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Autor Tópico: Sobre a Mediunidade  (Lida 10525 vezes)

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Online dOM JORGE

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Re: Sobre a Mediunidade
« Responder #15 em: 30 de Outubro de 2019, 04:51 »
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                                                               VIVA JESUS!




             Bom-dia! queridos irmãos.





                     O Espiritismo não se resume à Mediunidade





                O Espiritismo não se resume à mediunidade, da qual não é nem dono nem criador. A mediunidade é capacidade fisiológica que todos têm em maior ou menor grau e que permite comunicação direta ou sutil com a espiritualidade, de modo que os encarnados na Terra possam receber apoio espiritual para vencer a si mesmos. Esse dom, quando ostensivo, necessita ser estudado para que não seja um entrave, mas sirva de apoio na evolução dos homens.
O Espiritismo não se resume a atividades de recepção de energias, quais sejam os passes, água fluidificada e vibrações: ele precisa ser compreendido uma vez que é doutrina cristã que estimula a prática real e cotidiana dos ensinamentos de Jesus, exigindo estudo dos seus conceitos através do conhecimento da codificação espírita, para melhor serem utilizados.
O Espiritismo não se resume na reencarnação, lei natural que independe da vontade dos homens. Ele a explica como prova de justiça divina que dá a todos a oportunidade de renascerem e evoluírem até que tenham quitado seus débitos e se purificado espiritualmente nas incontáveis vidas na pobreza, riqueza, poder ou humildade, como homens e mulheres, saudáveis ou doentes, perfeitos ou deficientes, ou seja, em toda oportunidade de aprendizado possível.
O Espiritismo não se limita à caridade material, ele incita, estimula, pede, sugere, instiga sobretudo à caridade moral da tolerância, do perdão, do amor, da paciência, da solidariedade, fraternidade, de modo que se dê ao próximo mais do que coisas efêmeras, mas também valores que permanecerão e os auxiliarão a partir do exemplo.
O Espiritismo é doutrina que, sim, atua com a mediunidade, trabalha com as energias, ensina a reencarnação, faz caridade material e moral demonstrando a seus adeptos e simpatizantes que existe um sentido maior para viver, ensina a origem e o destino dos espíritos que somos todos, e explica que o “céu” será alcançado mais cedo ou mais tarde, conforme merecimento.
O Espiritismo explica que todos evoluiremos até o estado de anjos e somos, nesse percurso, os colaboradores de Deus que mudarão a si mesmos e o mundo para melhor. Ser espírita é estudar, conhecer, praticar valores morais que o transformam em homens de bem e almas mais evoluídas. O Espiritismo não faz milagres, ele ensina. Os milagres cada um os fará na própria alma!
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar as suas más inclinações”. (Allan Kardec)


             Vania Mugnato de Vasconcelos









                                                                                                       PAZ, MUITA PAZ!


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Re: Sobre a Mediunidade
« Responder #16 em: 01 de Fevereiro de 2020, 23:41 »
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                                                               VIVA JESUS!




              Boa-noite! queridos irmãos.




                     
Trabalhos mediúnicos se tornam escassos



Em pesquisa superficial sobre os trabalhos desenvolvidos nos Centros Espíritas, nota-se, em grande parte, que essas atividades mediúnicas estão desaparecendo e cedendo espaço para outras atividades, que além de se enquadrarem em nível menor de importância e precedência, algumas outras nem figuram como matéria ou assunto doutrinário, pertencentes ao Espiritismo.

Isso é de se lamentar.

E para aumentar ainda mais a surpresa, algumas edições recentes de obras espíritas, quando fazem ligeira abordagem sobre o assunto, justificam que esse tempo e essa preocupação já passou. Muito estranhas essas posições, pois que, em todos os tempos, e não somente ontem ou nos dias atuais, esses casos ocorrem com frequência inimaginável.

Os trabalhos mediúnicos sempre tiveram importante relevância, visto atuarem diretamente em favor e benefício de Espíritos que se acham desorientados e ainda necessitados da presença pesada dos fluidos da Terra. Como sempre foi, esses irmãos são trazidos até essas sessões e recepcionados pelos doutrinadores ou dirigentes, através dos médiuns, para uma conversa orientadora, serena e reconfortante, os quais, quase em sua totalidade, desconhecem a vida atual que levam na outra margem da vida e lamentam a indiferença das pessoas que não lhes dão a necessária atenção. Não sabem onde estão nem a razão de estarem nessa condição. Sentem frio e outras necessidades materiais com sinais ainda perceptíveis pelo Espírito, uma vez que o corpo psicossomático possui, depois da morte, duração variável em razão do equilíbrio emotivo e do avanço cultural daquele que o governa, ou seja, permanece por um tempo indeterminado em adaptação ao novo estágio no plano espiritual.

Portanto, não vemos como pode estar superado esse recurso dos mais importantes em uma casa espírita, que se presta a atender irmãos desencarnados que ali são trazidos para um primeiro contato.

O que se sabe da parte dos próprios benfeitores é que a Terra oferece as condições propícias ao necessitado que ainda guarda em seu perispírito resíduos materiais dos quais precisa livrar-se. E para essa indispensável e necessária limpeza, somente uma reunião mediúnica acolhedora é capaz de promover a retomada do equilíbrio do Espírito.

Outro detalhe não menos importante é o relato feito pelas próprias entidades beneficiadas que se apresentam nessas reuniões. Quando se estabelece o diálogo e, dependendo sempre das condições psíquicas do necessitado, o que se observa durante os atendimentos é o progresso conquistado quando essas reuniões mediúnicas estão disponíveis. Com essa atividade constante e pelas oportunidades idênticas e sucessivas que surgem ao Espírito, este sente-se à vontade quando pode ouvir e absorver, nas conversações de elevado nível fraterno, as necessidades de adaptações que lhe convêm nessa nova fase de sua vida.

Durante os trabalhos poderão ocorrer fatos inusitados. Tudo é possível em uma sessão dessa natureza e útil para ambos os lados, onde estão presentes vibrações fluídicas de toda ordem e de onde poderão ser extraídos ensinamentos a serem aproveitados em benefício de desencarnados e dos próprios encarnados.

Trazemos aqui um desses exemplos que o tempo e a perseverança atuaram favoravelmente em benefício de visitante desencarnado e a sua confiança no interlocutor que, desde a primeira conversa e através das palavras equilibradas e recheadas de harmonia fraternal, culminou em resultado feliz e jubiloso ao Grupo de trabalhadores de uma sessão mediúnica.

Francisco Cândido Xavier (1910-2002) e alguns amigos, quando na cidade de Pedro Leopoldo-MG instituíram regularmente no Centro Espírita Luiz Gonzaga trabalho semanal para essa finalidade, que, além das mensagens recebidas através da psicografia e outras anotações, a exemplo da psicofonia[1], procediam à gravação do trabalho para posterior consulta e outras destinações. Isso possibilitou ao grupo a edição de algumas obras trazendo importantes relatos.

Um desses personagens comunicantes, necessitado de amparo em todas as suas modalidades e formas, de comportamento agressivo e com recusa inclusive em declinar a sua identidade, como muitos fazem, após longo tempo comparecendo às reuniões e sempre de postura rebelde, deixou bela e emocionante prece, que fez aos prantos.

