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  • Pequenos elementos de moral

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Autor Tópico: Pequenos elementos de moral  (Lida 10695 vezes)

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Online Moises de Cerq. Pereira

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Re: Pequenos elementos de moral
« Responder #30 em: 24 de Novembro de 2020, 10:31 »
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PEQUENOS ELEMENTOS DE MORAL
CAPÍTULO XXVIII - DEVERES PARA COM A PÁTRIA

Independentemente desta grande sociedade universal que nos une a todos os homens,
Há grupos mais restritos e mais circunscritos que nos ligam mais particularmente a certos homens.
Os mais importantes desses grupos são a pátria e a família.
Nós já falamos da família, diremos algumas palavras sobre a pátria.
A pátria é uma ideia muito complexa:
Entra aí ao mesmo tempo a ideia do solo que nos viu nascer;
A ideia daqueles que habitam esse solo, e que chamamos nossos compatriotas ou concidadãos;
A ideia de uma língua e de uma história comuns, de uma mesma religião, de um mesmo governo etc.
Nem sempre todos esses elementos se encontram ao mesmo tempo;
Mas quanto mais numerosos são esses elementos, mais a ideia de pátria é firme e sólida, e mais forte é o sentimento correspondente.
É chamado o patriotismo, ao qual se opõe às vezes o cosmopolitismo, quando, atravessando os limites de nossa pátria, consideramos todos os homens como membros de um mesmo estado.
Os deveres para com a pátria são:

1º - O obediência às leis.
Com efeito, nenhuma sociedade pode subsistir sem leis.
A ausência de ordem e de leis numa sociedade é o que se chama anarquia:
É a própria destruição da sociedade;
2º - O respeito pelos magistrados.
Todo magistrado, administrador, soberano é o representante da lei.
Como tal, ele deve ser obedecido e respeitado tanto quanto a própria lei;
3º - O serviço militar.
A pátria precisa de defensores contra aqueles que ameaçam sua independência.
Todos lhe devem seus braços e mesmo sua vida, se for necessário;
4º - As contribuições.
O Estado, como os particulares, não pode administrar seus negócios sem dinheiro.
Daí, para todos os cidadãos, a necessidade de contribuir para as despesas públicas por uma cotização proporcional aos seus recursos.
Essas contribuições devem ser quitadas com exatidão, salvo completa incapacidade.
Não se deve procurar fraudar o Estado de nenhuma maneira;
A esse respeito, a consciência pública é geralmente bastante ampla.
Toda fraude feita ao Estado é um verdadeiro roubo;
5º O voto.
Em nossa sociedade atual, todos os cidadãos têm o direito de votar.
O voto não é somente um direito, é um dever.
Não se deve abster de votar por indiferença, nem votar por medo ou por capricho.
O voto deve ser inteiramente independente, e tanto quanto possível, esclarecido.
Por isso, instruir-se nunca foi tão obrigatório quanto hoje.
Os cidadãos devem saber que têm nas mãos o destino da pátria, que têm de realizar os dois grandes objetos de toda sociedade civilizada: a ordem e a liberdade.

.........................
PEQUENOS ELEMENTOS DE MORAL
De: Paul Janet
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Tradução: Maria Leonor Loureiro
Título original: Pétits Éléments de Morale

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Re: Pequenos elementos de moral
« Responder #31 em: 24 de Novembro de 2020, 10:32 »
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PEQUENOS ELEMENTOS DE MORAL
CAPÍTULO XXIX - JUSTIÇA E CARIDADE

