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  • Você sabia? (Curiosidades em geral)

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Autor Tópico: Você sabia? (Curiosidades em geral)  (Lida 175730 vezes)

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Offline HelenaBeatriz

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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #30 em: 11 de Agosto de 2009, 11:30 »

A corrente da moeda


Desde o tempo do escambo, a sociedade constrói uma relação próxima com a forma monetária de consumir mercadorias. O dinheiro já foi pluma, prego e vaca, criou impérios e destruiu nações
(por Rafael Tonon)

Para cultuar suas divindades, os astecas costumavam realizar uma série de oferendas que envolviam sacrifícios de animais e seres humanos.

Na capital do império, a cidade de Tenochtitlán, os ritos mortais eram comuns. Durante as cerimônias, os sacerdotes abriam o peito da vítima e arrancavam-lhe o coração, que era ofertado a Huitzilopochtli, deus do sol e da guerra.
 O ritual macabro não custava apenas vidas, mas uma boa quantidade de tecidos.
 É isso mesmo: o fiel que quisesse ter sua própria vítima para ofertar aos deuses precisava desembolsar cerca de 40 mantos.
O tecido era a moeda mais valiosa da época. Mas poucos eram os que dispunham dos pedaços de pano: estes já eram um privilégio dos ricos.
 Para os menos favorecidos, a moeda se resumia a grãos de cacau. As sementes serviam como dinheiro para as transações comerciais daquele povo.

Nos mercados, eram aceitas como pagamento para tudo que estivesse à venda: frutas, legumes, sandálias, joias etc.
O manto (cada um equivalia a 300 grãos de cacau) só era utilizado na compra de mercadorias nobres.
 A semente foi eleita como a melhor forma de dinheiro pelos ameríndios porque, além de abundante, era de fácil manipulação, tinha boa durabilidade e um valor intrínseco.
 Moída, virava chocolate, produto querido aos astecas.

O cacau permaneceu moeda corrente durante pelo menos quatro séculos, até a chegada dos espanhóis. E representou um dos mais sofisticados sistemas monetários da História.

"Em épocas e sociedades distintas, o dinheiro se metamorfoseou em diversas mercadorias para atender as necessidades comerciais das pessoas no decorrer da história da humanidade", diz Mathieu Deflem, da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, que estuda a relações entre sociedade e dinheiro.

Renas, pregos e plumas

Na Grécia antiga, por muito tempo, bois eram usados como moeda.

 Os nativos da Índia usavam amêndoas.

Os guatemaltecos da América pré-colombiana preferiam o milho.

Os antigos babilônicos, a cevada.

E o dinheiro foi ganhando novas faces em diferentes países ou regiões:
arroz no Japão, renas na Sibéria, manteiga na Noruega, búfalos em Bornéu, pregos na Escócia, além de conchas, pedras, plumas, dentes de baleia e muitas outras excêntricas mercadorias.

Antes de surgirem essas moedas-mercadorias, porém, o escambo era o jeito de trocar produtos: alguém que tivesse mais peixe do que o necessário permutava o excesso pelo milho que outra pessoa tinha plantado e colhido.

Assim, tudo era trocado, sem levar em conta a equivalência de valor. Mas essa forma primitiva de relação comercial começou a se mostrar inviável. Era necessário que o produtor de milho quisesse o peixe do pescador. Ou não poderiam fazer negócio e o pescador passaria sem os grãos.

Foi aí que surgiu a necessidade de adotar mercadorias que, por sua utilidade ou abrangência, seriam amplamente aceitas e assumiriam a função de moeda, circulando como principal elemento para as relações comerciais.

Os primórdios do dinheiro datam do fim do terceiro milênio antes de Cristo.
Habitantes da Mesopotâmia passaram a usar lingotes de metais preciosos em troca de produtos.
Escritas cuneiformes mencionam o uso de prata por esse povo desde 2500 a.C.

O metal foi o objeto que melhor traduziu as necessidades de troca e, por isso, foi adotado em larga escala por diversas culturas através dos anos.
 "O metal vingou por ter todas as características exigidas de uma moeda: é maleável, é resistente, não é nem abundante nem raro, é considerado bonito e, portanto, desejável. E ele permite a padronização, o que é fundamental", afirma Oscar Pilagallo, jornalista e autor do livro A Aventura do Dinheiro - Uma Crônica sobre a História Milenar da Moeda.

A prata, em maior representatividade, e o ouro e o cobre eram bastante usados no comércio. Mas, para desempenhar suas funções como dinheiro, os metais precisavam ser pesados a cada transação, tanto pelo comprador quanto pelo vendedor, para que sua importância fosse certificada.

Desse ato minucioso deriva, por exemplo, a libra esterlina, moeda atual da Grã-Bretanha, que leva esse nome por representar uma medida de peso, a libra (cerca de 450 gramas).

Somente milênios depois, no século 7 a.C., o metal se tornou, enfim, uma unidade padrão.

O reino da Lídia (atual Turquia) cunhou a primeira moeda, muito similar às de hoje: prática, de fácil manuseio e amplamente aceita nos arredores. Era a primeira grande revolução monetária da história. Estimulou o comércio e a especialização do trabalho e tornou os lídios um dos povos mais ricos da Antiguidade.

 O modelo do stater, a moeda lídia feita de eletro (liga de ouro e prata), foi copiado pelo mundo todo para configurar o primeiro sistema monetário global.

Denário, o antepassado Em Atenas, os trabalhadores recebiam um dracma pelo dia de labuta. Essa unidade era a base do sistema monetário helenístico, cujas moedas estampavam a efígie de uma coruja, símbolo de Atena, deusa protetora da cidade. Mas foram os romanos que melhor incorporaram o novo dinheiro.

A primeira cunhagem de que se tem notícia em Roma - ainda na República - foi em 268 a.C. A moeda, chamada denário, foi tão representativa que o termo foi aproveitado para designar diversas moedas nacionais, como o denier francês e o dinar, de vários países árabes.
A própria palavra dinheiro, em português (e dinero, em espanhol), vem do latim denarius. Mas esse dinheiro também trouxe problemas para a sociedade romana.
Nas Guerras Púnicas contra a república de Cartago, o financiamento das ações militares desestabilizou primeiro o sistema monetário, levando Roma a uma inflação - não havia moeda suficiente para as despesas -, e, depois, o sistema político e econômico. A economia se enfraqueceu após a guerra e passo u a ser baseada em sistemas feudais que, por sua vez, eram autossustentáveis. A cunhagem de moedas foi então suspensa em todo o Império Romano.

Já no Oriente, o Império Bizantino deixou sua moeda como legado. O besante era todo feito de ouro e, cunhado a partir do século 4 na antiga Constantinopla, predominou por mais de um milênio. Foi o dólar da Idade Média.

Enquanto o império esteve de pé, até 1493, com a queda de Constantinopla pela conquista do Império Otomano, a moeda bizantina preservou o seu valor.
Foi um dos casos mais bem-sucedidos de sistema monetário da história. Foi no Oriente, também, que o dinheiro de papel deu seus primeiros sinais.

Para que o papel-moeda pudesse ser inventado, era necessário, claro, um papel resistente e durável. Portanto, não é de estranhar que as primeiras cédulas tenham demorado tanto para surgir: a tecnologia para fabricação das primeiras notas apareceu tarde e se difundiu lentamente.

 O uso do papel como moeda teve seu registro na dinastia T’ang, na China, que durou entre os anos de 618 e 907. Mesmo não tendo sobrado uma nota para contar história, algumas ilustrações do período indicam o uso das cédulas. "Os burocratas chineses faziam cédulas usando o papel fabricado da casca de amoreira. Uma vez estampado com o selo do imperador, essas notas levavam o valor total de ouro e prata", escreveu o antropólogo Jack Weatherford, autor do livro A História do Dinheiro.

Marco Polo, em suas viagens à Ásia, no século 12, ficou surpreso com a determinação com que o Estado obrigava as pessoas a usarem as cédulas nas relações comerciais.

O resultado era que, de fato, elas circulavam na mão de todos. Na Europa, de onde vinha o viajante veneziano, as cédulas só ficaram conhecidas e populares depois de sua morte em 1324.

No início do século 17, na Holanda, a tulipa virou mania. Os bulbos da planta, altamente valorizados, eram vendidos de junho a outubro, época do plantio. Mas os produtores passaram a comercializá-los também no inverno, para serem entregues depois.

Os compradores recebiam um papel, que valeria um bulbo na estação das flores. Mas os papéis começaram a ser usados como dinheiro, passados adiante e negociados a valores irreais. Foi o primeiro ataque especulativo da história e quase quebrou o país.

Mesmo assim, era o princípio do papel como moeda na Europa. A técnica foi aprimorada depois por um escocês que chegou a Paris, em 1716, disposto a fabricar dinheiro. John Law tinha consentimento do duque de Orléans para abrir um banco e emitir notas.

A demanda pelas células foi tamanha que logo elas passaram a valer mais que o dinheiro de metal. Até que as pessoas não tinham mais o que fazer com tantas notas e exigiram seus metais de volta.

