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Autor Tópico: Você sabia? (Curiosidades em geral)  (Lida 175582 vezes)

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Offline HelenaBeatriz

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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #45 em: 29 de Outubro de 2009, 12:54 »
Curiosidades dos animais



As curiosidades sobre os animais são tantas, que achei melhor dividi-las em categorias. Primeiro vamos falar dos animais que nos inspiram repulsa!
Infelizmente, uma barata pode viver até 9 dias, mesmo sem cabeça, antes de morrer de fome. Então é melhor esmagá-la com o chinelo para garantir!
Somente no Brasil, os ratos de esgoto são mais de 300 milhões.

A vaca também tem uma curiosidade repulsiva, e preocupante: a cada ano, uma vaca libera quase 50kg de metano no ar. Se concentrarmos todas as vacas do mundo, dá para fazer um estrago na camada de ozônio!

Cachorros que podem salvar vidas. Cientistas descobriram que cachorros adestrados podem sentir que o dono terá um ataque epilético até uma hora antes de começar e avisá-lo. Esses incríveis animais também podem descobrir, pelo olfato, se um garoto é autista.

Os animais também têm curiosidades sexuais!
Os leões, por exemplo, podem acasalar, em um único dia, mais de 50 vezes.
Já os porcos cruzam apenas uma vez ao ano, mas em compensação, têm um orgasmo de 30 minutos!
Os golfinhos são a única espécie, além do homem, que fazem sexo por prazer. Mas acho que o animal mais curioso ainda seja o canguru, que tem o pênis bifurcado.

Mas nem só em recordes os animais se destacam. Alguns são curiosos justamente por suas incapacidades.
O elefante, por exemplo, é o único animal do mundo que não pode saltar. Por que será, né? Enquanto isso, os crocodilos nunca vão mostrar a língua pra ninguém, já que não conseguem colocá-la para fora da boca.
 Mas acho que o pior mesmo ficou com as estrelas do mar que não têm cérebro.

Características peculiares – e curiosas – de animais em todo o planeta:

 Os ursos polares são todos surdos e canhotos
 As borboletas degustam com as patas
 Sob luz forte, a urina de um gato brilha fosforescente
 Os golfinhos possuem um sistema de eco-localização para pescar.
Uma pulga pode saltar até 34cm de altura.
As girafas têm línguas de 50cm, e as usam para limpar as orelhas.
As minhocas possuem 5 pares de corações.
As libélulas conseguem enxergar insetos a mais de 10m de distância.

Alimentação:
Existem larvas que consomem 86000 vezes seu peso em menos de dois meses, contando do seu nascimento.
Já os colibris comem, diariamente, a energia da metade de seu peso.
 Mas em resistência ninguém bate a aranha, que sobrevive semanas sem comida, e o camelo, que mesmo sob calor forte, fica 17 dias sem água.

A curiosidade mais preguiçosa fica com o caracol, que pode dormir por 3 anos seguidos!
E algumas espécies chegam a medir quase 40cm.

E, em matéria de veneno, não tem quem compita com a rã Flecha Dourada, da Colômbia, a qual, na idade adulta, pode matar 1000 pessoas com seu estoque de toxinas.


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Offline HelenaBeatriz

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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #46 em: 04 de Novembro de 2009, 18:15 »
A TRADIÇÃO AMERICANA DO HALLOWEEN





Desde 1800, quando os imigrantes irlandeses e escoceses levaram suas festividades de Halloween para a América do Norte, a festa tem se desenvolvido consideravelmente.

 A conexão da festa com o Dia de Todos os Santos e o Dia de Finados ficou praticamente deixada de lado, e muitas novas tradições seculares se desenvolveram.


O Halloween é muito importante nos Estados Unidos, tanto para as crianças quanto para os adultos.
Todo ano, as lojas dos EUA enchem suas prateleiras com uma série de fantasias demoníacas.
   
   

Para as crianças, fantasiar-se e sair pelas casas fazendo a brincadeira do "travessuras ou gostosuras" ainda é o maior evento.

A maioria das famílias nos Estados Unidos e no Canadá participam, mesmo porque não querem correr o risco de pequenos vandalismos.

 Muitos adultos se fantasiam e participam com seus filhos de festas a fantasia e concursos.

Outras atividades de Halloween ocorrem durante o mês todo de outubro.
Estas tradições preservam o espírito de alegria do Samhain* diante dos pensamentos assustadores de morte e do sobrenatural.

Os americanos acrescentaram filmes de terror, casas assombradas comunitárias, histórias de fantasmas e quadros espiritualistas.

Cartões e decorações também fazem parte do Halloween. A festa só perde para o Natal no faturamento total do comércio.

Um outro costume comum do Halloween é recolher dinheiro para a UNICEF (site em inglês), em vez de doces.

Isto começou em 1950, na Filadélfia, quando uma turma de uma escola dominical teve a idéia de recolher dinheiro para as crianças necessitadas ao brincar de "travessuras ou gostosuras".

 Eles enviaram o dinheiro que conseguiram, cerca de US$ 17, para a UNICEF, que foi inspirada pela idéia e começou um programa de "travessuras ou gostosuras", em 1955.



*Samhaim




Em irlandês Samhain, gaélico escocês Samhuinn, manês Sauin, e em gaulês Samonios) era o festival em que se comemora a passagem do ano dos celtas. Marca o fim do ano velho e o começo do ano novo.

 O Samhain inicia o inverno uma das duas estações do ano dos celta, o início da outra estação, o verão, é celebrado no festival de Beltane.
Este festival, samhain, é chamado de Samonios na Gália.

Segundo alguns autores, grande parte da tradição do Halloween, do Dia de Todos-os-Santos e do Dia dos fiéis defuntos pode ser associada ao Samhaim.
 
O Samhaim era a época em que acreditava-se que as almas dos mortos retornavam a casa para visitar os familiares, e para buscar alimento e se aquecerem no fogo da lareira.
 Alguns autores acham que não existe nenhuma evidência que relacione o Samahin com o culto dos mortos e que esta crença se popularizou no século XIX.

Segundo o relato das antigas sagas o Samhain era a época em que as tribos pagavam tributo se tivessem sido conquistadas por outro povo.
Era também a época em que o Sídhe deixava antever o outro mundo.


Samhain em Portugal e na Galiza


O Samhain é uma festa associada ao ciclo anual do sol que faz parte do Património Imaterial Galego-Português. A recuperação da tradição do Samhain envolve várias escolas que promovem actividades que por sua vez são inseridas na promoção da candidatura a Património Imaterial.
 Diversas aldeias na Galiza começaram a recuperar as celebrações apoiadas pela recolha de testemunhos e documentos sobre as antigas tradições locais.


« Última modificação: 05 de Dezembro de 2009, 17:36 by HelenaBeatriz »
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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #47 em: 04 de Novembro de 2009, 18:40 »
EM PORTUGAL ESPÍRITAS PRECISAM COMBATER PRECONCEITOS


Enquanto no Brasil, o Espiritismo é reconhecido como religião até mesmo nos dados estatísticos do IBGE, comemorou com festa os 150 anos da Doutrina e agora festeja o sucesso nos cinemas do filme "Bezerra de Menezes" e a super-produção "Chico Xavier", com estréia prevista para abril de 2010, centenário do famoso médium, ã mesma situação não ocorre em Portugal. Naquele país os adeptos do estudo espíritual ainda combatem o preconceito e esquivam-se para não serem confundidos com cartomantes, feiticeiros ou "comerciantes da sorte".

O presidente da Federação Espírita Portuguesa (FEP), Arnaldo Costeira, lamenta a "maledicência lamentável" que leva a que "muitos espíritas" se "escondam e tenham medo de ser prejudicados nas suas profissões e socialmente".

Em Portugal, há 63 centros espíritas inscritos na FEP e estimam-se 10 a 20 mil adeptos. Quanto ao número de simpatizantes, segundo um estudo da Igreja Católica de há alguns anos citado por Arnaldo Costeira, supõe-se que dos crentes "20% aceitam e acreditam em espiritismo".
 Por esta razão ressalta, em entrevista ao Jornal de Notícias, de Lisboa, que nestes centros não se fazem "separação de casais, magia, bruxaria, rezas, nem benzeduras". "Procuramos levar o conhecimento, levar o esclarecimento e libertar os dois lados da vida: os encarnados (vivos) e os desencarnados (mortos)".

Explica ainda que Espiritismo e Religião são indissociáveis, até porque a doutrina espírita "prossegue fins de união entre as pessoas, do perdão, do amor fraterno e da tolerância" e nela "cabem todas as religiões". "É a ciência que estuda a origem, a natureza e o destino dos espíritos" e as "relações que há entre o mundo espiritual e o mundo material", resume ainda.

Para os "seres que já não têm corpo - os espíritos - e que não são mais que as almas das pessoas que morreram" são lhes mostrados os "caminhos a seguir, demovê-los da maldade e da perseguição e ajudá-los a libertarem-se dos seus traumas".

Arnaldo Costeira informou que quando se morre leva-se o "conhecimento" e a "ignorância", pelo que a "maior parte dos espíritos não sabe que morreu, porque a ideia de morte é a presença de Deus e de julgamento e isso não ocorre".

 "A visão dos materialistas é quando acaba a vida, acaba tudo, mas como não acaba tudo é porque não acabou a vida. E é este o problema com que se debatem os espíritos e que depois recolhem às suas casas e perturbam. Quando não compreendem, acabam por sofrer", diz Costeira.

Todavia, apesar do emprenho da Federação Espírita de Portugal, o fato é que ainda há forte resistência ao estudos de vidas passadas, da reencarnação e da comunicação com espíritos. Se você é de Portugal e compartilha de nossa crença, conheça o grupo "Espíritas de Portugal", em nossa Rede de Amigos.

http://partidaechegada.ning.com/group/espiritasdeportugal

http://partidaechegada.ning.com/

Blog Partida e Chegada


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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #48 em: 11 de Novembro de 2009, 11:11 »
VOCÊ SABIA???


Por que 8 de março é o Dia da Mulher?


[youtube=425,350]http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:GVQEX1PeP9ZwAM:http://vozdaliberdade.blogs.sapo.pt/arquivo/mulher.jpg[/youtube]



Greves de operárias marcaram a data nos séculos 19 e 20

por Luciana Taddeo

Há mais de uma versão para a origem do Dia Internacional da Mulher, mas todas remetem a greves de trabalhadoras de fábricas têxteis desde a Revolução Industrial, no século 19.

Em 8 de março de 1857, tecelãs de Nova York realizaram uma marcha por melhores condições de trabalho, diminuição da carga horária e igualdade de direitos.
Na época, a jornada de trabalho feminino chegava a 16 horas diárias, com salários até 60% menores que os dos homens.

Além disso, muitas sofriam agressões físicas e sexuais. Uma das versões do desfecho da marcha é a de que as manifestantes teriam sido trancadas na fábrica pelos patrões, que atearam fogo no local, matando cerca de 130 mulheres.

 O fim mais aceito, porém, é o da interrupção da passeata pela polícia, que dispersou a multidão com violência.

A versão do incêndio é, provavelmente, uma confusão com a tragédia da fábrica Triangle Shirtwaist Company, em 25 de março de 1911.
O fogo matou mais de 150 mulheres, com idades entre 13 e 25 anos, na maioria imigrantes italianas e judias.
A falta de medidas de segurança do local – as portas teriam sido trancadas para evitar a saída das empregadas – foi apontada como o motivo do alto número de mortes. O episódio foi um marco na história do trabalho operário americano e está registrado no Fire Almanac (“Almanaque do Fogo”), publicado pela Agência Nacional de Proteção contra Incêndio dos Estados Unidos. No livro, não há qualquer referência ao tal incêndio de 1857.

Vários protestos se seguiram nos 8 de março seguintes. Um dos mais notáveis – também reprimido pela polícia – ocorreu em 1908, quando 15 mil operárias protestaram por seus direitos.

 Em 1910, na Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, na Dinamarca, a alemã Clara Zetkin propôs que a data fosse usada para comemorar as greves americanas e homenagear mulheres de todo o mundo.

A greve das trabalhadoras de Petrogrado (atual São Petersburgo), na Rússia, em 23 de fevereiro de 1917 (8 de março no calendário ocidental), também foi um marco da data.

Hoje, ela é símbolo da luta pelos direitos da mulher, e foi oficializada pela Unesco em 1977.


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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #49 em: 13 de Novembro de 2009, 11:52 »
VOCÊ SABIA?

Entrevista sobre o mito Adolf Hitler




Nos 120 anos do nascimento do líder nazista, seu mais respeitado biógrafo explica como um homem carismático foi capaz de arrastar a Alemanha para a Segunda Guerra Mundial e provocar o Holocausto
(por Fernando Eichenberg)

É pouco provável que algum dirigente político do século 20 tenha igualado o grau de popularidade alcançado por Adolf Hitler (1889-1945) na Alemanha, nos dez anos que se seguiram a sua chegada ao poder, em 30 de janeiro de 1933.

O apoio da população ao Partido Nazista era tímido se comparado à veneração dos alemães por seu líder máximo.

O culto ao mito exerceu um papel determinante no funcionamento do Terceiro Reich e na aterradora dinâmica do nazismo. Adorado pelo povo, adulado por seus subordinados e temido no resto da Europa, Hitler entrou para a História como a encarnação da barbárie, o artífice do Holocausto, o símbolo de um dos regimes mais horrendos já conhecidos da humanidade.

Neste ano, completam-se 120 anos do nascimento de Hitler. Em abril de 1943, em uma Inglaterra bombardeada, nascia Ian Kershaw, que seria seu mais conceituado biógrafo. Kershaw, portanto, experimentou a guerra, mas debutou pesquisando a Idade Média.

Só nos anos 1970 mergulhou no período mais trágico da Alemanha moderna. Suas teses sobre a popularidade de Hitler ampliaram a compreensão das engrenagens do nazismo. Seu trabalho monumental sobre o Führer - dois volumes somando 2500 páginas - é uma obra de referência obrigatória.

Em Paris para lançar a versão resumida do livro, Kershaw, hoje professor da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, reservou espaço de sua agenda para, em uma sala de hotel, conversar com AVENTURAS NA HISTÓRIA.

Para o senhor, a real importância de Hitler não estava em si mesmo, mas em como os alemães o viam. Como isso foi possível?