"Quantos venham a ler a mensagem constante deste capítulo[2], decerto nem de longe experimentarão a surpresa de nosso grupo, em cuja intimidade Cerinto, o amigo espiritual que no-la transmitiu, caminhou, pouco a pouco da sombra para a luz.

A princípio era um Espírito atrabiliário[3] e revoltado, chegando mesmo a orientar vastas falanges de irmãos conturbados e infelizes, ainda enquistados na ignorância.

Discutia acerbamente. Criticava. Blasfemava.

De nossos entendimentos difíceis, manda a caridade que nos detenhamos no silêncio preciso.

Surgiu, porém, o dia em que a influência de nossos Benfeitores Espirituais se revelou plenamente vitoriosa.

Cerinto modificou-se e transferiu-se de plano mental, marchando agora ao nosso lado, sedento de renovação e luz como nós mesmos.

Foi por isso com imensa alegria que lhe registramos a comovente rogativa[4], por ele pronunciada em nossa reunião da noite de 24 de novembro de 1955.

Prece de Cerinto:

“Senhor de Infinita Bondade.

No santuário da oração, marco renovador do meu caminho, não Te peço por mim, Espírito endividado, para quem reservaste os tribunais de Tua Excelsa Justiça.

A Tua compaixão é como se fora o orvalho da esperança em minha noite moral e isto basta, ao revel pecador que tenho sido.

Não te peço, Senhor, pelos que choram. Clamo por teu amor a benefício dos que fazem as lágrimas.

Não te venho pedir pelos que padecem. Suplico-te a bênção para todos aqueles que provocam sofrimento.

Não te lembro os fracos da Terra. Recordo-te quantos se julgam poderosos e vencedores.

Não intercedo pelos que soluçam de fome. Rogo-te amor para os que furtam o pão.

Senhor Todo-Bondoso!...

Não te trago os que sangram de angústia. Relaciono diante de ti os que golpeiam e ferem.

Não te peço pelos que sofrem injustiças. Rogo-te pelos empreiteiros do crime.

Não te apresento os desprotegidos da sorte. Solicito teu amparo aos que estendem a aflição e a miséria.

Não te imploro mercê para as almas traídas. Exorto-te o socorro para os que tecem os fios envenenados da ingratidão.

Pai compassivo!...

Estende as mãos sobre os que vagueiam nas trevas...

Anula o pensamento insensato.

Cerra os lábios que induzem à tentação.

Paralisa os braços que apedrejam. Detém os passos daqueles que distribuem a morte...

Ajuda-nos a todos nós, filhos do erro, porque somente assim, ó Deus piedoso e justo, poderemos edificar o paraíso do bem com todos aqueles que já te compreendem e obedecem, extinguindo o inferno daqueles que, como nós, se atiraram desprevenidos, aos insanos torvelinhos do mal!”.

Não nos esqueçamos da observação feita pelos benfeitores de que "Os anjos choram de júbilo nas regiões celestes, quando um coração sofredor se levanta do abismo". Numa conclusão racional, ganha o sofredor, ganha o doutrinador, ganha o médium e ganha o grupo.

 

 
[1] Psicofonia: Quando o Espírito se utiliza dos recursos vocais do médium que lhe serve como intermediário entre os planos físico e espiritual.

[2] Obra Vozes do Grande Além, de Espíritos diversos, por Chico Xavier - Ed. FEB.

[3] Atrabiliário: Colérico, violento.

[4] Prece de Cerinto, na obra Vozes do Grande Além, por Chico Xavier - Ed. FEB.


           Vladimir Polízio









                                                                                                     PAZ, MUITA PAZ!


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Re: Sobre a Mediunidade
« Responder #17 em: 17 de Março de 2020, 09:27 »
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             Bom-dia! queridos irmãos.




                    Mecanismos da Mediunidade segundo o Espiritismo - Parte 1




Resumo: “Mecanismos da mediunidade” é o título de obra espírita de natureza mediúnica, muito conhecida no meio espírita. Utilizando conceitos de Física, Química e Engenharia Elétrica, essa obra se propôs a apresentar uma explicação, com base nesses conceitos, dos mecanismos do fenômeno mediúnico. Em vista dos conceitos científicos utilizados não serem de fácil entendimento dos companheiros espíritas em geral e do crescente interesse do movimento espírita em descrever os fenômenos espíritas com base apenas na Doutrina Espírita, apresentamos um estudo sobre os mecanismos da mediunidade segundo, apenas, as obras de Kardec. Basicamente, os mecanismos da mediunidade segundo o Espiritismo decorrem dos seguintes conceitos: i) os Espíritos modificam o FU através do pensamento e vontade, impregnando-o de qualidades e informações que desejem; ii) o perispírito é formado pela condensação do FU em torno do Espírito que é o foco de inteligência, e as qualidades dos fluidos do perispírito dependem do grau de evolução do Espírito; iii) o perispírito serve de transmissão ao pensamento, como o fio elétrico; iv) os Espíritos se comunicam com os médiuns da mesma forma que com os Espíritos propriamente ditos, tão só pela irradiação dos seus pensamentos; v) para um Espírito desencarnado se comunicar com o do encarnado, o fluido do médium, através da sua expansão perispiritual, se combina com o perispírito do Espírito desencarnado; vi) os Espíritos tem mais facilidade para responder, por efeito da afinidade existente entre o nosso perispírito e o do médium que nos serve de intérprete. A explicação para esses itens e as devidas citações em Kardec são apresentadas no artigo. Esse artigo pode ser usado como base para preparação ou revisão de cursos sobre Espiritismo e mediunidade.

Introdução

Em 1959, A Federação Espírita Brasileira publicou a obra Mecanismos da Mediunidade, de autoria espiritual de André Luiz e psicografada por XAVIER & VIEIRA (1990). Emmanuel, mentor de Chico Xavier, e André Luiz prefaciaram a obra. Enquanto Emmanuel classifica a obra acima como sendo um “livro que estuda”, André Luiz afirma que a obra vale “por vestimenta necessária, mas transitória, da explicação espírita da mediunidade”. Concordamos com Emmanuel que a obra acima é de estudo, e concordamos com André Luiz sobre a necessidade de termos uma explicação espírita da mediunidade. Mas a obra acaba por usar como referência teórica, interpretações nem todas triviais de vários conceitos da Física, da Química e da Engenharia Elétrica. Isto é, a obra usa como vestimenta esses conceitos da Ciência. Não somos contrários à tentativa de desenvolver o entendimento de um assunto por ângulos diversos. Mas, para a obra atingir o propósito de ser de estudo, é necessário que o movimento espírita domine muito bem o conteúdo da Doutrina Espírita para poder, inclusive, analisa-la e avalia-la doutrinariamente.

Embora a intenção do autor espiritual de Mecanismos da Mediunidade, em usar conceitos modernos da Ciência para desenvolver um entendimento para os mecanismos do fenômeno mediúnico, seja nobre, o desconhecimento, por parte dos espíritas, do significado desses conceitos científicos prejudicou o atingimento desse propósito. Como um efeito colateral imprevisto, outros companheiros espíritas e espiritualistas, embora bem intencionados, construíram sistemas, teorias, propostas ou descrições de diversos fenômenos espiritualistas, seguindo o exemplo de André Luiz, isto é, se utilizando igualmente de conceitos científicos da Física, da Química e da Engenharia. Infelizmente, porém, algumas dessas teorias foram demonstradas estarem incoerentes com a Doutrina Espírita (DA FONSECA, 2012, 2013a, 2013b).