Todos os nossos deveres para com nossos semelhantes foram concentrados em duas grandes classes:
Deveres de justiça,
Deveres de caridade.
A justiça pode ser definida como o respeito aos direitos de outrem.
Ser justo é respeitar os bens, a honra, a liberdade, a família, a vida de seus semelhantes.
A caridade é o devotamento e o sacrifício de si mesmo a outrem.
Pode-se empregar a força e o constrangimento para defender seus direitos:
por exemplo, o credor para ser pago por seu devedor, o homem atacado, para repelir uma agressão injusta.
Mas não se pode empregar a força para obter aquilo de que se precisa.
Assim, podem nos constranger a exercer a justiça, não nos podem constranger à caridade.
A justiça respeita ou restitui.
A caridade dá.
A caridade é um dever, mas um dever que não corresponde a um direito.
Não se pode dizer que não seja obrigatório ser caridoso;
Mas esta obrigação está longe de ser tão precisa, tão inflexível quanto a justiça.
A caridade é o sacrifício.
Ora, quem encontrará a regra do sacrifício, a fórmula da renúncia a si mesmo?
Para a justiça, a fórmula é clara:
Respeitar os direitos de outrem.
A caridade não conhece nem regra, nem limites.
Ela ultrapassa toda obrigação.
Sua beleza está precisamente em sua liberdade.
Não se pode dizer nada mais belo e mais forte sobre a caridade que estas palavras do apóstolo São Paulo:
“Ainda que eu falasse todas as línguas dos homens e dos anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine.
“Ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e que possuísse todas as ciências;
Quando tivesse mesmo toda a fé possível até transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou.
“E, quando houvesse distribuído todos os meus bens para alimentar os pobres e que houvesse entregado meu corpo para ser queimado,(18)
Se não tivesse caridade, tudo 18 isso de nada serviria.
“A caridade é paciente;
É branda e benfazeja;
A caridade não é invejosa;
Não é temerária, nem precipitada;
Não se infla de orgulho;
Não é desdenhosa;
Não cuida de seus interesses;
Não se agasta, nem se azeda com coisa alguma;
Não suspeita mal;
Não se rejubila com a injustiça,
Mas se rejubila com a verdade;
Tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.”(19)

..........................
(18) Quer dizer que os atos não são nada, se o coração não está junto.
(19) São Paulo, I, Cor. XIII, 1-7

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PEQUENOS ELEMENTOS DE MORAL
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Re: Pequenos elementos de moral
« Responder #32 em: 07 de Dezembro de 2020, 11:37 »
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PEQUENOS ELEMENTOS DE MORAL
CAPÍTULO XXX EXISTÊNCIA DE DEUS

Existe um Deus.
O sentimento universal dos homens o atesta.
A ordem do universo o demonstra.
A ordem moral o exige imperiosamente.
1º - Em toda parte em que se encontra o homem, ele se mostra religioso.
Em toda parte, ele invoca um ou vários poderes superiores à natureza.
Ele pode enganar-se sobre a natureza de Deus.
Não se engana sobre sua existência.
2º - A ordem do universo, as revoluções regulares dos astros, as maravilhas da organização animal, a sábia mecânica do corpo humano, tudo comprova um criador inteligente.
Disse um poeta:
"O universo me intriga, e não posso imaginar que esse relógio exista, e não haja relojoeiro."
3º - Deus não é somente o autor da ordem física:
Ele é ainda o autor da ordem moral.
Ele é indispensável à humanidade, como legislador e como juiz.
É ele, como vimos, que nos impõe a lei moral:
É ele que garante sua execução.
Além disso, a ordem da natureza sendo una, e apresentando uma harmonia perfeita, não pode haver senão um único Deus,
Que como princípio de ordem física é chamado sabedoria,
E como princípio de ordem moral é chamado justiça e bondade.
Por fim, como não se pode compreender que essa ordem constituída por Deus não seja por ele vigiada e conservada,
Deus considerado como velando sobre o mundo e conduzindo-o à sua finalidade, é a Providência.
Ninguém falou mais divinamente da Providência do que Sócrates e Platão.
“Aprende, diz Sócrates a um de seus discípulos,
Que tua alma, encerrada no teu corpo, governa-o como lhe agrada.
É preciso, pois, acreditar também que a inteligência que reside no universo dispõe tudo à sua vontade!
O quê! tua vista pode se estender a vários estádios, e o olho da Divindade não poderia abarcar tudo ao mesmo tempo!
Tua alma pode ao mesmo tempo se ocupar de tudo o que acontece aqui, e no Egito e na Sicília, e a inteligência de Deus não seria capaz de pensar em tudo num único instante!
Reconhece então qual é a natureza e a grandeza dessa divindade que pode ao mesmo tempo tudo ver, tudo ouvir, estar presente em toda a parte, e cuidar de tudo o que existe.”
“Não façamos essa injúria a Deus, diz Platão,
De colocá-lo abaixo dos operários mortais;
E estes, à medida que se sobressaem em sua arte, tanto mais se aplicam a acabar e a aperfeiçoar todas as partes de suas obras, sejam elas grandes ou pequenas;
Não digamos então que Deus, que é muito sábio, que quer e pode cuidar de tudo,
Negligencia as pequenas coisas às quais lhe é mais fácil prover, como o faria um operário indolente e covarde aborrecido pelo trabalho...
Não, aquele que cuida de tudo tomou medidas eficazes para manter o universo em sua integridade e em sua perfeição.
Tu mesmo, débil mortal, pequeno como és, entras de alguma forma na ordem geral, e a ela correspondes sem cessar.
Mas não refletes que tudo o que acontece, acontece em vista do todo, a fim que ele viva uma vida mais feliz;
Que nada se faz para ti, e que tu mesmo és feito para o universo;
Que todo médico, todo artesão hábil, dirige todas as suas operações para um todo, tendendo ao bem comum,
E relacionando cada parte ao todo, e não o todo a alguma das partes.
E murmuras, porque ignoras o que é melhor ao mesmo tempo para ti e para o todo, segundo as leis da existência universal.”