Em períodos de grande crise, surgem profetas oferecendo salvação. Não significa necessariamente que o personagem seja grandioso, mas ele tem qualidades de liderança heroica.
O indivíduo Hitler não tinha grande apelo pessoal. À primeira vista, é difícil entender o que o povo enxergava nele.
Mas, num contexto de perda da Primeira Guerra, humilhação nacional, turbulências políticas e miséria econômica, as pessoas estavam preparadas para investir nesse homem, ver nele qualidades que poderiam trazer uma salvação para a Alemanha.

O senhor diz que ele era um "ditador preguiçoso", que não se envolvia no funcionamento do governo. Mas discorda da tese do historiador alemão Hans Mommsen de que era um"ditador fraco". Como defini-lo?

O estilo de sua liderança não era de se envolver em todos os níveis. Não era como Josef Stálin (1878-1953), que controlava todas as diretivas. Hitler se contentava em deixar as coisas correrem, desde que na direção que ele determinou.

 Em outras questões, durante a guerra, ele estava longe de ser preguiçoso. Mergulhou mais e mais no microgerenciamento militar, o que foi catastrófico para a Alemanha.

De que forma seu conceito de "trabalhar para o Führer" explica a liderança de Hitler?

"Trabalhar para o Führer" era como se operava o gerenciamento: os subordinados antecipavam o patrão. Hitler representava ideias-chave que outras pessoas colocavam em prática.
Estruturavam uma visão para o futuro, mas ao mesmo tempo delineavam políticas abaixo de Hitler, sem que ele precisasse dar muitas direções.

A ditadura nazista era instável?

Sim, mas esse debate perde o foco principal.
Claro que havia diferentes grupos de poder, mas cada um tinha de operar de forma coincidente com as ideias representadas por Hitler.
O determinante crucial desse regime era sua liderança. Sem isso, só haveria a competição de feudos.

Hitler era uma pessoa tediosa?

Ele era bastante repetitivo. Seus secretários e assistentes ouviram as mesmas histórias centenas de vezes. Por outro lado, o interesse que ele provocava nas pessoas ao redor vinha do poder que encarnava. Quando Hitler chegou ao governo, parecia que o céu era o limite, havia dinheiro para todo os projetos. Se você é arquiteto, construa seus edifícios monumentais. Se é engenheiro, projete uma via férrea até a Criméia. Se é médico, agora pode fazer experiências em seres humanos. Projetos grandiosos se tornaram possíveis. Isso em relação a seu entourage. Para o povo, que o ouvia no rádio ou em seus comícios, ele era uma imagem. Num show de música pop, você não conhece o cantor, só vê o que ele representa. Era o caso de Hitler.

O Führer se dizia guiado pela providência. Ele acreditava nisso?

Sim. Ele sentia ser alguém especial. Até o fim da Primeira Guerra, Hitler era um fracassado. Mais tarde, as circunstâncias mudaram. As pessoas passaram a vê-lo como alguém diferente, ele falava às pessoas comuns de uma maneira que outros não faziam. Com o passar do tempo, o ciclo se acelera: quanto mais ele obtém sucessos, mais tem a adulação das massas, mais acha que é infalível, mais pensa que caminha com "a certeza instintiva de um sonâmbulo" - como afirmou em 1936. Hitler tinha essa combinação de um ideólogo idealista e firme com um brilhante propagandista, junto com um esperto homem de Estado que conhecia a fraqueza dos oponentes. Isso tudo junto fazia dele um tipo de líder muito perigoso, um caso patológico.

Pouco antes do fim da guerra, Hitler acreditava em virar o jogo?

Até muito perto do fim ele achou que haveria no último momento uma disputa entre os aliados, e não era o único a pensar nisso. Penso que somente muito tarde ele se deu conta de que tinha perdido. Por outro lado, Hitler teve momentos de absoluta lucidez e realismo na guerra.
Ele reconhecia a realidade, não era um idiota. Nas últimas semanas do Terceiro Reich, por um lado, ele se agarrava às suas últimas chances; por outro, tinha consciência de que estava acabado e se preparou para uma saída heroica.

Estados Unidos, Japão e América do Sul entraram em seus planos?

Seu grande objetivo era destruir o bolchevismo judeu baseado na União Soviética. Em relação aos Estados Unidos, em seu chamado Segundo Livro, escrito em 1928 e nunca publicado em vida, ele fala bem mais do tema do que em Minha Luta [sua primeira obra].
 
Nos anos 1930, a América se tornou um problema real. Se ela entra na guerra, os alemães não teriam como combatê-la. Mas ele não levou a América do Sul em consideração. Em 1941, Roosevelt produziu um mapa da América Latina com planos de invasão alemã, mas eles eram falsos.


O genocídio foi decidido entre 1941 e 1942. Como isso se deu?


O imperativo de remoção dos judeus estava lá desde o início, mas decidir como fazê-lo demorou, e as propostas foram alteradas ao longo do tempo. Quando a guerra começou, a Alemanha lidava não só com 500 mil judeus no país, mas com outros 2,5 milhões na Polônia.
 
A logística para resolver esse problema fracassou. O plano de levá-los para Madagascar falhou no verão de 1940. Então surgiu a ideia da deportação para a Rússia. Logo que a guerra fosse vencida nesse front, os judeus do oeste europeu seriam deportados para lá. Mas a guerra não terminou. A improvisação desembocou nas câmeras de gás na Polônia.

Segundo o senhor, Hitler foi decisivo no desenvolvimento da política do genocídio, mas muitas das decisões foram tomadas sem ordens dele. Como funcionava esse mecanismo?


Existem registros sobre a Solução Final, mas não há documentos com "a" decisão de Hitler. Quase nunca houve relatos escritos, mas sabemos, por exemplo, que em dezembro de 1941 ele conversou privadamente com Heinrich Himmler [chefe da SS] sobre o assunto.
Sabemos de um relatório que lhe foi enviado e que revela a morte de 350 mil judeus.
É certo que ele tinha consciência de tudo, só não falava abertamente sobre isso. Mas ele foi central na política de extermínio. Sem Hitler, não haveria Holocausto.

Em 1943, Himmler disse que o Holocausto era "uma gloriosa página" da História alemã, "que nunca poderá ser escrita". Como era isso para Hitler?

Ele considerava os judeus uma ameaça cósmica. Não se tratava apenas de um problema da Alemanha, onde eles eram apenas 0,76% da população em 1933 e não estavam em posição de desafiar o poder.

Para ele, os judeus estavam em Moscou à frente do bolchevismo, mas também dirigindo o capitalismo em Nova York e em Londres. Essa ameaça demandava uma solução apocalíptica. A questão é que Hitler e Himmler não sabiam qual seria a resposta da população alemã. Por isso o segredo.

O programa de extermínio de doentes mentais começou em 1939. De que forma ele se compara com a decisão sobre os judeus?

Hitler autorizou esse plano em cinco linhas escritas em folhas com seu cabeçalho pessoal.

Não houve uma lei, apenas essas linhas autorizando seu próprio médico a dirigir esse programa. Foi algo mantido em segredo, camuflado por arranjos para remover os doentes mentais para os hospícios onde seriam executados.
Mas rumores começaram a circular e o programa foi cancelado.

É provável que Hitler tenha aprendido uma lição: nada por escrito e segredo total. E obviamente há uma relação direta entre as técnicas de gás utilizadas na eutanásia e no extermínio dos judeus.

Qual a relação entre o antissemitismo da população em geral e o do Partido Nazista?

Havia na Alemanha um antissemitismo latente muito difundido. Muitas pessoas achavam que os judeus eram poderosos demais, controlavam a economia e a mídia de massa.
Mas elas não eram propensas a se engajar em ações violentas contra os judeus. Hitler era o mais radical dos radicais em termos de antissemitismo.
Com o tempo, mais e mais pessoas foram absorvidas pelo Partido Nazista, que era determinado por essa necessidade patológica de expulsar os judeus.
Mais as pessoas aderiam ao partido, mais estavam expostas a isso. E assim o antissemitismo dos radicais do partido se estendeu à burocracia de Estado, sem ter penetrado da mesma maneira no povo em sua maioria.


Quais foram os limites da penetração ideológica nazista?


A propaganda foi bem-sucedida na criação do mito do Führer como um grande líder carismático.
Também foi importante para explorar o sentimento nacionalista dos alemães e na intensificação do ódio aos judeus.
 Mas, em outras áreas do dia a dia, a propaganda nazista não foi tão bem-sucedida. As pessoas se preocupavam mais com os problemas do cotidiano.

Uma das frases do senhor é constantemente citada: "A estrada para Auschwitz foi construída com ódio, mas pavimentada pela indiferença". Qual seu significado?


Quis dizer que a dinâmica das forças dirigentes que conduziram a Auschwitz foi provida por esse ódio patológico imbuído em Hitler.
Mas, para muitas das pessoas comuns, os problemas de todo dia predominavam. É uma atitude de fechar os olhos, virar as costas para o diabo.
A dinâmica do ódio da minoria obteve sucesso porque a maioria não se importava.

O senhor já disse que, se vivesse na Alemanha nazista, poderia estar tão confuso como o povo na época.

Situações e circunstâncias mudam indivíduos. Pessoas que fizeram coisas horríveis na era nazista eram antes perfeitamente comuns.
 Claro, todos gostaríamos de pensar que seríamos antinazistas. Mas a verdade é que a maioria de nós iria transigir com o regime.
Ao se ajustar, você é cada vez mais sugado, e talvez vá acabar no Exército ou em alguma organização, onde fará coisas que, no sentido moral, serão aberrantes.

Como é hoje a relação dos alemães com o Führer?

A Alemanha, mais que qualquer outro país, deu grandes passos para encarar seu trágico passado.
Se você comparar com o Japão, a Espanha, a Itália ou a própria França ocupada, foi ela quem mais fez esforços para tentar entender o que ocorreu.
 É hoje uma democracia muito sólida e um dos países menos nacionalistas da Europa.

Os alemães mostraram que é possível aprender algo com a História. Nas escolas, nas universidades, a era do nazismo e do Holocausto está devidamente tratada. É algo admirável.

Saiba mais

LIVRO

Hitler, 1889-1936, e Hitler, 1936-1945, Ian Kershaw, W.W. Norton, 1998 e 2000

Publicada em dois volumes, é considerada uma das melhores biografias já escritas sobre o Führer.

FILME

A Queda, dir. Oliver Hirschbiegel, 2004
Na opinião de Ian Kershaw, a produção vale a pena por humanizar a figura de Hitler.



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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #50 em: 14 de Novembro de 2009, 13:20 »
VOCÊ SABIA?

O mochilão do século 18




Aristocratas e burgueses adotaram um hábito refinado para aprender História.

No Grand Tour, roteiro turístico pelos países do antigo Império Romano, eles ganhavam cultura e aprendiam outras línguas
(por Zeca Gutierres)

Poeta e naturalista, Johann Wolfgang von Goethe decidiu que comemoraria seus 37 anos de forma diferente.

Em vez de festejar com os amigos, pegou sua mochila de pele de texugo e colocou algumas peças de roupas, poucos mantimentos, manuscritos sobre arte e livros de História e deixou para trás Karlsbad, na Alemanha, sua cidade natal.

Naquele 1786, ele corria atrás de um sonho, comum aos homens ricos de sua época: fazer uma viagem que acabaria em Roma, a capital da Itália, e, assim, tornar-se um sujeito mais culto.

Viajar por prazer e em busca de conhecimento era moda na Europa do século 18.
A idéia não tinha muito de nova: fora lançada fazia mais de 100 anos.
Mas a aventura, batizada de Grand Tour, teve no chamado Século das Luzes seu apogeu.

O destino preferencial dos viajantes, geralmente jovens aristocratas e burgueses que ganhavam o passeio dos pais, eram os territórios onde floresceu um dos maiores impérios do mundo, o Romano.

Uma aventura que equivalia na época ao nosso intercâmbio.

Goethe já era um homem de sucesso – e, cá entre nós, um tanto quanto velho para a aventura – quando resolveu fazer o Grand Tour. Seu livro O Sofrimento do Jovem Werther tinha sido lançado fazia 12 anos e era considerado um dos pilares do Romantismo.

Mesmo assim, o poeta (que era também arquiteto, conselheiro de Estado e ministro do duque da Saxônia) dedicou quase dois anos de sua vida à viagem.

Seu interesse principal era estudar obras de arte e mergulhar no estilo clássico – termo, aliás, que popularizou com suas anotações sobre a viagem à Itália. A viagem também proporcionaria contato com a arquitetura e a arte renascentistas.

Mais que diploma

Embora Goethe fosse alemão, a maior parte das pessoas que participavam do Grand Tour no século 18 era formada pela elite britânica (qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência).

O fato, segundo a historiadora Valéria Salgueiro, da Universidade Federal Fluminense e autora de um estudo sobre o Grand Tour, pode ser explicado pelos bons ventos econômicos que sopravam na Inglaterra: a nação liderava o mundo no comércio e por lá começava a Revolução Industrial.

Os ingleses estavam, portanto, cheios de dinheiro e loucos para gastá-lo (de novo, assim como hoje).

As primeiras sementes do Grand Tour haviam sido lançadas no país em 1611.

O viajante Thomas Coryat viajou para a Itália a lazer e relatou sua experiência em Coryat’s Crudities (algo como “O primitivismo de Coryat”, sem tradução em português) – Veneza, por exemplo, era para o autor a terra da “opulência”.
Mais tarde, em 1670, outro inglês, Richard Lassels, cunhou a expressão “Grand Tour” em seu livro An Italian Voyage (“Uma viagem italiana”, também inédito em português), para descrever esse tipo de aventura. A idéia de que viajar era uma das melhores formas de adquirir conhecimento crescia cada vez mais.

Cem anos depois, o conceito já estava completamente formado na cabeça dos britânicos. Conquistar o mundo antigo passou, assim, a ser um feito para o currículo de recém-saídos das universidades de Cambridge e Oxford.

 Viajar era uma espécie de obrigação para expandir a mente.
 
Muito mais que passar horas lendo sobre História em bibliotecas, os ingleses queriam agora observar a História.
Além disso, indo para o exterior, o sujeito ainda tinha a oportunidade de aprender outras línguas.
 “Segundo as leis dos costumes, e provavelmente da razão, a viagem ao exterior completa a educação de um cavalheiro inglês”, escreveu Edward Gibbon, historiador e autor do clássico Declínio e Queda do Império Romano – ele próprio um grand tourist, que passou 22 meses com o pé na estrada.

