Forum Espirita

*
  • Moderadores
  • Regras
  • Sobre
  • FAQs
  • Contactos
Por favor Entre ou registe-se.

Entrar com nome de utilizador, password e duração da sessão
  • Início
  • Pesquisa
  • Contato
  • Salas de Chat
  • Entrar
  • Registe-se
  • Forum Espirita »
  • GERAL »
  • Outros Temas »
  • Livros Espíritas »
  • Obras Póstumas |Allan Kardec 📘

Aumentar pontos de Participação:  
O que pensa sobre esta mensagem?
Gostei Não gostei  
Comentar:

« anterior seguinte »
  • Imprimir
Páginas: 1 2 3 [4] 5 6 ... 8   Ir para o fundo

Autor Tópico: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘  (Lida 16065 vezes)

0 Membros e 2 Visitantes estão a ver este tópico.

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #45 em: 14 de Junho de 2020, 18:21 »
0Gostou?
V. Dupla natureza de Jesus

Poder-se-ia objetar que, em razão da dupla natureza de Jesus, suas palavras eram a expressão de seu sentimento como homem, e não como Deus. Sem examinar, neste momento, por qual encadeamento de circunstâncias se conduziu, bem mais tarde, à hipótese dessa dupla natureza, admitamo -la, por um instante, e vejamos se, em lugar de elucidar a questão, ela não a complica mais, ao ponto de torná -la insolúvel.

O que devia ser humano em Jesus era o corpo, a parte material; deste ponto de vista compreende-se que ele haja mesmo podido sofrer como homem. O que devia ser divino nele era a alma, o Espírito, o pensamento, em uma palavra, a parte espiritual do Ser. Se sentia e sofria como homem, deveria pensar e falar como Deus. Ele falou como homem ou com o Deus? Está aí uma questão importante pela autoridade excepcional de seus ensinamentos. Se falou como homem, suas palavras são discutíveis; se falou como Deus elas são indiscutíveis; é preciso aceitá-las e a elas se conformar sob pena de deserção e de her esia; o mais ortodoxo seria aquele que delas se aproximasse mais.

Dir-se-á que, sob o envoltório corpóreo, Jesus não tinha consciência de sua natureza divina? Mas, se fora assim, não teria mesmo pensado como Deus , sua natureza divina teria ficado no estado latente; só a natureza humana teria presidido à sua missão, aos seus atos morais como aos seus atos materiais. É, pois, impossível fazer abstração de sua natureza divina durante a sua vida, sem enfraquecer a sua autoridade.

Mas se falou como Deus, por que esse incessante protesto contra a sua natureza divina que, nesse caso, não podia ignorar? Estaria, pois, enganado, o que seria pouco divino, ou teria conscientemente enganado o mundo, o que o seria ainda menos. Parece -nos difícil sair desse dilema.

Admitindo-se que falou ora como homem, ora como Deus, a questão se complica, pela impossibilidade de distinguir o que vinha do homem e o que vinha de Deus.

No caso, onde haveria tido motivos para dissimular a sua verdadeira natureza durante a sua missão, o meio mais simples era dela não falar, ou se exprimir como o fez em outras circunstâncias, de maneira vaga e parabólica, sobre os pontos cujo conhecimento estava reservado para o futuro; ora, tal não é aqui o caso, uma vez que as suas palavras não têm nenhuma ambiguidade.

Enfim, se, apesar de todas essas considerações, se pudesse ainda supor que, quando vivo, ignorou a sua verdadeira natureza, essa opinião não é mais admissível depois da sua ressurreição; porque, quando aparece aos seus discípulos, não é mai s o homem que fala, é o Espírito desligado da matéria, que deve ter recobrado a plenitude de suas faculdades espirituais e a consciência de seu estado normal, de sua identificação com a divindade; e, entretanto, é então que diz: Eu subo para o meu Pai e vo sso Pai, para o meu Deus e vosso Deus!

A subordinação de Jesus é ainda indicada pela sua própria qualidade de mediador, que implica a existência de uma pessoa distinta; é ele que intercede junto de seu Pai; que se oferece em sacrifício para resgatar os pe cadores; ora, se é Deus, ele mesmo, ou lhe era igual em todas as coisas, não tinha necessidade de interceder, porque não se intercede junto de si mesmo.

Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #46 em: 14 de Junho de 2020, 18:24 »
0Gostou?
VI. Opinião dos Apóstolos

Até o presente, apoiamo-nos exclusivamente nas próprias palavras do Cristo, como o único elemento peremptório de convicção, porque fora disso não pode haver senão opiniões pessoais.

De todas essas opiniões, as que têm mais valor, incontestavelmente, são as dos apóstolos, tendo em vista que eles o assistiram em sua missão, e que, se lhes deu instruções secretas quanto à sua natureza, delas se encontrará traços em seus escritos. Tendo vivido em sua intimidade, melhor do que quem quer que seja, deveriam conhecê -lo. Vejamos, pois, de que maneira o consideraram.

“Ó Israelitas, escutai as palavras que vou vos dizer: Sabeis que Jesus de Nazaré foi um homem que Deus tornou célebre entre vós pelas maravilhas, pelos prodígios e pelos milagres que fez por ele no vosso meio. – Entretanto, o crucificastes, e o fizestes morrer pelas mãos dos maus, tendo -o entregue por uma ordem expressa da vontade de Deus e por um decreto de sua presciência. – Mas Deus o ressuscitou , parando as dores do inferno, sendo impossível que ali fosse retido. – Porque Davi disse em seu nome: Tenho s empre o Senhor presente diante de mim, porque ele está à minha direita, a fim de que eu não seja abalado. – É por isso que o meu coração está alegre, que a minha língua cantou cânticos de alegria, e que mesmo a minha carne repousará em esperança; – porque não deixareis, minha alma no inferno, e que não permitis nunca que vosso Santo sofra a corrupção. – Vós me fizestes conhecer o caminho da vida, e me enchereis com a alegria que dá a visão do vosso rosto.” (Atos dos Apóstolos, cap. II, v. 22 a 28. Pregação de São Pedro.)

“Depois, portanto, que foi elevado pelo poder de Deus, e que recebeu o cumprimento da promessa de que o Pai lhe enviara o Santo Espírito, ele difundiu esse Espírito Santo que vedes e entendeis agora; – porque Davi nunca subiu ao céu; – ora, ele mesmo disse: O Senhor disse ao meu Senhor: Sentai-vos à minha direita, até que eu haja reduzido os vossos inimigos a vos servir de escabelo. – Que toda a casa de Israel saiba, pois, muito certamente que Deus fez Senhor e Cristo esse Jesus que crucific astes.” (Atos dos Apóstolos, capítulo II, v. de 33 a 36, Pregações de São Pedro.)

“Moisés disse aos nossos pais: O Senhor vosso Deus vos suscitará, dentre os vossos irmãos, um profeta como eu ; escutai-o em tudo o que vos dirá. – Quem não escutar esse profeta será exterminado do meio do povo.

“Foi por vós primeiramente que Deus suscitou seu filho , e vo-lo enviou para vos bendizer, a fim de que cada um se convertesse de sua má vida.” (Atos dos Ap., cap. III, v. 22, 23, 26. Pregação de São Pedro.)

“Nós vos declaramos, a todos vós e a todo povo de Israel, que é pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo de Nazaré , o qual haveis crucificado, e que Deus ressuscitou dentre os mortos; foi por ele que este homem está agora curado como o vedes diante de vós.” (Atos dos Ap., cap. IV, v. 10. Pregação de São Pedro.)

“Os reis da Terra foram levantados, os príncipes se uniram juntos contra o Senhor e contra seu Cristo. – Porque Herodes e Pôncio Pilatos, com os Gentios e o povo de Israel, verdadeiramente se puseram de acordo , nesta cidade, contra vosso santo Filho Jesus, que consagrastes pela vossa unção, para fazer tudo o que o vosso poder e o vosso conselho ordenaram dever ser feito.” (Atos dos Ap. cap. IV, v. 26, 27, 28. Prece dos Apóstolos.)

“Pedro e os outros apóstolos responderam: é necessário antes obedecer a Deus do que aos homens. – O Deus de nossos Pais ressuscitou Jesus que fizestes morrer dependurando-o no madeiro. – Foi ele que Deus elevou para a sua direita como sendo o príncipe e o salvador, para dar a Israel a graça da penitência e a remissão dos pecados.” (V. Atos dos Ap., cap. V, v. 29, 30, 31. Respostas dos Apóstolos ao grande sacerdote.)

“Foi esse Moisés que disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta como eu, escutai-o.

“Mas o Mais Alto não habita, nos templos feitos pela mão dos homens, segundo esta palavra do profeta: – O céu é o meu trono, e a terra é o meu escabelo. Que casa me edificareis, disse o Senhor? E qual poderia ser o lugar de meu repouso? “( Atos dos Apóstolos, cap. VII, v. 37, 48, 49. Discurso de Estêvão.)

“Mas Estêvão, estando cheio do Santo Espírito, e levantando os olhos aos céus, viu a glória de Deus, e Jesus que estava de pé à direita de Deus, e ele disse: Vejo abertos os céus, e o Filho do homem que está de pé à direita de Deus.

“Então, lançando grandes gritos, e tapando os ouvidos, lançaram -se juntos sobre ele; – e tendo-o arrastado fora dos muros da cidade, lapidaram -no; e as testemunhas depuseram as sua vestes aos pés de um jovem chamado Saulo (mais tarde São Paulo). – Assim lapidaram Estêvão, e invocava Jesus, e dizia: Senhor Jesus, recebei o meu Espírito.” (Atos dos Apóstolos, cap. VII, v. de 55 a 58. Martírio de Estêvão)

 Continua

« Última modificação: 14 de Junho de 2020, 18:30 by Edna☼ »
Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #47 em: 14 de Junho de 2020, 18:25 »
0Gostou?
Estas citações testemunham claramente o caráter que os apóstolos atribuíam a Jesus. A ideia exclusiva que delas ressalta é a de sua subordinação a Deus, da constante supremacia de Deus, sem que nada ali revele um pensamento de assimilação qualquer de natureza e de poder. Para eles, Jesus era um homem profeta, escolhido e bendito por Deus. Não foi, pois, entre os apóstolos que a crença na divindade de Jesus nasceu. São Paulo, que não conhecera Jesus, mas que, de ardente perseguidor se tornou o mais zeloso e o mais eloquente discípulo da fé nova, e cujos escritos prepararam os primeiros formulários da religião cristã, não é menos explícito a esse respeito. É o mesmo sentimento de dois seres distintos, e da supremacia do Pai sobre o filho.

“Paulo, servidor de Jesus Cristo, apóstolo da vocação divina, escolhido e destinado para anunciar o evangelho de Deus, – que ele prometera antes, pelos seus profetas, nas escrituras santas, – com respeito a seu filho, que lhe nasceu, segundo a carne, do sangue e da raça de Davi ; – que foi predestinado para ser filho de Deus, num soberano poder, segundo o Espírito de santidade, pela ressurreição dentre os mortos; com respeito, disse eu, a Jesus Cristo, nosso Senhor; – por quem recebemos a graça do apostolado, para fazer obedecer, ao mesmo tempo, todas as nações pela virtude de seu nome; – na fileira das quais estais também, como sendo chamadas por Jesus Cristo; – a vós que estais em Roma, que sois queridos de Deus, e chamados para serem santos; que Deus, nosso Pai, e Jesus Cristo, nosso Senhor, vos deem a graça e a paz.” (Romanos , cap. I, v. 1 a 7.)

“Assim, estando justificados pela fé, tenhamos a paz com Deus por Jesus Cristo,
nosso Senhor.

“Pois por que, quando estávamos na languidez do pecado, Jesus Cristo morreu por ímpios como nós, no tempo destinado por Deus ?

“Jesus Cristo não deixou de morrer por nós no tempo destinado por Deus. Assim, estando agora justificados pelo seu sangue, seremos com mais forte razão livrados por ele da cólera de Deus.

“E não somente fomos reconciliados, a nós, nos glorificamos mesmo em Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor, por quem obtivemos essa reconciliação.

“Se pelo pecado de um só vários morreram, a misericórdia e o dom de Deus se derramaram, com mais forte razão, abundantemente, sobre vários pela graça de um só homem, que é Jesus Cristo.” (Romanos, cap. V, v. 1, 6, 9, 11, 15, 17.)

“Se somos filhos, somos também herdeiros; HERDEIROS de Deus e CO- HERDEIROS de Jesus Cristo, desde que, todavia, soframos com ele.” ( Romanos, cap. VIII, v. 17.)

“Se vos confessais de boca que Jesus Crist o é o Senhor e se credes de coração que
Deus o ressuscitou dentre os mortos , sereis salvos.” (Romanos, cap. X, v. 9.)

