humana, não pode a mulher, para quem a estuda imparcialmente, deixar de ser objeto de surpresa e algumas vezes de admiração.  Não é unicamente em seus traços pessoais que se realizam, em a Natureza e na Arte, os tipos da beleza, da piedade e da caridade; no que se refere aos poderes íntimos, à intuição e adivinhação, sempre foi ela superior ao homem.  Entre as filhas de Eva é que obteve a antiguidade as suas célebres videntes e sibilas.  Esses maravilhosos poderes, esses dons do Alto, a Igreja entendeu, na Idade Média, aviltar e suprimir, mediante os processos instaurados por feitiçaria.  Hoje encontram eles sua aplicação, porque é sobretudo por intermédio da mulher que se afirma a comunhão com a vida invisível.

Mais uma vez se revela a mulher em sua sublime função de mediadora que o é em toda a Natureza.  Dela provém a vida; e ela a própria fonte desta, a regeneradora da raça humana, que não subsiste e se renova senão por seu amor e seus ternos cuidados.  E essa função preponderante que desempenha no domínio da vida, ainda a vem preencher no domínio da morte.  Mas nós sabemos que a morte e a vida são uma, ou antes, são as duas formas alternadas, os dois aspectos contínuos da existência.

Mediadora também é a mulher no domínio das crenças.  Sempre serviu de intermediária entre a nova fé que surge e a fé antiga que definha e vai desaparecendo.  Foi o seu papel no passado, nos primeiros tempos do Cristianismo, e ainda o é na época presente.

O Catolicismo não compreendeu a mulher, a quem tanto devia.  Seus monges e padres, vivendo no celibato, longe da família, não poderiam apreciar o poder e o encanto desse delicado ser, em quem enxergavam antes um perigo.

A antiguidade pagã teve sobre nós a superioridade de conhecer e cultivar a alma feminina.  Suas faculdades se expandiam livremente nos mistérios.  Sacerdotisa nos tempos védicos, ao altar doméstico, intimamente associada, no Egito, na Grécia, na Gália, às cerimônias do culto, por toda a parte era a mulher objeto de uma iniciação, de um ensino especial, que dela faziam um ser quase divino, a fada protetora, o gênio do lar, a custódia das fontes da vida.  A essa compreensão do papel que a mulher desempenha, nela personificando a Natureza, com suas profundas intuições, suas percepções sutis, suas adivinhações misteriosas, é que foi devida a beleza, a força, a grandeza épica das raças grega e céltica.

Porque, tal seja a mulher, tal é o filho, tal será o homem.  É a mulher que, desde o berço, modela a alma das gerações.  É ela que faz os heróis, os poetas, os artistas, cujos feitos e obras fulguram através dos séculos.  Até aos sete anos o filho permanecia no gineceu sob a direção materna.  E sabe-se o que foram as mães gregas, romanas e gaulesas.  Para desempenhar, porém, tão sagrada missão educativa, era necessária a iniciação no grande mistério da vida e do destino, o conhecimento da lei das preexistências e das reencarnações; porque só essa lei dá à vida do ser, que vai desabrochar sob a égide materna, sua significação tão bela e tão comovedora.

Essa benéfica influência da mulher iniciada, que irradiava sobre o mundo antigo como uma doce claridade, foi destruída pela lenda bíblica da queda original.

Segundo as Escrituras, a mulher é responsável pela proscrição do homem; ela perde Adão e, com ele, toda a Humanidade; atraiçoa Sansão.  Uma passagem do Eclesiastes a declara “uma coisa mais amarga que a morte”.  O casamento mesmo parece um mal: “Que os que têm esposas sejam como se não as tivessem” – exclama Paulo.

Nesse ponto, como em tantos outros, a tradição e o espírito judaico prevaleceram, na Igreja, sobre modo de entender do Cristo, que foi sempre benévolo, compassivo, afetuoso para com a mulher.  Em todas as circunstâncias a escuda ele com sua proteção; dirige-lhe suas mais tocantes parábolas.  Estende-lhe sempre a mão, mesmo quando decaída.  Por isso as mulheres reconhecidas lhe formam uma espécie de cortejo; muitas o acompanharão até a morte.

A situação da mulher, na civilização contemporânea, é difícil, não raro dolorosa.  Nem sempre a mulher tem para si os usos e as leis; mil perigos a cercam, se ela fraqueja, se sucumbe, raramente se lhe estende mão amiga.  A corrupção dos costumes fez da mulher a vítima do século.  A miséria, as lágrimas, a prostituição, o suicídio – tal é a sorte de grande número de pobres criaturas em nossas sociedades opulentas.

Uma reação, porém, já se vai operando.  Sob a denominação de feminismo, um certo movimento se acentua legítimo em seu princípio, exagerado, entretanto, em seus intuitos; porque ao lado de justas reivindicações, enuncia propósitos que fariam da mulher, não mais mulher, mas cópia, paródia do homem.  O movimento feminista desconhece o verdadeiro papel da mulher e tende a transvia-la do destino que lhe está natural e normalmente traçado.  O homem e a mulher nasceram para funções diferentes, mas complementares.  No ponto de vista da ação social, são equivalentes e inseparáveis.