A empreitada, como é de supor, não era para qualquer bolso.
 Por isso, no começo, quem o fazia era apenas gente muito rica, da nobreza ou filhos de comerciantes e homens de negócios.

Mais para o fim do século 18, as universidades inglesas passaram a dar apoio financeiro para os estudantes que ainda a freqüentavam.
Para o universitário ficavam as despesas de alimentação e com presentes ou arte, mas a instituição bancava os custos de transporte e acomodação.
No século 19, a própria rainha Vitória financiou algumas viagens para seus súditos.

A rota do grand tourist começava na França e incluía preferencialmente a Itália, em viagens que duravam em média um ano e meio.
Mas havia uma opção de “pacote econômico” para os menos abastados: ficar apenas na metrópole parisiense ou nos Países Baixos, cujo acesso era mais fácil e, portanto, de custo acessível.
Para esses aventureiros, o tour durava cerca de seis meses. Grande parte da empreitada, aliás, dava-se no próprio trajeto: calcula-se que cada 20 quilômetros constituíam um dia de viagem.


Cuidados especiais


O caminho mais apropriado, claro, dependia do país de origem.
No roteiro de um alemão como Goethe, a opção era atravessar os Alpes.
Ali, os grand tourists se arriscavam por trilhas cheias de obstáculos, rios revoltos e difíceis terrenos de granito e calcário, sempre acompanhados por temperaturas baixíssimas (que chegavam a 20 graus negativos nos meses de inverno) e, claro, do perigo das grandes avalanches.
Embora não haja registro preciso, sabe-se que muitos viajantes morreram na tentativa.

Para os ingleses, a aventura começava logo na primeira parte da viagem, a travessia do canal da Mancha.
Os ventos, as ondas grandes e os ancoradouros precários provocavam náuseas, vômitos e até ferimentos – que costumavam ocorrer quando os viajantes trocavam as grandes embarcações por barcos menores para atracar, por causa dos pequenos cais que existiam.

Da França, os turistas seguiam para a Itália. Para chegar a Lion, a porta de entrada mais comum, as opções eram também atravessar os Alpes (e enfrentar as passagens íngremes e estreitas no lombo de mulas) ou encarar o mar Mediterrâneo (com o risco de temporais e piratas).

O transporte disponível na época não tinha nada de confortável. Ou o viajante chacoalhava sobre animais de carga ou pulava dentro de carroças ou carruagens duras que seguiam por estradas precárias, de terra ou pedras.

Em determinados trechos da viagem, os turistas eram levados em liteiras, espécies de cadeiras carregadas por duas pessoas.

O melhor amigo do viajante solitário eram seu postilhão (condutor e guia turístico) e alguns ajudantes contratados no próprio caminho, que se revezavam para carregar as bagagens nos trechos mais difíceis.

No auge do Grand Tour, não havia barcos ou trens a vapor (eles foram inventados só no fim do século 18) e, por água, o trajeto era feito em barcos a vela. Segundo Valéria Salgueiro, não era raro os jovens turistas terem de cruzar rios a pé, já que não existiam pontes em muitas das rotas. Ou enfrentar imprevistos como o que Goethe e sua embarcação encararam em Torbole, a caminho de Bardolino, já na Itália. Pequena e lotada de forasteiros, ela foi surpreendida por um forte vento contrário que fez a viagem atrasar alguns dias. “Quando se viaja por água, não se pode dizer que se chegará tal dia a este ou aquele lugar”, registrou o poeta alemão sobre a viagem em seu diário.

Depois de tanta canseira, uma boa noite de sono caía bem. Havia albergues públicos e hospedarias particulares honestas. Mas muitas vezes o viajante tinha de se submeter a lugares desconfortáveis e imundos.
Outra opção era dormir em conventos jesuítas, que, além de confortáveis, guardavam muita arte, como belos afrescos. Estar preparado para tudo era, porém, requisito básico.
 “As pessoas levam aqui uma vida despreocupada de conto de fadas. As portas não têm fechadura”, anotou o exigente Goethe sobre uma de suas paradas na Itália. “As diferentes moedas, os preços, as pousadas ruins, tudo isso constitui uma amolação cotidiana.”

Numa época em que não havia fotografia, alguns dos turistas contratavam ou levavam artistas para retratá-los em seus destinos. Quem tinha bala na agulha pagava gente como os italianos Giovanni Paolo Panini e Salvatore Rosa, que faziam pinturas sublimes e exclusivas dos Alpes. O francês Claude Lorrain, outro renomado artista, era especialista em retratar ruínas. Os que tinham talento faziam o próprio auto-retrato e economizavam. O inglês Joseph Wright, por exemplo, pintou grandes cenas do Vesúvio em erupção, enquanto o italiano Giovanni Battista Piranesi ficou famoso por suas telas sobre a arquitetura – em fragmentos. Os artistas profissionais também costumavam reproduzir obras de grandes mestres renascentistas .

Estátua como suvenir

O culto ao estilo clássico, presente na arquitetura e na arte do antigo Império Romano, ganhara força no século 18 por causa das novas escavações que estavam sendo feitas na Itália, principalmente em Pompéia e Herculano – que passaram a ser paradas obrigatórias do Grand Tour.
Sir Humphry Davy, presidente da Royal Society of London, por exemplo, visitou as cidades e encantou-se.
Dedicou-se à análise química das cores usadas pelos antigos e publicou seus estudos em 1815.

Debaixo das cinzas da erupção do Vesúvio do ano de 79 saíram objetos jamais vistos pelo europeu da época. Estátuas de bronze, peças de cerâmica, jóias, móveis e afrescos passaram a invadir o imaginário de artistas. Eles, por sua vez, fizeram seu papel de reinterpretar o passado na moda, decoração, arquitetura. Entre outras tendências, a louça etrusca inspirou os artesãos, os arquitetos reproduziram nas fachadas das casas os pilares do Império Romano e até pedaços de colunas (de mentira, claro) foram parar nos jardins dos nobres e burgueses.

Mas não era só como inspiração que as peças clássicas entravam na vida dos grand tourists. Os viajantes que iam até a Itália tinham como costume levar um pedaço da aventura para casa.

Literalmente. Era comum eles retornarem para seus países com objetos como utensílios cotidianos, placas e até estátuas com milênios de idade sem peso algum na consciência – na época, não acreditavam estar fazendo nada de errado.
 “Enchemos os bolsos de pequenas placas de granito, pórfiro e mármore”, anotou Goethe, sem ressentimento, sobre os pedaços do palácio do imperador romano Nero que pegou para si.

Ironicamente, esses turistas ajudaram a ciência.
 Valéria Salgueiro defende que os Grand Tours deram início aos “estudos sistemáticos da ainda embrionária ciência da arqueologia e às primeiras teorizações modernas sobre preservação de monumentos históricos”.
Segundo ela, por causa dos viajantes, vários monumentos puderam ser localizados e, assim, tornaram-se conhecidos do público.

Por outro lado, toda uma indústria do turismo começou a surgir na época. Para ajudar o turista a planejar sua viagem, mapas mais simples passaram a ser confeccionados, assim como imagens panorâmicas das principais cidades italianas com uma marcação em seus monumentos mais importantes e até guias de viagem. Goethe, por exemplo, levava em sua mochila um desses guias com dicas de monumentos a serem observados.

Depois de mais de 12 meses, o alemão começou a fazer o caminho de volta da Sicília para o ducado de Weimar.

 Em 1788, quatro meses depois de desembarcar de seu Grand Tour, conheceu a jovem Christiane Vulpius, de 23 anos, com quem teve uma duradoura relação – e um casamento, após 18 anos juntos.

Naquele tempo, Johann Wolfgang von Goethe provavelmente não fazia a menor idéia de que sua viagem pela Itália seria um dos pilares para o futuro turismo em massa.

 
City tour
Vários países podiam fazer parte do itinerário do Grand Tour percorrido pelos viajantes sedentos de conhecimento

1. França

Destino procurado por quem não tinha tanto dinheiro. Os franceses também não eram muito bem vistos pelos ingleses, que os achavam impacientes e inconstantes. As estradas eram pouco numerosas, mas em boas condições. A principal atração era a já então elegante Paris.

2. Suíça

Muitos turistas que iam à França podiam dar uma esticada até a Suíça cruzando os Alpes. As cidades do país ofereciam acomodações boas, mas, longe delas, era difícil encontrar um lugar para pernoitar. Muitos viajantes reclamavam também do preço alto dos produtos.

3. Alemanha

Considerada culturalmente parecida com a Inglaterra, a Alemanha era um destino menos procurado. As estradas não eram boas – a primeira delas foi construída só em 1753. No entanto, roubos e assassinatos eram muito raros nas estradas do território alemão.

4. Itália
Era a meca dos grand tourists, com sua profusão de arte, como óperas, teatro e arquitetura e esculturas clássicas e renascentistas. O clima ameno, a hospedagem e a saborosa cozinha também atraíam os viajantes ingleses, que incluíam no itinerário visita a várias cidades.

 
Rota clássica
As cidades italianas eram as preferidas dos viajantes pela riqueza da arquitetura e pelo valor histórico

1. Veneza

Os passeios eram na praça São Marcos, nas igrejas de Redentore e Mendicanti, nos teatros de São Moisè, de São Luca e de São Crisostomo, no cais da Giudecca, no palácio Pisani Moretta e na basílica de São Marcos

2. Florença

A cidade era a própria visão do Renascimento – terra das grandes escolas e dos grandes mestres. A maior atração era o templo Maria della Minerva, construído na época do imperador Augusto

3. Roma

Na cidade, os turistas costumavam procurar a basílica de São Pedro, o Panteão, o Palatino, as Termas de Caracalla, a Via Appia, o Coliseu e a capela Sistina, isso sem falar nos afrescos renascentistas.

4. Nápoles
Na cidade, os viajantes iam à ópera e apreciavam a vista da baía e do monte Vesúvio. Também podiam ver as recentes escavações das cidades de Herculano e Pompéia, soterradas após a erupção do Vesúvio em 79.

 
Viajantes famosos
Além de Goethe e Gibbon, veja outras personalidades que fizeram o Grand Tour

Thomas Nashe (1567-1601)

O dramaturgo britânico foi um dos pioneiros nesse tipo de viagem cultural: foi para a Itália ainda no fim do século 16.

Joseph Addison (1672-1719)

Um dos primeiros ingleses famosos a ir à Itália, escreveu um livro sobre a experiência, Remarks on the Several Parts of Italy.

Charles Townley (1737-1805)

A primeira viagem para Roma do colecionador inglês foi um Grand Tour em 1767. Voltou outras vezes, a negócios, para comprar antiguidades.

Tobias Smollet (1721-1771)

O escocês registrou em Travels through France and Italy (“Viagens pela França e pela Itália”) a dificuldade de viajar antes do advento do trem.

Lorde Byron (1788-1824)
A pintura acima, de Arthur ou James Willmore, retrata o poeta no começo do século 19, quando ele visitou ruínas e obras em lugares como Itália, Turquia e Grécia.

 
Saiba mais

LIVRO

A Arte de Viajar, Alain de Botton, Rocco, 2003
O filósofo suíço conta como as viagens, a literatura e as artes plásticas se influenciam. Enquanto sustenta essa tese, ele fala de viajates célebres, entre escritores e poetas.


 


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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #51 em: 15 de Novembro de 2009, 22:31 »
VOCÊ SABIA?

Verão macabro! - O fim de semana que deu origem a Frankenstein e à versão moderna dos vampiros






Cinco amigos. Uma mansão isolada pela chuva. Incomunicáveis, resolvem inventar histórias de terror. Mal sabiam eles que estavam para viver um... Verão macabro!

Entre 15 e 17 de junho de 1816, uma tempestade deixou cinco amigos ingleses presos na mansão Villa Diodati, às margens do lago Genebra, na Suíça.
 Fechados na casa cercada de vinhedos e com vista para montanhas nevadas, começaram a ler contos de terror em voz alta.
 Quando se cansaram, resolveram escrever suas próprias histórias de fantasmas.

Acontece que aquela não era uma casa qualquer - já tinha abrigado o poeta John Milton e os pensadores Rousseau e Voltaire. E esta turma também não estava para brincadeira. Seu líder era George Gordon Byron, o lorde Byron, o mais famoso poeta romântico da literatura britânica. A seu lado estavam o médico e escritor John William Polidori, o poeta Percy Shelly, sua namorada Mary e a meia-irmã dela, Claire Clairmont.
Em três dias de verão suíço, esses colegas de farra criaram dois dos maiores personagens de terror já inventados: o doutor Frankenstein, com sua criatura feita de pedaços de cadáveres, e lorde Ruthven, antecessor direto do conde Drácula moderno.

Para alguns dos presentes, a proposta de Byron não foi muito longe. John Polidori começou a escrever o caso de uma mulher que espia por um buraco de fechadura e tem a cabeça transformada em caveira. Percy Shelley redigiu o hoje pouco conhecido Fragmento de uma História de Fantasma.
Byron elaborou o fragmento da história de um nobre imortal, Augustus Darvell, que se alimentava do sangue de suas vítimas. Mas, para Mary, a tarefa chegou perto da obsessão.

 A ponto de, dois anos depois, a escritora ter aproveitado um sonho macabro que teve em Villa Diodati para publicar o romance que daria origem ao gênero do cientista louco na cultura popular.

Autoria polêmica

Em 1819, começou a circular pela Europa o conto The Vampyre, creditado a lorde Byron. O texto contava a história de lorde Ruthven, um viajante inglês que arruina a vida de um jovem cavaleiro chamado Aubrey. O sucesso foi estrondoso. No ano seguinte, a história ganhava uma continuação em que o nobre realiza uma turnê em busca de sangue por diversas cidades, de Florença a Bagdá. Nos anos seguintes, o nobre vampiresco se tornaria uma verdadeira coqueluche nos teatros europeus.
E assim Byron passava a ser mencionado como o autor de mais um sucesso estrondoso com o público.
O problema é que o conto não havia sido escrito por ele.

O excêntrico John Polidori era o braço direito de Byron durante as férias suíças. Como responsável por organizar os papéis do grande poeta, ele leu o manuscrito elaborado na Villa Diodati. Polidori já tivera contato com um romance alemão de 1801, chamado Der Vampyr, de Theodor Arnold, e conhecia alguns dos monstros folclóricos que, durante vários séculos e nas mais diversas culturas e civilizações, eram conhecidos por viver do sangue das vítimas.