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Re: Pequenos elementos de moral
« Responder #33 em: 07 de Dezembro de 2020, 11:38 »
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PEQUENOS ELEMENTOS DE MORAL
CAPÍTULO XXXI - DEVERES PARA COM DEUS

Se há um Deus, ou seja,
Um autor da ordem física e da ordem moral, conservando e vigiando o mundo do qual ele é o pai,
Decorre daí que o homem, fazendo parte desse mundo,
E distinguindo-se das outras criaturas pelo fato de que ele sabe que é filho de Deus,
É obrigado para com esse pai supremo a sentimentos de reconhecimento e de respeito;
Para com esse juiz supremo, a sentimentos de piedade e de esperança, que compõem o que se chama o sentimento religioso.
Os dois principais elementos dos sentimentos religiosos são:
O respeito e o amor.
Esses dois sentimentos confundidos em um único, e dirigindo-se ao ser infinito, são o que se chama a adoração.
A adoração é exclusivamente consagrada à Divindade:
Adorar outros objetos que não a divindade é o que se chama idolatria.
O conjunto dos atos pelos quais se manifesta a adoração chama-se culto.
Se esses atos estão encerrados na alma, é o culto interior;
Se eles se manifestam fora, é o culto exterior.
Pergunta-se se é preciso um culto exterior?
Fénelon responde mostrando que ele é a consequência necessária e natural do culto interior.
“Não se vê, diz ele, que o culto exterior segue necessariamente o culto interior do amor?
Dai-me uma sociedade de homens que se veem como sendo todos juntos na terra apenas uma única família,
Cujo pai está no céu;
Dai-me homens que não vivem senão por amor a esse pai celeste, que não amam o próximo, nem a eles mesmos senão por amor a ele,
E que sejam apenas um coração e uma alma:
Nessa divina sociedade não é verdade que a boca falará incessantemente da abundância do coração?
Eles admirarão o Altíssimo;
Cantarão o Boníssimo;
Eles cantarão seus louvores;
Eles o bendirão por todos os seus benefícios.
Não se limitarão a amá-lo;
Eles o anunciarão a todos os povos do universo;
Quererão reerguer seus irmãos assim que os virem tentados, pela soberba ou pelas paixões grosseiras, a abandonar o Bem-Amado.
Gemerão ao ver o menor arrefecimento do amor.
Eles passarão além dos mares, até ao fim da terra, para fazer conhecer e amar o pai comum dos povos perdidos que esqueceram sua grandeza.
O que chamais vós um culto exterior, se este não é um deles?
Deus seria então tudo em todos;
Ele seria o rei, o pai, o amigo universal;
Seria a lei viva dos corações.
Ah! Se um rei mortal, ou um pai de família atrai por sua sabedoria a estima e a confiança de todos os seus filhos,
Não se vê a toda a hora senão as honras que lhe são prestadas;
Não se deve perguntar-lhe onde está seu culto, nem se lhe é devido um culto.
Tudo o que se faz para honrá-lo, para lhe obedecer e para reconhecer suas graças é um culto contínuo que salta aos olhos.
O que aconteceria então se os homens fossem possuídos pelo amor de Deus!
Sua sociedade seria um culto contínuo, como aquele que nos descrevem dos bem-aventurados no céu.”