“Em seguida virá a consumação de todas as coisas, quando terá entregue o seu reino a Deus, seu Pai, e tiver destruído todo império, toda dominação, todo poder, – porque Jesus Cristo deve reinar até que seu Pai tenha posto todos os seus inimigos sob os pés. – Ora, a morte será o último inimigo que será destruído; porque as Escrituras disseram que Deus os pôs todos sob os pés e a todos sujeit ou-lhe; é indubitável que nisso é preciso excetuar aquele que sujeitou todas as coisas . – Quando, pois, todas as coisas estiverem submetidas ao Filho, quando o Filho estiver, ele mesmo, submetido a aquele que lhe terá submetido todas as coisas, a fim de que Deus seja tudo em todos.” ( 1ª. aos Coríntios, cap. XV, v. de 24 a 28.)

“Mas veremos que Jesus, que se tornara, por um pouco de tempo, inferior aos anjos, foi coroado de glória e de honra por causa da morte que sofreu; Deus, em sua bondade, tendo querido que ele morresse por todos, – porque era bem digno de Deus, por quem e para quem são todas as coisas, que, querendo conduzir à glória vários filhos, consumou e aperfeiçoou pelo sofrimento , aquele que deveria ser o chefe e o autor de sua salvação.

“Assim, aquele que santifica e aqueles que são santificados, vêm todos de um mesmo princípio; é por isso que não ruboriza ao chamá -los seus irmãos, – dizendo: Eu anunciarei o vosso nome aos meus irmãos; eu cantarei os vossos louvores no meio da assembleia de vosso povo. – E, alhures, porei a minha confiança em Deus. E em um outro lugar: eis -me com os filhos que Deus me deu .

“Eis porque foi necessário que fosse em tudo semelhante aos seus irmãos, para ser para com Deus um pontífice compassivo e fiel em seu ministro, a fim de expiar os pecados do povo. – porque foi das penas e dos próprios sofrimentos, pelos quais foi tentado e provado, que tirou a virtude e a força de socorrer aqueles que, são também tentados.” (Hebreus, cap. II, v. de 9 a 13, 17, 18.)

“Portanto, vós meus santos irmãos, que tendes parte na vocação celeste, considerai Jesus, que é o apóstolo e o pontífice da religião que professamos; – que é fiel àquele que o estabeleceu nesse cargo , como Moisés lhe foi fiel em toda sua casa; – porque ele foi julgado digno de uma glória tanto maior do que a de Moisés, do que aquele que edificou a casa, e mais estimável do que a própria casa; porque não há casa que não haja sido construída por alguém. Ora, aquele que é o arquiteto e o criador de todas as coisa s é Deus.” (Hebreus, cap . III, v. de 1 a 4.)

Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #48 em: 14 de Junho de 2020, 18:26 »
0Gostou?
VII. Predição dos profetas, com relação a Jesus

Além das afirmações de Jesus e da opinião dos apóstolos, há um testemunho do qual os mais ortodoxos dos crentes não saberiam contestar o valor, uma vez que o apontam constantemente como artigo de fé; é o do próprio Deus; quer dizer, o dos profetas, falando sob a inspiração e anunciando a vinda do Messias. Ora, eis as passagens da Bíblia consideradas como a predição desse grande acontecimento.

“Eu o vejo, mas n ão agora; eu o vejo mas não de perto; uma estrela procede de Jacó, e um cetro se levanta de Israel e trespassa os chefes de Moab, e destruirá todos os filhos de Seth.” (Números, XXIV, v. 17.)

“Eu lhes suscitarei um profeta, como tu, de entre seus irmãos, e colocarei as minhas palavras em sua boca, e lhes dirá ele o que eu lhe tiver ordenado . E ocorrerá que, quem não escutar as palavras que dirá em meu nome , disso lhe pedirei conta.” (Deuteronômio. XVIII, v. 18, 19.)

“Ocorrerá, pois, quando os dias tiverem se cumprido para lá levar -te com teus pais que farei levantar a tua posteridade depois de ti, um dos teus filhos, e estabelecerei o seu reino, e ele me construirá uma casa, e afirmarei seu trono para sempre. Eu lhe serei pai e ele me será filho ; e não retirarei a minha misericórdia dele, como a retirei daquele que foi antes de ti, e o estabelecerei em minha casa e em meu reino para sempre, e seu trono será afirmado para sempre.” (I, Paralipômenos, XVII, v. de 11 a 14.)

“É porque o próprio Senhor vos da rá um sinal. Eis: uma virgem ficará grávida, e ela parirá um filho, e será chamado seu nome Emmanuel.” (Isaías, VII, v. 14.)

“Porque a criança nos nasceu, o Filho nos foi dado, e o poder foi posto sobre o seu ombro, e se chamará seu nome o Admirável, o Co nselheiro, o Deus forte, o Poderoso, o Pai da eternidade, o Príncipe da paz.” (Isaías, IX, v. 5)

“Eis meu servidor, eu o sustentarei; é o meu eleito, minha alma nele colocou sua afeição; coloquei o meu Espírito sobre ele ; ele exercerá a justiça entre as n ações.

“Não se retirará nunca, nem se precipitará nunca, até que haja estabelecido a justiça sobre a Terra, e os seres se detiverem à sua lei.” (Isaias, XLII, v. 1 e 4.)

“Ele gozará do trabalho de sua alma, e nisso será saciado; e meu servidor justo nisso justificará vários, pelo conhecimento que terão dele e ele mesmo levará suas iniquidades.” (Isaías, LIII, v. 11.)

“Rejubila-te extremamente, filha de Sião; lance gritos de alegria, filha de Jerusalém! Eis: teu rei virá a ti, justo e salvador humilde, e montará sobre um asno, e sobre o potro de uma jumenta. E proibirei os carros de guerra de Efraim, e os cavalos de Jerusalém, e o arco do combate será também proibido e teu rei falará de paz às nações; e seu domínio se estenderá desde um mar ao outro mar, e desde o rio até os confins da Terra.” (Zacarias, IX, v. 9, 10.)

“E ele (o Cristo) se manterá, e governará pela força do Eterno, e com a magnificência do nome do Eterno, seu Deus. E eles farão as pazes, e agora será glorificado até os confins da Terra, e será ele que fará a paz. (Miquéias, V, v. 4.)

A distinção entre Deus e seu enviado futuro está caracterizada da maneira mais formal; Deus o designa seu servidor, por consequência seu subordinado; em suas palavras, nada há que implique a ideia de igualdade de poder, nem de consubstancialidade entre as duas pessoas. Deus ter-se-ia enganado, e os homens vindos três séculos após Jesus Cristo teriam visto mais justo do que ele? Tal parece ser a sua pretensão.

Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #49 em: 14 de Junho de 2020, 18:28 »
0Gostou?
VIII. O Verbo se fez carne

“No começo era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. – Ele estava no começo com Deus. – Todas as coisas foram feitas por ele; e nada do que fez não fez sem ele. – Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens; – E a luz brilhou nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

“Houve um homem enviado de Deus que se chamava João. – Ele veio para servir de testemunha, para dar testemunho à luz, a fim de que todos cressem por ele. – Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho daquele que era a luz.

“Aquela era a verdadeira luz que clareia todo homem vindo neste mundo. – Ele estava no mundo e o mundo nada fez por ele, e o mundo não o conheceu. – Ele veio aos seus e os seus não o receberam. – Mas deu a todos aqueles que o receberam o poder de serem feitos filhos d e Deus, àqueles que creram em seu nome, que não são nascidos do sangue nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo.

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós; e vimos a sua glória, sua glória tal quanto o Filho único deveria rece bê-la do Pai; ele, digo eu, habitou entre nós, cheio de graça e de verdade.” (João, cap. 1º, v. de 1 a 14.)

Esta passagem dos Evangelhos é a única que, à primeira vista, parece encerrar implicitamente uma ideia de identificação entre Deus e a pessoa de Je sus; é também aquela sobre a qual se estabeleceu, mais tarde, a controvérsia a este respeito. Essa questão da divindade de Jesus não chegou senão gradualmente; nasceu das discussões levantadas a propósito das interpretações dadas, por alguns, às palavras Verbo e Filho. Não foi senão no quarto século que ela foi adotada, em princípio, por uma parte da Igreja. Esse dogma é, pois, o resultado de uma decisão dos homens e não de uma revelação divina.

Há de início a notar que, as palavras que citamos mais acima, são de João, e não de Jesus, e que, admitindo que não hajam sido alteradas, não exprimem, em realidade, senão uma opinião pessoal, uma indução onde se encontra o misticismo habitual de sua linguagem; elas não poderiam, pois, prevalecer contra as afirmaçõe s reiteradas do próprio Jesus.

Mas, aceitando-as tais quais são, elas não resolvem de nenhum modo a questão no sentido da divindade, porque se aplicariam igualmente a Jesus, criatura de Deus.

Com efeito, o Verbo é Deus, porque é a palavra de Deus. Tendo Jesus recebido essa palavra diretamente de Deus, com a missão de revelá -la aos homens, assimilou -a; a palavra divina, da qual estava penetrado, se encarnou nele; trouxe -a ao nascer, e foi com razão que Jesus pôde dizer: O Verbo se fez carne, e habitou entr e nós. Jesus pode, pois, estar encarregado de transmitir a palavra de Deus sem ser Deus, ele mesmo, como um embaixador transmite as palavras de seu soberano, sem ser o soberano. Segundo o dogma da divindade, é Deus que fala; na outra hipótese, ele fala pel a boca de seu enviado, o que não rouba nada à autoridade de suas palavras.

Mas quem autoriza essa suposição antes do que outra? A única autoridade competente para decidir a questão são as próprias palavras de Jesus, quando disse: ” Eu nunca falei de mim mesmo, mas aquele que me enviou me prescreveu , por seu mandamento o que devo dizer; – minha doutrina não é a minha doutrina, mas a doutrina daquele que me enviou, a palavra que ouvistes não é, minha palavra, mas a de meu Pai que me enviou.” É impossível exprimir-se com mais clareza e precisão.

A qualidade de Messias ou enviado, que lhe é dada em todo o curso dos Evangelhos, implica uma posição subordinada com relação àquele que ordena; aquele que obedece não pode estar igual àquele que manda. João caracteri za essa posição secundária, e, por consequência, estabelece a dualidade das pessoas quando disse: E vimos a sua glória, tal quanto “o Filho único deveria receber do Pai”; porque aquele que recebe não pode ser igual àquele que dá, e aquele que dá a glória n ão pode ser igual àquele que a recebe. Se Jesus é Deus, possui a glória por si mesmo e não a espera de ninguém; se Deus e Jesus são um único ser sob dois nomes diferentes, não poderia existir entre eles nem supremacia, nem subordinação; desde então, que não há paridade absoluta de posição, é que são dois seres distintos.

A qualificação de Messias divino não implica a igualdade entre o mandatário e o mandante, como a do enviado real entre um rei e seu representante.

Jesus era um messias divino pelo duplo m otivo que tinha a sua missão de Deus, e que as suas perfeições o colocavam em relação direta com Deus.



Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #50 em: 14 de Junho de 2020, 18:29 »
0Gostou?
IX. O Filho de Deus e o Filho do homem

O título de Filho de Deus, longe de implicar a igualdade, é bem antes o indício de uma submissão; ora, deve estar submetido a alguém e não a si mesmo.

Para que Jesus fosse o igual absoluto de Deus, seria necessário que fosse como ele, de toda a eternidade, quer dizer, que fosse incriado; ora, o dogma diz que Deus o engendrou de toda a eternidade; mas quem disse engendrar diz criar; que isso seja, ou não, de toda a eternidade, não se é menos uma criatura, e, como tal, subordinada a seu Criador; é a ideia implícita encerrada na palavra Filho.

Jesus nasceu no tempo? De outro modo dito: foi um tempo na eternidade, na ete rnidade passada, onde ele não existia? Ou bem é co -Eterno com o Pai? Tais são as sutilezas sobre as quais discutiu-se durante os séculos. Sobre qual autoridade se apoia a doutrina da co- eternidade passada ao estado de dogma? Sobre a opinião dos homens que a estabeleceram. Mas esses homens, por qual autoridade fundaram a sua opinião? Isso não é sobre a de Jesus, uma vez que se declara subordinado; não é sobre a dos profetas que o anunciam como o enviado e o servidor de Deus. Em quais documentos desconhecidos , mais autênticos do que os Evangelhos encontraram essa doutrina? Aparentemente, na consciência e na superioridade de suas próprias luzes.