 Foi a falência do banco de Law. Em Londres, a Companhia Mares do Sul atravessou susto parecido. Parte da dívida pública da Inglaterra se transformou em ações da empresa. A procura pelos papéis superaqueceu o mercado de ações. Mas surgiu o Banco da Inglaterra para defender a moeda do país.

 Enquanto isso, na América do Norte, assistia-se à invenção da cédula de papel, a segunda grande revolução no sistema monetário.
O grande nome por trás do papel-moeda, tal como o conhecemos, é Benjamin Franklin, que, além de herói da independência, era gráfico.
Foi ele quem fabricou algumas das primeiras cédulas da América. Aos 23 anos, escreveu seus panfletos sobre o papel-moeda. Por essa dedicação ao dinheiro, mais idealista que ambiciosa, Franklin foi homenageado.
É dele o rosto na nota de 100 dólares, a cédula de maior valor em circulação nos EUA.



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Offline HelenaBeatriz

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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #31 em: 21 de Agosto de 2009, 22:25 »


Você Sabia?


Pilates é criação da guerra
Criador do método físico era um prisioneiro alemão

por Felipe Van Deursen

O menino Joseph era frágil. Magro e subnutrido, sofria de bronquite, crises asmáticas e febres reumáticas.
Aos 80 anos, Joseph era um senhor famoso, de saúde e conta bancária invejáveis. Tudo graças a uma série de atividades físicas criadas por ele e batizada com seu sobrenome: Pilates – aquela prática que exercita força e flexibilidade com aparelhos cheios de barras e argolas.

Perto de Düsseldorf, Alemanha, onde morava, Joseph Pilates ajudava desde pequeno um médico em suas consultas e lia muito sobre medicina e civilizações antigas, especialmente a grega. Obcecado com a idéia “corpo são, mente sã”, já adolescente tornou-se um versátil esportista.

Em 1912, aos 32 anos, conhecido na região por seus excêntricos exercícios, viajou com uma companhia de circo para a Inglaterra. Em 1914, quando eclodiu a Primeira Guerra, foi preso por ser de um país inimigo. Para não ficar parado, colocou todo mundo de seu quarto para suar usando o que tinha à mão, como beliches e cadeiras. No fim do conflito, em 1918, uma epidemia de gripe que matou milhares de pessoas no país poupou os protegidos de Pilates, dando fama a seu método. Em 1926, viajou aos Estados Unidos e montou, em Nova York, o Pilates Studio – academia que se espalharia pelo mundo todo.

 
Saúde é o que interessa
O método Pilates virou febre mundial

Inspiração hindu

Além dos gregos, quem influenciou Pilates foram os hindus. O método tem uma clara referência à ioga. O negócio do pilates é o equilíbrio entre mente e corpo e a busca pelo controle do organismo – também é chamado de contrologia.

Moda sem fronteiras

Nos Estados Unidos, são 10 milhões de praticantes. Entre as celebridades que aderiram ao pilates estão a cantora Madonna e o jogador de golfe Tiger Woods. Aqui no Brasil, Emerson Fittipaldi, Marília Gabriela e dezenas de atores.

À frente do tempo
O método foi trazido ao Brasil pela chilena Inelia Garcia, em 1997. “Pilates desenvolveu exercícios para as mandíbulas que mascam muitos chicletes e os olhos que vêem muita TV. E ele morreu nos anos 60, quando essas coisas não eram comuns”, diz.

 
Na prisão, ele improvisou
Exercícios eram feitos até em cadeira de rodas

Joseph Pilates não deixou nenhum de seus companheiros de prisão parados, nem os mais debilitados. Se alguém estivesse preso a uma cadeira de rodas, ele a adaptava para seus exercícios. Na cama, usavam-se molas, estrados, barras. Por isso os aparelhos da técnica se assemelham ao móvel.
Graças a seu método, Pilates tinha uma saúde de ferro. Tanto que teria morrido, aos 87 anos e sarado, em um fatídico incêndio em seu estúdio. Quem herdou seus ensinamentos foi sua ex-aluna Romana Kryzanowska, hoje uma velhinha de 84 anos – e igualmente saudável.


<a href="http://www.youtube.com/watch?v=dvqW9qKLocg" target="_blank" class="aeva_link bbc_link new_win">http://www.youtube.com/watch?v=dvqW9qKLocg</a>


 


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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #32 em: 21 de Agosto de 2009, 22:52 »
 Olá Helena Beatriz !
  Também não acredito em cultura inútil. São tópicos culturais interessantíssimos e bastante diversificados. Colocastes fatos totalmente inusitados muito falados,comentados e de origens absolutamente ignoradas. Achei ótimo !
     Abraços Helena Beatriz

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Offline HelenaBeatriz

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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #33 em: 30 de Agosto de 2009, 23:32 »
Obrigada, Marocha, por sua simpatia e estímulo!! ;)
Tb penso assim... rs
Com carinho,
Helena
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Você sabia?...

Por que é mais fácil lembrar de uma piada ruim?
por Diogo Ferreira Gomes


Piadas sem graça grudam na memória porque são previsíveis.
Quem conta essa é o neurocientista americano Robert Provine, da Universidade de Maryland.

 Seus estudos apontam que piadas fracas seguem linhas de raciocínio com as quais o cérebro já está acostumado - isso também explica por que ninguém dá risada. Em anedotas engraçadas, por sua vez, o final quebra a sequência lógica dos fatos, surpreendendo o ouvinte e provocando o riso. O problema é que essa quebra chama mais atenção do que todo o resto da história que passou.
Por isso é tão difícil se lembrar da última do piada engraçada quando é sua vez de contar uma na roda de amigos. :-|)

QUER QUE EU DESENHE?
Nossa explicação da "piada mais engraçada do mundo"* é tão sem graça que você não tem como esquecer

1 -  Dois caçadores estão na floresta... um deles cai duro no chão.

Em geral, a piada é breve e começa como uma história comum, com personagens fáceis de ser lembrados pela maioria das pessoas - um determinado povo, a sogra, o chefe - passando por situações triviais. Assim fica fácil guardar na memória...

2 - O outro liga para a emergência... "Ele está morto! Que é que eu faço?". A enfermeira responde: "primeiro, certifique-se de que ele está morto mesmo".

Esta cena abre caminho para um dos principais recursos narrativos que fazem uma piada ser boa. A partir daqui, é possível contar um fato que ninguém estava esperando e quebrar a sequência lógica dos acontecimentos

Final 1: a enfermeira ouve tiros... e o soldado responde "Tudo bem! Agora eu faço o quê?"

Quando a narrativa toma um rumo inesperado, rola a risada. Mas essa peça diferente, que torna a piada boa, chama mais atenção do que o resto da história, e é isso que atrapalha na hora de se lembrar de como a anedota se desenrolou até chegar aqui

Final 2: O caçador segue as ordens da telefonista e checa os sinais vitais do colega morto.

Se tudo termina com um jeitão previsível, o riso não vem, mas a história se encaixa na memória. Por isso, quando for relembrar uma piada para contar em público, desconfie se ela vier muito rápido à mente... Pode não ter graça nenhuma! ;)

(Revista Mundo Estranho)


« Última modificação: 30 de Agosto de 2009, 23:35 by HelenaBeatriz »
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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #34 em: 30 de Agosto de 2009, 23:39 »
Você sabia??...



Como surgiram os naipes do baralho?

por Marina Motomura





Os naipes atuais surgiram de uma mistura das versões espanhola e francesa: os nomes dos naipes vieram do espanhol, mas os símbolos gráficos que os representam são franceses. Até chegar ao baralho atual, de 52 peças, as cartas percorreram uma longa história. Acredita-se que os jogos de cartas tenham surgido na China por volta do século 10. No século 14, as cartas chegaram à Europa levadas pelos árabes, que adaptaram o baralho chinês. O baralho moderno começou a tomar forma no século 16, com o conjunto de 52 cartas criado pelos franceses. Nessa época, vários países da Europa tinham versões locais dos naipes, como os bastões da Espanha ou os pinhões da Alemanha. Como os logotipos franceses dos naipes eram mais simples e fáceis de imprimir, ganharam popularidade e foram adotados em outras nações. :-S

SAMBA DO CURINGA DOIDO
Baralho atual mistura influências espanhola, francesa e até árabe

BARALHO ESPANHOL
Há 48 cartas, numeradas de 1 a 9, e três figuras: valete (10), cavaleiro (11) e rei (12). Os nomes dos naipes são quase idênticos em português e espanhol: oros, espadas, copas e bastos (“paus”), representando comerciantes, militares, religiosos e camponeses

BARALHO FRANCÊS
São 52 cartas de quatro naipes. Os nomes originais eram carreaux (“quadrados”, que equivale a “ouros”), pique (“pontas de lança”, nossas “espadas”), coeurs (“corações”, nosso “copas”) e trèfles (“trevos”, nosso “paus”). O cavaleiro foi trocado pela dama.

ÁS
Não se sabe qual foi o primeiro baralho a trocar a carta de número 1 pelo ás, mas muitos acreditam que tenha sido o baralho alemão – no baralho francês, a primeira carta é o 1 mesmo. A palavra “ás” vem do latim e significa “uma unidade”.