Mas, na hora de desenvolver o conto do antigo mestre, John, de apenas 20 anos, sintetizou as características mais duradouras dos vampiros modernos. Seu personagem era um nobre bonito (ainda que muito pálido) e sedutor, que atacava donzelas indefesas por onde passava.
O conto foi redigido em 1819, três anos depois de o médico ser demitido por Byron. "Escrevi em duas ou três manhãs livres", ele relataria depois.

O nome do vilão, lorde Ruthven, era um ataque ao próprio Byron. Afetado e arrogante, o vampiro de Polidori sabia ser desagradável e repulsivo. Talvez tenha sido por isso que, quando o conto foi publicado como se fosse criação sua, Byron refutou enfaticamente a autoria. Ao que tudo indica, o engano foi provocado pelo editor da obra, que queria pegar carona na fama do poeta inglês. Polêmicas literárias à parte, o conto iniciado à beira do lago Genebra marcou as décadas seguintes.

Ao longo do século 19, escritores de peso, como Edgar Allan Poe, Alexandre Dumas, Guy de Maupassant e H.G. Wells criariam personagens inspirados no vampiro de Polidori. Até que, em 1897, lorde Ruthven ganhou seu descendente mais famoso: o conde Drácula, inventado pelo escritor irlandês Bram Stoker.

Drama e paixão

Se a criação do vampiro moderno envolveu dois nobres e alguma dose de rancor, a história por trás das origens de Frankenstein tem elementos de novela mexicana, com traição, luxúria, morte e dor, muita dor. Os protagonistas são Percy Shelley e sua namorada Mary.

Nascido em 1792, Percy era um poeta e ativista radical que, nos idos de 1814, estava na rua da amargura e lidava ainda com um casamento em pandarecos.
Quando conheceu o filósofo e escritor William Godwin, famoso por defender o ateísmo e o anarquismo, estava precisando de pão, ombro e carinho.
Godwin apadrinhou Shelley, emprestando-lhe dinheiro e abrindo as portas de sua casa.
O protegido acabaria se apaixonando pela filha do padrinho, Mary. Cinco anos mais nova que o poeta, ela também enfrentava seus demônios pessoais, tendo perdido a mãe dias depois de nascer.

O pai dera a Mary uma rica educação, mas não parecia se preocupar com a crueldade de Mary Clairmont, sua segunda esposa, que encarnava com perfeição o estereótipo de madrasta malvada.

Mergulhar nos estudos era uma das únicas distrações da moça, que falava francês e italiano fluentemente. Não era surpresa, então, que Mary estivesse em volta da mesa nas muitas ocasiões em que seu pai e Percy Shelley passavam horas debatendo temas políticos na casa da família, em Londres. Godwin, porém, era bem menos liberal na prática que na teoria. Logo ele proibiria a filha de encontrar o protegido. "Mary viveu uma tremenda distância emocional e se tornou uma adolescente sedenta de emoção e aventura. Percy Shelley apareceu feito um cometa em sua vida", diz Miranda Seymour, autora de uma das mais respeitadas biografias da escritora.

Mary não só desobedeceu às ordens do pai como fugiu com Percy para uma viagem pela Europa, em 1814. No ano seguinte, tiveram uma filha, Clara, que morreu com poucas semanas de vida. Em 1816, porém, Percy e Mary finalmente se casaram depois de Harriet, a primeira mulher do poeta, morrer afogada - a versão oficial, ainda hoje bastante questionada, é a de que ela se suicidou em um lago do Hyde Park, em Londres. Antes de oficializar a união, aceitaram o convite de lorde Byron para a temporada à beira do lago Genebra.

Estavam acompanhados da misteriosa Claire Clairmont, a meia-irmã de Mary cujo papel nos últimos anos emergiu como algo bem maior que uma simples companheira de viagem. De acordo com estudos recentes de acadêmicos britânicos, as duas não só disputavam as atenções de Percy como dividiam a cama com ele. A moça também não escapou das atenções de lorde Byron - com quem ele teria uma filha, Allegra, nascida no ano seguinte.

Na temporada suíça, Mary era uma ouvinte atenta das conversas entre lorde Byron e Percy Shelley sobre o que era conhecido como galvanismo, uma teoria sobre a possibilidade de trazer organismos à vida com o uso de descargas elétricas.
Por sinal, cientistas da época viam-se engajados em debates sobre as fronteiras da vida e da morte.
A primeira mulher de Percy, por exemplo, tinha sido levada para um hospital de Londres em que experimentos de ressuscitação com vítimas de afogamento eram comuns.

Frio e chuva

Aliado às conversas, havia o tempo do lado de fora. Tempestades fenomenais foram comuns naquele 1816, que acabou conhecido como "o ano sem verão": a chuva caiu em 130 dos 183 dias em que a temperatura deveria ser quente.
As sessões com lorde Byron eram, então, veneno antimonotonia.

Especialmente porque o anfitrião era um verdadeiro pop star do século 19.
O britânico era um dos mais populares poetas da Europa graças a suas posições contestadoras, em especial a defesa do amor livre, o que invariavelmente atraía as atenções do público para seu estilo de vida.
Byron era conhecido pelo hábito de sair com senhoras casadas e pelas tendências bissexuais.

O poeta contava ainda com uma astúcia fora do comum, inclusive para lidar com os muitos críticos de sua obra e de sua conduta. "Li uma crítica que me derrubou. Em vez de ter um aneurisma, tomei três garrafas de vinho e comecei a escrever uma resposta", disse ele num de seus mais famosos comentários.

O charme de Byron, porém, não resistiria ao poder dos boatos.
Sua separação de Annabella Milbanke resultou em uma imensa lavagem de roupa suja em público, apimentada por uma série de intrigas espalhadas pelos advogados dela. Sua imagem no Reino Unido ficou arranhada e suas finanças, arruinadas. Quando chegou à Suíça, em 1816, Byron era um intelectual à procura de refúgio (reza a lenda que ele partiu de mala e cuia pouco antes da chegada de credores que vinham tomar sua casa). Porém, até que as chuvas isolassem a casa, o grupo não conseguiu privacidade total: Villa Diodati era observada por curiosos com lunetas, e nos arredores do lago Genebra era comum ouvir histórias de orgias e uso de láudano (um tipo de ópio) no casarão.

A farra no verão gelado inspirou Mary a escrever seu grande romance, mas não acabou com as tempestades em sua vida. Ainda em 1816, sua meia-irmã Fanny cometeu suicídio. No ano seguinte, morreu sua terceira criança, Clara, enquanto a segunda, William, faleceria três anos depois, vítima de malária. Em 1822, Percy Shelley morreria afogado durante um acidente num passeio de barco na Itália.


Berço em comum


Mary enfrentava ainda a dor da falta de reconhecimento.
 Já em 1824, seis anos depois da publicação da primeira edição de Frankenstein, e quando começavam a surgir as primeiras adaptações teatrais, críticos creditavam a autoria do livro a seu marido. Um debate que, por sinal, persiste.

Em 2007, o acadêmico John Lauritsen publicou um livro cujo título, O Homem que Escreveu Frankenstein, já era provocativo por si só.
Lauritsen, porém, ia além de argumentos discutidos à exaustão, como o fato de o manuscrito estar repleto de anotações feitas por Percy.

Para ele, a profundidade e a complexidade de Frankenstein estavam além da capacidade de uma escritora amadora. "A grande pista é que toda a produção posterior de Mary Shelley é ordinária em comparação com o primeiro trabalho", ele afirma.

E assim, de forma curiosa, lorde Ruthven e Frankenstein compartilham a polêmica em torno da paternidade. Quanto ao berço, que eles também têm em comum, a Villa Diodati ainda existe e continua sendo observada de longe.

A mansão fica no fim de uma estrada particular e os donos não permitem visitas, com raras exceções para grupos de estudos literários.


Festa estranha, gente esquisita
As personalidades que se reuniram em Villa Diodati

O assistente

Britânico de ascendência italiana, John Polidori (1795-1821) viajava pela Europa como secretário pessoal de lorde Byron, a quem admirava. Deprimido e cheio de dívidas de jogo, morreu em Londres, aos 26 anos.

O pop star

Lorde Byron (1788-1824) era o exemplo vivo do Romantismo. O autor de Don Juan lutou ao lado da organização italiana Carbonários. Faleceu na Grécia, enfrentando o Império Otomano.

A aprendiz

Depois de Frankenstein, seu romance de estreia, Mary Shelley (1797-1851) escreveu uma novela apocalíptica, O Último Homem, e um livro com registros de viagens. Não resistiu a um tumor cerebral.

A musa

Claire Clairmont (1798-1879) foi a única do grupo a alcançar a terceira idade (ela morreu com 80 anos). Teria sido amante do cunhado, a ponto de um amigo da família, o escritor Thomas Hogg, falar de "Percy e suas duas esposas".

O conquistador

Popular, o autor de Prometeu Libertado era um guru das novas gerações. Há quem diga que Percy Shelley (1792-1822) previu sua própria morte antes de desaparecer navegando na costa da Itália, a bordo de sua escuna Don Juan.


Irmãos no terror

As vidas paralelas do vampiro e de Frankenstein

1816 - A origem

Lorde Ruthven e a criatura do doutor Frankenstein são esboçados durante um verão na Suíça.

1818 - A estreia

Mary Shelley publica Frankenstein, ou O Moderno Prometeu.

1819 - Outra estreia

Chega às livrarias da Inglaterra o conto The Vampyre, de John Polidori.

1820 - Ao vivo

Estreia no teatro Porte-Saint-Martin, em Paris, o espetáculo Le Vampyre, de Charles Nodier. A peça inspira muitas outras.

1823 - Frase marcante

Frankenstein chega ao teatro. Três anos depois, uma montagem traz a famosa frase, que não faz parte da obra original: "A criatura vive!"

1894 - Versão ruiva

O pintor norueguês Edvard Munch pinta a tela Amor e Perdição, em que uma mulher parece morder o pescoço de um homem.

1897 - Nasce drácula

Inspirado em lorde Ruthven, Bram Stocker publica o romance Drácula (acima, a capa da primeira edição).

1910 - Nas telonas

Produzido pela companhia de Thomas Edison, estreia Frankenstein, o primeiro filme inspirado no livro de Mary Shelley.

1922 - Quase um rato

No filme mudo Nosferatu, uma Sinfonia do Horror, o conde Orlock não tem nada de atraente.

1931 - Papel definitivo

Drácula, produção sonorizada com Bela Lugosi no papel principal, inspira dezenas de outros filmes e cria a versão cinematográfica definitiva do vilão.

1931 - Clássico

A exemplo de Bela Lugosi, Boris Karloff faz história em Frankenstein.

1994 - Grande orçamento

Com Robert de Niro no papel principal, estreia nos cinemas uma superprodução inspirada no texto de Mary Shelley.

2009 - Versão teen

Previsto para novembro, estreia Lua Nova, o segundo filme inspirado na série adolescente de vampiros Crepúsculo.

Saiba mais

LIVROS

Mary Shelley, Miranda Seymour, Grove Press, 2002

Uma das mais completas e respeitadas biografias da autora de Frankenstein.

O Vampiro Antes de Drácula, org. Martha Argel e Humberto Moura Neto, Aleph, 2008

Coletânea de textos de ficção sobre vampiros, começando pelo conto de John Polidori.

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edição 075

Conheça a revista
Aventuras na História edição 075, outubro 2009 Babilônia.
Um mergulho profundo na civilização que nos deu a escrita, a matemática, a astronomia e a Torre de Babel.

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« Última modificação: 15 de Novembro de 2009, 22:34 by HelenaBeatriz »
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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #52 em: 15 de Novembro de 2009, 22:58 »
VOCÊ SABIA?


Tomé de Souza: o salvador da pátria




Tomé de Souza desembarcou no Brasil há 460 anos, com a missão de pôr ordem na colônia. Por determinação do rei, veio criar uma cidade fortificada para ser o centro do poder. Construiu Salvador e colocou nos eixos o projeto português.
(por Vinícius Rodrigues)

Na proa da nau Salvador, o capitão sentiu que as ondas já não batiam com tanta força no grande caravelão e conseguiu ver a mata exuberante e uma pequena movimentação na praia.
Depois de dois meses de uma viagem tranquila, Tomé de Souza era enfim apresentado à baía de Todos os Santos, com um misto de ansiedade e resignação.
Aos 46 anos, o militar português, filho ilegítimo de um padre, vinha com imensa responsabilidade: construir uma fortaleza em um povoado destruído por índios e saqueado por franceses e transformar o território coberto por todas as capitanias, então caótico, numa estrutura organizada e lucrativa, a serviço de Portugal.
Quando a frota atracou, começava a nascer a primeira cidade do Brasil.



A história de Tomé de Souza se mistura com a da própria Salvador. Por isso, a data oficial de fundação da capital baiana ficou sendo a mesma da chegada do governador-geral, ou 29 de março de 1549, há exatos 460 anos. Ele veio com triplo mandato: capitão da povoação e terras da baía de Todos os Santos, governador-geral da capitania da Bahia e primeiro governador-geral de todas as capitanias e terras do Brasil. Tinha à sua espera um cenário desolador, com colonos dispersos, índios amotinados, franceses contrabandistas, administradores ineptos. Na capitania da Bahia, em particular, oficiais da corte calculavam existir de 5 mil a 6 mil guerreiros tupinambás, para cerca de 100 colonos.

O antigo donatário, Francisco Pereira Coutinho, chamado Rusticão por seus modos violentos, fundara em 1536, na ponta do Padrão, onde hoje está o farol da Barra, a vila Velha (ou vila do Pereira).

Mas os maus tratos infligidos pelos colonos aos índios, com a permissão do donatário, provocavam levantes frequentes.
No mais violento deles, em 1545, a vila foi arruinada e Coutinho, obrigado a fugir para a capitania de Porto Seguro.
Um ano depois, ao voltar, naufragou próximo à ilha de Itaparica, onde foi preso e devorado pelos tupinambás.

Com a morte do donatário Rusticão, a capitania da Bahia reverteu à coroa e foi escolhida para se tornar a sede do governo-geral que se formava.

Passados quase 50 anos do descobrimento do Brasil, tirando a próspera capitania de Pernambuco, quem mais se aproveitava dessas terras eram os franceses, que mantinham melhores relações com os índios e voltavam com as embarcações transbordando de pau-brasil.