Deixemos, pois, essas vãs discussões que não poderiam terminar, e cuja solução mesmo, se fora possível, não tornaria os homens melhores. Digamos que Jesus é Filho de Deus, como todas as criaturas; ele o chama seu Pai como nós aprendemos a chamar nosso Pai. É o Filho bem-amado de Deus porque, tendo chegado à perfeição que o aproxima de Deus, possui toda a sua confiança e todo o seu afeto; ele se diz, ele mesmo, Filho único, não que seja o único ser chegado a esse grau, mas porque só ele estava predestinado a cumprir essa missão sobre a Terra.

Se a qualificação de Filho de Deus parecia apoiar a doutrina da divindade, não era, do mesmo modo daquela do Filho do homem que Jesus se deu em sua missão, e que fez o assunto de muitos comentários.

Para melhor compreender -lhe o verdadeiro sentido, é necessário remontar à Bíblia, onde est á dada por ele mesmo ao profeta Ezequiel.

“Tal foi a imagem da glória do Senhor que me foi apresentada. Tendo, pois, visto essas coisas, lancei meu rosto por terra: e ouvi uma voz que me falava e disse: Filho do homem, tende-vos sobre os vossos pés e eu f alarei convosco. – E o Espírito, tendo me falado da sorte, entrou em mim, e me firmou sobre os meus pés e eu o ouvi que me falava e me dizia: Filho do homem, eu vos envio aos filhos de Israel, para um povo apóstata que se retirou de mim. Violaram até este dia, eles e seus pais, a aliança que fiz com eles.” (Ezequiel, cap. II, v. 1, 2, 3.)

“Filho do homem, eis que vos prepararam os grilhões; a eles vos prenderão e deles não saireis nunca.” (Cap. III, v. 25.)

“O Senhor me dirigiu ainda a sua palavra e me di sse: – E vós, Filho do homem, eis o que disse o Senhor Deus à terra de Israel: o fim vem; ele vem, esse fim, sobre os quatro cantos desta terra.” (Cap. VII, v. 1, 2.)

“No décimo dia, do décimo mês, do nono ano, o Senhor me dirigiu a palavra e me disse: – Filho do homem, marcai bem esse dia que o rei de Babilônia reuniu as sua tropas diante de Jerusalém.” (Cap. XXIV, v. 1, 2.)

“O Senhor me disse ainda estas palavras: – Filho do homem, vou vos ferir com uma ferida e vos arrebatar o que é mais agradável aos vossos olhos; mas não fareis nunca lamentos fúnebres; não chorareis nunca, e as lágrimas nunca correrão em vosso rosto. – Suspirareis em segredo, e não fareis luto nunca como foi feito para os mortos; vossa coroa permanecerá ligada sobre a vossa cabeça, e tereis vossos sapatos em vossos pés: não cobrireis o rosto e não comereis nunca a carne que se dá àqueles que estão no luto. – Eu falei, pois, de manhã ao povo, e à noite minha mulher morreu. No dia seguinte de manhã, fiz o que Deus me ordenara. (Cap. XXIV , v. de 15 a 18.)

“O Senhor me falou ainda e me disse: Filho do homem, profetizai com respeito aos pastores de Israel; profetizai e dizei aos pastores: Eis o que disse o Senhor Deus: Infelizes os pastores de Israel que apascentam a si mesmos: os pastores não apascentam os seus rebanhos?” (Cap. XXXIV, v. 1, 2.)

“Então eu ouvi que me falava, no interior da casa; e o homem que estava próximo de mim me disse: – Filho do homem, eis aqui o lugar de meu trono: o lugar onde porei os meus pés, e onde permanecerei para sempre no meio dos filhos de Israel, e a casa de Israel não profanará mais meu santo nome no futuro, nem eles, nem seus reis, por suas idolatrias, pelos sepulcros de seus reis, nem pelos seus nobres.” (Cap. XLIII, v. 6, 7.)

“Porque Deus nunca ameaça como os homens, e não entra nunca em furor como o
Filho do homem.” (Judite, Cap. VIII, v. 15.)

É evidente que a qualificação de Filho do homem quer dizer isto: que nasceu do homem , por oposição àquilo que está fora da Humanidade. A última citação, tirada do livro de Judite, não deixa dúvida sobre o significado desta palavra, empregada num sentido muito literal. Deus não designou Ezequiel senão sob esse nome, sem dúvida para lhe lembrar que, apesar do dom da profecia que lhe foi concedido, com isso não pert encia menos à Humanidade, e a fim de que não se cresse de uma natureza excepcional.

Jesus se dá a si mesmo essa qualificação com uma persistência notável, porque não é senão em muito raras circunstâncias que se diz Filho de Deus. Em sua boca não pode ter outro significado que o de lembrar que, também ele, pertence à Humanidade: por aí se assimila aos profetas que o precederam e aos quais se comparou fazendo alusão à sua morte, quando disse: JERUSALÉM QUE MATA OS PROFETAS? A insistência que coloca em se designar como filho do homem, parece um protesto antecipado contra a qualidade que prevê que dar – se-lhe-á mais tarde, a fim de que seja bem constatado que ela não saiu de sua boca.

É notável que, durante essa interminável polêmica que apaixonou os homens dur ante uma longa série de séculos, e dura ainda, que acendeu as fogueiras e fez verter ondas de sangue, disputou-se sobre uma abstração, a natureza de Jesus, da qual se fez a pedra angular do edifício, embora disso não haja falado; e que se haja esquecido um a coisa, a de que o Cristo disse ser toda a lei e os profetas : o amor de Deus e do próximo, e a caridade, da qual fez a condição expressa de salvação. Agravou -se sobre a questão da afinidade de Jesus com Deus, e se passou completamente sob silêncio as virt udes que ele recomendou e das quais deu o exemplo.

O próprio Deus, se apagou diante da exaltação da personalidade do Cristo. No símbolo de Nicéia, está dito simplesmente: Cremos em um Deus único, etc.; mas como é esse Deus? De nenhum modo se fez menção ao s seus atributos essenciais: a soberana vontade e a soberana

justiça. Essas palavras seriam a condenação dos dogmas que consagram sua parcialidade para com certas criaturas, sua inexorabilidade, seu ciúme, sua cólera, seu espírito vingativo, dos quais se autoriza para justificar as crueldades cometidas em seu nome.

Se o símbolo de Nicéia, que se tornou o fundamento da fé católica, estava segundo o Espírito do Cristo, por que o anátema com que o termina? Não é a prova de que é obra da paixão dos homens? Aliás, a que se deve a sua adoção? À pressão do imperador Constantino que disso fizera uma questão mais política do que religiosa. Sem a sua ordem, o Concílio de Nicéia não ocorreria; sem a intimidação que exerceu, é mais do que provável que o Arianismo o arrebataria. Portanto, dependeu da autoridade soberana de um homem que não pertencia à Igreja, que reconheceu mais tarde o erro que fizera politicamente, e que inutilmente procurou retornar sobre os seus passos conciliando as partes, para que não sejamos aria nos em lugar de sermos católicos, e para que o Arianismo não fosse hoje a ortodoxia, e o catolicismo a heresia.

Depois de dezoito séculos de lutas e de disputas vãs, durante os quais se pôs completamente de lado a parte mais essencial do ensino do Cristo, a única que poderia assegurar a paz da Humanidade, se está ainda nessas discussões estéreis que não levaram senão a perturbações, engendraram a incredulidade, e cujo objeto não satisfaz mais à razão.

Há, hoje, uma tendência manifesta da opinião geral de retornar às ideias fundamentais da primitiva Igreja, e à parte moral do ensinamento do Cristo, porque é a única que pode tornar os homens melhores. Aquela é clara, positiva, e não pode dar lugar a nenhuma controvérsia. Se a Igreja houvesse seguido este cam inho desde o princípio, seria hoje onipotente em lugar de estar em declínio; teria reunido a imensa maioria dos homens em lugar de estar despedaçada pelas facções.

Quando os homens caminharem sob essa bandeira, se estenderão mãos fraternas, em lugar de se lançarem anátemas e maldições, por questões que, na maioria do tempo, não compreendem.

Essa tendência da opinião é o sinal de que chegou o momento para levar a questão para o seu verdadeiro terreno.


Citar
NOTA:

(1) Para o desenvolvimento completo da questão dos milagres, ver A Gênese segundo o Espiritismo , capítulos XIII e seguintes, onde são explicados, pelas leis naturais, todos os milagres do Evangelho.


Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #51 em: 18 de Junho de 2020, 21:12 »
0Gostou?
1ª parte – Influência perniciosa das idéias materialistas

Sobre as artes em geral; a regeneração delas por meio do Espiritismo

Leu-se no Courrier de Paris du Monde Illustré , de 19 de dezembro de 1868: “Carmouche escreveu mais de duzentas comédias e comédias musicadas, e é muito
justo se o nosso tempo sabe o seu nome. É que ela é terrivelmente fugaz, essa
glória dramática que excita tanto a cobiça. A menos que haja assinado obras -primas excepcionais, acha-se condenado a ver o seu nome cair no esquecimento, logo que se deixe de combater. Durante a luta mesmo, ignora -se o maior número. O público, com efeito, não se preocupa, quando olha o cartaz, senão com o título da peça; pouco lhe importa o nome daquele que a escreveu. Tentai vos lembrar de quem assinou tal ou tal obra encantadora, da qual guardastes a lembrança; quase sempre estareis na impossibilidade de vos responder. E quanto mais avancemos, tanto mais isso será assim: as preocupações materiais se substituem, cada vez mais, às preocupações artísticas.

“Carmouche, precisamente, contava a esse respeito uma anedota típica. Meu alfarrabista, dizia ele, com quem eu conversava acerca de meu pequeno comércio, assim se exprimia: Isso não vai mal, senhor; mas isso se modifica; não são mais os mesmos artigos que se debitam. Outrora, quando eu via vir a mim um jovem de dezoito anos, nove sobre dez vezes era para me pedir um dicionário de rimas: hoje, é para me pedir um manual de operações da bolsa.”

Se as preocupações materiais se substituem às preocupações artísticas, isso, talvez, possa ser de outro modo quando se esforça por concentra r todos os pensamentos do homem sobre a vida carnal e destruir, nele, toda esperança, toda aspiração além desta existência? Essa consequência é lógica, inevitável, para aquele que não vê nada fora do pequeno círculo efêmero da vida presente. Quando não se vê nada atrás de si, nada diante de si, nada acima de si, sobre o que pode concentrar o pensamento se não for sobre o ponto onde se encontra? O sublime da arte é a poesia do ideal que nos transporta para fora da esfera estreita de nossa atividade; mas o ideal está precisamente nessa região extramaterial onde não se penetra senão pelo pensamento, que a imaginação concebe se os olhos do corpo não a percebem; ora, que inspiração o Espírito pode haurir no espírito do nada?

O pintor que não tivesse visto senão o céu brumoso, as estepes áridas e monótonas da Sibéria, e que cresse que ali está o Universo, poderia conceber e descrever a luz e a riqueza de tom da natureza tropical? Como quereis que os vossos artistas e os vossos poetas vos transportem para as regiões que não veem por seus olhos da alma, que não compreendem e nas quais mesmo eles não creem?

O Espírito não pode se identificar senão com aquilo que sabe, ou que crê ser uma verdade, e essa verdade, mesmo moral, torna -se para ele uma realidade que exprime tanto melhor quanto a sente melhor; e então, se à inteligência ele junta a flexibilidade do talento, faz passar as suas próprias impressões nas almas dos outros; quais impressões, contudo, pode provocar aquele que não as tem?

A realidade, para o materialista, é a Terra: seu corpo é tudo, uma vez que fora dele nada há, uma vez que mesmo o seu pensamento se extingue com a desorganização da maté ria, como o fogo com o combustível. Ele não pode traduzir, para a linguagem da arte, senão o que vê e o que sente; ora, se não vê e não sente senão a matéria tangível, não pode transmitir outra

coisa. Onde não vê senão o vazio, não pode nada haurir. Se se aventura nesse mundo desconhecido para ele, ali entra como um cego e, apesar de seus esforços para se elevar ao diapasão do ideal, permanece sobre o terra -a-terra como um pássaro sem asas.

A decadência da arte, neste século, é o resultado inevitável da concentração das ideias sobre as coisas materiais, e essa concentração, a seu turno, é o resultado da ausência de toda crença na espiritualidade do ser. O século não colhe senão o que semeou. Quem semeia pedras não pode recolher frutas. As artes não sairão de seu torpor senão por uma reação para as ideias espiritualistas.

E como o pintor, o poeta, o literato, o músico, poderiam ligar seu nome a obras duráveis, quando, para a maioria, não creem eles mesmo no futuro de seus trabalhos; quando não percebem que a lei do progresso, essa força invencível que arrasta atrás de si os Universos sobre os caminhos do infinito, lhes pede mais que pálidas cópias de criações magistrais dos artistas do tempo passado. Lembra-se dos Fídias, dos Apeles, dos Rafaéis, dos Mi chelângelos, faróis luminosos que se destacam na obscuridade dos séculos decorridos, como brilhantes estrelas no meio de profundas trevas; mas quem pensa anotar o clarão de uma lâmpada lutando contra o brilhante Sol de um belo dia de verão?