CURINGA
Há duas explicações para a origem do curinga. Uma é o “louco”, carta do baralho italiano sem naipe ou número. Outra versão diz que o curinga tem origem inglesa e surgiu no século 19 de uma carta conhecida como “imperial bower”, que vencia todas as outras

CARTAS NOBRES
As figuras existem desde que os árabes incluíram pessoas da corte, como o rei, a rainha e o valete (servo real). Nossas figuras vieram da França (valete, dama e rei, V, D e R no baralho francês), mas usamos as letras do baralho inglês: J vem de jack (“valete”, em inglês), Q de queen (“rainha”) e K de king (“rei”).


(Revista Super interessante)


« Última modificação: 23 de Setembro de 2009, 23:06 by HelenaBeatriz »
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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #35 em: 05 de Setembro de 2009, 15:18 »
Você sabia??....

Nicolò Paganini: Alma penada
por Celso Miranda

O músico italiano Nicolò Paganini era um baita violinista. Sua habilidade – ele era capaz de tocar 12 notas por segundo – e virtuosismo – o cara tocava peças inteiras usando apenas uma corda – eram tamanhos que ele chegou a ser acusado de ter um pacto com o demônio.
O estilo de vida de Niccolò Paganini e a sua aparência mefistofélica deram origem a histórias de que o seu virtuosismo era devido a um pacto com o demônio. É mais provável que ele fosse portador de uma doença, a Síndrome de Marfan, cujos sintômas típicos são os dedos particularmente compridos e magros. A fama que ele, malandramente, ora negava, ora fomentava, fez dele rico e famoso.

Num cenário fantasmagórico, pouca luz,  vestido sempre de preto, uma figura esquelética, quando tocava o seu violino, que carinhosamente chamava de Il Cannone propiciava aos seus ferrenhos e ardorosos admiradores, visões estranhas, com predominância na emissão de uma luz etérea, como um fogo-fátuo, a inflamação espontânea de gases emanados dos sepulcros e de pântanos. Exagero?  Lenda ? A verdade é que a fama de Paganini se alastrou de forma impressionante. Por onde se apresentava, Londres, Milão, Paris, Viena, para citar algumas praças, legiões de fãs, pagavam preços quase que ilimitados, para assistirem as suas mirabolantes apresentações; o resultado, merecidamente, não poderia ser outro, enriqueceu.

Como afirmam os estudiosos, Paganini foi, sem a máquina da mídia moderna de hoje, guardando-se as devidas proporções, um popstar musical do século passado.

Para ilustrar, vejamos um comentário do articulista :  Nemo Nox

"As lendas não tardaram em aumentar o interesse por Paganini. Dizia-se que teria feito um pacto com o demônio para poder tocar daquela maneira, que as cordas de seu violino seriam confeccionadas com os próprios cabelos do diabo. Outra história dizia que sua habilidade vinha de anos de prática na prisão, condenado pelo assassinato da amante. Nesta versão, as cordas do seu instrumento seriam feitas dos intestinos da infeliz vítima. Algumas vozes tentavam diminuir o seu valor artístico, como o poeta irlandês Thomas Moore: "Paganini pode tocar divinamente, e algumas vezes realmente o faz, mas quando vem com seus truques e surpresas, seu arco em convulsões, sua música mais parece o miado de um gato agonizante." Os fãs, porém, eram mais numerosos e mais importantes que os críticos. Paganini foi escolhido para solista da princesa de Lucca, sagrado Cavaleiro da Espora Dourada pelo papa Leão XII, nomeado virtuoso da corte do imperador da Áustria, entre várias outras honrarias.

A obra-prima de Paganini, Veitequattro Capricci per violino solo, Op. 1, foi composta entre 1800 e 1810, e é um marco do romantismo. Não somente um exercício de virtuosismo, os caprichos são de uma beleza arrebatadora. A riqueza de recursos do instrumentista abriu muitas portas à criatividade do compositor, e Paganini usa todo tipo de idéias musicais nos caprichos. Combina movimentos de arco com pizzicatos, usa martellatos e stacattos, altera a afinação no meio da peça, e deixa-se influenciar por fontes tão diferentes como barcarolas venezianas, temas ciganos e contraponto barroco. Os vinte e quatro caprichos são ao mesmo tempo uma enciclopédia da arte do violino e uma deliciosa audição."

Quando morreu, em 1840, no entanto, pagou caro pela reputação de endiabrado. Sua família foi proibida de levar o cadáver para Gênova e o corpo ficou meses insepulto. Por causa da polêmica, nos cinco anos seguintes, os restos de Paganini foram desenterrados e enterrados em locais diferentes pelo menos oito vezes.




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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #36 em: 06 de Setembro de 2009, 20:44 »
Você sabia??...


Muro das Lamentações

Local é o que restou do templo de Jerusalém
por Maria Carolina Cristianin

De todos os diversos lugares sagrados da capital de Israel, o Muro das Lamentações é um dos mais significativos. Sua história começa em 957 a.C., com o Templo de Jerusalém. Erguido pelo rei Salomão, teria abrigado a Arca da Aliança e as tábuas com os Dez Mandamentos. "O templo simbolizava o elo com Deus", diz André Chevitarese, professor da UFRJ.



Em 586 a.C., o prédio foi derrubado pelos babilônios. Após cinco décadas, os judeus o reergueram. A obra ficou intacta até Roma dominar a cidade e, em 40 a.C., Herodes assumir o controle sobre a região. A mando do rei da Judéia, começou então uma grande ampliação, que demorou 46 anos.
Mas o esplendor durou pouco. No ano 70, uma revolta contra os romanos levou a nova destruição do templo. Os judeus iniciaram uma grande diáspora e, no século 7, construções islâmicas surgiram no local, como o Domo da Rocha. Da grandiosa obra de Herodes só restou uma pequena parte da parede que a rodeava: o atual Muro das Lamentações.


Sacrifícios e devoção
O centro religioso ampliado pelo rei Herodes abrigava os fiéis judeus

Reforma astronômica

Com a obra de Herodes, o Pátio dos Gentios, uma área externa para judeus e não-judeus, passou a ter quase o dobro do tamanho original. Havia oito portas de entrada e, ao redor, gabinetes, depósitos e aposentos para os mil sacerdotes que cuidavam dos locais mais sagrados.

Último vestígio

Após a rebelião judaica do ano 70, pouco sobrou do Segundo Templo. Nos séculos seguintes, as Cruzadas e a expansão islâmica derrubaram outros pedaços, até sobrar apenas o trecho da parede ocidental hoje conhecido como Muro das Lamentações.

UltraSsecreto

No centro da construção ficava o templo em si. Ali estava o Santo dos Santos, local que, na primeira construção, guardava a Arca da Aliança. Apenas o sumo sacerdote podia entrar ali, e somente no Dia da Expiação, quando se praticam abstinência, oração e confissão.

Espaços distintos

A obra era organizada conforme a proximidade com o Santo dos Santos. Primeiro o Pátio das Mulheres, de onde elas não passavam. Depois, o Pátio dos Homens. Ali, através de uma abertura, as fiéis assistiam aos rituais realizados no Pátio dos Sacerdotes.

Ritual sagrado

Uma das práticas judaicas da época eram os sacrifícios. No pátio, vendiam-se animais, como cordeiros e cabritos. Havia ainda um abatedouro com uma fonte,onde os animais eram degolados e o sangue esvaía por buracos.

Pedras preciosas
O muro relembra a obra original

O último vestígio do Segundo Templo é local de peregrinação, que preserva o significado da perda do ponto de encontro original. Ali, milhares de pessoas fazem orações e colocam pedidos entre as frestas das pedras.

Outras partes da muralha
O complexo inclui uma praça e uma galeria subterrânea

Fé ao ar livre

Na área em frente ao muro, homens e mulheres ficam separados. No local são realizadas cerimônias, como o Bar Mitzvah (ritual que insere o jovem como membro maduro da comunidade).

Nas profundezas

Além da área externa, há uma parte subterrânea que se formou com o passar dos anos, na medida em que outras construções foram erguidas por cima do que restou do templo. O local é aberto para visitantes.







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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #37 em: 23 de Setembro de 2009, 22:43 »
Você sabia??


Berinjela com sal
Chineses usavam o vegetal para escovar os dentes
por Flávia Pinho



A berinjela é um dos legumes mais presentes na história da humanidade. Tudo indica que surgiu na Ásia há 6 mil anos e logo se tornou popular em todo o Oriente.

Como diversos alimentos que consumimos hoje, ela também já foi usada para fins terapêuticos: na China, era misturada a sal-marinho e passada nos dentes para deixar as gengivas sadias.
Quando chegou ao Ocidente, porém, por volta do século 8, ganhou uma péssima fama, que a acompanhou até o século 19.
Muitas pessoas diziam que o legume causava demência e epilepsia.
 De acordo com a jornalista e crítica Danusia Barbara, a crença era tão forte que seu primeiro nome científico foi Solanum insanum.

Mas tudo isso é "intriga da oposição"!!