...................................
20 Fénelon, Lettres sur la religion [Cartas sobre a religião].

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Re: Pequenos elementos de moral
« Responder #34 em: 12 de Dezembro de 2020, 10:41 »
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PEQUENOS ELEMENTOS DE MORAL
CAPÍTULO XXXII - IMORTALIDADE DA ALMA

A imortalidade da alma é uma verdade que ressalta evidentemente como uma consequência necessária de duas proposições estabelecidas anteriormente:
A primeira,
É que há no homem uma alma distinta do corpo;
A segunda,
É que toda sanção terrestre da lei moral é insuficiente.
Com efeito, se há uma alma distinta do corpo, não é necessário que ela pereça com ele.
Se todas as sanções terrestres são insuficientes, é preciso uma sanção superior e definitiva que restabeleça a harmonia natural da virtude e da felicidade. (21)
Insistamos somente sobre essa segunda razão.
Em princípio, como vimos, a felicidade e o bem deveriam estar em razão direta entre si:
Mas isso não ocorre na vida humana.
Com efeito, podem-se resumir a duas classes os prazeres e as penas que se consideram como sanções da lei moral:
1º - Aqueles que não têm nenhuma relação direta, nenhuma conexão necessária com o bem moral, por exemplo, os prazeres das riquezas ou da saúde.
2º -  Os prazeres que têm uma relação imediata com o bem moral, por exemplo, os prazeres da estima e da consciência.
Os sofrimentos são igualmente de duas espécies:
Aqueles que podem vir do estado do corpo, ou das situações críticas e deploráveis com que o homem está frequentemente às voltas;
Aqueles que se chamam remorsos, que seguem inevitavelmente a violação da lei moral.
Agora, é fácil ver que o bem e a felicidade não estão em harmonia na vida atual.
É fato conhecido que a virtude não é uma égide suficiente para vos proteger contra os golpes da adversidade, e que a imoralidade não vos condena necessariamente à miséria e à dor.
É evidente que um homem corrompido e mau pode nascer com todas as vantagens do gênio, da fortuna, da saúde;
Um homem honesto pode nascer deserdado de todos esses pontos.
Não há nisso nem injustiça, nem acaso:
Mas isso prova que a harmonia do bem moral e da felicidade não foi reservada a esta terra.
Quanto aos prazeres e às penas da consciência, é ainda evidente que não são suficientes.
Com efeito, os prazeres dos sentidos podem aturdir e abafar a voz do remorso;
E é preciso dizer também, embora isso seja ainda mais triste,
Que às vezes o impiedoso encarniçamento da desgraça embota, numa alma honesta, o prazer da virtude;
E os esforços dolorosos que ela acarreta podem acabar por apagar, num homem cansado da vida, os gozos calmos e doces que ela propicia.
Se tal é a desproporção e o desacordo entre os prazeres e as penas internas com o mérito moral daquele que as experimenta,
O que será da sanção toda exterior que consiste nas recompensas e castigos que a justiça dos homens tão desigual distribui?
Não falo somente das penas legais;
Sabe-se que elas caem às vezes sobre o inocente, que com frequência elas são poupadas ao culpado,
Que quase sempre elas são desproporcionais, pois a lei pune o crime sem buscar determinar de maneira absolutamente exata o valor moral da ação.
Mas falo também das penas e das recompensas da opinião, da estima e do desprezo.
São elas sempre na proporção exata do mérito?
De todas estas observações, resulta que a lei de harmonia entre o bem e a felicidade não é deste mundo;