O mundo caminha a passos de gigante desde os tempos históricos; as filosofias dos povos primitivos se transformaram gradualmente. As artes, que se apoiam sobre as filosofias, que delas são a consagração idealiz ada, deveram elas também se modificar e se transformar. É matematicamente exato dizer que, sem crença, as artes não têm, vitalidade possível, e que toda transformação filosófica conduz, necessariamente, a uma transformação artística paralela. Em todas as épocas de transformações, as artes periclitam, porque a crença sobre a qual se apoiam não é mais suficiente para as aspirações aumentadas da Humanidade, e que os princípios novos, não sendo ainda adotados de maneira definitiva pela grande maioria dos homens, os artistas não ousam explorar, senão hesitantes, a mina desconhecida que se abre sobre os seus passos.

Durante as épocas primitivas, em que os homens não conheciam senão a vida material, onde a filosofia divinizava a Natureza, a arte procurou, antes de tudo, a perfeição da forma. A beleza corpórea era, então, a primeira das qualidades; a arte dedicou -se a reproduzi-la, a idealizá-la. Mais tarde, a filosofia entrou num caminho novo; os homens, progredindo, reconheceram, acima da matéria, uma força criado ra e organizadora, recompensando os bons, punindo os maus, fazendo da caridade uma lei, um mundo novo, um mundo moral se edifica sobre as ruínas do antigo mundo. Dessa transformação nasceu uma arte nova, que fez palpitar a alma sob a forma e acrescentou, à perfeição plástica, a expressão de sentimentos desconhecidos dos antigos.

O pensamento viveu sob a matéria; ele, porém, revestiu as formas severas da filosofia cuja arte inspirava. Às tragédias de Ésquilo, aos mármores de Milo, sucederam as descrições e as pinturas de torturas físicas e morais dos condenados. A arte se eleva; reveste um caráter grandioso e sublime, mas sombrio ainda. Está, com efeito, toda inteira na pintura do inferno e do céu da Idade Média, de sofrimentos eternos, ou de uma beatitude t ão longe de nós, colocada tão alto, que nos parece quase inacessível; talvez seja porque esta última nos toque tão pouco quando a vemos reproduzida sobre a tela ou sobre o mármore.

Hoje ainda, ninguém poderia contestá -lo, o mundo está num período de transição, sacudido entre os hábitos antiquados, as crenças insuficientes do passado, e as verdades novas que lhe são progressivamente reveladas.

Como a arte cristã sucedeu a arte pagã transformando -a, a arte espírita será o complemento da transformação da arte cristã. O Espiritismo nos mostra, com efeito, o futuro sob uma luz nova e mais ao nosso alcance; por ele, a felicidade está mais perto de nós, está ao nosso lado, nos Espíritos que nos cercam e que jamais deixaram de estar em relação conosco. A morada dos eleitos, a dos condenados, não estão mais isoladas; há solidariedade incessante entre o céu e a Terra, entre todos os mundos de todos os Universos; a felicidade consiste no amor mútuo de todas as criaturas chegadas à perfeição, e numa constante atividade tendo por objetivo instruir e conduzir, a essa mesma perfeição, aqueles que estão atrasados. O inferno está no próprio coração do culpado que encontra o castigo nos seus remorsos, mas não é eterno, e o mau, entrando no caminho do arrependimento, reencontra a esperança, este sublime consolo dos infelizes.

Que fontes inesgotáveis de inspiração para a arte! Quantas obras -primas, de todos os gêneros, as ideias novas não poderiam produzir, pela reprodução das cenas tão múltiplas e tão variadas da vida espírita! Em lugar de representar os despojos frios e inanimados, ver -se-á a mãe tendo ao seu lado a sua filha querida, na sua forma radiosa e etérea: a vítima perdoa o seu carrasco; o criminoso fugindo em vão do espetáculo, sem cessar renascente, de suas ações culposas! O isolamento do egoísta e do orgulhoso, no meio da multidão; a perturbação do Espírito nascendo na vida espiritual, etc., etc.; e se o artista quer se elevar acima da esfera terrestre, nos mundos superiores, verdadeiros Édens onde os Espíritos avançados gozam da felicidade adquirida, ou reproduzir algumas cenas dos mundos inferiores, verdadeiros infernos onde as paixões reinam soberanas, quantas cenas emocionantes, quantos quadros palpitantes de interesse não haverá para se reproduzir!

Sim, certamente, o Espiritismo abre à arte um campo novo, imenso e ainda inexplorado; e quando o artista reproduzir o mundo espírita com convicção, haurirá nessa fonte as mais sublimes inspirações, e o seu nome viverá nos séculos futuros, porque às preocupações materiais e efêmeras da vida presente, substituirá o estudo da vida futura e eterna da alma.

Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #52 em: 18 de Junho de 2020, 21:21 »
0Gostou?
Teoria da beleza

A beleza é uma coisa de convenção, e relativa a cada tipo? O que constitui a beleza para certos povos não é para outros uma horrível feald ade? Os negros se acham mais belos do que os brancos e vice-versa. Nesse conflito de gostos, há uma beleza absoluta e em que consiste ela? Somos realmente mais belos do que os Hotentotes e os Cafres, e por quê?

Esta questão que, à primeira vista, parece e stranha ao objeto de nossos estudos, a ele se refere, todavia, de maneira direta, e toca o próprio futuro da Humanidade. Ela nos foi sugerida, assim como a sua solução, pela passagem seguinte de um livro muito interessante e muito instrutivo, intitulado: As revoluções inevitáveis no globo e na Humanidade , por Charles Richard.

O autor dedica-se a combater a opinião da degenerescência física do homem desde os tempos primitivos, e refuta, vitoriosamente, a crença na existência de uma raça primitiva de gigante s, e se dedica a provar que, do ponto de vista da força física e do talhe, os homens de hoje valem os antigos, se não os ultrapassam mesmo.

Passando à beleza das formas, assim se exprime, às páginas 44 e seguintes:

“No que toca à beleza do rosto, à graça da fisionomia, a esse conjunto que constitui a estética do corpo, a melhoria é ainda mais facilmente constatada.

“Basta, para isso, lançar um olhar sobre os tipos que os medalhões e as estátuas antigas nos transmitiram intactos através dos séculos.

“A iconografia de Visconti e o museu do conde de Clarol são, entre várias outras, duas fontes onde é fácil haurir os elementos variados desse estudo interessante.

“O que toca, primeiramente, nesse conjunto de figuras, é a rudeza dos traços, a animalidade da expressão, a crueldade do olhar . Sente-se, com um arrepio involuntário, que se tem relações com pessoas que vos cortariam sem piedade em pedaços, para vos dar a comer às suas moreias, assim como fazia Polion, rico gastrônomo de Roma e familiar de Augusto.

“O primeiro Brutus (Lucius -Junius), aquele que fez cortar a cabeça aos seus dois filhos e assistiu, de sangue -frio ao seu suplício, se parece a um animal de rapina. Seu perfil sinistro empresta à águia e ao mocho o que esses dois carniceiros do ar têm de mais selvagem. Não se pode duvidar, vendo -o, que não haja merecido a vergonhosa honra que a história lhe confere; se ele matou os seus dois filhos, certamente degolou sua mãe pelo mesmo motivo.

“O segundo Brutus (Marius), que apunhalou César, seu pai adoti vo, precisamente na hora em que este mais contava com o seu reconhecimento e seu amor, lembra em seus traços um tolo fanático; não tem mesmo essa beleza sinistra que o artista descobre, frequentemente, nessa energia exagerada que impele ao crime.

“Cícero, o brilhante orador, o escritor espiritual e profundo, que deixou uma tão grande lembrança de sua passagem neste mundo, tem um rosto esborrachado e comum que devia torná -lo muito menos agradável ao ver do que ao escutar.

“Júlio César, o grande, o incompar ável vencedor, o herói dos massacres, que fez sua entrada no reino das sombras com um cortejo de dois milhões de almas, que matara, quando vivo, foi também tão feio quanto o seu predecessor, mas num outro gênero… Seu rosto magro e ósseo, montado sobre um longo pescoço, mal ornado a propósito de uma maçã do rosto saliente, fá -lo antes parecer a um grande Palhaço feirante do que a um guerreiro.

“Galba, Vespasiano, Nerva, Caracala, Alexandre Severo, Balbino, não são somente feios, são horrendos. Num museu d os antigos tipos de nossa espécie, quase que não se encontram, aqui e ali, algumas figuras a salvar de um olhar simpático. A de Cipião, o Africano, de Pompeu, de Cômodo, de Heliogábalo, de Antinoo o favorito de Adriano, são desse pequeno número. Sem serem belas, no sentido moderno da palavra, essas figuras são, entretanto, regulares, de um aspecto agradável.

“As mulheres não são muito melhor cuidadas do que os homens, e dão lugar às mesmas notas. Lívia, filha de Augusto, tem o perfil pontudo de uma fuinha; Agripina, dá medo ver, e Messalina, como para confundir Cabanis e Laváter, assemelha -se a uma gorda criada, mais amorosa de boa sopa do que de outra coisa.

“Os Gregos, é necessário dizê -lo, estão geralmente menos mal do que os Romanos. Os rostos de Temís tocles e de Milcíades, entre outros, podem ser comparados aos mais belos tipos modernos. Mas Alcebíades, esse antepassado tão distante de nossos Richelieu e de nossos Lauzun, cujas explosões galantes enchem, só por eles, a crônica de Atenas, tem, como Messalina, muito pouco o físico de seu emprego. Ao ver os seus traços solenes e sua fronte de pensador, é tomado antes

por um jurisconsulto apegado ao seu texto de lei, do que por esse audacioso fogazão, que se fazia exilar em Esparta, unicamente para enganar esse pobre rei Ágis, e se vangloriar depois de ter sido o amante de uma rainha.

“Qualquer que seja a pequena vantagem que pode ser concedida, sobre esse ponto, aos Gregos sobre os Romanos, quem se dá ao trabalho de comparar esses velhos tipos com os de nosso tempo, reconhecerá, sem dificuldade, que o progresso se fez nesse caminho como em todos os outros. Somente, será bom não esquecer, nessa comparação, que aqui se trata de classes privilegiadas, sempre mais belas do que as outras, e que, consequentemente , os tipos modernos a se opor aos antigos deverão ser escolhidos nos salões, e não na espelunca. Porque a pobreza, ai!, em todos os tempos, e sob todos os aspectos, jamais foi bela, e é precisamente assim para nos fazer vergonha e nos forçar a dela nos libertar um dia.

“Não quero, pois, dizer, está tão longe, que a fealdade desapareceu inteiramente de nossas frontes, e que o cunho divino se encontra, enfim, sob todas as máscaras que velam uma alma; longe de mim uma afirmação que poderia tão facilmente ser contestada por todo o mundo. Minha pretensão se limita unicamente a constatar que, num período de dois mil anos, tão pouca coisa para uma Humanidade que tem tanto a viver, a fisionomia da espécie melhorou de maneira já sensível.

“Creio, além disso, que as mais belas fisionomias antigas são inferiores àquelas que podemos diariamente admirar em nossas reuniões públicas, nas festas e até no corrente das ruas. Se não temesse ferir certas modéstias, e também excitar certos ciúmes, cem exemplos conhecidos de todos, no mundo contemporâneo, confirmariam a evidência do fato.

“Os adoradores do passado têm, geralmente, a boca cheia de sua famosa Vênus de Médicis, que lhes parece o ideal da beleza feminina, e não se acautelam que essa mesma Vênus passeia, todos os domingos, nos bule vares de Arles, tirada em mais de cinquenta exemplares, e que há poucas de nossas cidades, particularmente entre as do Sul, que não possuam algumas delas.

“… Em tudo o que acabamos de dizer, não comparamos nosso tipo atual senão ao de povos que nos precederam de alguns milhares de anos somente. Mas, se remontarmos mais longe nas idades, perceberemos as camadas terrestres onde dormem os restos das primeiras raças que habitaram o nosso globo, a vantagem em nosso favor virá a ser, nesse ponto, sensível, e t oda degeneração a esse respeito será eliminada por si mesma.

“Sob essa influência teológica, que deteve Copérnico, Tycho -Brahe, que perseguiu Galileu, e que, nestes últimos tempos, obscureceu um instante o gênio do próprio Cuvier, a ciência hesitava em sondar os mistérios das épocas antediluvianas. O relato bíblico, admitido ao pé da letra no seu sentido mais estreito, parecia ter dito a última palavra de nossa origem e dos séculos que a separam de nós. Mas a verdade, impiedosa em seu crescimento, acabou p or romper a casaca de ferro na qual queriam aprisioná -la para sempre, e para mostrar a nu as formas até aqui ocultas.