Tentativas de amenizar a dificuldade na conceituação científica de Mecanismos da Mediunidade existem na literatura espírita. Esclarecimentos sobre os conceitos e analogias científicas usadas por André Luiz nessa obra foram apresentados por DA FONSECA (2016b, 2017). Além de mostrar que várias das analogias realizadas por André Luiz são muito boas, desde que entendidas de modo adequado, DA FONSECA (2016b, 2017) também esclarece a validade de algumas interpretações importantes como achar que pensamento é uma onda eletromagnética. Sugerimos o leitor interessado acessar os artigos acima.

Mas, a questão que se apresenta aqui é outra. Mesmo havendo esclarecimentos sobre os pontos técnicos/científicos da obra Mecanismos da Mediunidade, ainda muitas pessoas não se sentem confortáveis com conceitos científicos que só se compreende bem após anos de estudo em nível universitário. Seria, então possível revisitar a obra de Kardec e descobrir com base somente nela, quais os mecanismos da mediunidade? Será que a obra de Kardec é capaz de fornecer, igualmente, uma explicação para os mecanismos da mediunidade?

Neste artigo, nós procuramos realizar isso. Isto é, revisitamos os conceitos genuinamente doutrinários, ou seja, apenas aqueles contidos na obra de Allan Kardec, em busca da identificação dos conceitos necessários à apresentação dos mecanismos da mediunidade segundo, apenas e exclusivamente, o Espiritismo[1]. Na atualidade, percebe-se que o movimento espírita tem buscado incentivar um maior comprometimento com a coerência doutrinária (MILANI, 2018, CARRARA, 2019). Dessa forma, é de interesse do leitor e o pesquisador espírita descobrir como a Doutrina Espírita descreveria os mecanismos da mediunidade. Isso seria importante até mesmo para poder avaliar e valorizar a proposta de André Luiz ou de outros autores em termos de coerência com a Doutrina Espírita. Aqui, portanto, encontrar-se-á uma explicação formal dos mecanismos da mediunidade de acordo com Kardec. Se houver interesse, esse material poderá ser usado na preparação e/ou revisão de material de cursos de Espiritismo e/ou de mediunidade segundo Kardec.

Na literatura espírita, encontramos alguns trabalhos que buscam descrever os fenômenos espíritas com base nas obras de Kardec. Jader SAMPAIO (1999), por exemplo, identifica um aspecto comum nos mecanismos do fenômeno de sonambulismo e clarividência, que é a emancipação da alma. Rubens P. MEIRA (2013) apresenta as funções e propriedades do perispírito em termos das obras de Kardec, discutindo a validade doutrinária de algumas afirmativas presentes no meio espírita. Porém, uma descrição detalhada de como a mediunidade ocorre, independentemente do tipo, em termos apenas dos conceitos contidos nas obras de Kardec, ainda não existe até onde pudemos investigar.

Nas seções seguintes, apresentamos, primeiro uma revisão dos conceitos fundamentais de fluidos e perispírito. Em seguida usamos esses conceitos na construção de uma explicação genuinamente espírita, dos mecanismos da mediunidade segundo a Doutrina Espírita.

II. Fluidos e perispírito

Nessa seção iremos apresentar as definições dos conceitos de fluidos e perispírito conforme apresentados por Kardec e os Espíritos. Apresentaremos esses conceitos numa ordem didática descrevendo de modo resumido, os dois elementos gerais da criação, suas propriedades e como eles se relacionam.

II.1 Fluido universal e fluidos espirituais

Das questões de 21 a 28 de O Livro dos Espíritos (LE) (KARDEC, 1995), Kardec apresenta aos Espíritos perguntas sobre o que seriam a matéria e o espírito[2]. Começa fazendo perguntas sobre a matéria, que é algo que já conhecemos, e depois pergunta “Que é o espírito?” (questão 23) para o que recebe a seguinte resposta: “O princípio inteligente do Universo.”

Daí, na questão 27 do LE, Kardec pergunta se espírito e matéria seriam os elementos gerais do Universo, ao que os Espíritos responderam que sim mas que: “ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela.”

Nessa parte da resposta, identificamos um conceito distinto: o fluido universal. O que seria o fluido universal? No capítulo XIV de A Gênese (GE) (KARDEC, 2010), Kardec apresenta um importante estudo sobre os fluidos. No item 2 deste capítulo ele apresenta a definição de fluido cósmico universal ou fluido universal (abreviaremos por FU de agora em diante):


 
          Alexandre Fontes da Fonseca









                                                                                                     PAZ, MUITA PAZ!


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Re: Sobre a Mediunidade
« Responder #18 em: 17 de Março de 2020, 09:35 »
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             Bom-dia! queridos irmãos.




                     
“(...) o fluido cósmico universal é a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar universal, ele apresenta dois estados distintos: o de eterização ou de imponderabilidade, que se pode considerar como o estado normal primitivo, e o de materialização ou de ponderabilidade, que, de certa maneira, é apenas consecutivo àquele outro. O ponto intermediário é o da transformação do fluido em matéria tangível, mas, ainda aí, não ocorre uma transição brusca, uma vez que podemos considerar nossos fluidos imponderáveis como um ponto intermediário entre os dois estados.” (Grifos em negrito, nossos).

O FU é, portanto, a matéria prima de tudo o que é material na natureza. Nas palavras de Kardec acima, as transformações do FU “constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza.” Mas isso diz respeito às coisas materiais que formam o universo visível e conhecido. E com relação aos chamados fluidos espirituais? Primeiro, vamos compreender dois conceitos presentes na citação acima: ponderabilidade e imponderabilidade.

Ponderável é uma qualidade de algo que é passível de ser pesado. Em outras palavras, ponderabilidade é uma propriedade de objetos materiais que são sensíveis às forças de atração gravitacional do nosso planeta e, portanto, podem ser pesadas. Não confundir isso com a propriedade da massa de um objeto. Por exemplo, o gás hélio é tido como imponderável, mas ele tem massa. Segundo a Doutrina Espírita, tanto a matéria “etérea” ou imponderável quanto a matéria densa, tangível e ponderável são formadas pelo FU.

À época de Kardec, acreditava-se que, por serem fenômenos invisíveis e impalpáveis, o calor, o magnetismo e a eletricidade eram formados por fluidos imponderáveis. Hoje, embora a ciência descreva esses mesmos fenômenos de outra maneira, o conceito de fluidos e sua imponderabilidade encontraram grande coerência com os ensinamentos dos Espíritos, de modo que do ponto de vista filosófico, fluido é uma palavra presente na Doutrina Espírita que não requer atualização. DA FONSECA (2016a) apresentou explicações sobre a atualidade do termo “fluidos” no Espiritismo.

Mas o que são, então, os fluidos, ou os fluidos espirituais?