O moderno Espiritualismo, graças às suas práticas e doutrinas, todas de ideal, de amor, de equidade, encara a questão de modo diverso e resolve-a sem esforço e sem estardalhaço.  Restitui a mulher seu verdadeiro lugar na família e na obra social, indicando-lhe a sublime função que lhe cabe desempenhar na educação e no adiantamento da Humanidade.  Faz mais, reintegra-a em sua missão de mediadora predestinada, verdadeiro traço de união que liga as sociedades da Terra às do Espaço.

A grande sensibilidade da mulher a constitui o médium por excelência, capaz de exprimir, de traduzir os pensamentos, as emoções, os sofrimentos das almas, os altos ensinos dos Espíritos celestes.  Na aplicação de suas faculdades encontra ela profundas alegrias e uma fonte viva de consolações.  A feição religiosa do Espiritismo a atrai e lhe satisfaz as aspirações do coração, as necessidades de ternura, que estendem, para além do túmulo, aos entes desaparecidos.  O perigo para ela, como para o homem, está no orgulho dos poderes adquiridos, na suscetibilidade exagerada.  O ciúme, suscitando rivalidades entre médiuns, torna-se muitas vezes motivo de desagregação para os grupos.

Daí a necessidade de desenvolver na mulher, ao mesmo tempo que os poderes intuitivos, suas admiráveis qualidades morais, o esquecimento de si mesma, o júbilo do sacrifício, numa palavra, o sentimento dos deveres e das responsabilidades inerentes à sua missão mediatriz.

O Materialismo, não ponderando senão o nosso organismo físico, faz da mulher um ser inferior por sua fraqueza e a impele à sensualidade.  Ao seu contato, essa flor de poesia verga ao peso das influências degradantes, se deprime e envilece.  Privada de sua função mediadora, de sua imaculada auréola, tornada escrava dos sentidos, não é mais um ser instintivo, impulsivo, exposto às sugestões dos apetites mórbidos.  O respeito mútuo, as sólidas virtudes domésticas desaparecem; a discórdia e o adultério se introduzem no lar; a família se dissolve, a felicidade se aniquila. Uma nova geração, desiludida e céptica, surge do seio de uma sociedade em decadência.

Com o Espiritualismo, porém, ergue de novo a mulher a inspirada fronte; vem associar-se intimamente à obra de harmonia social, ao movimento geral das idéias.  O corpo não é mais que uma forma tomada por empréstimo; a essência da vida é o espírito, e nesse ponto de vista o homem e a mulher são favorecidos por igual.  Assim, o moderno Espiritualismo restabelece o mesmo critério dos Celtas, nossos pais; firma a igualdade dos sexos sobre a identidade da natureza psíquica e o caráter imperecível do ser humano, e a ambos assegura posição idêntica nas agremiações de estudo.

Pelo Espiritismo se subtrai a mulher ao vértice dos sentidos e ascende à vida superior.  Sua alma se ilumina de clarão mais puro; seu coração se torna o foco irradiador de ternos sentimentos e nobilíssimas paixões.  Ela reassume no lar a encantadora missão que lhe pertence, feita de dedicação e piedade, seu importante e divino papel de mãe, de irmã e educadora, sua nobre e doce função persuasiva.

Cessa, desde então, a luta entre os dois sexos.  As duas metades da Humanidade se aliam e equilibram no amor, para cooperarem juntas no plano providencial, nas obras da Divina Inteligência.

Fonte: Páginas de Leon Denis (No Invisível) - maio/2000
 

Registado
Poderoso é o sol da verdade

Offline Klauz

  • Mundo de Regeneração
  • *
  • Mensagens: 195
  • Participação: 39
  • Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!Klauz is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +26
  • Cidade: João Neiva-ES
  • País: Brasil
Re: Leon Denis
« Responder #6 em: 06 de Fevereiro de 2011, 17:13 »
0Gostou?
O  QUE  É  A  DESGRAÇA

  Léon Denis

               

Para apreciar os bens e os males da existência, para saber em que consiste a verdadeira desgraça, em que consiste a felicidade, é necessário nos elevarmos acima do círculo acanhado da vida terrena. O conhecimento do futuro e da sorte que nos aguarda permite medir as conseqüências dos nossos atos e sua influência sobre os tempos vindouros.

Observada sob este ponto de vista, a desgraça, para o ser humano, já não é mais o sofrimento, a perda dos entes que lhe são caros, as privações, a miséria; a desgraça será então tudo o que manchar, tudo o que aniquilar o adiantamento, tudo o que lhe for um obstáculo. A desgraça, para aquele que só observar os tempos presentes, pode ser a pobreza, as enfermidades, a moléstia. Para o Espírito que paira no alto, ela será o amor do prazer, o orgulho, a vida inútil e culposa. Não se pode julgar uma coisa sem se ver tudo o que dela decorre, e eis por que ninguém pode compreender a vida sem conhecer o seu alvo e as leis morais. As provações, purificando a alma, preparam sua ascensão e felicidade; no entanto, as alegrias deste mundo, as riquezas, as paixões entibiam-na e atiram-na para uma outra vida de amargas decepções. Assim, aquele que é oprimido pela adversidade pode esperar e erguer um olhar confiante para o céu; desde que resgata a sua dívida, conquista a liberdade; porém, esse que se compraz na sensualidade constrói a sua própria prisão, acumula novas responsabilidades que pesarão extraordinariamente sobre as suas vidas futuras.