“O homem que vivia antes do dilúvio, em companhia dos mastodontes e dos ursos das cavernas, e outros grandes mamíferos hoje desaparecidos , o homem fóssil, em uma palavra, por tanto tempo negado, foi enfim encontrado e a sua existência colocada fora de dúvida. Os trabalhos recentes dos geólogos, particularmente os de Boucher de Perthes (1), de Filippi e de Lyell, nos permitem agora apreciar os caracteres físicos desse venerável antepassado do gênero humano. Ora, apesar dos contos imaginados pelos poetas sobre a beleza original, apesar do respeito que lhe é devido como ao antigo chefe de nossa raça, a ciência foi obrigada a constatar que ele era de uma fealdade prodigiosa.

continua

Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #53 em: 18 de Junho de 2020, 21:22 »
0Gostou?
“Seu ângulo facial não ultrapassava muito 70º; suas mandíbulas, de um volume considerável, estavam armadas de dentes longos e salientes; a fronte era fugente, as têmporas achatadas, o nariz esborrachado, as narinas largas; e m uma palavra, o pai venerável devia se assemelhar muito mais a um orangotango do que aos seus filhos distantes de hoje. Foi ao ponto que, se não tivessem se encontrado, junto dele, machados de sílex que fabricara, e, em alguns casos, os animais que tinham ainda as marcas das feridas produzidas por essas armas informes, ter -se-ia podido duvidar do papel importante que desempenhou na nossa filiação terrestre. Não só sabia fabricar os machados de sílex, mas ainda maças e pontas de lança da mesma matéria. A galanteria antediluviana ia mesmo até confeccionar braceletes e colares com as pequenas pedras arredondadas, que ornamentavam, nesses tempos recuados, o braço e o pescoço do sexo encantador, que se tornou muito mais exigente depois, assim como todos disso po dem se convencer.

“Não sei o que pensarão a respeito as elegantes de nossos dias, cujas espáduas cintilam de diamantes; quanto a mim, eu o confesso, não posso me defender de uma emoção profunda, pensando nesse primeiro esforço do homem apenas liberto do animal, para comprazer-se em sua companhia, pobre e nu como ele, no seio de uma natureza inóspita, sobre a qual a sua raça deve reinar um dia. Ó nossos distantes antepassados! Se já vos amáveis, sob as vossas faces rudimentares, como poderíamos duvidar de v ossa paternidade a esse sinal divino de nossa espécie?

“Está, pois, manifesto que esses informes humanos são nossos pais, uma vez que nos deixaram marcas de sua inteligência e de seu amor, atributos essenciais que nos separam do animal. Podemos, pois, exa minando-os atentamente, desembaraçados das aluviões que os cobrem, medir com um compasso o progresso físico alcançado pela nossa espécie, desde o seu aparecimento sobre a Terra. Ora, esse progresso que, ainda há pouco, podia ser contestado pelo espírito de sistema e os preconceitos de educação, adquire aqui uma tal evidência que não há senão que reconhecê-lo e proclamá-lo.

“Alguns milhares de anos poderiam deixar dúvidas, algumas centenas de séculos as dissipam irrevogavelmente…

“… Quanto somos jovens e recentes em todas as coisas? Ignoramos ainda o nosso lugar e o nosso caminho na imensidade do Universo, e ousamos negar os progressos que, por falta de tempo, não puderam ainda ser suficientemente constatados. Crianças que somos, tenhamos, pois, um pouco de paciência, e os séculos, aproximando -nos do objetivo, nos revelarão os esplendores que escapam na distância, aos nossos olhos apenas entreabertos.

“Mas, desde hoje, proclamamos altamente, uma vez que a ciência já no -lo permite, o fato capital e consolador do progresso, lento mas seguro, de nosso tipo físico para esse ideal entrevisto pelos grandes artistas, através das inspirações que o céu lhes envia para nos revelar os seus segredos. O ideal não é um produto enganoso da imaginação, um sonho fugidio destinado a dar, de tempos em tempos, logro às nossas misérias, é um objetivo marcado por Deus para o nosso aperfeiçoamento, objetivo infinito, porque só o infinito, em todos os casos, pode satisfazer ao nosso espírito e oferecer-lhe uma carreira digna del e.”

Dessas observações judiciosas, resulta que a forma dos corpos se modificam num sentido determinado, e segundo uma lei, à medida que o ser moral se desenvolve; que a forma exterior está em relação constante com o instinto e os apetites do ser moral; que quanto mais os seus instintos se aproximam da animalidade, mais a forma, igualmente, dela se aproxima; enfim, que à medida que os instintos materiais se depuram e dão lugar aos sentimentos morais, o envoltório exterior, que não está mais destinado à satisfação das necessidades grosseiras, reveste formas cada vez menos pesadas, mais delicadas, em harmonia com a elevação e a delicadeza dos pensamentos. A perfeição da forma é, assim, a consequência da perfeição do Espírito: de onde se pode concluir que o ide al da forma deve ser aquela que reveste os Espíritos no estado de pureza, a que reveste os poetas e os verdadeiros artistas, porque eles penetram, pelo pensamento, nos mundos superiores.

Há muito tempo se diz que o rosto é o espelho da alma. Esta verdade, tornada axiomática, explica esse fato vulgar, que certas fealdades desaparecem sob o reflexo das qualidades morais do Espírito, e que, muito frequentemente, prefere -se uma pessoa feia dotada de eminentes qualidades, àquela que não tem senão a beleza plástica. É que essa fealdade não consiste senão nas irregularidades da forma, mas não exclui a finura dos traços necessários à expressão dos sentimentos delicados.

Do que precede se pode concluir que a beleza real consiste na forma que mais se distancia da animalidade, e reflete melhor a superioridade intelectual e moral do Espírito, que é o ser principal. O moral influindo sobre o físico, que apropria às suas necessidades físicas e morais, segue-se: 1º que o tipo da beleza consiste na forma mais própria à expressão das mais altas qualidades morais e intelectuais; 2º que, à medida que o homem se eleva moralmente, seu envoltório se aproxima do ideal da beleza, que é a beleza angélica.

O negro pode ser belo para o negro, como um gato é belo para um gato; mas não é belo no sentido absoluto, porque os seus traços grosseiros, seus lábios espessos acusam a materialidade dos instintos; podem bem exprimir as paixões violentas, mas não saberiam se prestar às nuanças delicadas dos sentimentos e às modulações de um espíri to fino.

Eis porque podemos, sem fatuidade, eu creio, nos dizer mais belos do que os negros e os Hotentotes; mas talvez também seremos, para as gerações futuras, o que os Hotentotes são em relação a nós; e quem sabe se, quando encontrarem os nossos fóssei s, não os tomarão pelos de alguma variedade de animais.

Tendo este artigo sido lido na Sociedade de Paris, foi objeto de um grande número de comunicações, apresentando todas as mesmas conclusões. Não citaremos senão as duas seguintes, como sendo as mais desenvolvidas:


continua

Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #54 em: 18 de Junho de 2020, 21:23 »
0Gostou?
PARIS, 4 DE FEVEREIRO DE 1889. –
(MÉD. SENHORA MALET.):

Pensastes bem, a fonte primeira de toda bondade e de toda inteligência é também a fonte de toda beleza. O amor engendra a perfeição de todas as coisas, e ele mesmo é a perfeição. – O Espírito é chamado a adquirir essa perfeição, essa essência é o seu destino. Deve, pelo seu trabalho, se aproximar dessa inteligência soberana e dessa bondade infinita; deve, pois, revestir, cada vez mais, a forma perfeita que caracteriza os seres perfeitos .

Se, nas vossas sociedades infelizes, sobre os vossos globos ainda mal equilibrados, a espécie humana está longe dessa beleza física, isso decorre de que a beleza moral está mal desenvolvida ainda. A conexão entre essas duas belezas é um fato certo, lógico, e do qual a alma, desde este mundo, tem a intuição. Com efeito, sabeis todos o quanto é penoso o aspecto de uma encantadora fisionomia desmentida pelo caráter. Se ouvis falar de uma pessoa de mérito reconhecido, a revestis em seguida com os traços mais simpáticos, e ficais dolorosamente impressionado em vista de uma fisionomia que contradiga as vossas previsões. Que concluir disso? senão que, como todas as coisas que o futuro mantém em reserva, a alma tem a presciência da beleza à medida que a Humanidade progride e se aproxima de seu tipo divino. Nunca tireis argumentos contrários a esta afirmação da decadência aparente em que se encontra a raça mais avançada deste globo. Sim, é verdade, a espécie parece degenerar, abastardar-se; as enfermidades se abate m sobre vós antes da velhice; a própria infância sofre de doenças que não pertencem habitualmente senão a uma outra idade da vida; mas é uma transição. Vossa época é má; ela acaba e cria; acaba um período doloroso e cria uma época de regeneração física, de adiantamento moral, de progresso intelectual. A raça nova, da qual já falei, terá mais faculdades, mais cordas ao serviço do espírito; será maior, mais forte, mais bela. Desde o começo, pôr -se-á em harmonia com as riquezas da criação que a vossa raça, indiferente e fatigada, desdenha ou ignora; tereis feito grandes coisas por ela, e disso se aproveitará e caminhará no caminho das descobertas e dos aperfeiçoamentos, com um ardor febril do qual não conheceis a força.

Mais avançados também em bondade, os vos sos descendentes farão o que não soubestes fazer desta Terra infeliz, um mundo feliz, onde o pobre não será nem repelido, nem desprezado, mas socorrido por instituições generosas e liberais. A aurora desses pensamentos já chega; seu clarão nos chega por momentos. Amigos, eis o dia, enfim, em que a luz brilhará sobre a Terra obscura e miserável, onde a raça será boa e bela segundo o grau de adiantamento que houver conquistado, onde o sinal colocado no rosto do homem não será mais o da reprovação, mas um sina l de alegria e de esperança. Então, a multidão dos Espíritos avançados virá formar entre os colonos desta Terra; estarão em maioria e tudo será concedido diante deles. A renovação se fará e a face do globo será mudada, porque essa raça será grande e poderosa, e o momento em que ela vier marcará o começo dos tempos felizes.

PAMPHILE.
(Paris, 4 de fevereiro de 1869.)

A beleza, do ponto de vista puramente humano, é uma questão muito discutível e muito discutida. Para bem julgá -la, é necessário estudá -la com curioso interesse, aquele que está sob o encantamento não poderia ter voz no capítulo. O gosto de cada um entra também em linha de conta nas apreciações que são feitas.

Não há de belo, de realmente belo, senão o que o é para todos: e essa beleza é eterna, infinita, é a manifestação divina sob os seus aspectos incessantemente variados, é Deus em suas obras, em suas leis! Eis a única beleza absoluta. – Ela é a harmonia das harmonias, e tem direito ao título de absoluta, porque não se pode conceber nada de ma is belo.

Quanto ao que se convencionou chamar belo, e que é verdadeiramente digno desse título, não é necessário considerá -lo senão como uma coisa essencialmente relativa, porque se pode sempre conceber alguma coisa de mais bela, de mais perfeita. Não há senão uma única beleza, senão uma única perfeição, que é Deus. Fora dele, tudo o que decoramos com esses atributos, não são senão pálidos reflexos da beleza única, um aspecto harmonioso das mil e uma harmonias da criação.

Há tanto de harmonias quanto de o bjetos criados, consequentemente, tantas belezas típicas determinando o ponto culminante de perfeição que pode alcançar uma das subdivisões do elemento animado. – A pedra é bela e diversamente bela. Cada espécie mineral tem as suas harmonias, e o elemento que reúne todas as harmonias da espécie possui a maior soma de beleza à qual a espécie pode atingir.

A flor tem as suas harmonias; ela também pode possuí -las todas ou isoladamente, e ser diferentemente bela, mas não será bela senão quando as harmonias que concorrem para a sua criação estiverem harmonicamente fundidas. Dois tipos de beleza podem produzir, pela sua fusão, um ser híbrido, informe, repugnante de aspecto. Há então cacofonia! Todas as vibrações eram harmônicas isoladamente, mas a diferença de su a tonalidade produziu um desacordo no encontro das ondas vibrantes; daí o monstro!

Descendo na escala criada, cada tipo animal dá lugar às mesmas observações, e a ferocidade, a astúcia, a inveja mesmo, poderão dar nascimento a belezas especiais, se o princípio que determina a forma está sem cruzamento. A harmonia, mesmo no mal, produz o belo. Há o belo satânico e o belo angélico; a beleza enérgica e a beleza resignada. – Cada sentimento, cada reunião de sentimentos, desde que a reunião seja harmônica, produz um tipo de beleza particular, da qual todos os aspectos humanos são, não degenerescências, mas esboços. Também é verdadeiro dizer, não que se é mais belo, mas que mais se aproxima da beleza real à medida que se eleva para a perfeição.