Para chegar à resposta, citamos Kardec que, logo depois de definir o FU, apresentou uma correspondência entre a matéria ponderável e os fenômenos materiais, conhecidos e estudados pela nossa Ciência, e a matéria imponderável (os fluidos) e os fenômenos espirituais ou psíquicos. No item 3 do capítulo XIV de GE, Kardec diz:

“No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme. Sem deixar de ser etéreo, ele sofre modificações também variadas no seu gênero, talvez mais numerosas do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos distintos que, embora procedendo do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos particulares do mundo invisível.” (Grifos em negrito, nossos).

Kardec, então, afirma que algumas das modificações do FU são tais que estão presentes apenas nos fenômenos particulares do mundo invisível. O FU assim modificado, dá origem aos fluidos espirituais. Isto é, fluidos espirituais são modificações do FU que estão presentes nos fenômenos espirituais. Kardec faz uma ressalva de natureza filosófica, ao comentar o seguinte no item 5 do cap. XIV da GE:

“A classificação de fluidos espirituais não é rigorosamente exata, uma vez que, definitivamente, eles são sempre matéria mais ou menos quintessenciada. De espiritual, realmente, só a alma ou princípio inteligente. Essa denominação é adotada apenas por comparação e, sobretudo, pela afinidade que esses fluidos têm com os Espíritos. Pode-se dizer que são a matéria do mundo espiritual, razão pela qual são chamados fluidos espirituais.” (Grifos em negrito, nossos).

Essa ressalva ressalta a correspondência entre os fluidos espirituais e o fato de que é com eles ou através deles que ocorrem os “fenômenos particulares do mundo invisível”.

Resta agora, esclarecer como os Espíritos sentem, percebem ou usam os fluidos. Kardec afirmou (item 3 do cap. XIV da GE):

“Tudo sendo relativo, esses fluidos têm para os Espíritos - que também são fluídicos - uma aparência tão material quanto a dos objetos tangíveis para os encarnados, sendo para eles o que são para nós as substâncias do mundo terrestre. Eles os elaboram, os combinam para produzir determinados efeitos, assim como os homens fazem com os seus materiais, embora por processos diferentes.” (Grifos em negrito, nossos).

Da transcrição acima, dois conceitos importantes podem ser destacados: a) para os Espíritos, os fluidos tem aparência material, semelhante às nossas substâncias e objetos; e b) são os Espíritos que os elaboram ou os combinam para produzir determinados efeitos. A letra b) representa um dos fundamentos dos mecanismos da mediunidade como veremos mais adiante. Em outras palavras, a mediunidade vai depender de algum tipo de combinação de fluidos para ocorrer. Entenderemos isso até o final do artigo.

Precisamos entender o que a Doutrina Espírita ensina sobre como os Espíritos podem “elaborar” ou “combinar” fluidos para produzir ou realizar algum fenômeno. Kardec explica isso no item 14 do capítulo XIV de GE:

“Os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais, não os manipulando como os homens manipulam os gases, mas com a ajuda do pensamento e da vontade. O pensamento e a vontade são para os Espíritos o que a mão é para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem aos fluidos espirituais esta ou aquela direção; eles os aglomeram, combinam ou dispersam; com eles formam conjuntos tendo uma aparência, uma forma e uma cor determinadas; mudam as suas propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outras substâncias, combinando-as segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual.” (Grifos em negrito, nossos).

O entendimento do processo, agora, se torna mais claro. Não tendo corpo físico material, os Espíritos não podem agir sobre os fluidos da mesma forma que encarnados agem sobre a matéria. Os Espíritos agem sobre os fluidos através do pensamento e da vontade. Ou, em termos simples, pensando e tendo vontade. Esse é um dos princípios mais importantes do Espiritismo! O pensamento e a vontade são atributos que todo Espírito tem, com e/ou através dos quais é capaz de modificar o FU presente ao nosso redor, gerando neles forma, cor e, mais importante, qualidades associadas à qualidade do pensamento. Se um pensamento é bom, os fluidos ao redor do Espírito se modificarão de acordo e de modo a adquirirem qualidades boas. Se um pensamento é mau, os fluidos ao redor do Espírito se modificarão de modo a adquirirem qualidades más (ver item 15 do cap. XIV de GE). Essas modificações podem ocorrer por intenção ou por pensamentos inconscientes, e ocorrem de modo até mesmo instantâneo, isto é, basta pensar e/ou sentir, que o FU ao redor do Espírito, encarnado ou desencarnado, se modifica e adquire as qualidades do pensamento (ver item 14 do cap. XIV de GE).


          Alexandre Fontes da Fonseca









                                                                                                    PAZ, MUITA PAZ!


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Re: Sobre a Mediunidade
« Responder #19 em: 22 de Março de 2020, 06:52 »
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                     Mecanismos da Mediunidade segundo o Espiritismo - Parte 2





II.2 Perispírito

Agora, podemos entender o que é e como se forma o perispírito. Na questão 93 do LE,  Kardec pergunta aos Espíritos se eles possuem algum tipo de substância que os cobre ou envolve, ao que eles respondem que sim que “Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.” Em nota a essa questão, Kardec propõe o termo/palavra “perispírito”.

Se uma “substância vaporosa” envolve o Espírito e forma o seu perispírito, do que é feito essa substância? Como o perispírito se forma? Voltamos à obra A Gênese onde Kardec responde isso no item 7 do capítulo XIV:

O perispírito, ou corpo fluídico dos espíritos, é um dos mais importantes produtos do fluido cósmico. Ele é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma. (Grifos em negrito, nossos).

Assim, o perispírito é, simplesmente, formado de fluidos que, por sua vez, são modificações do FU realizadas pelo próprio Espírito. Isto é, o Espírito, através do seu pensamento, modifica o FU ao redor e forma em torno de si, uma “cobertura” que Kardec deu o nome de perispírito. Enfatizamos que o perispírito se forma apenas em torno de “um foco de inteligência” e, portanto, não existe perispírito sem Espírito. O corpo material pode existir separado do Espírito, como por ocasião da morte e antes de se decompor. Mas o perispírito não pode existir separado da alma. Esse é outro princípio importante da Doutrina Espírita.

As propriedades do perispírito, de acordo com a Doutrina Espírita, podem ser resumidas assim (todas elas decorrem de comentários de Kardec presentes no cap. XIV de GE):

a) Imponderável. Como os fluidos espirituais são imponderáveis, e o perispírito é composto por esses fluidos, naturalmente o perispírito será relativamente leve e sutil, não estando sujeito à ação da gravidade. Nas palavras de Kardec (item 7, cap. XIV da GE): “No perispírito, a transformação molecular ocorre de maneira diferente, uma vez que o fluido conserva a sua imponderabilidade e as suas qualidades etéreas.” Assim como os fluidos espirituais não podem ser “presos” por objetos materiais, o perispírito igualmente não pode ser preso.