Na verdade a  berinjela é um legume que contém pequenas quantidades de vitamina B5 e sais minerais como Cálcio, Fósforo e Ferro. A Niacina (vitamina B5) protege a pele e ajuda a regularização do sistema nervoso e aparelho digestivo. Os minerais Cálcio, Fósforo e Ferro contribuem para a formação dos ossos e dentes, construção muscular e coagulação do sangue.

         Poucas pessoas sabem, contudo, que ela é um vegetal com poder de diminuir o colesterol e reduzir a ação das gorduras sobre o fígado. Seu suco é utilizado nas inflamações dos rins, bexiga e uretra como poderoso diurético. A berinjela é muito recomendada para quem sofre de artrite, gota, reumatismo, diabetes e inflamações da pele em geral. Como tem poder laxante, aconselha-se nas indigestões e prisão de venre.

         Na hora da compra, deve-se dar preferência às que se apresentam firmes, de cor roxa uniforme e lustrosa. As berinjelas devem ser guardadas em geladeira, dentro de sacos plásticos, assim se conservam em bom estado por 2 semanas.

         As pessoas tem o hábito de mergulhá-las em água e sal antes de seu preparo, mas esse procedimento anula o sabor do legume e grande parte de suas propriedades nutritivas.

         O período de safra da berinjela vai de janeiro a maio.



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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #38 em: 23 de Setembro de 2009, 22:51 »
Você sabia??....


Mortos famintos no Egito
No Egito, o funeral dos ricos era seguido de cortejos com comida

por Flávia Pinho



Comer era um assunto tão sério no Egito antigo que os mais ricos passavam boa parte da vida garantindo que pudessem oferecer banquetes fartos até mesmo após a morte. Assim que eles faleciam, era realizada a mumificação, um processo caro e que podia demorar até 70 dias.
Depois acontecia o funeral solene. A partir de então, as famílias passavam a fazer oferendas diárias de alimentos - dependendo da importância do defunto, o desfile gastronômico-funerário podia até ser equipado com cervejarias e padarias, para facilitar o serviço dos parentes.

A melhor parte do ritual, relatado no novo livro História da Cozinha Faraônica, do egiptólogo francês Pierre Tallet (Senac-SP), é que os produtos não eram largados lá, apodrecendo. Pelo contrário, os funcionários do templo podiam comê-los depois. A regalia era encarada como remuneração pelos serviços prestados à família.



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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #39 em: 23 de Setembro de 2009, 22:54 »
Você sabia???....

EXPRESSÔES POPULARES:

"Viu passarinho verde"

Cartas de namorados deram origem à frase

por Lívia Lombardo



A expressão "viu passarinho verde" é empregada para aqueles que, sem motivo aparente, demonstram muita alegria. O verde é a cor da esperança e da paz. Mas o que o passarinho tem a ver com isso?
 De acordo com o folclorista Luís da Câmara Cascudo, no livro Locuções Tradicionais no Brasil, a tal ave era o periquito, muito usado para levar no bico mensagens trocadas por casais.

Assim, avistar esse animal seria "identificar o alado pajem confidencial dos segredos".

Há ainda uma lenda do século 19, segundo a qual as moças avisavam seus namorados do envio de cartas de amor colocando um periquito perto da grade da janela.


Outra:

Discutir o sexo dos anjos




Você provavelmente já ouviu a frase, empregada normalmente quando alguma discussão não leva a nada.
 O bizarro é que essa discussão do sexo dos anjos realmente existiu.
Em 1453, durante a tomada de Constantinopla, a atual Istambul, na Turquia, pelos turcos otomanos, o imperador Constantino XI comandava a resistência e o negócio estava feio.

Enquanto uma verdadeira guerra era travada (na batalha final, na tomada da cidade, os cristãos mal contavam com 7 mil soldados, enquanto os turcos dispunham de mais de 80 mil homens), as autoridades cristãs estavam reunidas num concílio.

Entre os diversos assuntos das acaloradas discussões teológicas, os clérigos debatiam sobre o fato de os anjos terem ou não sexo. O imperador acabou morto durante a defesa da capital, assim como milhares de cristãos.

O Império Bizantino teve fim e os conquistadores estabeleceram o Império Otomano, comandado por Maomé II.

 E a conclusão do concílio? Eles não descobriram se os anjos tinham ou não sexo. Não chegaram a nenhuma conclusão!



« Última modificação: 23 de Setembro de 2009, 23:02 by HelenaBeatriz »
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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #40 em: 25 de Setembro de 2009, 14:05 »
Você sabia??

O Panteão de Agripa




Templo romano dedicado ao culto pagão sobreviveu graças ao cristianismo
(por Maria Dolores Duarte)

Depois de 500 anos de existência, expansão territorial galopante e progresso nas mais diversas áreas, o Império Romano deixou apenas um monumento em perfeito estado de conservação. É o Panteão de Agripa, um templo dedicado a todos os deuses romanos.

O nome do edifício é uma homenagem ao cônsul Marco Vispânio Agripa (63-12 a.C.), que mandou realizar a obra em 27 a.C.

No ano 80, a construção foi praticamente destruída por um incêndio. Quatro décadas depois, o imperador Adriano (76-138) mandou reerguê-la. "Há indícios de que o próprio Adriano foi o arquiteto. Ele queria abrigar os deuses romanos e os dos povos conquistados", afirma o historiador Manuel Rolph, da Universidade Federal Fluminense.

Ironicamente, foi graças à Igreja Católica que a edificação pagã sobreviveu ao tempo e ao vandalismo. Em 608, após o fim do Império, o rei bizantino Flávio Focas entregou o Panteão ao papa Bonifácio IV (550-615), que o consagrou igreja cristã dedicada a Santa Maria e a Todos os Santos.

CHAMA ACESA
Na Roma antiga, um templo era, literalmente, a casa dos deuses. Cada um deles era zelado por uma sociedade sacerdotal, que prezava pela manutenção e pela segurança da estátua e se responsabilizava por manter tochas acesas em sua homenagem.

ADRIANO, JUIZ SAGRADO
A partir do primeiro século de nossa era, a noção de que o imperador era a própria divindade ganhou força. Adriano era associado a Hélios, o deus sol, e como tal podia usar o templo. Ele fez do Panteão um tribunal, onde realizou diversos julgamentos.

PARA POUCOS
O lugar era imponente, mas o acesso permanecia restrito às autoridades políticas e religiosas. Não eram realizados rituais públicos, e mesmo os senadores só entravam no local para acompanhar o imperador.

FACHADA GREGA
A obra segue a influência helenística, como se percebe na fachada com colunas gregas. Sobre elas, está a inscrição "M.AGRIPPA.L.F.COS.TERTIUM.FECIT", que significa: "Construído por Marco Agripa, filho de Lúcio, pela terceira vez cônsul".

ENTIDADES SOBREPOSTAS
Apesar de ser dedicado aos deuses em geral, o local não abrigava estátuas de todos. Por dois motivos: em primeiro lugar, o próprio formato circular do edifício já indicava seu caráter ecumênico. Além disso, cada deus representava outros. Vênus, por exemplo, correspondia à Afrodite grega e à Isis egípcia.

PONTO DE ENCONTRO
A construção homenageava todas as entidades antigas

No topo da cúpula, há uma abertura circular de 9 metros de diâmetro, que permite a entrada de luz natural e simboliza o deus sol. Como o círculo fica a 43 metros do chão, os romanos acreditavam que a chuva que entrasse por ali evaporaria antes de chegar ao solo. Eles estavam errados.

DEUSES MODERNOS
Hoje, o local abriga túmulos de personalidades

Em Roma, seria inconcebível enterrar mortos em templos. No século 16, quando o Panteão já pertencia à Igreja, começaram a ser colocados ali personagens célebres da Itália. Estão lá os restos mortais dos pintores Annibale Carracci (1560-1609) e Rafael Sanzio (1483-1520) e de vários reis italianos, como Vitor Emanuel II (1820-1878) e Humberto I (1844-1900).



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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #41 em: 26 de Setembro de 2009, 10:47 »
Você sabia???


Césares russos




De uma pequena fração de terra ao maior país do mundo, os czares fizeram a Rússia.
 
Opulentos, autoritários e vingativos, eles criaram uma unidade nacional e governaram por mais de mil anos
(por Eduardo Szklarz)

Eram 2 da manhã quando Nicolau II foi despertado naquele 17 de julho de 1918. O último "imperador de todas as Rússias" agora era prisioneiro dos revolucionários bolcheviques numa casa de Ecaterimburgo, oeste do país. Nicolau foi conduzido com a mulher, o filho, as quatro filhas, o médico e os empregados para um quartinho dos fundos, onde 12 homens os esperavam com armas na mão. Depois do fuzilamento, o pelotão se assustou ao ver que as filhas continuavam vivas - as balas ricochetearam nas jóias costuradas em seus vestidos. O jeito foi terminar o "serviço" com golpes de baioneta.

Era o fim dos 300 anos da dinastia Romanov. Era também o fim de quatro séculos de domínio dos czares - déspotas com autoridade ilimitada sobre cada um de seus súditos.

 Ao longo da História, líderes eslavos, sérvios e tártaros também receberam o título de czar (derivado dos "césares" de Roma), mas na Rússia ele adquiriu caráter especial. Usando uma mescla de terror e nacionalismo religioso, os czares russos transformaram um reino minúsculo numa potência mundial e expandiram seu território até ter o dobro do tamanho do Brasil.

