A CONSCIÊNCIA SOBRE A VIDA E SUA PRÁTICA
De Firmino José Leite (médium de Pai Joaquim) www.meeu.org
http://br.groups.yahoo.com/group/ceu_eeu/message/2989
 
 
Há um texto de O Livro dos Espíritos que pouco vejo citado, mas que acho de importância fundamental para a expansão da consciência sobre a vida material e as coisas deste mundo. Ele diz o seguinte:

115. Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus? Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de Si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.

Este texto, pelo menos para mim, juntado ao texto da pergunta 132 dá a verdadeira noção do que é a vida carnal e os elementos que nela existem.

132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns é expiação; para outros missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta. 

Destes dois textos nos chega a seguinte consciência: a encarnação é um suceder de provas que são vivenciadas através de expiações e missões e tem como objetivo nos aproximar de Deus, levando-nos a vivenciar a felicidade que o Pai tem prometido aos seus filhos... Este é o conhecimento, a teoria, mas o que quer dizer isso na prática? O que podemos fazer com este ensinamento para que ele não vire letra fria? Vou tentar comentar um pouco a minha visão sobre o assunto, mas para isso é preciso falar um pouco dos termos que estão nos dois textos...
 
Primeiro: o que é vida? A vida humana do espírito é realizar provas com o objetivo de alcançar a perfeição e assim viver a prometida felicidade. A partir deste aspecto, outra questão surge: o que é viver a vida humana? Para o espírito viver a vida humana é vivenciar vicissitudes (expiação) e servir de instrumento de Deus para a vicissitude dos outros (cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus)...
 
Agora a consciência começa a ficar mais clara... Viver a vida material, espiritualmente falando, não é nascer, crescer, casar, estudar, ter filhos ou fazer qualquer outra coisa material, mas sim nestes acotnecimentos vivenciar vicissitudes e tornar-se instrumento de Deus para as vicissitudes dos outros. A partir daqui resta uma grande dúvida: o que é vicissitude?
 
A definição que sempre ouvi a respeito deste termo foi "sofrer", passar por situações de sofrimento. Mas, não é isso que o dicionário diz. Lá está escrito que "vicissitude" é a alternância de situações da vida. Ou seja, tanto faz se o ser humano está sofrendo ou se ele está sendo feliz (tendo prazer) isso nada tem de importante para a encarnação, mas sim a alternância entre as duas coisas. A provação do espírito, portanto, não se concentra em ser feliz ou não, mas em ter momentos de felicidade e outros de prazer... É desta alternância de situações, ou dualismo, que nascem as provas que podem levá-lo à viver a prometida felicidade ao alcançar a perfeição.
 
É por isso que, como dizemos, não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe... A existência humana precisa ser marcada por alternância de situações para que ela sirva ao seu propósito: expor o espírito à provações para que ele atinja a perfeição e consiga, então, viver a felicidade prometida... Mas, esta ainda é uma conclusão racional, ou seja, um conhecimento. Como podemos extrair dela elementos práticos para a realização da elevação espiritual?
 
Para isso precisamos juntá-la a outra parte da pergunta 115: Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando... Mais do que vivenciar alternância entre momentos "bons" e "maus", para que o espírito tenha êxito na sua jornada é preciso que ele não murmure nestes momentos... O que seria "murmurar"? Nos momentos "maus" (dor) seria praguejar, ir contra, querer que eles acabem; nos momentos "bons" seria ufanizar-se, exortar-se, ter prazer...
 
Cheguei, portanto, na minha análise, a mais uma definição cultural: alcançar a elevação espiritual é não praguejar contra os momentos "maus" e nem vivenciar o êxtase do prazer ao "sofrer" as vicissitudes que a vida traz. Mas, como disse, isso é ainda uma definição cultural. Como colocar em prática?
 
Para isso precisamos relembrar o ensinamento de Cristo: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo... Até aqui falamos da conhecimento teórico sobre a vida e agora falamos sobre a prática: amar... Se juntarmos as duas coisas, temos, então, a resposta prática que pode nos auxiliar na elevação espiritual: tudo que acontece na vida é programado por Deus para dar ao espírito uma oportunidade dele amar...
 
Mas, os teóricos de plantão poderiam logo dizer: mas Joaquim diz que não sabemos amar... Como fazer, então? Para mim é aí que reside toda prática destes ensinamentos: sentindo-se amado...
 
Para mim a resposta é sempre essa: estou sendo amado... Não importa o que está acontecendo em minha vida busco sempre entender que aquilo é o fruto do amor de Deus por mim ou seja, me dando uma missão para poder aproximar-se mais Dele. Busco ainda entender que as pessoas que se tornam instrumentos para estes acontecimento são espíritos que vestiram um instrumento em harmonia com este mundo e aqui estão para, sob as ordens de Deus, me repassar o amor do Pai...
 
Esta é prática que tanto tenho falado. De nada adianta se conhecer todo o raciocínio que aqui expus sem que no momento da vida não exista esta consciência de estar sendo amado. No entanto, quando falo em ter a consciência de estar sendo amado não me refiro aí à razão, ou seja, ao pensamento, mas sim ao coração, ao íntimo. É nele que busco compreender ser amado por Deus a cada vicissitude mantendo-me em paz, alegria e harmonia com o mundo em que vivo...
 
Sei que tentar entender pela razão isso é um caminho, mas não uma realização. Acho, também que precisamos deste caminho, mas se ficarmos presos apenas em entender que estamos sendo amados, não nos sentiremos realmente amados...
 
Fiquem com Deus...