Todos os tipos se unem harmonicamente no perfeito. Eis porque há o belo absoluto. – Nós que progredimos, não possuímos senão uma beleza relativa, fraca e combatida pelos elementos desarmônicos de nossa natureza.

LAVATER.


Citar
NOTA:

(1) Ver as duas sábias obras do Sr. Boucher de Perthes: Do homem antediluviano e de suas obras., broch. in-4, e Das Ferramentas de Pedra , broch. in-8.


Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #55 em: 18 de Junho de 2020, 21:25 »
0Gostou?
A música celeste

Um dia, numa das reuniões da família, o pai lera uma passagem de O Livro dos Espíritos , concernente à música celeste. Uma de suas filhas, boa musicista, dizia a si mesma: Mas não há música no mundo invisível; isso lhe parecia impossível, todavia, não deu a conhecer o seu pensamento. À noite, ela mesma escreveu, espontaneamente, a comunicação seguinte:

“Esta manhã, minha filha, teu pai te leu uma passagem de O Livro dos Espíritos ; tratava-se de música, tu aprendeste que a do céu é muito mais bela do que a da Terra, os Espíritos a acham muito superior à vossa. Tudo isto é a verdade; entretanto, te dizias à parte e a ti mesma: Como Bellini poderia vir me dar conselhos e ouvir a minha música? Provavelmente, foi algum Espírito leviano e farsante. (Alusão aos conselhos que o Espírito de Bellini lhe dava, às vezes, sobre a música.) Tu te enganas, minha filha, q uando os Espíritos tomam um encarnado sob a sua proteção, seu objetivo é fazê -lo avançar.

“Assim, Bellini não acha mais a sua música bela, porque não pode compará -la à do espaço, mas ele vê a tua aplicação e o teu amor por essa arte, se te dá conselhos é por satisfação sincera; deseja que teu professor seja recompensado por todo o seu trabalho; mesmo achando teu divertimento muito infantil, diante das sublimes harmonias do mundo invisível, aprecia teu talento que se pode chamar grande sobre essa Terra. Crede-o, minha filha, o som de vossos instrumentos, vossa mais bela voz, não poderiam vos dar a mais fraca ideia da música celeste e de sua suave harmonia.”

Alguns instantes depois, a jovem disse: “Papai, papai, eu adormeço, eu caio…” Logo abateu-se sobre uma poltrona exclamando: “Ó! papai, papai, que música deliciosa!… Desperte -me, porque para lá me vou.”

Os assistentes, assustados, não sabendo como despertá -la, ela disse:

“Água, água.” Com efeito, algumas gotas lançadas sobre o seu rosto produziram um pronto resultado; de início aturdida, retornou lentamente a si, sem ter a menor consciência do que se passara.

Na mesma noite, estando o pai só, obteve a explicação seguinte do Espírito de São Luís:
 “Quando lias, para a tua filha, a passagem de O Livro dos Espíritos tratando da
música celeste, ela estava na dúvida; não compreendia que a música pudesse
existir no mundo espiritual. Eis porque, esta noite, eu lhe disse a verdade; isso não podendo persuadi-la, Deus permitiu, para convencê -la, que lhe fosse e nviado um sono sonambúlico. Então, seu Espírito, se desligando de seu corpo adormecido, lançou-se no espaço e foi admitido nas regiões etéreas, seu êxtase era produzido pela impressão da harmonia celeste; também ela exclamou: “Que música! Que música!” mas sentindo-se cada vez mais transportada nas regiões elevadas do mundo espiritual, pediu para ser despertada, tendo indicado o meio para isso, quer dizer, com água.

“Tudo se faz pela vontade de Deus. O Espírito de tua filha não duvidará mais; embora não tenha, estando desperta, conservado a memória nítida do que se passou, seu Espírito sabe no que ater -se.

“Agradecei a Deus pelos favores com os quais cumula essa criança; agradecei -lhe por dignar-se, cada vez mais, vos fazer conhecer a sua onipotência e a su a bondade. Que suas bênçãos se derramem sobre vós e sobre esse médium feliz entre mil!”

NOTA. Perguntar-se-á, talvez, que convicção pode resultar para essa jovem daquilo que ouviu, se disso não se lembra mais. Se, no estado de vigília, os detalhes se apagaram de sua memória, o Espírito se lembra; resta nele uma intuição que modifica os seus pensamentos; em lugar de fazer oposição, aceitará sem dificuldade as explicações que lhe serão dadas porque as compreenderá, e, intuitivamente, as achará de acordo com o seu sentimento íntimo.

O que se passou aqui, por um fato isolado, no espaço de alguns minutos, durante a curta excursão que o Espírito da jovem fez no mundo espiritual, é análogo ao que ocorre de uma existência a outra quando o Espírito, que se enca rna, possui luzes sobre um assunto qualquer; ele se apropria, sem dificuldade, de todas as ideias que se relacionam com esse assunto, se bem que não se lembre, como homem, da maneira pela qual as adquiriu. As ideias, ao contrário, para as quais não está ma duro, entram com dificuldade em seu cérebro.

Assim se explica a facilidade com que certas pessoas assimilam as ideias espíritas. Essa ideias não fazem senão despertar nelas as que já possuíam; são espíritas de nascimento como outras são poetas, músicos ou matemáticos. Elas compreendem da primeira palavra, e não têm necessidade de fatos materiais para se convencerem. Incontestavelmente, é um sinal de adiantamento moral e do princípio espiritual.

Na comunicação acima está dito: “Agradecei a Deus pelos favores com os quais cumula essa criança; que suas bênçãos se derramem sobre este médium, feliz entre mil.” Estas palavras pareceriam indicar um favor, uma preferência, um privilégio, ao passo que o Espiritismo nos ensina que Deus, sendo soberanamente just o, nenhuma de suas criaturas é privilegiada, e que não facilita mais o caminho a uns do que aos outros. Sem nenhuma dúvida, o mesmo caminho está aberto a todo o mundo, mas nem todos o percorrem com a mesma rapidez: e com o mesmo fruto; nem todos aproveitar ão igualmente as instruções que recebem. O Espírito dessa criança, embora jovem como encarnada, sem dúvida, já viveu muito, e certamente progrediu.

Os bons Espíritos, encontrando -a então dócil aos seus ensinos, se alegram em instruí -la, como faz o professor com o aluno em que encontra felizes disposições; é a esse título que é médium feliz entre muitos outros que, por seu adiantamento moral, não tiram nenhum fruto de sua mediunidade. Não há, pois, neste caso, nem favor, nem privilégio, mas sim uma recompensa; se o Espírito cessasse de ser digno dela, logo seria abandonada por seus bons guias, para ver acorrer, ao seu redor, uma multidão de maus Espíritos.

Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #56 em: 18 de Junho de 2020, 21:28 »
0Gostou?
Música espírita

Recentemente, na sede da Sociedade Espírita de Paris, o Presidente me deu a honra de pedir a minha opinião sobre o estado atual da música e sobre as modificações que lhe poderiam trazer a influência das crenças espíritas. Se não me entreguei em seguida a esse benevolente e simpático pedido, crede -o bem, senhores, que só uma causa maior motivou a minha abstenção.

Os músicos, meu Deus! são homens como os outros, mais homens talvez, e, a esse título, são fracos e pecáveis. Não fui isento de fraquezas, e se Deus me fez a vida longa, a fim de me dar o tempo de me arrepender, a embriagu ez do sucesso, a complacência dos amigos, a bajulação dos aduladores, frequentemente, disso me retiraram a possibilidade. Um maestro é uma força, neste mundo onde o prazer desempenha tão grande papel. Aquele cuja arte consiste em seduzir os ouvidos, a como ver o coração, vê muitas armadilhas se criarem sob os seus passos, e nelas cai, o infeliz! Embriaga -se com a embriaguez dos outros; os aplausos lhe tapam os ouvidos, e vai direto ao abismo, sem procurar um ponto de apoio para resistir ao arrastamento. Entretanto, apesar dos meus erros, eu tinha fé em Deus; acreditava na alma que vibrava em mim e, desligado de sua carga sonora, ela depressa reconheceu -se no meio das harmonias da criação e confundiu a sua prece com aquelas que se elevam da Natureza ao infinit o da criação, ao Ser incriado!….

Estou feliz pelo sentimento que provocou a minha vinda entre os espíritas, porque foi a simpatia que a ditou, e, se a curiosidade de início me atraiu, é ao meu reconhecimento que devereis a minha apreciação da questão qu e me foi colocada. Eu estava lá, prestes a partir, crendo tudo saber, quando o meu orgulho caindo me revelou minha ignorância. Eu permanecia mudo, e escutava: retornei, instruí -me, e quando, às palavras de verdade emitidas pelos vossos instrutores, se junt aram a reflexão e a meditação, eu disse a mim: O grande maestro Rossini, o criador de tantas obras de arte, segundo os homens, não fez, ai de mim! senão debulhar algumas das pérolas menos perfeitas do escrínio musical criado pelo Mestre dos mestres. Rossini juntou notas, compôs melodias, saboreou no copo que contém todas as harmonias; furtou algumas centelhas ao fogo sagrado, mas esse fogo sagrado, nem ele nem outros não o criaram! – Não inventamos nada: copiamos do grande livro da Natureza e a multidão aplaude quando não deformamos muito a partitura.

Uma dissertação sobre a música celeste! Quem poderia disso se encarregar? Que Espírito sobre-humano poderia fazer vibrar a matéria em uníssono dessa arte encantadora! Que cérebro humano, que Espírito encarnado poderia dela apreender as nuanças variadas ao infinito?… Quem possui, nesse ponto, o sentimento da harmonia?… Não, o homem não está feito para semelhantes condições!… Mais tarde?… bem mais tarde!…

Esperando, talvez venha logo satisfazer ao voss o desejo e vos dar a minha apreciação sobre o estado atual da música, e dizer -vos das transformações, dos progressos que o Espiritismo poderá nela introduzir. – Hoje é muito cedo ainda. O assunto é vasto, já o estudei, mas me excede ainda; quando nele for mestre, se todavia a coisa for possível, ou melhor, quando tiver entrevisto tanto quando o estado de meu Espírito mo permitirá, eu vos satisfarei; mas ainda um pouco de tempo. Se um músico pode falar sozinho da música do futuro, deve fazê -lo como mestre, e Rossini não quer, dela falar como um escolar.

ROSSINI
(Médium, Sr. Desliens).

O silêncio que guardei sobre a questão que o Mestre da Doutrina Espírita me dirigiu, foi explicado. Era conveniente, antes de abordar esse difícil assunto, me recolher, me lembrar, e

condensar os elementos que estão sob a minha mão. Eu não tinha, que estud ar a música, tinha somente que classificar os argumentos com método, a fim de apresentar um resumo capaz de dar a ideia de minha concepção sobre a harmonia. Esse trabalho, que não fiz sem dificuldade, está terminado, e estou pronto a submetê -lo à apreciação dos espíritas.

A harmonia é difícil de definir; frequentemente, confundem -na com a música, com os sons resultantes de um arranjo de notas, e de vibrações de instrumentos produzindo esse arranjo. Mas a harmonia não é, isso, não mais do que a chama não é a luz. A chama resulta da combinação de dois gases, é tangível; a luz que ela projeta é um efeito dessa combinação, e não a própria chama: ela não é tangível. Aqui, o efeito é superior à causa. Assim ocorre com a harmonia; ela resulta de um arranjo musical , é um efeito que é igualmente superior à causa: A causa é brutal e tangível; o efeito é sutil e não é tangível.

Pode-se conceber a luz sem chama e compreende -se a harmonia sem música. A alma está apta a perceber a harmonia fora de todo concurso de instru mentação, como está apta para ver a luz fora de todo concurso de combinações materiais. A luz é um sentido íntimo que a alma possui: quanto mais esse sentido está desenvolvido, melhor ela percebe a luz. A harmonia é igualmente um sentido íntimo da alma: el a é percebida em razão do desenvolvimento desse sentido. Fora das causas tangíveis, a luz e a harmonia são de essência divina; são as possuídas em razão dos esforços que se fazem para adquiri -las. Se comparo a luz e a harmonia, é para melhor me fazer compr eender, e porque também esses dois sublimes gozos da alma são filhos de Deus e, por conseguinte, irmãos.