 A falta de controle português sobre a colônia brasileira era tanta que, em 1548, Luiz de Góis, irmão de Pero de Góis (donatário de São Tomé), pediu socorro ao rei dom João III: "Se com tempo e brevidade Vossa Alteza não socorre estas capitanias e costa do Brasil, ainda que nós percamos as vidas e fazendas, Vossa Alteza perderá a terra", escreveu.


Armada de mil homens


Foi a gota d’água. Portugal não extinguiu as capitanias (o que só aconteceria em 1821), mas decidiu concentrar o exercício do poder sobre o território em uma nova cidade.

A instituição do governo-geral, em 1548, é considerada uma evolução do Estado monárquico em Portugal, cada vez mais centralizador, mas também uma medida saneadora. Estava na hora de tomar posse efetiva do Brasil e fazê-lo render.

Para cumprir sua missão, o primeiro governador-geral do Brasil veio preparado.



Sua armada reunia três naus (Salvador, Conceição e Ajuda), duas caravelas (Leoa e Rainha), um bergantim (São Roque) e duas outras naus de comércio, que deveriam voltar cheias de pau-brasil. Embarcadas, estima-se de 500 a mil pessoas, entre 130 soldados, 90 marinheiros, 70 profissionais (carpinteiros, ferreiros, serradores etc.), funcionários públicos, jesuítas comandados por Manuel da Nóbrega, 500 degredados e outros peões para o trabalho pesado.

Debaixo do braço, Tomé trazia o Regimento do Governador e Capitão Geral, com as ordens do rei dom João III, redigido em 17 de dezembro de 1548.

Com 48 artigos, determina a fundação da cidade-fortaleza e trata da defesa militar da costa, das relações com os índios, de doações de sesmarias, cobrança dos proventos devidos à corte.
 "Foi o que alguns chamam de a primeira Constituição do Brasil", diz o historiador Cid Teixeira.

Quando o grupo de Tomé de Souza desembarcou, foi muito bem-recebido. "Achamos a terra de paz e 40 ou 50 moradores na povoação que antes era. Receberam-nos com grande alegria", escreveu Manuel da Nóbrega.

Mas, se as relações com os índios eram tão tensas, como explicar a acolhida descrita pelo jesuíta?
Graças à presença, em terra, de Diogo Álvares Correia, o Caramuru, aliado dos índios e mediador indispensável aos propósitos portugueses .

Dois meses antes da chegada da armada, o rei mandara carta a Caramuru pedindo sua colaboração: "Porque sou informado, pela muita prática e experiência que tendes dessas terras e da gente e costume delas, o sabereis bem ajudar e conciliar, vos mando que quando o dito Tomé de Souza lá chegar, vos vades para ele, e o ajudeis no que lhe deveis cumprir e que vos encarregar".

Uma vez em terra, uma das primeiras medidas de Tomé foi reagrupar os colonos. Dessa vez, não ocupou a ponta do Padrão, aberta ao mar, à mata e, por isso, vulnerável. A 5 quilômetros da vila Velha, o governador-geral encontrou uma colina que caía verticalmente sobre a praia. Era o ponto mais alto da região, uma perfeita defesa natural, com fontes de água e um rio (das Tripas), na direção oposta ao mar.

Surgia a Cidade Alta, que ainda hoje registra um desnível em relação à Cidade Baixa, em Salvador, de 70 metros. As obras começaram já em abril, menos de um mês depois do desembarque.

udado por Manuel da Nóbrega, na catequese, e por Caramuru, Tomé incorporou os índios aos esforços de edificação, para compensar a escassez de mão-de-obra portuguesa. O trabalho indígena era forçado ou pago com foices, enxadas, tesouras, espelhos, pentes e anzóis.

Mão na massa

A primeira cidade oficialmente fundada na colônia - até então só existiam vilas - seria capital do Brasil por mais de dois séculos, de 1549 a 1763.
Seu traçado foi inspirado nos modelos florentinos do Renascimento, mas à moda rústica (veja na pág. 51).
A muralha ao longo da cidade era de taipa, o mesmo material aproveitado para construir as casas (inclusive a do governador), que tinham teto de palha e baixo (1,70 metro de pé-direito).

"Eventualmente, utilizavam-se tapetes de pele de onças-pintadas, mas nunca faltava a rede de algodão, chamada ‘rede de bugre’, cujo uso os portugueses aprenderam com os indígenas", escreve Eduardo Bueno, no livro A Coroa, a Cruz e a Espada.

 Enquanto os prédios da administração pública e as moradias ficavam no alto da colina, na Cidade Baixa estava o aparato do porto: ancoradouro, armazéns, Casa de Fazenda e Contos e a Casa de Pólvora (uma das raras de pedra).

Tomé se mostrava dedicado a cumprir o regimento do rei. E, aparentemente, gostava de dar exemplo, trabalhando com os peões nos canteiros de obras.
"Onde ouvi dizer a homens do seu tempo (que ainda alcancei alguns) que ele [o governador-geral] era o primeiro que lançava mão do pilão para os taipais e ajudava a levar a seus ombros os caibros e madeiras para as casas", escreveu frei Vicente do Salvador, em História do Brasil 1500-1627.

 Apesar de alguns historiadores duvidarem da versão do frei, escrita no século 17, o mero registro dessa imagem de administrador diligente revela a habilidade política do governador. "Tomé de Souza dominou as más paixões pela singeleza do seu caráter", diz o professor Braz do Amaral, no livro Resenha Histórica da Bahia.

Muito antes de Amaral, o cronista português Gabriel Soares de Souza, que veio para a Bahia em 1565, contou em seu Tratado Descritivo do Brasil que "o gentio [como chamavam aos índios] por muito tempo viveu muito quieto e recolhido, andando ordinariamente, trabalhando na fortificação da cidade a troco do resgate [escambo] que por isso lhe davam". Valendo-se, assim, da mão-de-obra de um povo que, a princípio, não tinha por que lhe servir, recebendo apenas ferramentas e utensílios, Tomé conseguiu erguer a cidade.

"Ele foi muito bem recebido pelos colonos e tinha um bom relacionamento com os índios", explica a professora Consuelo Ponde de Sena, presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.

Cortem as orelhas!

Mas nem tudo era um mar de rosas. Uma fonte de preocupações era a manutenção da ordem numa população formada, em grande medida, por ex-presos enviados pela coroa.

A primeira condenação por furto em Salvador data de 1550, e envolveu justamente um degredado, Sebastiam d’Elvas. Pelo crime, segundo sua sentença, ele foi açoitado e "desorelhado".

Outro problema era a ausência de mulheres na cidade. Não vieram mais que dez na esquadra de Tomé.
E os colonos começaram a se relacionar com as índias.

"Enquanto os índios eram violentamente submetidos e tomados para escravos ou para mandar vender no reino, as negras [índias] eram raptadas ou presas para mancebas dos brancos, com os quais viviam em escandalosa poligamia", escreveu o antropólogo Thales de Azevedo, em O Povoamento da Cidade do Salvador.

 Alarmado, Manuel da Nóbrega pediu ao rei, quase em desespero, que mandasse ao Brasil mulheres portuguesas, mesmo que de má reputação. Dom João III enviou seis órfãs, em 1551, e incumbiu o governador de casá-las. Ele obedeceu, mas tão exíguo suprimento de noivas não serviu para impedir a miscigenação.

O próprio Tomé de Souza não escondia as saudades da mulher e da filha. Em carta de 1552, tenta convencer o rei, "por amor de Deus", que o devolvesse às duas, em Portugal.

 Mas, antes de voltar, ele teria de percorrer a costa para vistoriar as capitanias do Sul.

Ao lado de Manuel da Nóbrega, foi até São Vicente, passando por Ilhéus, Porto Seguro, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Angra dos Reis.
"Todas as vilas e povoações de engenhos desta costa fiz cercar de taipa com seus baluartes (...) e lhes dei toda a artilharia que me pareceu necessária", diz, em carta ao rei de junho de 1553. A missão estava cumprida.
O seu mandato, que inicialmente duraria três anos, já havia passado de quatro.

De fato, desde março daquele ano, ele já não era governador-geral. A seu pedido, o rei nomeou para o posto Duarte da Costa, que chegaria à Bahia em julho.
O meirinho correu para avisar Tomé, que, apesar de ter pedido tanto para partir, não reagiu com alívio, mas perplexo.
 "Vedes isso, meirinho? Verdade é que eu desejava muito, e me crescia água à boca quando cuidava em ir para Portugal; mas não sei que é que agora se me seca a boca de tal modo que quero cuspir e não posso", teria dito, segundo frei Vicente.

Assim terminava mais uma demanda daquele fidalgo - nas palavras de Gabriel Soares de Souza, "honrado, ainda que bastardo, homem avisado, prudente e mui experimentado na guerra da África e da Índia, onde se mostrou mui valoroso cavaleiro em todos os encontros que se achou".

Tomé de Souza pôde, então, voltar a Portugal, onde morreu, em 28 de janeiro de 1579. Deixou de pé, no Brasil, os pilares de uma cidade com incrível personalidade política e cultural.

"(...) Achamos a terra de paz e 40 ou 50 moradores na povoação que antes era. Receberam-nos com grande alegria (...)"

"(...) obrou muito bem o Senhor, porque se fez em muito bom sítio sobre o mar, toda cercada de água ao redor da cerca, e com muitas fontes de parte do mar e da terra (...)"

"(...) eu desejaria muito, e me crescia água à boca quando cuidava em ir para Portugal; mas não sei que é que agora se me seca a boca de tal modo que quero cuspir e não posso (...)"
- Manuel Nóbrega


Do contrabando à embaixada
Casado com uma tupinambá, Caramuru cooptou os índios


O português Diogo Álvares Correia era um adolescente, quando naufragou na costa da baía de Todos os Santos, por volta de 1510.

 Passou a viver com os índios e caiu de amores por Paraguaçu (ou Guaibimpará, segundo algumas fontes), filha de um cacique tupinambá. Com ela, casou-se na França, onde a batizou como Catarina, antes de voltar ao Brasil. Graças à excelente relação com os tupinambás, esse aventureiro foi o aliado-chave dos portugueses na colônia.



Os índios lhe deram o nome de Caramuru (moréia) pelo fato de ter surgido entre as pedras, lugar predileto do peixe e, como ele, ser alto, magro e pouco propício ao paladar. Alguns historiadores acreditam que tenha vindo com franceses em busca de pau-brasil. "O que parece mais provável é que Diogo Álvares, náufrago contratado de algum barco francês que soçobrou à entrada da Bahia, aqui se deixou ficar por conveniência própria e a serviço do tráfico de contrabando", escreve Teodoro Sampaio em História da Fundação da Cidade do Salvador.

"Caramuru desfrutava de privilegiada situação, pois, ao intermediar as relações entre os portugueses e os nativos, adquiriu prestígio e influência na sociedade que começava a ser construída, com o erguimento da cidade de Salvador", diz Francisco Cosentino, professor de História da Universidade Federal de Viçosa.

Foi sua mulher, Catarina Paraguaçu, quem mandou construir, por volta de 1530, a igreja da Graça, a primeira da cidade e onde Manuel da Nóbrega rezou a primeira missa de Salvador, em 1549.


Desenho fino
Feito por um cavaleiro da casa real, cheio de saudades

Coube ao "mestre de pedraria" Luís Dias fazer o projeto da cidade de Salvador. O traçado criado por ele imitava o modelo das cidades utópicas do Renascimento, geometricamente planejadas para o uso racional do espaço.

 Quem observa o atual centro histórico de Salvador nota suas quadras e praças retangulares.

Da praça principal, onde estavam a Casa dos Governadores e a Casa da Vereança, saíam a rua Direita dos Mercadores ou do Palácio (atual rua Chile) e a rua da Ajuda, que homenageia a primeira igreja da Cidade Alta e primeira Sé do Brasil, Nossa Senhora da Ajuda, chamada "Sé de palha".

Outras duas transversais eram a das Vassouras e a do Tira Chapéu, que ganhou esse nome porque os passantes reverenciavam assim a casa do governador. Apesar do empenho, Dias tinha saudade da mulher e nunca gostou de viver na Bahia, onde também lhe faltavam o azeite e o vinho. Em 1551, deu por pronta a cidade. Mas só partiu com o governador, em 1553.

Saiba mais

LIVRO

A Coroa, a Cruz e a Espada: Lei, Ordem e Corrupção no Brasil Colônia, Eduardo Bueno, Objetiva, 2006
Quarto volume da coleção Terra Brasilis, narra o cotidiano e as agruras de uma sociedade desigual, marcada pelo clientelismo, pelo nepotismo e pela corrupção.

SITE

http://www.cidteixeira.com.br/
Informações sobre a História de Salvador.



« Última modificação: 15 de Novembro de 2009, 23:00 by HelenaBeatriz »
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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #53 em: 16 de Novembro de 2009, 22:31 »
VOCÊ SABIA?



Os óculos de Lampião
Cangaceiro os usava para esconder a cegueira em um dos olhos

por Betina Moura

Nos primeiros dias de agosto de 1925, o bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (1898-1938), fazia uma de suas muitas incursões pelo sertão pernambucano. Os cangaceiros foram surpreendidos por agentes do governo e começou um tiroteio. Um dos membros, Livino – o irmão mais novo de Lampião –, foi atingido.
O líder reagiu.
No confronto, um soldado atirou em um cacto e a bala da escopeta fez com que um espinho fosse parar no olho direito de Lampião.

Livino acabou morrendo.
Lampião, levado à cidade de Triunfo, perto do campo de batalha, foi atendido por um médico que retirou o espinho, mas não conseguiu salvar o olho do cangaceiro. Resultado: ele ficou cego de um olho.
“O bom humor o impedia de esconder o problema, e ele brincava dizendo que não adiantava nada ter dois olhos, pois é preciso fechar um deles para atirar”, diz o pesquisador Antonio Amaury Correa de Araújo, autor de dez livros sobre a história do cangaço.

O incidente transformou o cangaceiro em canhoto – ao menos na hora de atirar –, mas não atrapalhou sua fama de justiceiro.

E o levou a usar óculos até o fim da vida. “Os óculos, que aparecem em quase todas as fotos, escondiam a deficiência de quem não a conhecia e protegiam os olhos do sol escaldante do sertão”, diz Antonio.

Há notícia de pelo menos três óculos diferentes – sobre um deles há a história, nunca confirmada, de que os aros eram de ouro.