Que há sempre desacordo, ou pelo menos desproporção, entre o mérito moral e os prazeres da sensibilidade.
Daí a necessidade de uma sanção superior da qual Deus se reserva o meio e o momento. “Quanto mais entro em mim, diz um filósofo, mais eu me consulto e mais leio estas palavras escritas em minha alma:
Sê justo e serás feliz.
Porém não é o que acontece, a considerar o estado presente das coisas:
O mau prospera e o justo resta aflito.
Vede também que indignação se acende em nós quando essa expectativa é frustrada!
A consciência se ergue e murmura contra seu autor;
Ela lhe grita gemendo:
Tu me enganaste!
Eu te enganei, temerário!
Quem te disse isso?
Tua alma está aniquilada?
Cessaste de existir?
Ó Brutus!
Ó meu filho, não macules tua nobre vida pondo-lhe fim:
Não deixes tua esperança e tua glória com teu corpo nos campos dos Philippes.
Por que, dizes tu:
A virtude não é nada, quando vais gozar o prêmio da tua?
Vais morrer, pensas tu:
Não, vais viver, e é então que cumprirei o que prometi.
Dir-se-ia, pelos murmúrios dos impacientes mortais, que Deus lhes deve a recompensa antes do mérito, e que ele é obrigado a pagar sua virtude de antemão.
Oh! Sejamos bons primeiramente, e depois seremos felizes.
Não exijamos o prêmio antes da vitória, nem o salário antes do trabalho.
Não é na liça, dizia Plutarco, que os vencedores de nossos jogos sagrados são coroados, é depois que eles a percorreram.
“Aqui embaixo, mil paixões ardentes absorvem o sentimento íntimo, e dão o troco aos remorsos; as humilhações, as desgraças que o exercício das virtudes atrai, impedem de sentir todos os seus encantos.
Todavia, quando libertados das ilusões que corpo e os sentidos nos dão, gozaremos da contemplação do Ser supremo e das verdades eternas de que ele é a fonte;
Quando a beleza da ordem impressionar todas as potências da nossa alma, e estivermos ocupados unicamente em comparar o que fizemos com o que deveríamos ter feito,
É então que a voz da consciência retomará sua força e seu império;
É então que a volúpia pura que nasce do contentamento de si mesmo,
E o pesar amargo de se ter aviltado, distinguirão por sentimentos inesgotáveis a sorte que cada um terá preparado para si.
Não me pergunteis, ó meu bom amigo!
Se haverá outras fontes de felicidade e de penas;
Ignoro-o;
E bastam aquelas que imagino para me consolar desta vida, e fazer-me esperar uma outra.
Não digo que os bons serão recompensados;
Pois que outro bem pode esperar um ser excelente que não o de existir segundo sua natureza?
Mas digo que eles são felizes porque seu autor, o autor de toda justiça, tendo-os feito sensíveis, não os fez para sofrer;
E que, não tendo abusado de sua liberdade na terra, não enganaram seu destino com suas faltas:
Sofreram no entanto nesta vida, serão então recompensados numa outra.
Esse sentimento está menos fundado no mérito do homem do que na noção de bondade que me parece inseparável da essência divina.
Não faço mais do que supor as leis da ordem observadas, e Deus constante a ele próprio.” (22)

F I M

.............................
21- Provar a sua liberdade é revelar a sua dignidade.
A perspectiva da responsabilidade fora da lei humana é o mais poderoso elemento moralizador:
É o objetivo ao qual conduz o Espiritismo pela força das coisas." (Revista Espírita, março de 1869 - A carne é fraca - Estudo fisiológico e moral) (N.R)
22- Rousseau, Émile

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