b) Plasticidade. Sua forma pode variar conforme o pensamento e a vontade do Espírito. Nas palavras de Kardec (item 14, cap. XIV da GE): “É assim, por exemplo, que um Espírito se apresenta à visão de um encarnado, dotado de visão espiritual, com a aparência que tinha quando vivo na época em que o encarnado o conheceu, embora ele tenha vivido, depois dessa época, muitas outras encarnações. Ele se apresenta com as roupas, os sinais exteriores, enfermidades, cicatrizes, membros amputados, etc., que tinha então. Um decapitado se apresentará sem a cabeça. Isso não quer dizer que ele tenha conservado essa aparência, claro que não, uma vez que, como Espírito, ele não é coxo, nem maneta, nem zarolho e nem decapitado. O que ocorre é que seu pensamento reportando-se à época em que era assim, seu perispírito toma instantaneamente aquela aparência, que ele deixa, do mesmo modo, logo que o pensamento deixa de agir naquele sentido.” Faz-se, entretanto, uma ressalva de que de modo geral, a forma humana é a forma natural dos Espíritos se apresentarem[1].

c) Expansível. Por ter plasticidade, o perispírito pode se expandir. No encarnado, isso significa que o seu perispírito pode se expandir para além das percepções localizadas nos órgãos. Nas palavras de Kardec (item 17, cap. XIV da GE): “Pela sua união íntima com o corpo, o perispírito desempenha um papel preponderante no organismo; pela sua expansão, ele coloca o Espírito encarnado em relação mais direta com os Espíritos livres.”

d) Assimila fluidos com facilidade. Nas palavras de Kardec (item 18, cap. XIV da GE): “Como o perispírito dos encarnados é de uma natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja que se embebe de líquido. Esses fluidos têm sobre o perispírito uma ação tanto mais direta quanto, por sua expansão e sua irradiação, o perispírito se confunde com eles.”

e) Em seu estado normal, é invisível e intangível para os sentidos humanos. Nas palavras de Kardec (item 35, cap. XIV da GE): “O perispírito é invisível para nós no seu estado normal, mas, como é formado de matéria etérea, o Espírito pode, em certos casos, por um ato da sua vontade, fazê-lo sofrer uma modificação molecular que o torne momentaneamente visível. (...) Conforme o grau de condensação do fluido perispiritual, a aparição, às vezes, é vaga e vaporosa; outras vezes é mais nitidamente definida; outras, enfim, tem todas as aparências da matéria tangível. Pode, mesmo, chegar até à tangibilidade real, a ponto de o observador se enganar sobre a natureza do ser que tem diante de si.”

f) Irradiação. Nas palavras de Kardec (item 17, cap. XIV da GE): “O Espírito, ao encarnar, conserva o seu perispírito com as qualidades que lhe são próprias, e que, como se sabe, não é circunscrito pelo corpo, mas irradia em torno dele e o envolve como em uma atmosfera fluídica.”

g) Evolui com o Espírito. Nas palavras de Kardec (item 10, cap. XIV da GE): “Daí também resulta que o envoltório perispiritual de um mesmo Espírito se modifica com o progresso moral que ele realiza em cada encarnação, embora encarnando no mesmo meio;” e (item 9, cap. XIV da GE): “A natureza do envoltório fluídico está sempre de acordo com o grau de adiantamento moral do Espírito.”

h) Densidade relativa. Pela razão da propriedade do item f), o perispírito dos Espíritos não é igual para todo o Espírito. Nas palavras de Kardec (item 7, cap. XIV da GE): “Existem alguns cujo envoltório fluídico, mesmo sendo etéreo e imponderável em relação à matéria tangível, ainda é muito pesado, se assim podemos dizer, em relação ao mundo espiritual, para permitir que eles saiam do meio onde se encontram.” E também (item 10, cap. XIV da GE): “... conforme o próprio Espírito seja mais ou menos depurado, seu perispírito se forma das partes mais puras ou das mais grosseiras desse meio.”

As propriedades do perispírito, acima descritas, combinadas com as propriedades dos fluidos permitem resumir, a seguir, as funções do perispírito, segundo a Doutrina Espírita, como sendo:

i) O agente das sensações exteriores (Questão 257 do LE e item 22, cap. XIV da GE);

ii) O veículo de transmissão do pensamento, como o fio elétrico (Questão 455 do LE);

iii) Comprova a existência do Espírito e torna reconhecida a sua individualidade. (itens 4 e 17 do cap. XI da GE, e questões 150 e 284 do LE);

iv) Influencia na formação do corpo físico (nos itens 11, 16 e 29 do cap. XI de GE, Kardec fala sobre a influência do Espírito na evolução da forma física).

A seguir, veremos como essas propriedades e funções do perispírito e dos fluidos permitem entender os mecanismos da mediunidade segundo a Doutrina Espírita.


              Alexandre Fontes da Fonseca









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Re: Sobre a Mediunidade
« Responder #20 em: 22 de Março de 2020, 06:56 »
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III. Percepções dos Espíritos

A pergunta que desejamos responder nesse artigo é: como ocorre a mediunidade segundo o Espiritismo? Como a pessoa que tem a faculdade mediúnica, o médium, consegue sentir essa influência dos Espíritos a tal ponto de poder transmitir uma mensagem ou informação deles a outras pessoas? A resposta a essas questões consiste dos mecanismos por trás da mediunidade.

Para descobrir tais mecanismos, é preciso verificar, primeiro, como a Doutrina Espírita ensina a forma pela qual os Espíritos sentem as coisas. Em outras palavras, como são as percepções nos ou dos Espíritos? Encontramos nas questões de 245 em diante do LE, as primeiras informações sobre isso. Os Espíritos afirmaram que o sentido da visão reside em todo o Espírito, e não de modo circunscrito como através de um órgão de visão (os olhos e a retina) nos encarnados. Kardec, ao perguntar se ocorre da mesma forma com a percepção da audição dos Espíritos, recebe de resposta não apenas a informação sobre a audição em si, mas também o esclarecimento geral sobre a questão das percepções dos Espíritos (resposta à questão 249a do LE):

“Todas as percepções constituem atributos do Espírito e lhe são inerentes ao ser. Quando o reveste um corpo material, elas só lhe chegam pelo conduto dos órgãos. Deixam, porém, de estar localizadas, em se achando ele na condição de Espírito livre.” (Grifos em negrito, nossos).

A resposta acima esclarece a questão de modo geral pois os Espíritos afirmam que “todas as percepções” são atributos do Espírito. Isso significa duas coisas importantes:

A) Todo Espírito possui percepções. Encarnado ou desencarnado, simples e ignorante ou puro, todos os Espíritos tem capacidade de perceber as coisas. Dizendo de outra forma, não existe Espírito sem percepções ou incapazes de ter percepções.

B) Se o Espírito estiver encarnado, as sensações lhe chegam pelos órgãos do sentido presente no corpo físico. Se o Espírito estiver na condição “livre”, isto é, emancipado como, por exemplo, através do sono, ou desencarnado, as sensações não são localizadas, isto é, não lhe chegam através de órgãos similares aos do sentidos (os cinco sentidos).