Para alguns historiadores, porém, o czarismo não morreu com Nicolau II. Seus métodos autoritários prosseguiram na era soviética e ainda fazem a cabeça dos líderes do Kremlin.

Moscóvia

A semente do czarismo foi plantada no século 9, quando o chefe viking Riurík fundou uma dinastia em Nov-gorod, no noroeste da atual Rússia. Seus descendentes ampliaram o reino até Kiev (Ucrânia), converteram-se à fé ortodoxa - ramo do cristianismo que rompeu com o catolicismo romano no século 11 e se espalhou nos domínios do Império Bizantino.

Os descendentes de Riurík usaram o termo "Rus" para descrever seu povo e sua terra. No fim do século 12, o reino se fragmentou em principados rivais e as disputas favoreceram a invasão de Rus pelos tártaros - um povo turco muçulmano que pertencia ao império mongol.

"Os tártaros queimaram cidades e mataram milhares. Naquela época de intensa devoção, os russos pensaram que era um castigo divino", diz o historiador Ronald Hingley, da Universidade de Oxford.

 Os invasores pouparam o principado de Novgorod, com a condição de que seu príncipe, Alexandre Nevsky, lhes pagasse altos tributos. Foi quando tudo começou. Daniel, filho de Alexandre, tornou-se príncipe de um vilarejo chamado Moscou - e começou a anexar terras. As conquistas tiveram sinal verde dos tártaros, mais preocupados em incentivar as brigas entre os principados fortes.

 Em troca, os moscovitas obedeciam e pagavam impostos. Resultado: em sete décadas, o reino de Moscóvia cresceu oito vezes. Em 1326, desbancou Kiev como sede da Igreja Ortodoxa. Seus líderes adotaram o título de vseya Rusi ("de toda a Rus"), traduzido em geral como "de todas as Rússias". A essa altura, Moscou já fugia ao controle dos tártaros e criou um regime autoritário cujo príncipe, chamado de czar desde meados do século 15, governava com o apoio de uma facção aristocrática.

"A política de Moscóvia se parecia com a de Al Capone: para vencer os outros reinos, seus líderes tinham de ficar unidos e reconhecer o poder absoluto do príncipe. A crueldade e a unidade eram recompensadas, e os principais clãs se beneficiavam da expansão", diz Dominic Lieven, professor de História Russa na London School of Economics.

"Sobre essa política de estilo gângster, a Igreja Ortodoxa carimbou um selo de aprovação." O czar contava com autoridade ilimitada pois seu poder emanava de Deus. A igreja se beneficiava do aumento do poderio russo, pois crescia dentro do cristianismo.

Nos 600 anos seguintes, o principado de Moscou cresceria até ocupar um sexto do planeta. E seus habitantes veriam na monarquia absoluta a única forma de evitar o caos.

A saga dos Ivãs

Talvez o czar moscovita mais eficiente tenha sido Ivã III. Em 43 anos de governo, ele explorou as rivalidades dos tártaros do mesmo jeito que eles tinham feito com os russos. Insuflou o nacionalismo entre o povo e quadruplicou o tamanho do reino. Depois festejou a glória ampliando a construção do Kremlin, a fortaleza que até hoje abriga o governo russo. Não foi à toa que ele ficou conhecido pela alcunha de Ivã, o Grande.

Com a conquista de Constantinopla (Bizâncio) pelos turcos, em 1453, Moscou se proclamou centro da cristandade e herdeira do Império Romano do Ocidente (Bizantino).

 "Moscou, a terceira Roma!", ouvia-se agora no Kremlin. Ivã III também inaugurou a prática de deportações em massa, que seriam usadas pela União Soviética. Sua crueldade seria mantida por seu filho Vassily III e passaria dos limites com seu neto Ivã IV - chamado também de "o Terrível."

"Ivã IV integra o grupo de superlíderes russos ao lado de Pedro, o Grande, Catarina, a Grande, Lênin e Stálin", diz Hingley. "Todos aplicaram o terror em defesa de si e do regime. Mas enquanto Pedro, Catarina e Lênin se limitaram a objetivos políticos, Ivã IV e Stálin praticaram uma matança extravagante que desafia qualquer compreensão."

O terrível rebento tinha só 3 anos ao ser escolhido czar, e por isso sua mãe assumiu o trono. Com a morte dela (supostamente envenenada), o país virou palco de lutas entre os boiardos, nobres proprietários de terras. Eles supervisionaram a criação de Ivã, maltratando-o a ponto de fazê-lo passar fome, o que não explica completamente a brutalidade do futuro príncipe. Para muitos pesquisadores, ele sofria surtos de paranoia.

Certo é que Ivã IV se casou com a princesa Anastácia em 1547, ano em que foi coroado oficialmente com o título de "Czar de Toda a Rússia" e ficou conhecido como "o primeiro czar". Seu reinado começou bem: ele derrotou os tártaros e expandiu seus domínios no leste até o mar Cáspio e a Sibéria, transformando Moscóvia num estado multiétnico.

Após matar boa parte dos boiardos, vingando os maus-tratos que sofrera na infância, ele deu espaço político a pessoas comuns, como artesãos, professores e profissionais liberais, ao criar o Zemsky Sobor (Assembleia da Nação), que também reunia membros do clero e da nobreza. Mas a morte de Anastácia, também supostamente envenenada, em 1560, provocou um piripaque na cabeça do monarca.

 Ele prendeu seus conselheiros e abriu fogo contra o povo. O terror ficou a cargo da Oprichnina, um esquadrão de cavaleiros vestidos de preto e com carta-branca para matar quem quisessem. Ao contrário dos outros czares, Ivã IV presenciava as execuções e maquinava formas de morte. Em 1570, uma plateia em Moscou viu como ele e seus homens desmembravam e ferviam vítimas suspeitas de traição.

Ivã IV casou com outras seis mulheres sem se firmar com nenhuma, e ainda se meteu numa guerra suicida contra suecos, poloneses e lituanos. Queria obter acesso ao mar Báltico, mas acabou derrotado. Tanto deslize favoreceu outra invasão de Moscou pelos tártaros. Desavenças na família também causaram uma tragédia pessoal: num de seus ataques de fúria, o czar golpeou seu filho Ivã Ivanovich na cabeça com uma bengala de ferro, matando-o. Amargaria essa dor por toda a vida. O maior mistério em torno de Ivã IV foi sua enorme popularidade. Embora tenha matado mais camponeses que boiardos, ele seria lembrado na URSS como caçador de nobres. Não é à toa que Stálin gostava de comparar a Oprichnina com a polícia secreta soviética, a NKVD (depois KGB).

A era Romanov



Passado o furacão Ivã, os boiardos voltaram a brigar pelo poder, provocando uma época de devastação e pilhagens conhecida como "Tempo dos Problemas". A dureza só terminou em 1613, quando a Assembleia da Nação escolheu o novo czar: Mikhail Romanov - o primeiro de uma dinastia que duraria 300 anos.

Nenhuma dinastia dura tanto tempo sem intrigas. Foi assim com Pedro I e sua irmã Sofia. Como ele tinha só 9 anos ao ser coroado, em 1682, ela virou regente. Aos 17, Pedro viu que a irmã queria tirá-lo da jogada e, com o apoio da nobreza, confinou-a num convento. Assumiu com um grande objetivo: transformar a Rússia num Estado europeu moderno.



« Última modificação: 26 de Setembro de 2009, 10:50 by HelenaBeatriz »
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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #42 em: 26 de Setembro de 2009, 10:48 »
CONTINUAÇÃO...


Assim, Pedro I organizou o Exército e a Marinha, estabeleceu relações com outros países e traduziu livros para o russo.
Também derrotou os suecos em 1709 na batalha de Poltova.Ela marcou a conquista da supremacia russa no nordeste da Europa e a entrada do país no clube das grandes potências.
Mais: Pedro I conquistou parte da Estônia e chegou à sonhada costa do Báltico - no extremo mais próximo ao restante da Europa. Lá fundou São Petersburgo e fez dela a capital da Rússia, deixando claro que o reino de Moscóvia era coisa do passado. Assim levava adiante seu projeto de aproximação da cultura europeia, que se refletiu na arquitetura da cidade.
Ele acreditava que a formação da Rússia moderna deveria se guiar no modelo das nações europeias, o que causou uma grande cisão cultural no país. De um lado estavam os "ocidentalistas", que apoiavam Pedro; de outro, os "eslavófilos", que rejeitavam as reformas liberais e queriam resgatar o passado idílico, rural e autóctone russo.

Além disso, a mudança da capital para São Petersburgo mergulhou a aristocracia em excessos palacianos nos moldes de Versalhes. Tudo isso contribuiu para o enfraquecimento da corte na Revolução de 1917.

Ao botar uma pá de cal em Moscóvia, Pedro proclamou o Império Russo e assim ganhou três títulos: imperador de toda a Rússia, grande pai da terra e Pedro, o Grande.
Por trás de toda essa pompa, estava o aparato brutal de sua guarda militar, a Preobrazhensky. "A longa história da Rússia como uma burocracia terrorista começou de fato com o imperador", diz Hingley.