A dor, sob suas múltiplas formas, é o remédio supremo para as imperfeições, para as enfermidades da alma. Sem ela não é possível a cura. Assim como as moléstias orgânicas são muitas vezes resultantes dos nossos excessos, assim também as provas morais que nos atingem são conseqüentes das nossas faltas passadas. Cedo ou tarde, essas faltas recairão sobre nós com suas deduções lógicas. É a lei de justiça, de equilíbrio moral. Saibamos aceitar os seus efeitos como se fossem remédios amargos, operações dolorosas que devem restituir a saúde, a agilidade ao nosso corpo. Embora sejamos acabrunhados pelos desgostos, pelas humilhações e pela ruína, devemos sempre suportá-los com paciência. O lavrador rasga o seio da terra para daí fazer brotar a messe dourada. Assim a nossa alma, depois de desbastada, também se tornará exuberante em frutos morais.

Pala ação da dor, larga tudo o que é impuro e mau, todos os apetites grosseiros, vícios e paixões, tudo o que vem da terra e deve para ela voltar. A adversidade é uma grande escola, um campo fértil em transformações. Sob seu influxo, as paixões más convertem-se pouco a pouco em paixões generosas, em amor do bem. Nada fica perdido. Mas, essa transformação é lenta e dificultosa, pois só pode ser operada pelo sofrimento, pela luta constante contra o mal, pelo nosso próprio sacrifício. Graças a estes, a alma adquire a experiência e a sabedoria. Os seus frutos verdes e amargos convertem-se, sob a ação regeneradora da prova, sob os raios do Sol divino, em frutos doces, aromáticos, amadurecidos, que devem ser colhidos em mundos superiores.

Livres em nossas ações, isentos de males, de cuidados, deixar-nos-íamos impulsionar pelo sopro das paixões, deixar-nos-íamos arrebatar pelo temperamento. Longe de trabalharmos pela nossa melhoria, nada mais faríamos do que amontoar faltas novas sobre  as  faltas  passadas;  no  entanto,  comprimidos  pelo  sofrimento,  em   existências humildes, habituamo-nos à paciência, ao raciocínio, adquirimos essa calma de pensamento indispensável àquele que quiser ouvir a voz da razão.

É no crisol da dor que se depuram as grandes almas. Às vezes, sob nossa vista, anjos de bondade vêm tragar o cálice de amargura, como exemplificação aos que são assustados pelos tormentos da paixão. A prova é uma reparação necessária, aceita com conhecimento de causa por muitos dentre nós. Oxalá assim pensemos nos momentos de desânimo, e que o espetáculo dos males suportados com essas grandes resignações nos dê a força de conservarmo-nos fiéis aos nossos próprios compromissos, às resoluções viris que tomamos antes de encarnar.

 

(Léon Denis - Obra: Depois da Morte).

.
 
 

Registado
Poderoso é o sol da verdade


  • Imprimir
Páginas: [1]   Ir para o topo
« anterior seguinte »
 

Comente no facebook

Assuntos relacionados

  Assunto / Iniciado por Respostas Última mensagem
Além da Sobrevivência do Ser, O Problema do Ser - Léon Denis - em MP3

Iniciado por alexlawdf Áudio

0 Respostas
2036 Visualizações
Última mensagem 02 de Abril de 2012, 20:36
by alexlawdf
AudioBook MP3 - No Invisível - Léon Denis

Iniciado por alexlawdf Áudio

1 Respostas
4509 Visualizações
Última mensagem 13 de Julho de 2012, 01:33
by Lansaci
Tradução das obras de Léon Denis

Iniciado por Vickttorio Livros Espíritas

1 Respostas
1954 Visualizações
Última mensagem 31 de Julho de 2013, 05:39
by Edmar Ferreira Jr
Potencias da Alma, por Léon Denis

Iniciado por macili Power Point

0 Respostas
1491 Visualizações
Última mensagem 07 de Setembro de 2014, 01:02
by macili
Graus de parentesco na reencarnação - Léon Denis

Iniciado por SimonB Reencarnação

5 Respostas
5285 Visualizações
Última mensagem 26 de Novembro de 2014, 20:08
by SimonB

Clique aqui para receber diariamente novidades do Forum Espirita.


Estudos mensais

Subscreva canal youtube

facebook-icontwitter-icongoogle-plus-icon (1)

Resumo diário

O seu e-mail:


 
Receba no seu e-mail um resumo diário dos novos tópicos.
No e-mail de ativação vai receber oferta de 4 audiolivros espíritas.

Pesquisar assunto



Pesquisa avançada
  • Mobile


    • Powered by SMF 2.0 RC3 | SMF © 2006–2009, Simple Machines LLC