A combinação dos conteúdos das respostas dadas às questões de 245 e 249 forma mais um dos fundamentos da Doutrina Espírita: o mecanismo das percepções nos Espíritos. Quando encarnado (isto é, quando um Espírito está revestido de um corpo material) as percepções lhe chegam através dos órgãos dos sentidos que são: a visão, audição, paladar, olfato e tato[2]. Os órgãos são os olhos, os ouvidos, a língua, o nariz e a pele, respectivamente. Inclui-se o sistema nervoso que é responsável por permitir que os estímulos externos sejam encaminhados ao cérebro. Na condição de Espírito livre, as percepções deixam de estar localizadas, o que significa que elas deixam de depender dos órgãos dos sentidos. Elas, as percepções, residem em todo o Espírito, “em todo ele” como responderam os Espíritos a Kardec na questão 245 do LE. Essa palavra “localizada” é muito importante. Ela diz respeito à correspondência que nossa mente faz entre a percepção e a parte do corpo que recebe o estímulo que a produz. Embora a ciência já tenha mostrado que os sentidos são percebidos pelo cérebro, pelos estímulos luminosos chegarem através dos olhos, por exemplo, pensamos ou temos a impressão de que a visão se localiza na nossa fronte, na cabeça. Similarmente, pensamos ou temos a impressão de que o olfato ocorre no nariz, a audição nos ouvidos, o paladar na língua e a pele localiza a percepção do tato e temperatura.

Note que os estímulos da visão, audição, paladar, olfato e tato são todos de natureza material. A luz que adentra os olhos e formam a imagem na retina, o som que chega até os tímpanos no ouvido, as substâncias que geram sabores nos alimentos e odores nos aromas, e os estímulos do tato e temperatura são todos fenômenos materiais que envolvem objetos e sistemas materiais conhecidos. No caso dos Espíritos em estado livre, não existem órgãos no perispírito que recebem esses estímulos de percepção. Segundo os Espíritos, eles podem perceber diretamente no perispírito algumas dessas impressões. Nas palavras de Kardec (questão 257 do LE): “Outro tanto não acontece com os de perispírito mais denso, os quais percebem os nossos sons e odores, não, porém, apenas por uma parte limitada de suas individualidades, conforme lhes sucedia quando vivos. Pode-se dizer que, neles, as vibrações moleculares se fazem sentir em todo o ser e lhes chegam assim ao sensorium commune, que é o próprio Espírito, embora de modo diverso e talvez, também, dando uma impressão diferente, o que modifica a percepção.” No item 22 do cap. XIV da GE, Kardec diz: “Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, elas são generalizadas; o Espírito vê, ouve e sente por todo o seu ser o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispiritual.” No caso das percepções dos Espíritos, são os fluidos espirituais que eles percebem através do seu perispírito. Nas palavras de Kardec (item 24 do cap. XIV da GE): “... para o mundo espiritual existe uma luz especial cuja natureza nos é desconhecida, mas que, sem dúvida, é uma das propriedades do fluido etéreo, adequada às percepções visuais da alma.”

A partir disso podemos concluir que embora uma pessoa que tenha nascido com alguma deficiência em algum(ns) órgão(s) do sentido, ou o(s) tenha lesado em algum acidente, e esteja prejudicada a percepção correspondente, isso vale apenas enquanto ela estiver encarnada. Em estado emancipado, portanto livre, a pessoa permanece com sua capacidade de ter percepções espirituais intactas.

Voltemos ao significado de Espírito livre ou em estado livre. Já comentamos que há duas situações gerais a respeito: a) por Espírito livre, entende-se o Espírito desencarnado e, portanto, livre de um corpo físico material; e b) por Espírito livre, pode se entender o Espírito encarnado em algum estado de emancipação da alma como o sono, por exemplo, já citado acima. Nesse caso, o estado livre do Espírito é momentâneo e parcial pois que momentâneo é o estado alterado de consciência e parcial a emancipação (total apenas no caso de desencarnação). O corpo físico, nesse segundo caso, está com suas atividades de vigília suspensas, reduzidas ou adormecidas, e o Espírito goza de estado relativamente livre. Nesse estado, o Espírito pode se afastar do seu corpo físico, se relacionar com outros Espíritos no mundo espiritual e se deslocar a lugares do seu interesse. Suas percepções nesse estado, são similares a de um Espírito completamente livre ou desencarnado, isto é, não são localizadas.

O ponto que nos interessa aqui é o estado de Espírito livre ou relativamente livre que um encarnado pode ter. Estando, portanto, um encarnado em um estado de emancipação da alma, a Doutrina Espírita garante que seu Espírito tem todas as suas percepções, visão, audição e outras sensações, ocorrendo através do seu perispírito, como um todo, e não através dos órgãos no corpo. Nas palavras de Kardec, ao falar sobre a visão espiritual, é esclarecido que (item 26, cap. XIV da GE): “A visão espiritual, portanto, oferece percepções especiais que, não tendo por sede os órgãos materiais, ocorrem em condições muito diversas das da visão corporal.” (Grifos em negrito, nossos). No item 22, cap. XIV da GE, diz: “Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, elas são generalizadas; o Espírito vê, ouve e sente por todo o seu ser...” (Grifos em negrito, nossos).

Aproveitamos o tema para apresentar um esclarecimento. Não existiriam órgãos do sentido no perispírito? Não! A questão 257 do LE afirma claramente que não existem órgãos sensitivos no perispírito. Como já citado nos vários trechos de Kardec acima, os Espíritos no estado livre têm suas percepções ocorrendo através de todo o perispírito. Portanto, os Espíritos não enxergam com os “olhos do perispírito”, nem ouvem com os “ouvidos do perispírito”, e assim por diante, mas simplesmente sentem as imagens ou os sons, ou percebem os pensamentos dos outros Espíritos através do seu perispírito. No máximo, se pode dizer, com Kardec (item 22, cap. XIV da GE) que “O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito...” Outros estudos demonstram isso apresentando mais argumentos com base em Kardec (MASSI, 2018).

 
 
(1)        Sobre a forma humana, ver itens 3, 53, 56, e questão 28 do item 100, do Livro dos Médiuns (LM) (KARDEC, 1996).

(2) A ciência já reconhece a existência de outros sentidos, mas todos eles estão relacionados ao sistema nervoso. Veja, por exemplo, o texto do Wikipedia (em inglês), acessado em 18/2/2020: clique aqui



            Alexandre Fontes da Fonseca







                             
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Re: Sobre a Mediunidade
« Responder #21 em: 25 de Abril de 2020, 23:36 »
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Dons mediúnicos, o que fazer deles?


“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.” Paulo (I Coríntios, 12:4.)


Examinando os dons espirituais ou, propriamente, as faculdades mediúnicas entre os aprendizes do Evangelho, o apóstolo Paulo afirma categórico, no capítulo XII de sua primeira epístola aos Coríntios: “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo, há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo e há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera em tudo e em todos. A manifestação dos Espíritos, porém, é concedida a cada um para o que for útil”.

Portanto, não nos creiamos maiores ou menores. Como as árvores espalhadas no solo, cada talento mediúnico tem a sua utilidade e a sua expressão. Lembremo-nos de que todo bem, muito antes de externar–se por intermédio desse, ou daquele intérprete da verdade, procede, originalmente, de Deus.

Os atributos medianímicos são como talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor da Seara da verdade e do amor. Todavia, multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos de Deus.

Todos nós somos chamados a cooperar no conjunto das boas obras, a fim de que nos elejamos à posição de escolhidos para tarefas mais elevadas. Entretanto, para a nossa segurança, deixemo-nos conduzir pelas mãos do operário Divino, para que modelemos e executemos as construções mentais superiores, tornando-nos cooperadores na obra do nosso Pai.