Ao contrário de Ivã IV, Pedro I era frio, racional. Foi assim que lidou com o rebelde mais famoso do reino: seu filho Alexis, que não aguentou as cobranças do pai e fugiu da Rússia, mas foi caçado. "Seu pai o matou a sangue-frio, ao contrário do surto que levou Ivã a matar o filho dele", afirma Hingley.

No fim das contas, o grande "modernizador" não se importou com os camponeses. Ao contrário: manteve-os na servidão, como meros objetos pertencentes ao Estado e aos nobres. Enquanto a elite russa se parecia cada vez mais com a europeia, a massa ainda vivia na Idade Média.

Catarina, a Grande



Frederica Sofia era uma princesinha sem grandes chances de subir na vida.
Seu pai era um dos tantos nobres decadentes da Prússia do século 18. Mas, aos 15 anos, a czarina Isabel a convidou para conhecer seu sobrinho, o príncipe herdeiro Pedro III, neto de Pedro, o Grande. Isabel achava que ela seria mais dócil que uma nobre de alta linhagem para se casar com o futuro czar. Ledo engano!

Para realizar a boda, Sofia se converteu à fé ortodoxa e passou a se chamar Catarina. Mas o casamento logo azedou. Além de obcecado pela disciplina prussiana, Pedro era imaturo e impotente.
Ou estéril, como diziam os fofoqueiros da corte.
Seja como for, os dois não se bicavam - e ela decidiu disputar o trono sozinha. "Catarina sabia que só seria aceita se parecesse russa. Passava noites aprendendo o novo idioma", diz Henri Troyat na biografia Catarina, a Grande.

Quando Pedro III assumiu o trono, Catarina sentiu o perigo: o marido a deixaria para se casar com outra. Mandou então seu amante Grigori Orlov, membro da guarda imperial, dar cabo do czar. O clero e a nobreza apoiaram o golpe e aclamaram a nova imperadora: Catarina II. Ela estabilizou o reino e conquistou prestígio entre os europeus. Também abocanhou terras da Turquia, coisa que nem Pedro, o Grande, havia feito.

Mas ai de quem criticasse seu governo. O escritor Alexandre Radishchev foi exilado na Sibéria. Já Yemelyan Pugachov, líder de uma rebelião dos cossacos, terminou esquartejado. E, quanto mais poderosa Catarina ficava, mais amantes ela tinha (leia quadro na pág. 30). "Em 1796, seu filho Paulo I a sucedeu disposto a reverter tudo o que a mãe havia feito. Os dois se odiavam", diz Troyat.

De fato, Paulo anistiou Radishchev, prestou homenagens ao pai (Pedro III) e baixou regras prussianas. Por exemplo, proibiu o uso de chapéus redondos e ternos à francesa. Até hoje ninguém sabe quem mandou matá-lo, ou quem foi seu pai biológico. Só se sabe que seu filho Alexandre I, o neto querido e protegido da czarina Catarina, não perseguiu seus assassinos ao assumir o trono.

Gigante de papel

A Rússia entrou no século 19 cheia de contradições. Seus canhões causavam medo, mas seus 14 milhões de habitantes continuavam na miséria. Somariam 60 milhões em 1835, graças à anexação de terras - 95% deles viviam no campo. Era preciso modernizar o país, mas isso ameaçava o poder dos czares. Como dar liberdade ao povo sem perder o controle da nação?

Esses foram os dilemas de Alexandre I, o czar que botou para correr as tropas do general francês Napoleão Bonaparte e desfilou triunfante em Paris. A vitória aumentou a autoestima russa, mas colocou as tropas em contato com as ideias da Revolução Francesa. Os oficiais voltaram para casa querendo um sistema constitucional.

E os soldados, emancipação. Alexandre I até falou em reformas liberais, mas era tudo fachada. Sua maior preocupação foi consolidar a Rússia como peça-chave do Congresso de Viena - o pacto celebrado pelas potências europeias em 1815 para restaurar a monarquia após a derrota de Napoleão. Ao lado da Prússia e da Áustria, ele fundou a Santa Aliança para reprimir as revoluções no continente em nome da fé cristã.

A tarefa continuou com seu irmão Nicolau I, outro czar que sonhava transformar a Rússia em cão de guarda da Europa. Mas ficou só no sonho: várias revoluções surgiram em 1848 e puseram fim à Santa Aliança. Nicolau I foi derrotado por ingleses, franceses e turcos na Guerra da Crimeia - prova da fraqueza russa. Faltava tudo, de locomotivas a munição. E faltava acabar com a servidão.

 Foi o que fez Alexandre II, filho de Nicolau I. "Ele libertou mais escravos que o presidente americano Abraham Lincoln, e sem guerra civil no meio", diz Hingley. Mas as mudanças só jogaram mais água no caldeirão revolucionário.
Os socialistas diziam que os libertos viraram escravos da burguesia. Alexandre II escapou de vários atentados até que, em 1881, foi dilacerado por uma granada caseira.


O fim


Não era fácil ser czar no século 20. Alexandre III sabia que não repetiria as façanhas de seus antepassados. Ele bem que tentou reviver a trilogia "autocracia, ortodoxia e nacionalismo", mas em vão. Pouca gente ainda aceitava que a vontade do czar era a vontade de Deus.
E outra: insuflar o nacionalismo num império multiétnico, onde apenas 46% dos habitantes eram russos, apenas acionou uma bomba-relógio. Enquanto o movimento revolucionário crescia, os monarcas culpavam os judeus pela crise e matavam milhares nos pogroms, massacres em pequenos vilarejos de israelitas.
Entre 1880 e 1920, cerca de 2 milhões de judeus russos emigraram para as Américas fugindo dessas perseguições.

A hora da implosão estava perto. Em 1904, a Rússia cambaleou numa guerra contra o Japão. Em 1905, centenas de manifestantes morreram ao exigir liberdade em São Petersburgo - num dia lembrado como Domingo Sangrento. Em 1917 não teve jeito: Nicolau II abdicou. Foi fuzilado por ordem de Vladimir Lênin, líder dos bolcheviques. Era a vez deles de derramar sangue.

A URSS impôs uma nova ideologia, mas manteve a velha lógica: quanto mais inocentes matasse, menores as deserções e maior a certeza de que todos marchariam rumo à vitória final. Durou 70 anos. Hoje, especialistas veem ares de czar no ex-KGB, ex-presidente e atual primeiro-ministro russo Vladimir Putin. "A Rússia abraçou outra vez o czarismo por várias razões.

O país tem longa tradição de um poder indivisível e quase sagrado. A democracia é um conceito negativo no imaginário popular, sinônimo de um pode-tudo onde só os ladrões prosperam. Além disso, a maioria das pessoas associa estabilidade com um líder forte", diz Dmitri Trenin, ex-oficial do Exército russo e diretor do Centro Carnegie de Moscou.
O Kremlin exerce controle cada vez maior sobre as TVs e o Parlamento, enquanto jornais estão sendo comprados por empresários amigos do governo. Coisas de czar...


Os amantes de Catarina
A czarina era ninfomaníaca e não podia viver nem uma hora sem amor

Ter amantes era uma prática comum na corte imperial russa. Mas Catarina II foi insuperável. Aos 23 anos, depois de oito sem dividir a cama com o marido, Pedro III, ela conheceu os prazeres da carne com o jovem Sergei Saltikov.
 "Ele era lindo como o dia", escreveu Catarina em suas memórias, dando a entender que o mancebo era o pai de seu filho, Paulo I. Saltikov se cansou da imperadora, mas muitos outros viriam. "Minha desgraça é que meu coração não pode se contentar nem uma hora se não tem amor", ela confessou em seu diário.

Sorte de Estanislao Poniatowski, um virgem de 23 anos enviado pelo embaixador inglês. Foi o brinquedinho de Catarina, que passou a gastar fortunas com seus amantes. De todos, o mais poderoso foi o tenente Grigori Potiomkin.
Ele influía nas decisões da czarina, e talvez tenha sido o único que ela amou. "Potiomkin vivia no palácio. Só precisava dar dois passos, subir uma escada e já estava no aposento real. Chegava desnudo por baixo da bata", diz o biógrafo russo Henri Troyat. Quando o sexo esfriou, Potiomkin passou a selecionar os novos "favoritos".
Ser "favorito", aliás, era uma profissão. O sujeito recebia salário, e quando deixava de agradar era indenizado com terras, rublos e escravos.

 "Em seguida, abandonava discretamente seus aposentos, enquanto Potiomkin escolhia o substituto", diz Troyat. "O novo candidato era examinado por um médico e depois submetido a uma prova íntima com uma condessa, que passava um relatório a Catarina. Só então ela tomava a decisão."