Dois dos óculos de Lampião, simples, redondos, de aro comum, foram deixados por ele nas casas de pessoas que o abrigaram durante o chamado “ciclo de Pernambuco”, antes de os cangaceiros cruzarem o rio São Francisco em direção à Bahia, em agosto de 1928. Há cerca de oito anos foram doados por essas pessoas à Casa de Cultura de Serra Talhada, em Pernambuco, onde se encontram até hoje.

Sobre os óculos que usava quando morreu, tudo indica que foram entregues para a polícia de Alagoas, que expôs as cabeças dos cangaceiros mortos após dizimar o grupo de Lampião numa emboscada na gruta do Angico, em Poço Redondo, Sergipe.



No ataque-supresa, 11 cangaceiros foram mortos – entre eles, Lampião e sua mulher, Maria Bonita. A própria polícia promoveu a rapinagem do tesouro do bando. Ficaram com eles jóias, dinheiro, perfumes e tudo o mais que tivesse valor – inclusive os óculos.

 


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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #54 em: 17 de Novembro de 2009, 19:17 »
VOCÊ SABIA?

Doutor Morte, o "tio Tarek"
Documentos afirmam que nazista se converteu ao islamismo antes de morrer

(por Tiago Cordeiro)



Durante 50 anos, Aribert Heim, o doutor Morte, conhecido por seus experimentos excruciantes em três campos de concentração nazistas, foi procurado pelas polícias de vários países, aliadas ao Centro Simon Wiesenthal de caça a criminosos de guerra.
Mas, no mesmo momento em que uma nova operação de busca era realizada na divisa entre o Chile e a Argentina, uma investigação da TV alemã ZDF, em parceria com o jornal The New York Times, comprovou que um dos homens mais procurados do mundo está morto há 17 anos.

De acordo com documentos divulgados agora, Heim faleceu em 10 de agosto de 1992, no Egito. E mais: ele havia aderido ao islamismo e adotado o nome Tarek Hussein Farid.

Em seus últimos anos de vida, Heim, ou Farid, fez longas caminhadas pelas ruas do Cairo, frequentou diariamente a mesquita Al Azhar e tirou muitas fotos - ele sempre andava com uma câmera a tiracolo, mas não se deixava fotografar.

"Ele foi como um pai para mim", disse ao jornal americano o empresário Mahmoud Doma, de 38 anos, filho do proprietário do hotel Kasr el Madina, onde o alemão viveu.

 Ainda segundo Doma, os filhos dos amigos de Heim o chamavam de "tio Tarek" e adoravam quando ele comprava chocolates. De acordo com a certidão de óbito, trazida a público pelas reportagens, o médico morreu de câncer retal. Mas o local onde ele foi enterrado ainda é um mistério.







« Última modificação: 17 de Novembro de 2009, 19:19 by HelenaBeatriz »
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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #55 em: 22 de Novembro de 2009, 19:44 »

Você sabia?

Tutancâmon: O faraó menino


Conheça a vida de Tutancâmon, o rei mais popular do Egito.
(por Reinaldo José Lopes)



Seu túmulo praticamente intacto ajudou a desvendar mistérios de seu tempo – e fez nascer a lenda de uma maldição para quem atrapalhasse seu sono.
Conheça a vida de Tutancâmon e descubra por que ele se tornou o mais popular dos reis do Egito


A múmia do Faraó

O inglês Howard Carter sabia que aquele dia, 26 de novembro de 1922, era o mais importante de sua vida. Teve que controlar a ansiedade para manter a precisão em seus gestos diante daquela porta, que caçara incansavelmente a maior parte de seus 48 anos. Antes de abri-la, fez nela um pequeno buraco. Pelo orifício, do tamanho de uma laranja, colocou, com a mão trêmula, uma vela acesa. A chama não se apagou. Sinal de que o ar da sala, trancada havia mais de 3300 anos, não estava intoxicado. Carter respirou fundo e mandou sua equipe começar a desobstruir o portal que escondia o passado da civilização egípcia.

Quando seu mecenas, o milionário lorde Carnarvon, perguntou a Carter se conseguia ver algo, ele, atônito, só conseguiu responder: “Sim, coisas maravilhosas”. “Detalhes do aposento emergiram lentamente da névoa, animais estranhos, estátuas e ouro – por toda a parte o brilho do ouro”, escreveu o egiptólogo depois. Howard Carter havia feito a mais rica descoberta régia da História no calorento Vale dos Reis, no Egito: o túmulo do faraó Tutancâmon.

Rei dos 10 aos 19 anos de idade, Tutancâmon teve uma vida curta, mas com doses generosas de drama e intrigas (assim como sua morte). E, embora não tenha deixado herdeiros, Tut, apelido que só ganhou no século 20, tornou-se um dos reis mais populares da Antiguidade após a descoberta de seu túmulo, pequeno e praticamente intacto. Mais que isso: ajudou os arqueólogos a recriar o cotidiano do Egito e a entenderem mais sobre a vida e a morte na rica e avançada civilização.

Filho da revolução

Tutancaton, como foi chamado ao nascer, em cerca de 1341 a.C., era o provável filho do faraó Amenhotep IV. Durante séculos, a principal divindade adorada pelos ancestrais de seu pai, os faraós da 18ª Dinastia, era Amon, um deus solar. Ao lado dele, uma série de outros deuses eram venerados no Egito. Por trás do enorme panteão havia milhares de sacerdotes e templos, que representavam uma força política das mais relevantes – numa comparação com os dias atuais, seriam como parlamentares. Esperava-se que o faraó Amenhotep IV mostrasse sua deferência aos deuses fazendo doações generosas aos religiosos, os quais, com isso, cresciam em poder e riqueza.

Amenhotep IV, no entanto, alterou esse velho equilíbrio.
Ele repentinamente resolveu virar devoto de Aton, representado pelo disco solar e até então uma divindade um tanto obscura.
Quis ainda transformá-lo no único deus dos egípcios.

Como se não bastasse, mudou seu nome para Akhenaton, fundou uma nova capital, a cidade de Akhetaton (ou Amarna) e tentou apagar o nome de Amon dos monumentos do país. Fora a confusão religiosa, o Egito também enfrentou problemas políticos e ficou quase abandonado em seu reinado.

“Essa negligência fica especialmente clara no caso das relações exteriores do Egito. Akhenaton simplesmente deixou de dar atenção às guarnições militares egípcias e aos reis vassalos do país na Palestina e na Síria”, afirma o egiptólogo Michael Rice, autor de Egypt’s Legacy (“O legado do Egito”, sem versão em português).
“O faraó muitas vezes nem respondia às cartas urgentes enviadas por seus súditos no exterior”, diz o arqueólogo Donald B. Redford, da Universidade de Toronto, no Canadá.

 Resultado: os tributos dessas regiões deixaram de fluir para os cofres egípcios. A despreocupação de Akhenaton com os negócios de Estado sugere que sua reforma religiosa não foi um movimento friamente calculado para tirar poder dos sacerdotes, mas um reflexo genuíno de sua fé.

Seja como for, em 1336 a.C., após 13 anos de reinado, o faraó morreu, deixando o país nesse estado bagunçado.
E, após um período de cerca de dois anos, o trono acabou ocupado por Tutancaton, então um menino de 9 ou 10 anos.
Os documentos apenas dão pistas de que Akhenaton era o pai do garoto. Nos retratos oficiais, o faraó de Amarna aparece com sua esposa principal, Nefertiti, e suas seis filhas – nunca com um filho.
No entanto, há registros de que Tut era “filho do rei”, e que o menino nasceu no meio do reinado de Akhenaton – tarde demais, portanto, para que ele fosse irmão mais novo do faraó.
Além disso, há indícios de que Kiya, esposa secundária de Akhenaton, deu à luz um menino, o que indica que pode ser a mãe de Tut.

Por outro lado, alguns arqueólogos dizem que, naquele período que se passou entre a morte de Akhenaton e a ascensão de Tutancâmon, o Egito foi governado por um tal Smenkhare, que aparece como co-regente de Akhenaton em seus últimos anos. Nesse caso, Smenkhare, que teria reinado apenas alguns meses, poderia ser meio-irmão de Akhenaton ou filho dele, o que faria de Tut um sobrinho ou neto do faraó de Amarna. Para complicar ainda mais, alguns pesquisadores acreditam que Smenkhare e Nefertiti seriam a mesma pessoa – e a esposa teria assumido o trono com outro nome após a morte de Akhenaton, antes de Tut entrar em cena. Por enquanto, todas essas hipóteses são defensáveis.

Casamento com a irmã

O certo é que Tutancaton acabou sendo reconhecido como o único herdeiro masculino da 18ª Dinastia e, para reforçar ainda mais seu direito ao trono, os conselheiros do faraó-menino realizaram seu casamento com Ankhesepaton, uma das filhas mais novas de Akhenaton, que devia ter cerca de 12 anos na época – e que seria, assim, meia-irmã de Tut. “A medida tem a ver com o fato de que a linhagem feminina era uma garantia importante da ligação com a realeza no Egito”, afirma o egiptólogo Bob Brier, da Universidade de Long Island, nos Estados Unidos. A união de dois meios-irmãos de sangue real chegava, portanto, bem perto do máximo de legitimidade política.

Em todo esse processo, Tut e sua noiva devem ter sido assessorados de perto por duas figuras que acabariam ocupando o trono faraônico mais tarde: o vizir (espécie de primeiro-ministro) Aye e o general Horemheb. Os dois tinham sido muito próximos de Akhenaton, mas, percebendo o descontentamento dos egípcios com o regime monoteísta de Amarna, fizeram o novo faraó ser coroado em Tebas, antiga capital da 18ª Dinastia e centro do culto ao velho deus Amon.

O casal real voltou brevemente para Akhetaton, mas, cerca de dois anos após a coroação, mudou-se em definitivo para Tebas e passou a ser conhecido pelos nomes de Tutancâmon e Ankhesenamon – a incorporação do nome do deus Amon sinalizava a volta à velha ordem religiosa. Mas a contra-revolução não ficou meramente subentendida. Tut (certamente sob inspiração de Aye) mandou erigir um monumento em frente ao templo de Amon em Karnak, nos arredores de Tebas, onde resumia seu “programa de governo” em hieróglifos – o equivalente na época a um pronunciamento do presidente em rede nacional de televisão e rádio.

“Nem era preciso ler o texto: lá estava a imagem do faraó trazendo oferendas para Amon”, diz Brier. No entanto, os hieróglifos foram decifrados. E diziam: “Quando sua majestade subiu ao poder, os templos dos deuses e deusas tinham caído em abandono. A terra estava em confusão, os deuses tinham abandonado este país. Então sua majestade meditou, procurando o que seria benéfico a seu pai Amon. Todas as oferendas dos templos foram dobradas, triplicadas, quadruplicadas. A celebração agora toma toda a terra, e as condições favoráveis voltaram”.

Se nas entrelinhas a mensagem de Tutancâmon atestava a incompetência do pai, a impressão deixada pela maioria dos registros é que o Egito voltou a entrar nos eixos.

A construção de templos e monumentos foi retomada no vale do Nilo e, sob a batuta de Horemheb, o exército egípcio voltou a ser temido no Oriente Médio.

O general esmagou os rebeldes que tentavam separar a Núbia (norte do atual Sudão) do reino faraônico e voltou a impor alguma ordem na Palestina e na Síria. Os principais inimigos do Egito na área eram os hititas, povo que governava a atual Turquia e estava tentando uma expansão para o sul, ameaçando tirar algumas regiões da Síria da esfera de influência egípcia.

A mole vida de um rei

A descoberta em 1922 do túmulo quase intacto de Tutancâmon – apenas a primeira parte dele havia sido saqueada poucos anos após sua morte – ajudou os arqueólogos a recontar não só a biografia do faraó como também sua vida diária e o dia-a-dia no Egito.

Lá dentro foram contabilizados 5398 objetos e utensílios ligados a Tut. Por meio das peças e pinturas encontradas, os arqueólogos descobriram que o faraó costumava participar de festas religiosas em Tebas, como a que celebrava a visita do deus Amon ao templo de Luxor.
Nela, as estátuas dos deuses seguiam 3 quilômetros pelo rio Nilo em barcos.
Outro tipo de festa celebrava o deus-falcão Hórus – deus, aliás, de quem o faraó era o representante na Terra (de acordo com a tradição da monarquia divina egípcia, quem governava o país era o próprio Hórus, na figura do faraó).

Ele também era um caçador: a quantidade de arcos no túmulo de Tut não deixa dúvidas de que ele adorava o esporte. Em geral, nessas ocasiões, ele e Ankhesenamon deixavam seu palácio em Mênfis, no norte do Egito, e partiam para o delta do Nilo, perto do Mediterrâneo, uma região coberta por uma densa vegetação pantanosa e lar de grande quantidade de aves aquáticas. Enquanto Tutancâmon mirava um pato, a rainha preparava a próxima flecha para ele. Com um arco maior, parecido com os usados na guerra, Tutancâmon partia para o deserto para caçar avestruzes e gazelas, montado em bigas ou carruagens velozes. Enquanto um cocheiro assumia as rédeas, o jovem faraó manejava a arma, que podia lançar flechas a quase 200 metros de distância.

As cenas da vida de Tutancâmon retratam o casal sempre próximo, trocando gestos de carinho (o rei oferece uma flor de lótus para a esposa, ou derrama perfume nas mãos dela). Os dois adoram os deuses ou oferecem colares de ouro aos súditos que realizaram tarefas importantes com sucesso.

Tudo isso sugere que a relação entre eles era ótima. Mas o casal provavelmente perdeu duas filhas. Ankhesenamon teria sofrido abortos com oito e cinco meses de gravidez. A primeira menina, se tivesse sobrevivido, teria deficiências físicas sérias.
Os dois fetos foram mumificados, contrariando a prática da época, e colocados na tumba do pai. Cerca de dois ou três anos após a morte do segundo bebê, em 1324 a.C., Tutancâmon morreu.

Morte cheia de mistério

A morte foi acompanhada de uma baita confusão. Os únicos fatos indiscutíveis na bagunça envolvem Ankhesenamon numa conspiração internacional fracassada. Agindo por desespero e interesse político, a rainha escreveu para Supiluliuma I, o rei dos inimigos hititas, em tom de súplica. “Meu marido morreu. Filhos eu não tenho. Mas para ti, dizem, os filhos são muitos. Se me desses um dos filhos teus, ele tornar-se-ia meu marido. Nunca hei de tomar um servo meu e fazê-lo meu esposo! Tenho medo!” O acordo entre ela e Supiluliuma acabou selado e o rei hitita chegou a mandar um de seus filhos para o Egito, mas o príncipe nunca alcançou seu destino: foi misteriosamente morto no caminho. A solução encontrada pela viúva de Tut e o ex-vizir Aye foi um casamento. Anéis comemorando o matrimônio dos dois provam isso. Até hoje, não se sabe como ou quando ela morreu.