Depende de cada qual aprimorar ou descuidar a sua faculdade mediúnica, relegando-a a plano secundário; é responsabilidade que cada um exerce, mediante o próprio arbítrio. Para lograrmos êxito, abstenhamo-nos do contato com as forças que operam a perturbação e a desordem, visíveis ou invisíveis, na certeza de que daremos conta dos dotes mediúnicos com que fomos, temporariamente, felicitados, pois o espírito do Senhor, por seus mensageiros, nos aquinhoa com esse ou aquele empréstimo de energias medianímicas, a título precário, para a nossa própria edificação e segundo as nossas necessidades.

O exercício desse mandato exige treinamento, dedicação, estudo. O fator moral é, igualmente, de relevante importância pelos efeitos que dele resultam. Assim, o conhecimento que adquirimos sobre a faculdade mediúnica nos proporcionará melhor comportamento, a fim de produzirmos com eficiência e tranquilidade.

Tenhamos cuidado de não apressar, ou seja, apurar os nossos dons mediúnicos. Ninguém deverá forçar o seu desenvolvimento, pois nesse terreno toda espontaneidade é necessária. Deve-se aceitar o evento com as melhores disposições de trabalho e boa vontade, seja essa possibilidade psíquica a mais humilde de todas, considerando-se que as tarefas medianímicas são dirigidas pelos mentores do plano Espiritual. E, paulatinamente, através de exercício metódico desses dons e, mediante conduta correta no bem, conjugando a oração ao trabalho, alcançaremos êxito, e os resultados felizes que almejamos.

Não existe uma mediunidade mais preciosa que a outra. Qualquer uma é campo aberto às mais belas realizações espirituais. Certamente, alguns ao longo de sua jornada evolutiva estão mais bem aquinhoados pelos dons mediúnicos que lhes são concedidos para a própria edificação à luz consagradora da Doutrina Espírita, que é a única diretriz segura com Jesus, para o ministério abençoado da iluminação na Terra.

Dessa forma, nos quadros da ação espírita, temos os instrumentos mediúnicos necessários ao exercício, neste ou naquele setor de trabalho. E, com boa vontade e muita disposição, doemos nossas horas disponíveis ao exercício da mediunidade nobre ao falar, ao escrever, ao ensinar, ao aplicar passes, ao magnetizar a água pura, ao orar em favor do nosso próximo, ao intervir com bondade e otimismo nas paisagens enfermas de quem nos busca ajuda, ao evangelizar os Espíritos em perturbação, sobretudo, ao viver a lição do bem arrimado à caridade, pois segundo Joanna de Ângelis, nobre benfeitora espiritual, “médium sem caridade pode ser comparado a cadáver de boa aparência, entretanto, a caminho da degeneração”.

A verdade é que todos estamos interligados em ministério mediúnico ativo, incessante, graças aos múltiplos dons de que nos achamos investidos, vinculados espírito a espírito, pelo impositivo da evolução. Por isso mesmo, em nossa esfera de serviço, não necessitamos de profissionalismo religioso. Não existem médiuns pastores, médiuns gerentes, médiuns lideres ou médiuns diretores, pois a cada um de nós cabe uma parte do grande apostolado da redenção que nos foi atribuído pela Espiritualidade Maior. E se temos um mentor a procurar e ouvir, no plano da consciência e no santuário do coração, esse mentor é nosso Senhor Jesus Cristo, que deveremos revelar em nós mesmos a divina essência da sua lição: “A cada um, segundo as suas obras”.

Se, todavia, experimentamos, ainda, sintomas mais evidentes desta ou daquela faculdade mediúnica, transformemo-nos, espontaneamente, em instrumento de amor e acendamos a lâmpada do auxílio fraterno no coração, a fim de que a caridade nos transforme em medianeiros da esperança entre os que aspiram a um mundo renovado e ditoso para o futuro, desde hoje.

 

Bibliografia:

XAVIER, C. Francisco – Seara dos Médiuns – ditado pelo Espírito Emmanuel – 75ª edição – Rio de Janeiro/RJ/ Editora FEB – 1991 – lição 48.

XAVIER, C. Francisco e VIEIRA Waldo – O Espírito de Verdade – ditado por Espíritos diversos – 15ª edição – Rio de Janeiro/RJ/ Editora FEB – 2006 – lições 5 e 11.

KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo – 131ª edição – Rio de Janeiro/RJ/ Editora FEB – 2013 – capítulo XXV – itens 9, 10 e 11.

FRANCO, P. Divaldo – pelo Espírito Joanna De Ângelis – 89ª edição – Salvador/BA/ Editora Centro Espírita Caminho da Redenção – 1972 – lição 30.



           Maria Margarida Moreira Ferreira









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Re: Sobre a Mediunidade
« Responder #22 em: 26 de Maio de 2020, 08:27 »
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O despertar da
força mediúnica




Apesar de ser um tema relevante no cotidiano espírita, o momento e o processo de afloramento da mediunidade ainda carecem de uma discussão mais aprofundada, o que motivou os autores a redigir este provocativo e orientativo artigo, buscando trazer mais debates sobre o tema e, ainda, visando trazer aos trabalhadores da juventude espírita algum subsídio para essa discussão.

O Livro dos Médiuns (cap. XVII) se detém na discussão do exercício da mediunidade, no seu desenvolvimento pela experimentação, mas esse ponto do despertar não é objeto de grandes confabulações kardequianas. Algo existe na obra “Qualidade da prática mediúnica”, da equipe soteropolitana Manoel Philomeno de Miranda, que se utiliza de trechos de obras psicografadas pelo médium Divaldo Franco, trazendo que esse afloramento surge em qualquer idade, posição social ou denominação religiosa, e que se pode dar de forma explosiva ou sutilmente, informações que vão ao encontro do senso comum.

Mas os autores, inquietos, resolveram buscar bases mais empíricas para essa discussão e resolveram perguntar ao médiuns, e no primeiro semestre de 2018, por meio de grande divulgação nas redes sociais, foram colhidas as narrativas de 38 médiuns ostensivos, em exercício no Brasil, adultos, e que responderam às perguntas:

i) Como se deu o processo de afloramento da minha mediunidade?

ii) Em que medida esse processo foi conturbado? e

iii) Que caminhos você adotou para se equilibrar nesse processo?

No que se refere ao processo de afloramento, as narrativas indicaram que as primeiras manifestações ostensivas se deram entre 13 e 17 anos de idade, com alguns relatos de manifestações esparsas na infância, não percebidas como mediunidade.

Essa faixa etária reforça a importância de se suprir a lacuna de literatura especializada voltada ao público juvenil sobre o tema mediunidade, e ainda, a importância do preparo e da percepção dos trabalhadores da juventude espírita nessa temática.

Os sintomas listados, de um modo geral, em processos espontâneos, e um tanto conturbados, eram acompanhados de manifestações diretas de clariaudiência, desdobramentos, psicofonia ou vidências, ou seja, o jovem começa de ordem confusa, e sem controle, a dar passividade.

Ocorreram também narrativas de pensamentos estranhos, angústia, sonhos confusos, taquicardia, choro, sentir a presença de espíritos, não discernir quem é encarnado ou não, e, em menor número, premonições e sentir odores estranhos.