A harmonia do espaço é tão complexa, tem tantos graus que conheço, e muito mais ainda que me estão ocultos no éter infinito, que aquele que está coloc ado numa certa altura de percepções, está como saído do espanto contemplando essas harmonias diversas, que constituiriam, se estivessem reunidas, a mais insuportável cacofonia; ao passo que, ao contrário, percebidas, separadamente, constituem a harmonia pa rticular a cada grau. Essas harmonias são elementares e grosseiras nos graus inferiores; levam ao êxtase nos graus superiores. Tal harmonia que fere um Espírito de percepções sutis, extasia um Espírito de percepções grosseiras; e quando é dado, ao Espírito inferior se deleitar nas delícias das harmonias superiores, o êxtase o toma e a prece entra nele; o arrebatamento o transporta para as esferas elevadas do mundo moral; ele vive de uma vida superior à sua e gostaria de viver sempre assim. Mas quando a harm onia cessa de penetrá -lo, ele desperta, ou, querendo -se, ele adormece; em todos os casos, retorna à realidade de sua situação, e, nos lamentos que deixa escapar por ter descido, se exala uma prece ao Eterno, para pedir a força de subir. É para ele um grande motivo de estímulo.

Eu não tentaria dar a explicação dos efeitos musicais que o Espírito produz agindo sobre o éter; o que é certo é que o Espírito produz os sons que quer, e que não pode querer o que não sabe. Ora, portanto, aquele que compreende muito , que tem nele a harmonia, que dela está saturado, que goza, ele mesmo, de seu sentido íntimo, desse nada impalpável, dessa abstração que é a concepção da harmonia, age quando quer sobre o fluido universal que, instrumento fiel, reproduz o que o Espírito c oncebe e quer. O éter vibra sob a ação da vontade do Espírito; a harmonia que este último traz em si se concretiza, por assim dizer, ela se exala doce e suave como o perfume da violeta, ou ruge como a tempestade, ou ela explode como o raio, ou se lamenta c omo a brisa; é rápida como o relâmpago, ou lenta como a nuvem; é quebrada como um soluço, ou unida como uma relva; é desgrenhada como uma catarata, ou calma como um lago; murmura como um regato ou ronca como uma torrente. Ora tem a aspereza agreste das mon tanhas, ora a frescura de um oásis; ela é alternativamente triste e melancólica como a noite, jovem e alegre como o dia; é caprichosa como a criança, consoladora como a mãe e protetora como o pai; é desordenada como a paixão, límpida como o amor, e grandiosa como a Natureza. Quando ela está neste último termo, confunde -se com a prece, glorifica Deus, e coloca no arrebatamento aquele mesmo que a produz ou a concebe.

Ó comparação! Comparação! Por que é necessário ser obrigado a te empregar! Por que é necessário se dobrar às tuas necessidades degradantes e emprestar, à natureza tangível, imagens grosseiras para fazer conceber a sublime harmonia na qual o Espírito se deleita. E ainda, apesar das comparações, não se pode fazer compreender essa abstração que é um sentimento íntimo quando ela é causa, e uma sensação quando se torna efeito.

O Espírito que tem o sentimento íntimo da harmonia é como o Espírito que tem a aquisição intelectual; ele goza constantemente, um e o outro, da propriedade inalienável que amontoaram. O Espírito inteligente, que ensina a sua ciência àqueles que ignoram, sente a felicidade de ensinar porque torna felizes aqueles a quem instrui; o Espírito que faz o éter ressoar com acordes da harmonia que está nele, experimenta a felicidade de ver satisfeitos aqueles que o escutam.


continua

Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #57 em: 18 de Junho de 2020, 21:29 »
0Gostou?
A harmonia, a ciência e a virtude são as três concepções do Espírito; a primeira o extasia, a segunda o esclarece, a terceira o eleva. Possuídas em suas plenitudes, elas se confundem e constituem a pureza. Ó Espíritos p uros que as contendes! Descei às nossas trevas e clareai a nossa marcha; mostrai -nos o caminho que tomastes, a fim de que sigamos as vossas pegadas! E quando penso que esses Espíritos, dos quais posso compreender a existência, são seres finitos, átomos, em face do Senhor universal e eterno, minha razão fica confundida pensando na grandeza de Deus e da felicidade infinita que saboreia em si mesmo, pelo único fato de sua pureza infinita, uma vez que tudo o que a criatura adquire não é senão uma parcela que em ana do Criador. Ora, se a parcela chega a fascinar pela vontade, a cativar e a deslumbrar pela suavidade, a resplandecer pela virtude, que deve produzir, pois, a fonte eterna e infinita de onde ela é tirada? Se o Espírito, ser criado, chega a haurir em sua pureza tanto de felicidade, que ideia se deve ter daquela que o Criador possui em sua pureza absoluta? Eterno problema! O compositor que concebe a harmonia a traduz na grosseira linguagem que se chama música; concretiza a sua ideia, ele escreve. O artista estuda a forma e agarra o instrumento que permite representar a ideia. O ar, posto em movimento pelo instrumento, leva -a ao ouvido que a transmite à alma do ouvinte. Mas o compositor ficou impossibilitado de representar inteiramente a harmonia que concebe ra, por falta de uma linguagem suficiente; executando -a, por sua vez, não compreendeu toda a ideia escrita, e o instrumento indócil, do qual se serve, não lhe permite traduzir tudo o que ele compreendeu. O ouvido é ferido por um ar grosseiro que o cerca, e a alma recebe, enfim, por um órgão rebelde, a horrível tradução da ideia nascida na alma do maestro. A ideia do maestro era o seu sentimento íntimo, embora desvirtuada pelos agentes de instrumentação e de percepção, ela produziu, entretanto, sensações naq ueles que o ouviram traduzir; essas sensações são a harmonia. A música as produziu: elas são o efeito desta última. A música é posta a serviço do sentimento para produzir a sensação. O sentimento, no compositor, é a harmonia; a sensação, no ouvinte, é tamb ém harmonia, com esta diferença de que ela é concebida por um e recebida pelo outro. A música é o médium da harmonia, ela a recebe e a dá, como o refletor é o médium da luz, como tu és o médium dos Espíritos. Ela a torna mais ou menos desvirtuada segundo seja mais ou menos executada, como o refletor devolve mais ou menos bem a luz segundo seja mais brilhante e polido, como o médium exprime mais ou menos os pensamentos dos Espíritos, segundo ele seja mais ou menos flexível.

E agora que a harmonia está bem compreendida em sua significação, que se sabe que ela é concebida pela alma e transmitida à alma, compreender -se-á a diferença que há entre a harmonia da Terra e a harmonia do espaço.

Entre vós, tudo é grosseiro: o instrumento de tradução e o instrumento de percepção; entre nós tudo é sutil: tendes o ar, nós temos o éter; tendes o órgão que obstrui e obscurece; entre nós, a percepção é direta, e nada a obscurece. Entre vós, o autor é traduzido; entre nós ele fala sem intermediário, e na língua que exprime todas as concepções. E, todavia, essas harmonias têm a mesma fonte, como a luz da Lua tem a mesma fonte que a do Sol, a harmonia da Terra não é senão o reflexo da harmonia do espaço.

A harmonia é tão indefinível quanto a felicidade, o medo, a cólera: é um sentimento. Não é compreendida senão quando possuída, e não é possuída senão quando adquirida. O homem que é alegre não pode explicar a sua alegria; aquele que tem medo não pode explicar o seu medo; eles podem dizer os fatos que provocam esses sentimentos , defini-los, descrevê-los, mas os sentimentos restam inexplicados. O fato que causa a alegria de um não produzirá nada sobre o outro; o objeto que ocasiona o medo de um produzirá a coragem de outro. As mesmas causas são seguidas de efeitos contrários; em física não é assim, em metafísica isso existe. Isso existe porque o sentimento é a propriedade da alma, e que as almas diferem entre si de sensibilidade, de impressionabilidade, de liberdade. A música, que é a causa segunda da harmonia percebida, penetra e transporta um e deixa o outro frio e indiferente. É que o primeiro está em estado de receber a impressão que produz a harmonia, e que o segundo está num estado contrário; ele ouve o ar que vibra, mas não compreende a ideia que lhe transporta. Este chega ao aborrecimento e adormece, aquele ao entusiasmo e chora. Evidentemente, o homem que gosta das delícias da harmonia é mais elevado, mais depurado, do que aquele que ela não pode penetrar; a sua alma está mais apta a sentir; liberta -se mais facilmente, e a harmonia a ajuda a libertar-se; ela a transporta e lhe permite ver melhor o mundo moral. De onde é necessário concluir que a música é essencialmente moralizadora, uma vez que leva a harmonia às almas, e que a harmonia as eleva e as engrandece.

A influência da música sobre a alma, sobre o seu progresso moral, é reconhecida por todo o mundo; mas a razão dessa influência é geralmente ignorada. Sua razão está inteiramente neste fato: que a harmonia coloca a alma sob a força de um sentimento que a desmaterializ a. Este sentimento existe em um certo grau, mas se desenvolve sob a ação de um sentimento similar mais elevado. Aquele que está privado desse sentimento, a ele é levado gradativamente: acaba, ele também, por se deixar penetrar e se deixar arrastar no mundo ideal onde esquece, por um instante, os grosseiros prazeres que prefere à divina harmonia.

E agora, se se considera que a harmonia sai do concerto do Espírito, disso se deduzirá que se a música exerce uma feliz influência sobre a alma, a alma, que a concebe, exerce também uma influência sobre a música. A alma virtuosa, que tem a paixão do bem, do belo, do grande, e que adquiriu a harmonia, produzirá obras -primas capazes de penetrar as almas mais blindadas e comovê-las. Se o compositor é terra -a-terra, como representará a virtude que ele desdenha, o belo que ignora e o grande que não compreende? Suas composições serão o reflexo de seus gostos sensuais, de sua leviandade, de sua indiferença. Elas serão ora licenciosas e ora obscenas, ora cômicas, ora bur lescas; comunicarão aos ouvintes os sentimentos que exprimirão e pervertê-los-ão ao invés de melhorá -los.

O Espiritismo, moralizando os homens, exercerá, pois, uma grande influência sobre a música. Produzirá mais compositores virtuosos, que comunicarão as suas virtudes fazendo ouvir as suas composições.

Rir-se-á menos, chorar-se-á mais; a hilaridade dará lugar à emoção, a fealdade dará lugar à beleza e o cômico à grandiosidade.

Por outro lado, os ouvintes que o Espiritismo terá disposto para receberem fa cilmente a harmonia, apreciarão, na audição da música séria, um encanto verdadeiro; desdenharão a

música frívola e licenciosa que se apodera das massas. Quando o grotesco e o obsceno forem abandonados pelo belo e pelo bem, os compositores dessa ordem desap arecerão; porque, sem ouvintes, nada ganharão, e é para ganhar que eles se sujam.

Oh! sim, o Espiritismo terá influência sobre a música! Como isso seria de outro modo? Seu advento mudará a arte, depurando -a. Sua fonte é divina, sua força a conduzirá por t oda a parte onde haja homens para amar, para se elevar e para compreender. Tornar -se-á o ideal e o objetivo dos artistas. Pintores, escultores, compositores, poetas, pedir -lhe-ão as suas inspirações, e ele as fornecerá, porque é rico, é inesgotável.

O Espírito do maestro Rossini, numa nova existência, retornará para continuar a arte que considera como a primeira de todas; o Espiritismo será o seu símbolo e o inspirador de suas composições.

ROSSINI.
(Médium, Sr. Nivart).

Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #58 em: 18 de Junho de 2020, 21:33 »
0Gostou?
A estrada da vida

A questão da pluralidade das existências há muito tempo preocupa os filósofos, e mais de um viu, na anterioridade da alma, a única solução possível dos problemas mais importantes da psicologia; sem esse princípio, encontraram -se parados a cada passo e acolhidos num impasse de onde não puderam sair senão com a ajuda da pluralidade das existências.

A maior objeção que se possa fazer a essa teoria é a ausência da lembrança das existências anteriores. Com efeito, uma sucessão de existências inconscientes umas das outras ; deixar um corpo para retomar logo um outro sem a memória do passado, equivaleria ao nada, porque isso seria o nada do pensamento; isso seria tantos pontos de partida novos, sem ligação com os precedentes; isso seria uma ruptura incessante de todas as afeições que fazem o encanto da vida presente e a esperança mais doce e mais consoladora do futuro; isso seria, enfim, a negação de toda responsabilidade moral. Semelhante doutrina seria tão inadmissível e tão incompatível com a justiça de Deus, quanto aquela de uma só existência com a perspectiva de uma eternidade absoluta de penas para faltas temporárias.

Compreende-se, pois, que aqueles que formam semelhante ideia da reencarnação a repilam, mas não é assim que o Espiritismo no -la apresenta.

A existência espiritual da alma, nos diz ele, é sua existência normal, com lembrança retrospectiva indefinida; as existências corpóreas não são senão intervalos, curtas estações na existência espiritual, e a soma de todas essas estações não é senão uma par te mínima da existência normal, absolutamente como se, numa viagem de vários anos, se parasse de tempos em tempos durante algumas horas.