Revolta dezembrista
Mal-entendido provocou levante popular com consequências trágicas

O império russo viveu uma bela trapalhada em 1825, e tudo por causa de um mal-entendido. Naquele ano, o czar Alexandre I morreu sem deixar herdeiro direto. Quem devia então assumir o trono era seu irmão Constantino I, vice-rei da Polônia. Mas Constantino não queria saber de ser rei. Havia firmado um manifesto no qual transferia esse direito ao irmão mais novo, o belicoso Nicolau I. O problema é que ninguém sabia do documento, cujas cópias ficaram mantidas em segredo no Senado e no Santo Sínodo (cúpula ortodoxa). "Nicolau ignorava o manifesto e jurou fidelidade a Constantino. Só uma renúncia oficial do irmão poderia fazê-lo assumir", diz o biógrafo russo Henri Troyat.

 Assim, enquanto Constantino demorava para se pronunciar, Nicolau ficava sem ação, sabendo que era mais impopular que o irmão. Quando Nicolau finalmente assumiu, as tropas do Exército já tinham jurado lealdade a Constantino.

Foi no meio dessa sinuca que eclodiu uma revolta em São Petersburgo. Os líderes eram oficiais que queriam instaurar uma monarquia constitucional nos moldes europeus, e achavam que era seu dever defender Constantino contra o irmão.
Em 14 de dezembro, milhares de revoltosos se uniram ao levante e invadiram a praça do Senado. Com armas na mão e vodca na cabeça, eles gritavam a favor de Constantino e da Constituição. "Alguns achavam que a Constituição era mulher de Constantino", afirma Troyat. Mal liderados, os rebeldes não avançaram para tomar o poder.
Tampouco obedeceram as ordens de Nicolau de cair fora da praça. O czar ordenou que se abrisse fogo contra a multidão, resultando em dezenas de mortos (talvez mais), 3 mil presos, cinco enforcamentos e centenas de exilados na Sibéria. Tudo por culpa de um mal-entendido.

Ovos Fabergé


Joia personalizada era ofertada na Páscoa no lugar do ovo tradicional

Entre os objetos que simbolizam a opulência dos czares russos, nenhum é tão rico em detalhes e surpresas quanto os ovos de Fabergé. Fabricados pelo ourives que deu nome às peças, eram verdadeiras joias em formato ovalado. A história começa quando o czar Alexandre III quis surpreender sua esposa, a czarina Maria Feodorovna, na Páscoa de 1885. Um dos rituais dos seguidores da Igreja Ortodoxa era trocar ovos na celebração da reencarnação de Cristo, como se faz em todo o mundo católico, nos dias de hoje. Mas antigamente os ovos eram de galinha mesmo, e não de chocolate.

O detalhe era adorná-los com pinturas. Quando o czar encomendou um ovo de ouro, a Páscoa da dinastia Romanov nunca mais foi a mesma.
A cada ano, Fabergé fabricava um ovo mais caprichado, elaborado com esmalte, metais e pedras preciosas.
 Os ovos sempre continham surpresas em seu interior, que às vezes recontavam episódios da história russa e conquistas do exército ou reproduziam grandes obras arquitônicas. Em 2007, um exemplar foi leiloado por 18,7 milhões de dólares.

Saiba mais

LIVROS

Russia, a Concise History, Ronald Hingley, Thames and Hudson, 1972
O professor de Oxford relaciona o czarismo com outros períodos da história russa.

Catalina, la Grande, Henri Troyat, Ediciones B, 2005
Biografia com detalhes sobre a vida pública e privada da imperadora.

Nicolás II, Dominic Lieven, El Ateneo, 2006
Um livro sobre o último czar que acaba sendo uma bela análise de toda a era czarista.



« Última modificação: 26 de Setembro de 2009, 10:54 by HelenaBeatriz »
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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #43 em: 26 de Setembro de 2009, 17:19 »

Histórias malucas
por Danila Moura

ASSOMBRAÇÕES ROMANAS

No auge do Império Romano, as mulheres ricas adotavam tratamentos de beleza para lá de bizarros. Dormiam com o rosto besuntado por uma meleca feita de farinha de favas, miolo de pão e leite de jumenta. Para manter o aspecto pálido, em moda na época, passavam giz branco com pasta de vinagre e clara de ovos e pintavam as veias dos seios e da testa com tinta azul. Pareciam fantasmas.

PROPAGANDA ENGANOSA

No fim do século 18, na Inglaterra, mulher feia que tentava pagar de gatinha corria o risco de ser presa. Na época, o Parlamento aprovou uma lei que permitia aos maridos pedirem anulação do casório caso a noiva tivesse a aparência muito alterada por maquiagens. Mulheres que seduzissem homens com cabelo ou dentes falsos, e depois se mostrassem feias sem essas alegorias todas, eram punidas com o mesmo rigor com que se perseguiam as acusadas de bruxaria.

AO PÉ DA LETRA

Durante muitos anos, a Igreja Católica condenou severamente o sexo por prazer. Orígenes, um dos principais teólogos de Alexandria no século 3, gostava muito de um versículo bíblico: "E há homens que se fizeram eunucos voluntários para ganhar o Reino dos Céus". Inspirado, resolveu levar o texto ao pé da letra. Deu um jeito de se castrar sozinho e passou o resto da vida morando em um deserto.


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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #44 em: 26 de Outubro de 2009, 20:55 »
Oi, Marocha! Que legal!! Vc entendeu o espírito da coisa...rs
Um abração!
Helena
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Os Medici: a grande família




Como os banqueiros Medici transformaram Florença, uma das mais tradicionais repúblicas da Itália, em seu domínio pessoal - e ajudaram a criar o esplendor do Renascimento
por Reinaldo José Lopes

Em 1434, o banqueiro quarentão Cosimo de Medici fez uma entrada exuberante em Florença. Queria mostrar que estava de volta à sua cidade, motivo de infortúnio para seus inimigos, que seriam banidos. Começava ali o principado dos Medici, a grande família burguesa, patrona das artes e das letras, que comandou Florença e depois a Toscana até 1737, com breves intervalos. Cosimo havia passado um ano exilado em Veneza, acusado de tentar instaurar um governo tirânico. Mas a maioria ignorava essas suspeitas, porque as ruas ficaram lotadas de gente festejando seu retorno. "Raramente um cidadão voltando em triunfo de uma vitória foi recebido por seu país com tantas demonstrações de júbilo. Todos o saudavam como benfeitor do povo e Pai da Pátria", escreveu Nicolau Maquiavel, político e intelectual florentino.

Maquiavel, que chegou a ser preso e torturado a mando dos descendentes de Cosimo, antes de se dedicar a escrever sobre o banqueiro, sabia perfeitamente que aquela recepção calorosa tinha marcado o começo do fim para o governo republicano em Florença. Devagarzinho, usando seus vastos recursos financeiros para apadrinhar a classe média nascente e se aliar aos poderosos, dentro e fora da Itália, os Medici deixaram de ser homens de negócios e viraram uma dinastia.

As outras grandes famílias de Florença até espernearam, voltando a expulsar os netos de Cosimo da cidade mais de uma vez. Mas só adiaram o inevitável: o domínio dos Medici durou quase 300 anos e moldou boa parte da Itália renascentista. De certo modo, os Medici fundaram a primeira grande instituição financeira multinacional do planeta e foram um bocado hábeis em usar o poder econômico para mandar e desmandar na política, na arte e até na religião. Um modelo que, afinal, está na base de quase todos os Estados modernos do Ocidente.



Por baixo dos panos

Embora pioneiros nesse tipo de articulação política e ideológica, os Medici não foram um caso isolado na Itália do Renascimento. "O fenômeno, na verdade, é comum nessa época. O que diferencia os Medici talvez seja o método relativamente não-violento de ascensão ao poder, através do qual eles foram erodindo, de forma muito lenta e contínua, as instituições republicanas de Florença", avalia o historiador Manfredi Piccolomini, professor da Universidade da Cidade de Nova York e diretor do Medici Archive Project, que estuda a documentação deixada pela família, boa parte inédita. De certa maneira, Cosimo e companhia começaram como "zebras" da política florentina. A família, originalmente ligada à fabricação e ao comércio de tecidos, não era nem a mais rica nem a mais influente de Florença. Alguns dos Medici caíram na besteira de apoiar, no fim do século 14, a chamada Revolta dos Ciompi, cujo objetivo era dar direitos políticos aos que trabalhavam na manufatura da lã. A revolta foi suprimida, mas o envolvimento provocou o isolamento da família das relações de poder na cidade por décadas.

Nessa época, segundo Piccolomini, as repúblicas italianas tinham um regime baseado nos chamados checks and balances (restrições e contrapesos). "É uma herança da tradição política romana, cujo principal objetivo é impedir que qualquer pessoa obtenha o poder supremo", diz. O mando era loteado entre os membros das guildas, corporações profissionais que reuniam banqueiros, negociantes, donos de manufaturas e artesãos, afirma Rita de Cássia Biason, professora de Ciência Política da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Franca.

Em tese, todo integrante de guilda com mais de 30 anos e sem dívidas podia ser eleito, por sorteio, para cargos públicos como a signoria, principal magistratura, com nove vagas. Mas só um quarto dos postos era ocupado pelas guildas menores, da classe média baixa. Ou seja, na prática, o regime era uma oligarquia comandada pelos ricos. Nesse sistema, até formar partidos políticos era proibido.