Percebe-se que existe um período de inflexão, no qual esse fenômeno mediúnico realmente aflora no jovem, e que é um período tenso e conflituoso, como é a juventude. Um grupo minoritário se manifestou no sentido de sua mediunidade ter surgido mais tarde, nos trabalhos da casa de educação mediúnica, naturalmente.

Sobre em que medida o processo foi conturbado, a maioria revelou que sim, que foi um processo de sofrimento, doloroso, com descrição de incômodos como: medo, inclusive de ficar sozinho; apreensão; tristeza; dificuldade de identificar as suas próprias emoções; sofrer chacota dos grupos sociais; sentir vergonha; acordar de relance no meio da noite; sustos; fugir de aglomerações; além de desmaios, taquicardia, falta de ar e tontura.

Como se vê, pela narrativa dos médiuns, se percebe o sofrimento que se deu nesse processo, e que muitos sentem ainda hoje, sendo que alguns respondentes ainda relataram serem levados a religiões não mediúnicas, sendo imputados a eles desequilíbrios ou negação do que sentiam, e alguns, ainda, contaram terem sido submetidos a tratamentos psicológicos e psiquiátricos por conta dos efeitos desse processo, e também por desconhecimento dos pais.

Esse sofrimento, se não for considerado, pode afastar o jovem com a mediunidade aflorada do devido acolhimento, ainda mais pelo fato da maioria dos respondentes ter informado que se equilibrou vinculando-se a uma casa espírita ou espiritualista, o que é um viés da presente pesquisa, dado que, por se utilizar de médiuns em exercício, são pessoas que de alguma forma aderiram a uma forma de tratamento, e não foi considerado o sem-número de pessoas que sofrem por não entenderem o que está ocorrendo com elas nesse processo.

Aliás, a falta de compreensão em como se processa o intercâmbio entre encarnados e desencarnados é um dos grandes desafios a serem vencidos, não apenas para o equilíbrio dos médiuns, mas também para um bom aproveitamento da própria mediunidade, que, se bem conduzida, traz possibilidades importantes de crescimento.


             Marcus Braga e Wellington Balbo









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Re: Sobre a Mediunidade
« Responder #23 em: 26 de Maio de 2020, 08:30 »
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             Bom-dia! queridos irmãos.




                     Como o tema mediunidade é ainda pouco trabalhado fora do meio espírita e espiritualista, paira sobre a temática uma ideia de que se trata de algo sobrenatural.

Muita gente, portanto, que não está familiarizada com as questões que envolvem a mediunidade, quando passam a sentir os chamados “sintomas" mediúnicos, inclusive os relatados pelos médiuns entrevistados para o presente artigo, acabam por sofrer.

Sem saber o que se passa consigo e sem encontrar respostas na medicina convencional que lhes tragam bem-estar e melhor qualidade de vida, frequentemente essas pessoas buscam auxílio numa casa espírita ou espiritualista.

Nas casas espíritas, essas pessoas narraram que foram alocadas no eficiente “pacote básico” de estudo doutrinário e tratamentos espirituais, inclusive de reuniões específicas da chamada educação da mediunidade, e, pelo que foi dito por esses médiuns, esse receituário se mostrou efetivo, trazendo equilíbrio e funcionalidade a eles.

Destacam-se também no processo de equilíbrio a oração constante, a leitura edificante e, ainda, o que chamaremos de auto-observação do fenômeno, que é um conhecimento construído aos poucos de como a mediunidade se processa em si, dado que, apesar das regularidades, esse processo tem um quê de peculiar a cada pessoa. Portanto, cada indivíduo, pode-se dizer, sente o contato com os Espíritos de uma forma diferente.

O processo de despertar da força mediúnica pode ser fonte de sofrimento, seja por causas obsessivas concomitantes, seja ainda pela falta de experiência no manuseio dessa faculdade, que às vezes vem como um rio caudaloso.

Percebeu-se também a ocorrência de alguns relatos de pensamentos que chegavam de forma desordenada ou desconexa, causando, por isso, uma espécie de confusão mental nos indivíduos cuja mediunidade estava em eclosão. Mas esse é um processo natural da própria mediunidade e já levantado pelos Espíritos em O Livro dos Espíritos, questão 459, quando dizem ser frequente a influência dos Espíritos em nossos pensamentos e, não raro, sendo difícil identificar o que é ideia nossa e o que é ideia de outra inteligência.

Fator lembrado com certa constância pelos entrevistados, no que se refere ao afloramento da mediunidade, foi o medo expresso em suas mais diversas formas; desde lugares com muitas pessoas, o que produzia/produz mal-estar físico, até o medo de estar sozinho ou de perder o controle da situação.

A propósito, no caso de locais com aglomeração de pessoas, uma das hipóteses para o mal-estar físico sentido pelos médiuns é a heterogeneidade dos pensamentos dos presentes, o que pode produzir fluidos dos mais variados tipos, sendo muitos desses fluidos antagônicos aos do médium, gerando, então, o mal-estar orgânico.

Mais sensíveis aos ambientes, pensamentos, emoções e sentimentos emanados em um determinado local, que pode, aliás, ser até o próprio lar, os médiuns sentem a necessidade de se protegerem; por isso, até de forma inconsciente ou atendendo às inspirações dos Espíritos que lhes dedicam afeição, criam seus próprios métodos de proteção, que passam pela leitura edificante, o trabalho na casa espírita e tantas outras atividades que lhes ocupam o tempo de maneira saudável, criando uma atmosfera mais leve para viver e trabalhar a mediunidade.

Em virtude desses constrangimentos orgânicos, também, muitos médiuns informaram que não gostariam de ser médiuns e de sentir, perceber, ver e ouvir, enfim, vivenciar as experiências mediúnicas que estavam e estão a passar, o que é bem compreensível.

Não dá, todavia, para deixar de ser médium por vontade própria, porquanto, conforme ensina Allan Kardec, a mediunidade reside no organismo do próprio indivíduo, sendo uma faculdade inata que não está subordinada à nossa vontade.

Que se pode fazer então?

Como as próprias respostas fornecidas pelos entrevistados sugerem, um fator de alívio e bom direcionamento à mediunidade é buscar, por meio da boa literatura, qual a melhor maneira de lidar com a mediunidade e dela extrair elementos para a própria melhoria.

Outro ponto importante a destacar é o acolhimento àqueles que chegam à casa espírita ou espiritualista com a mediunidade bem aflorada. Além do estudo, participar de um grupo coeso e harmônico representa um grande acalento ao médium que chega a uma casa espírita, como já dito no presente texto, num processo de dúvidas, dores e descobertas próprias da mediunidade.

Compreende-se, a partir da ideia do parágrafo acima, a importância do trabalho bem realizado pelos dirigentes espíritas no que se refere ao equilíbrio daqueles que estão com a sensibilidade mediúnica à flor da pele.

Destaque, ainda, para os trabalhos no campo social que são desenvolvidos pelos médiuns e que, conforme os relatos, colaboraram para o restabelecimento do equilíbrio.

Os pontos referentes ao tema aqui tratado são muitos e, óbvio, não foram esgotados; ao contrário, pois a abordagem com apoio nas respostas fornecidas pelos médiuns apenas levanta a ponta de um assunto instigante e importante para todos nós.

 
             Marcus Braga e Wellington Balbo









                                                                                                     PAZ, MUITA PAZ!   
     


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