Se, durante as existências corpóreas, parece nela haver solução de continuidade pela ausência da lembrança, a ligação se estabelece durante a vida espiritual, que não tem interrupção; a solução de continuidade não existe, em realidade, senão para a vida corpórea exterior e de relação; e aqui a ausência da lembrança prova a sabedoria da Providência que não quis que o homem fosse muito desviado da vida real, onde tem deveres a cumprir; mas, no estado de repouso do corpo, no sono, a alma retoma em parte o seu voo, e aí se restabelece a cadeia interrompida somente durante a vigília.

A isso se pode ainda fazer uma objeção e perguntar que proveito se pode tirar de suas existências anteriores para a sua melhoria, se não se lembra das faltas que se cometeu. O Espiritismo responde primeiro que a lembrança de existências infelizes, juntando -se às misérias da vida presente, tornaria esta ainda mais penosa; é, pois, um acréscimo de sofrimentos que Deus quis nos poupar; sem isso, frequentemente, quanto não seria nossa humilhação pensando no que fomos! Quanto ao nosso adiantamento, essa lembrança é inútil. Durante cada existência, damos alguns passos adiante; adquirimos algumas qualidades e nos despojamos de algumas imperfeições; cada uma delas é, assim, um novo ponto de partida, em que somos o que nos houvermos feito, em que nos tomamos por aquilo que somos, sem ter que nos inquietarmos com aquilo que fomos.

Se, numa existência anterior, fomos antropófagos, o que isso nos faz se não o somos mais? Se tivemos um defeito qualquer do qual não resta mais os traços, é uma conta liquidada, com a qual não temos nada a nos preocupar. Suponhamos, ao contrário, uma falta da qual não se corrigiu senão a metade, o saldo se reencontrará na vida seguinte e é em corrigi -lo que é preciso se fixar. Tomemos um exemplo: um homem foi assassino e ladrão; disso foi punido, seja na vida corpórea, seja na vida espiritual; arrepende-se e se corrige da primeira tendência, mas não da segunda; na existência seguinte, ele não será senão ladrão; talvez grande ladrão, mas não mais assassino; ainda um passo adiante e ele não será senão pequeno ladrão; um

pouco mais tarde, não roubará mais, mas poderá ter a veleidade de roubar, que sua consciência neutralizará; depois um último esforço, e, todo traço da doença moral tendo desaparecido, será um modelo de probidade. Que lhe faz então o que foi? A lembrança de ter morrido no patíbulo não seria uma tortura, uma humilhação perpétuas? Aplicai este raciocínio a todos os vícios, a todas as manias, e podereis ver como a alma se melhora passando e repassando pelo cadinho das encarnações.

Deus não é mais justo por ter tornado o homem árbitro de sua própria sorte pelos esforços que pode fazer para se melhorar, do que ter feito a sua alma nascer ao mesmo tempo que seu corpo, e de condená-la a tormentos perpétuos por erros passageiros, sem dar -lhe os meios de se purificar de suas imperfeições?

Pela pluralidade das existências, seu futuro está em suas mãos; se leva muito tempo para se melhorar, disso sofre as consequências: é a suprema justiça; mas a esperança jamais lhe é obstruída. A comparação seguinte pode ajudar a fazer compreender as peripécias da vida da alma. Suponhamos uma longa estrada, sobre o percurso da qual se encontram, de distância em distância, mas em intervalos desiguais, florestas que é preciso atravessar; à entrada de cada floresta, a estrada larga e bela é interrompida e não retoma senão na saída.

sobre mil só um o transpõe, esse homem teve razão, porque o número dos imprudentes é muito grande; mas errou dizendo que, uma vez caído dentro, dele não se sai mais; há sempre uma saída para chegar a mim. Vai, meu filho, vai mostrar essa saída àqueles que estão no fundo do abismo; vai sustentar os feridos da estrada e mostra o caminho àqueles que atravessam as florestas.

A estrada é a figura da vida espiritual da alma, sobre o percurso da qual se é mais ou menos feliz; as florestas são as existências corpóreas, onde se trabalha para o seu adiantamento, ao mesmo tempo que para a obra geral; o viajor que chega ao objetivo e que retorna para ajudar aqueles que estão atrasados, é a dos anjos guardiães, missionários de Deus, que encontram a sua felicidade em seu objetivo, mas também na atividade que desdobram para fazerem o bem e obedecerem ao supremo Senhor.

continua

Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥

Offline Edna☼

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 10832
  • Participação: 1417
  • Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!Edna☼ is awe-inspiring!
  • Sexo: Feminino
  • Leia Kardec para entender Jesus. ♥ (a.d.)
  • Relevância: +1761
Re: Obras Póstumas |Allan Kardec 📘
« Responder #59 em: 18 de Junho de 2020, 21:36 »
0Gostou?
Um viajor segue essa estrada e entra na primeira floresta; mas lá, não mais vereda batida; um dédalo inextricável no meio do qual se perde; a claridade do Sol desapareceu sob o espesso maciço das árvores; ele erra sem saber para onde vai; enfim, depois de fadigas extraordinárias chega aos confins da floresta, mas abatido de fadiga, rasgado pelos espinhos, machucado pelos calhaus. Lá, reencontra a estrada e a luz, e prossegue seu caminho, procurando se curar de suas feridas. Mais longe, encontra uma segunda floresta, onde o esperam as mesmas dificuldades; mas já tem um pouco de experiência e dela sai menos contundido. Numa, encontra um lenhador que lhe indica a direção que deve seguir e impede -o de se perder.

A cada nova travessia a sua habilidade aumenta, se bem que os obstáculos são mais e mais facilmente superados; seguro de reencontrar a bela estrada na saída, essa confiança o sustenta; depois sabe se orientar para encontrá -la mais facilmente. A estrada termina no cume de uma montanha muito alta, de onde avista todo o percurso desde o ponto de partida; vê também as diferentes florestas que atravessou e se lembra das vicissitudes que experimentou, mas essa lembrança nada tem de penosa, porque alcançou o objetivo; é como o ve lho soldado que, na calma do lar doméstico, se lembra das batalhas às quais assistiu.

Essas florestas disseminadas sobre a estrada são para ele como pontos negros sobre uma condecoração branca; ele diz a si mesmo: “Quando estava nessas florestas, nas pri meiras sobretudo, como me pareciam longas para atravessar! Parecia -me que não chegaria mais ao fim; tudo me parecia gigantesco e intransponível ao meu redor. E quando penso que, sem esse bravo lenhador que me recolocou no bom caminho, talvez estaria ali ai nda! Agora que considero essas mesmas florestas, do ponto de vista onde estou, como me parecem pequenas! Parece-me que, com um passo, teria podido transpô -las; bem mais, a minha vista as penetra e nelas distingo os menores detalhes; vejo até as faltas que cometi.”

Então, um velho lhe diz:

– Meu filho, eis-te no fim da viagem, mas um repouso indefinido te causaria logo um tédio mortal, e ficarias a lamentar as vicissitudes que experimentaste e que deram atividade aos teus membros e ao teu Espírito. Vês daqui um grande número de viajores sobre a estrada que percorreste, e que, como tu, correm risco de se perder no caminho; tens a experiência, não temes mais nada; vai ao seu encontro e, pelos teus conselhos, trata de guiá -los, a fim de que cheguem mais ced o.

– Vou com alegria, redargui nosso homem; mas, ajuntou, por que não há uma estrada direta do ponto de partida até aqui? Isso pouparia, aos viajores, passar por essas abomináveis florestas.

– Meu filho, replica o velho, olha bem nelas e verás que muitos evitam um certo número delas; são aqueles que, tendo adquirido mais cedo a experiência necessária, sabem tomar um caminho mais direto e mais curto para chegar; mas essa experiência é o fruto d o trabalho que as primeiras travessias necessitaram, de tal sorte que não chegam aqui senão em razão de seu mérito.

– Que saberias, tu mesmo, se por ali não tivesses passado? A atividade que deveste desdobrar, os recursos de imaginação que te foram neces sários para te traçar um caminho, aumentaram os teus conhecimentos e desenvolveram a tua inteligência; sem isso, serias novato como em tua partida. E depois, procurando tirar -te dos embaraços, tu mesmo contribuíste para a melhoria das florestas que atraves saste; o que fizeste é pouca coisa, imperceptível; mas pensa nos milhares de viajores que o fazem também, e que, trabalhando todos para eles, trabalham, sem disso desconfiarem, para o bem comum. Não é justo que recebam o salário de seu trabalho pelo repous o do qual gozam aqui? Que direito teriam a este repouso se nada tivessem feito?

– Meu pai, responde-lhe o viajor, numa dessas florestas, encontrei um homem que me disse: “Sobre a borda há um imenso abismo que é preciso transpor de um salto; mas, sobre mil, apenas um consegue; todos os outros lhe caem no fundo, numa fornalha ardente e estão perdidos sem retorno. Esse abismo eu nunca vi.”

– Meu filho, é que não existe, de outro modo isso seria uma armadilha abominável estendida a todos os viajores que viessem em minha casa. Eu bem sei que lhes é preciso superar as dificuldades, mas sei também que, cedo ou tarde, as superarão; se tivesse criado impossibilidades para um único, sabendo que deveria sucumbir, teria sido cruel, e com mais forte razão se o fizera p ara o grande número. Esse abismo é uma alegoria da qual vais ver a explicação. Olha sobre a estrada, nos intervalos das florestas; entre os viajores, vês os que caminham lentamente, com um ar feliz, vês esses amigos que se perderam de vista nos labirintos da floresta, como estão felizes em se reencontrarem na saída; mas, ao lado deles, há outros que se arrastam penosamente; são estropiados e imploram a piedade dos que passam, porque sofrem cruelmente das feridas que, por sua falta, fizeram a si mesmos através das sarças; mas disso se curarão, e isso será, para eles, uma lição da qual aproveitarão na nova floresta que terão que atravessar, e de onde sairão menos machucados. O abismo é a figura dos males que sofrem, e dizendo que sobre mil só um o transpõe, esse homem teve razão, porque o número dos imprudentes é muito grande; mas errou dizendo que, uma vez caído dentro, dele não se sai mais; há sempre uma saída para chegar a mim. Vai, meu filho, vai mostrar essa saída àqueles que estão no fundo do abismo; vai sustentar os feridos da estrada e mostra o caminho àqueles que atravessam as florestas.

A estrada é a figura da vida espiritual da alma, sobre o percurso da qual se é mais ou menos feliz; as florestas são as existências corpóreas, onde se trabalha para o seu adiantamento, ao mesmo tempo que para a obra geral; o viajor que chega ao objetivo e que retorna para ajudar aqueles que estão atrasados, é a dos anjos guardiães, missionários de Deus, que encontram a sua felicidade em seu objetivo, mas também na atividade que desdobram para fazerem o bem e obedecerem ao supremo Senhor.


Registado
Tudo que realmente é verdadeiro é eterno! Como o amor, os ensinamentos...e a nossa vida! ♥


  • Imprimir
Páginas: 1 2 3 [4] 5 6 ... 8   Ir para o topo
« anterior seguinte »
 

Comente no facebook

Assuntos relacionados

  Assunto / Iniciado por Respostas Última mensagem
PROJECTO 1868 - Obras Póstumas - Allan Kardec

Iniciado por Det's me!... Artigos Espíritas

0 Respostas
4176 Visualizações
Última mensagem 12 de Julho de 2005, 19:25
by Det's me!...
Allan Kardec - Vida e Obras.........Sinopses e Livro elecronico

Iniciado por Det's me!... Livros Espíritas

6 Respostas
5657 Visualizações
Última mensagem 14 de Janeiro de 2007, 17:32
by Mourarego
Minha primeira iniciação no Espiritismo... Allan Kardec - Obras Postumas

Iniciado por Det's me!... O que é o espiritismo

2 Respostas
4645 Visualizações
Última mensagem 17 de Junho de 2007, 12:54
by Det's me!...
Obras Póstumas

Iniciado por Marifernandez Páginas na internet

7 Respostas
4723 Visualizações
Última mensagem 06 de Junho de 2010, 14:20
by bisognini
Audiobook » Allan Kardec - Obras Póstumas (Pt)

Iniciado por herminio Audiobook

3 Respostas
7180 Visualizações
Última mensagem 07 de Novembro de 2011, 23:49
by FENet

Clique aqui para receber diariamente novidades do Forum Espirita.


Estudos mensais

facebook-icontwitter-icon

O seu e-mail:


 
Receba no seu e-mail um resumo diário dos novos tópicos.

Pesquisar assunto



Pesquisa avançada
  • Mobile


    • Powered by SMF 2.0 RC3 | SMF © 2006–2009, Simple Machines LLC