Abertamente, os Medici não se arriscavam a traçar alianças, mas, por baixo dos panos, Giovanni di Bicci, pai de Cosimo, usou o banco recém-fundado da família para forjar uma rede internacional de contatos. E também casou seus parentes de ambos os sexos com membros de famílias mais pobres, mas poderosas. Cosimo continuou a política, oferecendo empréstimos para cidadãos endividados, de forma que, quando fossem eleitos, apoiassem os interesses dos Medici. "Era uma rede informal, mas muito eficaz, de clientelismo", escreve o historiador britânico J.R. Hale em Florence and the Medici ("Florença e os Medici", inédito no Brasil).



A reação não tardou. Famílias aristocráticas conseguiram engendrar o exílio de Cosimo, mas o tiro saiu pela culatra, porque elas também tentaram um expurgo dos aliados do banqueiro que revoltou a população. A insatisfação dos florentinos abriu caminho para o retorno triunfal de Cosimo. Oficialmente, pouca coisa mudou na república, mas o banqueiro virou a eminência parda por trás de quase todas as decisões governamentais, além de ser responsável pela política externa.

Nesse ponto, o banco foi um instrumento importante, diz Biason. "O relacionamento com outros Estados europeus se construiu por meio das casas bancárias nos principais centros comerciais do continente: Londres, Nápoles, Colônia, Genebra, Lion, Roma, Avignon, Bruges, Antuérpia, Veneza, entre outras." Os Medici davam um jeitinho de ter pessoas favoráveis a seus interesses no governo, manipulando os nomes que eram colocados nas borse, os sacos de onde eram sorteados os ocupantes dos cargos públicos.

Arte e gastança

A aprovação pública era tão grande que ninguém se opôs, quando esse poder de influência na cidade passou para o filho de Cosimo, Piero (que viveu apenas mais cinco anos após a morte do pai), e, logo depois, para Lorenzo, neto do Pai da Pátria. Atualmente conhecido como "o Magnífico", Lorenzo levou ao auge a primeira fase do governo dos Medici em Florença, em 1469. Culto, interessado em filosofia, poesia e nas demais artes, ele também era um diplomata nato. Trouxe os melhores artistas da época para Florença e fortaleceu a economia local. Piccolomini diz que descobertas recentes nos arquivos mostram as boas relações da família, nessa época, com a comunidade judaica. "Eles atraíram ativamente comerciantes e banqueiros judeus para Florença."

Mas casa de ferreiro, espeto de pau. A fortuna dos banqueiros Medici tinha se tornado tão lendária na Europa que todo mundo esperava os gastos mais extravagantes deles - inclusive os aliados de Florença, que adquiriram a mania de contrair (e não pagar) empréstimos, a fundo perdido. Para não perder prestígio, Lorenzo manteve a gastança. O banco acabou falindo e desaparecendo em 1494, dois anos depois da morte do Magnífico.

A aristocracia de Florença finalmente se cansou de ser manipulada pela família e tentou assassinar Lorenzo e seu irmão Giuliano, em 1478. O segundo morreu, e o primeiro sobreviveu para reprimir com violência os rebeldes. Mas, assim que Piero, filho do Magnífico, assumiu o poder, os inimigos aproveitaram um descuido seu - uma desastrada negociação territorial com a França - para declarar um novo exílio da famiglia, em 1494.

Nossa pessoa

A coisa não ia ficar assim, porém. Um filho de Lorenzo e um filho de Giuliano eram cardeais e começaram a mover o vasto arsenal de dinheiro e aliados da Igreja renascentista contra a república restaurada, representada pela velha aristocracia das guildas e, em menor proporção, da classe média. Em 1512, Florença foi derrotada por um exército papal e teve de aceitar Giovanni, o filho do Magnífico, como chefe de Estado informal. Um ano depois, ele foi eleito papa Leão X.

De repente, tanto os Estados papais quanto Florença tinham se tornado um feudo dos Medici, se não no papel, ao menos de fato. "Ser papa era estar à frente de um dos Estados mais fortes da Itália. Fonte de mais poder e também instrumento de manutenção da condição de senhores de Florença", afirma Carlo Gabriel Pancera, professor de Filosofia Política da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Por isso, o domínio dos Medici parecia assegurado quando Giulio, o outro cardeal da dinastia, tornou-se o papa Clemente VII.

Uma última chance para os republicanos de Florença veio em 1527. A quebra da aliança entre o papa e o comandante do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos V, levou à captura e ao saque de Roma pelas forças imperiais. Mas a situação não durou muito, e Alessandro, bisneto do Magnífico, foi empossado como duque de Florença - a primeira vez que o domínio da cidade pela famiglia era associado a um título de nobreza. Assassinado, o duque não deixou herdeiros legítimos, mas um obscuro Medici também chamado Cosimo, descendente do irmão do Cosimo "Pai da Pátria", imediatamente tomou seu posto no governo (como Cosimo I). Uma vez no poder, revelou-se durão e excelente administrador, conquistando a cidade de Siena e unificando toda a região em torno de Florença no chamado Grão-Ducado da Toscana.

Cosimo I não tinha a menor paciência para os vestígios republicanos que ainda resistiam em seu domínio. Discutindo o esboço de uma pintura que retratava a captura de Siena, observou ao pintor Giorgio Vasari: "Os conselheiros que você colocou em torno de nossa pessoa [destaque para o plural majestático], quando você representa nossas deliberações sobre o ataque a Siena, não são em nada necessários, uma vez que tomamos todas essas decisões sozinhos. Você pode preencher o lugar deles com personagens representando o Silêncio e outras Virtudes". O estilo autoritário deu tão certo que os Medici só perderam o poder, em Florença e na Toscana, quando morreu o último membro da dinastia, Gian Gastone, em 1737. O que sobrou da famiglia? As obras de arte financiadas por seu dinheiro e seu gênio, que ainda fazem de Florença uma das cidades mais belas da Europa.

Longa é a arte, tão breve a vida
O Renascimento foi o legado mais duradouro desses banqueiros



Todos os ícones da arte do Renascimento - Donatello, Fra Angelico, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Boticelli, Rafael, além de cientistas como Galileu Galilei e Evangelista Torricelli (dois dos pais da Física moderna) - foram, em algum momento da vida, favorecidos pelo mecenato dos Medici. Só essa lista já seria ampla o suficiente, levando-nos do começo do século 15 ao fim do século 16, uma das fases mais extraordinárias da história da arte. Seja em Florença, como governantes, seja em Roma, como papas, os Medici encomendaram obras de importância vital para a cultura do Ocidente. "É claro que, em parte, esse apoio às artes era uma forma de exibir poder econômico. Mas também uma maneira de mostrar que, com os Medici, Florença abandonava totalmente o passado e se voltava para um futuro brilhante", afirma o especialista italiano Manfredi Piccolomini. Alguns, aliás, eram artistas de talento, como Lorenzo, o Magnífico, considerado excelente poeta, e Leão X, músico. O Magnífico foi um dos fundadores da Academia Platônica de Florença, grupo de estudos que incluía até refugiados de Constantinopla, então recém-conquistada pelos turcos. O próprio Nicolau Maquiavel, antes inimigo político da famiglia, buscou a atenção dos Medici. O livro O Príncipe é dedicado a Lorenzo, neto do Magnífico.

Igreja no bolso
Os papas da família fizeram política, mas cometeram erros



A decisão de Lorenzo, o Magnífico, de fazer seu filho Giovanni (o do meio) cardeal, alçado ao posto de papa Leão X, em 1513, alinhou a Igreja no combate às forças que se opunham aos Medici, em Florença. E fez da Igreja uma vocação política na família. Mas a passagem dos Medici pelo papado foi marcada por dois desastres: a rebelião do monge alemão Martinho Lutero contra o catolicismo e a transformação da Inglaterra num país protestante. "Muita gente criticou Leão X por participar de um baile de máscaras em Roma, enquanto Lutero explicava sua posição contra o papado diante do imperador Carlos V, em 1521", escreve J.R. Hale em seu livro Florence and the Medici. O papa excomungou Lutero, mas não deteve a Reforma. Noutro erro grave de avaliação, deu ao rei inglês Henrique VIII, o mesmo que iria romper com a Igreja Católica, o título de Defensor da Fé, porque o monarca escreveu um livro atacando Lutero. Pois foi Clemente VII, o segundo Medici a virar papa, que recusou a anulação do casamento do rei - que criou, então, a Igreja da Inglaterra. A carreira dos Medici no papado chegou a um fim melancólico no século 17, com a eleição de Leão XI. O "papa lampo", ou papa-relâmpago, morreu apenas um mês depois de indicado ao posto.

Saiba mais

LIVROS

Florence and the Medici, J.R. Hale, Sterling USA, 2001

Clássico sobre a família e a cidade de Florença, que dá destaque às transformações políticas e sociais trazidas pelo governo da dinastia.

Abril Sangrento: Florença e o Complô contra os Medici, Lauro Martines, Imago, 2003

A tentativa de assassinar Lorenzo de Medici e a perseguição política que se seguiu ao ataque.

Conheça a revista
Aventuras na História edição 075, outubro 2009 Babilônia.
Um mergulho profundo na civilização que nos deu a escrita, a matemática, a astronomia e a Torre de Babel.






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