Para Bob Brier, o mistério da morte de Tut tem explicação: o ambicioso Aye teria mandado matá-lo, assim como teria feito depois com Ankhesenamon. Para Brier, a presença de um coágulo na nuca do faraó, sugerida por radiografias da múmia, indica que ele teria levado uma pancada na parte de trás da cabeça enquanto dormia. Ao ver que seu mestre chegava à mauridade e não toleraria mais ser manipulado, Aye teria decidido que era hora de tomar o poder. O vizir também jamais aprovaria o governo de um estrangeiro no Egito. Portanto, teria mandado matar o filho do rei hitita.

No entanto, recentes tomografias computadorizadas feitas na múmia não revelaram a suposta lesão craniana. Para Zahi Hawass, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, o principal resultado da análise foi a presença de uma fratura séria no fêmur esquerdo do rei, que teria cicatrizado pouco antes da morte. Ele acredita que uma infecção ligada à fratura – que teria acontecido numa das caçadas de Tutancâmon a bordo da carruagem – seria a causa da morte. “Eles, porém, ainda não fizeram uma publicação científica dos achados”, diz Brier.

De concreto, sabe-se que o faraó-menino morreu muito cedo, inesperadamente. A prova é seu túmulo, muito menos suntuoso que os dos reis de sua dinastia: decerto não estava acabado. Tut chegou a supervisionar a construção de sua futura sepultura. “Como era costume, o faraó deve ter passado quase toda sua vida na tarefa de construir a sepultura, finalizada só quando ele morreu”, diz o egiptólogo Julio Gralha, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Por causa da morte inesperada, a mobília funerária de Tut era composta por alguns objetos que nem pertenciam ao faraó, e sim a outros membros da família. Muitas peças de ouro maciço foram encontradas ali. Tutancâmon não teria tido tempo de conseguir aquilo tudo, e alguns arqueólogos apontam o fato como outro indício da conspiração para matá-lo. Assim, a suntuosidade preparada por seus supostos assassinos esconderia seus verdadeiros propósitos.

A maldição da múmia

A descoberta da tumba em 1922 também suscitou uma outra teoria.
O fato de arqueólogos ocidentais terem virado o túmulo do avesso (o corpo do faraó foi até fatiado para os estudos) deu início à lenda de uma “maldição da múmia” que recairia sobre os que participaram do suposto sacrilégio.

A “prova” mais concreta disso foi a morte de lorde Carnarvon, o nobre britânico que financiou as escavações, ocorrida após a picada de um mosquito cinco meses após a descoberta.
 Dias antes da abertura do sarcófago de Tut, morrera o canário de Howard Carter, considerado a mascote da equipe de escavação. Outras mortes se seguiram: três estudiosos ligados direta ou indiretamente à descoberta, o meio-irmão de Carnarvon e até seu cachorro. Foi divulgado na época que Tut advertira sobre os riscos de violarem sua sepultura. Uma inscrição estaria gravada em sua tumba: “As asas da morte tocarão aquele que incomodar o faraó”.

No entanto, um estudo feito pelo epidemiologista Mark Nelson, da Universidade Monash, na Austrália, mostrou que a idade média de morte das pessoas que entraram no túmulo de Tut foi de... 70 anos, a mesma expectativa de vida de contemporâneos. O próprio Carter só morreu em 1939.

Já a tal inscrição, revelou um membro da equipe em 1980, foi uma mentira inventada por Howard Carter e seu mecenas. Tudo para que ninguém ousasse roubar nada da riquíssima tumba do rei. Deu certo.

 
Das pirâmides a Cleópatra
Como se desenvolveu o riquíssimo Egito dos faraós

3000 a.c.

Por volta dessa época, o primeiro faraó, Narmer, unifica a maior parte do vale do Nilo sob seu comando, criando o reino do Egito. Narmer era um nobre que habitava a cidade de Hieracônpolis, na região sul do vale do Nilo.

2560-2500 a.C.

Começa a era das grandes pirâmides: os faraós Quéops, Quéfrem e Miquerinos constroem os monumentos, bem como a Esfinge, em Gizé, perto do atual Cairo.

1650-1540 a.C.

Estrangeiros de origem palestina, conhecidos como hicsos, criam assentamentos no delta do Nilo e acabam fundando um reinado independente na região, cuja capital era a cidade de Avaris.

1550 a.C.

Sobe ao poder o faraó Ahmósis I, de Tebas, sul do Egito. Ele expulsa os hicsos, reunifica o país e se torna o primeiro monarca da 18ª Dinastia, a família de Tutancâmon – antes desta, houve 17 outras famílias no poder.

1479-1425 a.C.

Tutmósis III, provavelmente tataravô de Tutancâmon, estende a hegemonia do Egito ao atual Sudão e à beira do rio Eufrates, fronteira com a Mesopotâmia.

1333-1324 a.C.

Reinado de Tutancâmon e Ankhesenamon. Com a morte dos dois, o governo é assumido pelos plebeus Aye e Horemheb.

525 a.C.

Cambises, rei dos persas, derrota o faraó Psamético III, último governante egípcio de origem nativa. Mas revoltas atrapalham o domínio persa.

332 a.C.

Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, entra no Egito e é saudado como libertador, recebendo o título de faraó e tirando o país das mãos dos persas.

305 a.C.

Ptolomeu I Soter, antigo general de Alexandre, declara-se faraó, iniciando a dinastia ptolomaica, a última a governar um Egito independente.

30 a.C.
A rainha egípcia Cleópatra, ao lado do amante Marco Antônio, tenta virar monarca do leste do Império Romano em 34 a.C. Roma intervém, a tentativa fracassa e Cleópatra se mata. O Egito torna-se província de Roma.

 
Tesouros privados do faraó

Cheiro bom

Vários vasos como este, cheios de perfume, foram encontrados na tumba do rei

Porta -trecos

A cômoda de Tut, feita de ébano, servia provavelmente para guardar utensílios como jóias e roupas

Rica embalagem

O ungüento achado aí dentro era feito de gordura animal com bálsamo e resina

Horas de lazer

Um dos passatempos preferidos do rei era este jogo, o senet, que jogava com a esposa

Porta-jóias
A caixa guardava provavelmente objetos cerimoniais

 
A grande família
Entenda a genealogia do faraó-menino

Amenhotep, o avô

O faraó presidiu uma era de paz e prosperidade no Egito, e por isso se dedicou a um amplo projeto de construção de templos e monumentos em Tebas.

Amenhotep IV/Akhenaton, o pai

Ao transferir a capital de seu império para Amarna, mudar de nome e tornar dominante o culto ao deus Aton, ele comprou briga com os sacerdotes egípcios.

Nefertiti, a sogra/madrasta

Cultuada como deusa viva, a rainha estava quase em posição de igualdade com Akhenaton. Teve seis filhas, entre elas Ankhesenamon.

Kiya, a mãe

Esposa secundária de Akhenaton, pode ter morrido no parto e é a provável mãe de Tutancâmon.

Ankhesenamon, a meia-irmã/esposa
Cerca de três anos mais velha que Tut, pode ter sido forçada a se casar com Aye após a morte do esposo.

 
Herança
Não fosse pelos egípcios, a gente provavelmente não conheceria...

Pão e cerveja

Ambos já eram consumidos, mas os egípcios descobriram o processo de fermentação que possibilitou a produção.

Cosméticos

Os habitantes do Egito já usavam uma série de produtos de beleza: sombra para os olhos, blush, delineador, perfumes, óleos e hidratantes corporais.

Peruca

Por causa dos piolhos, os egípcios raspavam os cabelos. E desenvolveram a técnica de manufaturar perucas usando fios naturais.

Bumerangue
O objeto que hoje é usado para diversão tinha uma função bem prática: caçar aves. Ele era arremessado em direção à caça, a abatia no ar e voltava para a mão do dono.

 
Saiba mais

LIVROS

O Assassinato de Tutancâmon, Bob Brier, Jorge Zahar, 2000

Além de egiptologista, Brier também é especialista em doenças antigas. O livro, como diz o título, defende a hipótese de que o faraó foi assassinado.

Egypt, Canaan and Israel in Ancient Times, Donald B. Redford, Princeton University, 1993
Especialmente interessante para entender a relação do Egito com outras potências e seus vassalos no Oriente Médio, mostra a ascensão e queda da dinastia de Tut.


 


« Última modificação: 22 de Novembro de 2009, 19:47 by HelenaBeatriz »
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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #56 em: 30 de Novembro de 2009, 12:13 »
VOCÊ SABIA?


Terrorismo em Nova York

por Maria Dolores Duarte

Não foi só o Onze de setembro...

Uma das ações de contraterrorismo mais importantes do currículo da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos contou com sorte, muita sorte.

Em 1973, três carros-bomba foram colocados em Nova York, no caminho da primeira-ministra de Israel, Golda Meir.
A tentativa foi frustrada simplesmente porque os detonadores dos explosivos não funcionaram. Essa história só veio a público agora, 26 anos depois, com a libertação do principal envolvido no atentado.

Para entender o episódio, é preciso voltar à Olimpíada de Munique, em 1972, quando terroristas do grupo Setembro Negro invadiram o alojamento da delegação de Israel.

A ação resultou na morte de 11 atletas. A reação de Golda Meir foi enérgica: "Nós vamos puni-los, onde quer que estejam". Nos meses que seguiram, Israel perseguiu e matou muitos dos envolvidos com o Setembro Negro.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Ol%C3%ADmpicos_de_Ver%C3%A3o_de_1972

O grupo arquitetou um contra-ataque audacioso: matar Golda Meir. Depois de uma tentativa abortada em Roma, os terroristas agiram em Nova York. Mas o plano falhou. Al-Jawary, o responsável por implantar as bombas, fugiu. Ele só seria preso em 1991.

Comédia de erros
Todos os passos do ataque frustrado a Golda Meir

1. 1º de março de 1973

Além de passar por Nova York, a premiê fez um verdadeiro tour pelos Estados Unidos. Esteve em Miami, em Boston e em Washington, onde se encontrou com o presidente Richard Nixon (1913-1994). A conversa, amigável, foi seguida de um jantar em homenagem a Golda.

2. 4 de março

Al-Jawary estaciona um carro alugado perto do terminal da El-Al Airlines, no aeroporto JFK. Dentro do veículo está uma bomba caseira programada para explodir quando Golda Meir chegasse. Mas o artefato falha. Nesse mesmo dia, Golda vai a um jantar na casa do embaixador de Israel.

3. 5 de março

Outros dois carros-bomba haviam sido colocados diante dos bancos First Israel Bank and Trust, na rua 47, e Israel Discount Bank, na rua 43. Ambos falharam, e no dia seguinte foram rebocados até o píer 56, à beira do rio Hudson. Enquanto isso, o outro veículo continuava no aeroporto.

4. 6 de março

A Agência Nacional de Segurança intercepta mensagens de diplomatas iraquianos para Bagdá. Às 19h15, a polícia de Nova York e o FBI começam a procurar as bombas. Na mesma noite, Golda discursa em um jantar: "Paz acima de tudo, mas não paz a qualquer preço".

5. 7 de março, manhã

A empresa de locação responsável pelos veículos encontra os dois que haviam sido rebocados e imediatamente informa a polícia. No mesmo dia, o terceiro carro é localizado no aeroporto JFK, onde ficou parado durante três dias, sem chamar atenção.

6. 7 de março, noite

O esquadrão antibombas da polícia local desativa os artefatos, bombas caseiras feitas com gasolina e plástico explosivo. Por segurança, um deles é detonado. Se realizada como previsto, cada explosão teria atingido centenas de pessoas.

O homem das bombas
Al-Jawary derrubou avião

Ele diz que se chama Khaled Mohammed El-Jassem. Mas o FBI tem dúvidas em relação à identidade de Khalid Al-Jawary. Certo mesmo é que o homem de 63 anos é de origem palestina e participou de diversos atentados promovidos pelo Setembro Negro. Entre suas ações estariam o atentado contra Golda Meir e o ataque que derrubou um avião da TWA, em 1974, matando 88 pessoas que iam de Tel Aviv para Atenas. Condenado a 30 anos de cadeia em 1993, em fevereiro deste ano foi libertado no Colorado, nos Estados Unidos, e levado ao Sudão.



« Última modificação: 30 de Novembro de 2009, 20:00 by HelenaBeatriz »
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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #57 em: 30 de Novembro de 2009, 12:33 »
VOCÊ SABIA?

Mitologia Grega: nem Zeus se salva

As histórias parecem filme de terror. E os deuses do Olimpo estão mais para capeta que para santo

Os gregos bem que poderiam ter sido roteiristas de filmes de terror. As histórias que cercam cada divindade, cada ser mitológico, são impressionantes.
Como quase todos os povos, eles atribuíam os fenômenos inexplicáveis à ação dos deuses. Ou eram obra de heróis do passado.

A criação do mundo, é claro, foi obra desses seres superiores. Segundo historiadores, os antigos gregos não chegaram a um acordo sobre como foi a criação do mundo e quem era o deus responsável no momento.

Na mitologia grega, deuses e deusas formavam uma imensa e confusa família. Por um lado, comportavam-se como seres humanos comuns: amavam, odiavam, comiam, bebiam, tinham filhos, eram cruéis e vingativos. Eram também imortais, poderosos e muito sensíveis. Qualquer pisada na bola, por menor que fosse, desencadeava um castigo descomunal, mesmo entre eles lá em cima. E aí entrava a criatividade alucinada dos gregos.

Para evitar essa situação desagradável, os adivinhos tentavam “ler” o desejo dos deuses no vôo das aves, nas entranhas de animais sacrificados e nos sonhos.
Havia também os oráculos, locais sagrados onde um deus respondia às perguntas dos fiéis através de um intermediário (o sacerdote) em estado de êxtase. O oráculo mais famoso era o de Apolo, na cidade de Delfos.

Doze deuses – da terceira geração de deuses desde a criação do mundo – acabaram caindo mais no gosto da população. Eram os primeiros com aspecto humano. Viviam no monte Olimpo, no norte da Grécia. Mais tarde, o Olimpo tornou-se um lugar abstrato, acima das nuvens.

Os doze bambambãs eram:
Zeus, senhor do raio e pai dos deuses e dos homens;
Hera, protetora do casamento;
 Deméter, deusa da agricultura;
Poseidon, senhor dos mares;
Afrodite, deusa do amor sensual, esposa de Hefesto e amante de pelo menos outros quatro; Atena, deusa da sabedoria;
 Aries ou Marte, deus da guerra;
 Apolo, deus da adivinhação, da música e da medicina, além de ser o galã da família; Ártemis, deusa da caça e protetora da vida selvagem – seu templo é uma das Sete Maravilhas da Antiguidade;
Hefesto, deus do fogo e dos metais;
 Hermes, protetor dos ladrões, condutor da alma dos mortos e mensageiro dos deuses; Dionísio, deus do vinho e da embriaguez.

Hades, irmão de Zeus, era menos popular porque tinha uma atribuição ingrata: ele era o soberano do mundo subterrâneo, ou seja, dos mortosHades
ZEUS
DIONÍSIO

ARTEMIS
Hermes



AFRODITE...

Quando um deus transava com um mortal, nascia um herói (ou semideus). Esse ser era capaz de feitos mirabolantes, mas morria como qualquer um de nós. O mais famoso até hoje é Héracles (que os romanos chamaram de Hércules).
Centaurus
Como se não bastasse essa gentarada toda, eles ainda criaram animais mitológicos, como a esfinge (que tinha corpo de leão, cabeça de mulher e devorava quem não decifrasse seus enigmas); os centauros (metade homem, metade cavalo); cães de três cabeças; serpentes gigantes e sereias (que tinham corpo de ave, e não de peixe, e busto de mulher). Também havia os doze Titãs e seus irmãos monstruosos, como os três hecatônquiros (de cem mãos e 50 cabeças) e os três ciclopes (gigantes com um olho só no meio da testa).

Festivais religiosos eram celebrados regularmente. Na cidade de Olímpia, de quatro em quatro anos eram realizadas as Olimpíadas em honra a Zeus. Além de cerimônias religiosas, havia concursos de poesia, competições atléticas e corridas de carros.

ZEUS DO CÉU

Para ser o chefe do Olimpo, Zeus destronou o próprio pai, Cronos.
Cronos sabia que um filho iria destroná-lo, por isso tinha o péssimo hábito de devorar os pimpolhos assim que eles nasciam. Mais tarde Cronos tomou uma poção que não caiu bem e vomitou toda a filharada.

Zeus seguiu o mau exemplo do pai e, quando a esposa Métis estava grávida, engoliu a mulher para que ela não tivesse um filho mais poderoso que ele. Mas, durante uma batalha contra Hefesto, Zeus tomou uma machadada na cabeça, e do buraco saiu a filha que ele tinha engolido com mãe e tudo. Era Atena, já adulta, armada e perigosa.

Quando não estavam se matando, conpirando ou traindo, os deuses faziam altas baladas nos palácios do Olimpo. Lá eles comiam, bebiam, ouviam música e dançavam.

Atena


Nasceu de um buraco feito a machadada na cabeça do pai, Zeus

Aries


Deus da guerra. Sua diversão era ver sangue

AfroditeAFRODITE ou Vênus

Deusa da paixão sensual. Gerada pelos órgãos castrados do pai

Ártemis

Matou o amado e transformou um caçador em veado

Cronos


Castrou o pai, casou com a irmã e devorou os filhos

Apolo

Deus da música, da profecia e da infestação de ratos

DionísioDIONÍSIO

Deus do vinho. Passou parte da gestação na coxa do pai

Hermes

Ainda era bebê quando roubou o gado do irmão ApoloAPOLO

Hades

Soberano dos mortos. Ninguém ousava dizer seu nome

Hera


Uma deusa venenosa: invejosa, ciumenta e agressiva

Héracles


Hércules, para os romanos. Aos 8 meses, matou duas cobrasHércules

ZeusZEUS E ERA

O soberano do Olimpo escapou de ser comido pelo pai

Poseidon


Deus do mar. Um dos filhos que Cronos comeu

Eros


Deus do amor. A mãe reclamava que o menino não crescia

 
Para saber mais

Introdução aos Deuses Antigos, Ribeiro Jr., Portal Graecia Antiqua, São Carlos



« Última modificação: 30 de Novembro de 2009, 20:20 by HelenaBeatriz »
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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #58 em: 04 de Dezembro de 2009, 12:25 »
Você sabia?



A força negra na política

Afro-descendentes que ocuparam cargos de destaque no mundo


Na noite de 4 de novembro de 2008, ao ser eleito, Barack Hussein Obama, 47 anos, começou a escrever uma nova página nos livros de História.
Livros que ganham mais um capítulo este mês, quando o primeiro presidente negro dos Estados Unidos toma posse. Antes de ele chegar lá, outros homens e mulheres africanos e afro-descendentes lutaram por espaço  em suas comunidades.
Conheça alguns que alcançaram postos antes exclusivos dos brancos.

DE FARAÓS A BANQUEIROS
Em 2700 anos, os destaques de três continentes

REI PIYE - 752 A.C.

Diante de um Egito decadente, o imperador da Núbia (atual Sudão) decide colocar ordem no país vizinho. Piye ocupa a capital, Tebas, e inicia um governo de 35 anos, que dá origem à chamada dinastia dos faraós negros. Ao morrer, o imperador é enterrado em uma pirâmide, junto com quatro de seus cavalos favoritos

HENRIQUE DO HAITI - 1807



Nascido escravo em Granada, participa da luta do Haiti contra as tropas francesas, em 1791, e assume a presidência do país, em 1807. Em 1811, proclama a si mesmo imperador. Durante seus nove anos de reinado, Henrique cria uma nobreza haitiana, com 47 títulos.

SHAKA ZULU - 1818



Ao assumir a chefia sobre a tribo zulu, transforma a etnia em um império. Para isso, conquista diversas tribos, em uma campanha que inspira comparações com Alexandre, o Grande. No momento em que é assassinado, Shaka (1778-1828) governa cerca de 250 mil pessoas.

HARRIET TUBMAN - 1861



A ex-cativa (1820-1913) é a primeira mulher a liderar tropas americanas. Durante a Guerra Civil, ela comanda uma ação militar de resgate, que consegue libertar 750 escravos das mãos da Confederação. A operação lhe rende o apelido de "Moisés dos negros".

JOHN RICHARD ARCHER - 1913



O ativista (1863-1932) é o primeiro prefeito negro eleito na Inglaterra. Após seu mandato na cidade de Battersea, marcado por acusações racistas divulgadas pelo partido de oposição, passaria a vida militando contra o preconceito.

KWAME NKRUMAH - 1960



O líder político (1909-1972) é um dos maiores responsáveis pela independência de Gana, alcançada em 1957. Depois, torna-se premiê e presidente do país. Em 2000, é eleito pelos ouvintes da rádio BBC o homem africano do milênio.

KOFFI ANNAN - 1997



Nascido em Gana, termina os estudos nos Estados Unidos. Começa a trabalhar na Organização das Nações Unidas em 1962. Em 1997, entra para a História como o primeiro secretário-geral negro da entidade, cargo que deixa em 2007.

STANLEY O’NEAL - 2002



Nunca antes um afro-americano tinha dirigido um grande banco de Wall Street. O’Neal assume o Merril Lynch e só se afasta em 2007, após a empresa perder mais de 8 bilhões de
dólares em créditos.

BARACK OBAMA - 2008



O democrata vence as prévias contra a senadora Hillary Clinton. Nas eleições de novembro, conquista o posto de 44º presidente do país. Nascido no Havaí, Obama é filho de um economista queniano.  Sua esposa, Michelle, é tataraneta de um escravo da Carolina do Sul.

DOCUMENTOS HISTÓRICOS
A eleição americana nas primeiras páginas

No dia 5 de novembro, os americanos fizeram filas nas bancas de revistas. Todos queriam os jornais com o resultado das eleições para presidente. Alguns periódicos reimprimiram 5 vezes a mesma edição. Sinal de que os leitores perceberam que, naquele dia, os jornais tinham História pura impressa nas primeiras páginas.

VOCÊ SABIA?
por Caio do Valle

OBAMA É O SEGUNDO
Americano negro já foi presidente

Em 1847, Joseph Jenkins Roberts (1809-1876) tornou-se o primeiro norte-americano afro-descendente a assumir a presidência de um país. A diferença entre ele e Barack Obama é que Roberts governou uma nação estrangeira, a Libéria. Nascido em Norfolk, na Virgínia, ele era filho de uma ex-escrava libertada. Em 1829, a família se mudou para a Libéria, pequena colônia sustentada por políticos e religiosos brancos que bancavam a transferência de negros interessados em deixar os Estados Unidos.



 Com apenas 24 anos, Roberts já era xerife. Aos 32, ele se tornou o primeiro gestor não-branco do local. Em 1846, convocou um referendo para aprovar a independência da Libéria. Em outubro de 1847, foi eleito o primeiro governante do novo país.
Sua gestão foi marcada pelo reconhecimento junto à comunidade internacional - em 1848, ele causou impacto na Inglaterra ao visitar a rainha Vitória.
Mas, apesar do sucesso no exterior, no plano interno o presidente não conseguiu aproximar os colonizadores estrangeiros das etnias nativas. "Roberts foi um administrador hábil, mas não criou um ideal de nacionalidade para a região", afirma o historiador norte-americano Eric Burin.




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Re: Você sabia? (Curiosidades em geral)
« Responder #59 em: 04 de Dezembro de 2009, 20:07 »
Você sabia?

Curiosidades


CONFISSÃO DE KENNEDY



Três meses antes de ser assassinado, o presidente americano John F. Kennedy (1917-1963) organizou, em sua residência particular em Washington, um jantar com a presença de jornalistas. Dois deles gravaram uma entrevista, que só agora vem a público. No áudio, Kennedy, que preparava a campanha de reeleição, diz que não sabe o que faria da vida se fosse derrotado. E confessa: "Não sou um político nato. Em um avião, prefiro ler um livro a conversar com o cara ao lado".

JESUS, O MÁGICO?



Objeto encontrado no fundo do mar cita Jesus

Uma tigela de cerâmica do século 1 pode conter uma das mais antigas referências a Jesus Cristo de que se tem notícia. O objeto, encontrado no mar Mediterrâneo, em Alexandria, tem um texto gravado em grego. Convertido para o alfabeto latino, ele ficaria assim:
 "dia chrstou o goistais". O responsável pela descoberta, o arqueólogo francês Franck Goddio, traduz a expressão para:
 "por Cristo, o mágico". Para Goddio, a tigela sugere que Jesus era praticante de magia. Afinal, de acordo com a Bíblia, Cristo caminhava sobre as águas, transformava água em vinho, multiplicava pão e curava cegos

CARRUAGENS DE BRONZE

A construção de uma rodovia na fronteira entre a Grécia e a Turquia provocou uma descoberta curiosa: uma cova contendo os esqueletos de 16 cavalos e de dois homens, além de duas carruagens romanas. Os arqueólogos que estudam o local acreditam que os artefatos foram enterrados ali no século 4. Metade dos cavalos estava agrupada em duplas, mas o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foram as carruagens. Elas preservam frisos de bronze, com inscrições que fazem referência aos 12 trabalhos de Hércules, o herói grego.

COMER SEM MASTIGAR



Esse era o segredo dos maiores dinossauros

Eles pesavam até 88 toneladas e tinham 7 metros de altura. Eram os dinossauros saurópodes, os maiores animais terrestres que já habitaram a Terra. Como eles mantiam um corpo desse tamanho, sendo herbívoros? O paleontólogo alemão Martin Sander propõe uma resposta na revista Science. Para ele, os saurópodes não mastigavam a comida, e por isso podiam comer grandes quantidades. Em compensação, precisavam de estômagos gigantescos para digerir arbustos inteiros.

COLEÇÃO ESQUISITA



Objetos nazistas são vendidos na Inglaterra

Algumas casas de leilão inglesas estão apostando em um filão estranho: a venda de objetos ligados à Alemanha nazista, que antes eram negociados apenas no mercado paralelo. Em outubro, uma empresa da cidade de Northamptonshire vendeu 30 espadas do século 18 que pertenceram a membros do partido de Adolf Hitler (1889-1945). Mas o item mais disputado foi um "anel da morte", que é enfeitado com uma caveira. A jóia era um presente com que o líder das SS, Heinrich Himmler (1900-1945), premiava seus homens.

DOENÇA MILENAR


Por volta do ano 400 a.C., o médico grego Hipócrates fez a primeira descrição clínica conhecida dos sintomas da malária. Pois uma pesquisa com 91 amostras de ossos de egípcios de 3500 a.C. provou que a doença é bem mais antiga. A equipe do patologista alemão Andreas Nerlich identificou traços do DNA do parasita Plasmodium falciparum, um dos causadores da enfermidade. "Com certeza a malária era endêmica no antigo Egito", afirma o pesquisador

MÚSICA NOVA DE 250 ANOS



Encontrada uma partitura inédita de Mozart

Os funcionários de uma biblioteca de Nantes, na França, faziam uma pesquisa em seus arquivos quando depararam com uma folha de 16 centímetros de altura e 29 de comprimento. Intrigados, levaram-na para o especialista Ulrich Leisinger. Depois de alguns meses de estudos, ele conirmou sua suspeita inicial: o documento é uma partitura inédita de Wolfgang Amadeus Mozart (1756��1791), composta pelo austríaco por volta do ano 1787. Existem ali duas peças inéditas: uma obra religiosa em Ré menor e uma pequena sonata

A URSS, SEGUNDO EINSTEIN



Em maio, uma carta escrita por Albert Einstein (1879-1955) provocou polêmica. No texto, de 1954, ele argumentava que as religiões não passavam de "superstições infantis".

Recentemente surgiu uma nova leva de correspondências raras, desta vez com suas opiniões sobre política. Em uma delas, de 1948, ele afirma para o psicanalista Walter Marseille: "É melhor deixar a Rússia perceber que nada vai ser conquistado por meio da agressão, e que há vantagens em aderir [a um governo mundial]. Então a atitude do regime russo mudará e eles tomarão parte sem coação".


Fontes: Revistas: "Aventuras na História" e SuperInteressante", Núcleo Ciência e Vida



« Última modificação: 04 de Dezembro de 2009, 20:11 by HelenaBeatriz »
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