Forum Espirita

*
  • Moderadores
  • Regras
  • Sobre
  • FAQs
  • Contactos
Por favor Entre ou registe-se.

Entrar com nome de utilizador, password e duração da sessão
  • Início
  • Pesquisa
  • Contato
  • Salas de Chat
  • Entrar
  • Registe-se
  • Forum Espirita »
  • GERAL »
  • Outros Temas »
  • Livros Espíritas »
  • Cenas do Astral🏞 [Livros mediúnicos]

Aumentar pontos de Participação:  
O que pensa sobre esta mensagem?
Gostei Não gostei  
Comentar:

« anterior seguinte »
  • Imprimir
Páginas: [1]   Ir para o fundo

Autor Tópico: Cenas do Astral🏞 [Livros mediúnicos]  (Lida 12087 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.

Offline rwer

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 2035
  • Participação: 200
  • rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +633
  • País: 🇧🇷
Cenas do Astral🏞 [Livros mediúnicos]
« em: 09 de Dezembro de 2010, 22:30 »
+5Gostou?
mundo astral, mundo espiritual, Céu, vida depois de morte

Isto é um álbum. Não deve ter comentários.




Alô, amiguinhos,

Este tópico é pra gente compartilhar trechos preferidos sobre o Mundo Astral.

Aqui constarão apenas relatos mediúnicos que existam em livros.  Afinal, esta é a seção de livros.

Se deseja trazer uma passagem de livro mediúnico que trate do ambiente astral, informe os créditos (título do livro, autor, médium, editora, etc.).

Confissão de Voltaire

O texto abaixo existia inicialmente em revista, a famosa Revue Spirite, de Allan Kardec, setembro de 1859. Mas, hoje, a Revista Espírita é editada no formato livro, um livro pra cada ano (12 números). Vamos ver?



(Apresentação, por Allan Kardec): Um dos nossos correspondentes de Boulogne, a propósito da entrevista de Voltaire e Frédéric, que publicamos no último número da Revista, nos dirige a seguinte comunicação que aqui inserimos com tanto maior bom grado porque ela apresenta um lado eminentemente instrutivo do ponto de vista espírita. Nosso correspondente fá-la preceder de algumas reflexões que nossos leitores ficarão contentes por não omiti-las.

"Esta comunicação, traduzida do inglês, foi extraída da obra do juiz Edmonds, publicada nos Estados Unidos. Ela toma a forma de uma conversação entre Voltaire e Wolsey, o célebre cardeal inglês do tempo de Henrique VIII. Dois médiuns foram impressionados separadamente para transmitirem esse diálogo."

Voltaire. - Que imensa revolução no pensamento humano ocorreu desde que deixei a Terra!

Wolsey. - Com efeito, essa infidelidade que censuráveis então, aumentou desmesuradamente desde aquela época. Não é que ela tenha maiores pretensões hoje, mas é mais profunda e mais universal, e ao menos que seja detida, ela ameaça tragar a Humanidade no materialismo, mais do que o fez durante séculos.

Voltaire. - Infidelidade em quê e contra quem? Está na lei de Deus e do homem? Pretendes me acusar de infidelidade porque não me submeti aos estreitos preconceitos de seitas que me rodeavam? É que minha alma estava a pedir uma amplidão de pensamento, um raio de luz, além das doutrinas humanas. Sim, minha alma nas trevas tinha sede de luz. (...)

"Minhas obras têm, portanto, seu lado bom, porque sem elas o mal que viria para a Humanidade poderia ser pior, sem oposição nenhuma. Vários homens não quiseram mais a sua subjugação; muitos deles se libertaram, e se o que eu preguei lhes deu um único pensamento elevado, ou lhes fez dar um único passo no caminho da ciência, não foi abrir-lhes os olhos quanto à sua verdadeira condição? O que eu lamento é ter vivido tanto tempo na Terra sem saber o que poderia ser, e o que poderia fazer. O que eu não faria, se fosse abençoado com as luzes do Espiritismo, que despertam hoje no Espírito dos homens! (...)

A seguir, Voltaire descreve seu retorno ao mundo espiritual:

"Incrédulo e incerto entrei no mundo dos Espíritos. Só minha presença bastava para banir todo vislumbre de luz que pudesse esclarecer minha alma obscurecida; fora a parte material de meu ser que se desenvolveu na Terra; quanto à parte espiritual, ela se perdera no meio de meus descaminhos procurando a luz; ela se achava presa como numa jaula de ferro. Altivo e zombador, eu aí iniciava, não conhecendo, nem me importando em conhecer, esse futuro que tanto combatera quando no corpo.

"Mas fazemos aqui esta confissão: sempre encontrei, em minha alma, uma pequena voz que se fazia ouvir através das barreiras materiais, e que pedia a luz. Era uma luta incessante entre o desejo de saber e uma obstinação em não saber. Assim, pois, minha entrada ficou longe de ser agradável, não vinha descobrir a falsidade, a coisa nenhuma das opiniões que sustentara com toda a força de minhas faculdades? O homem se achava imortal, afinal de contas, eu não poderia deixar de ver e deveria existir um Deus, um Espírito imortal, que estava acima e que governava esse espaço ilimitado que me rodeava.

"Como eu viajasse sem cessar, sem me conceder nenhum repouso, a fim de me convencer que isso poderia muito bem, ainda, ser um mundo material, ali onde eu estava, minha alma lutou contra a verdade que me esmagava! Não pude me realizar como Espírito que acabara de deixar sua morada mortal! Não tive aí ninguém com quem pudesse entabular relações, porque recusara a imortalidade a todos. Não existia repouso para mim: eu estava sempre errante e incerto; o Espírito em mim, tenebroso e amargo, talhado do maníaco, impossibilitado de seguir alguma coisa ou deter-se.

"Foi, eu o digo, zombador e desconfiado que abordei o mundo espírita. Primeiro fui conduzido para longe das habitações dos Espíritos, e percorri o espaço imenso. Em seguida, me foi permitido lançar os olhos sobre as construções maravilhosas das moradas espíritas e, com efeito, elas me pareceram surpreendentes; fui impelido, aqui e ali, por uma força irresistível; tive que ver, e ver até que minha alma transbordasse pelos esplendores, e derrotada diante do poder que controlava tais maravilhas. Enfim, quis me esconder e me agachar no oco das rochas, mas não pude". (...)

Nota (de Allan Kardec): Não acrescentaremos nenhuma reflexão nesta comunicação, da qual cada um apreciará a profundeza e alta importância e onde se encontra toda a superioridade do gênio. Nunca talvez um quadro mais grandioso e mais impressionante foi dado do mundo espírita, e da influência das ideias terrestres sobre as ideias de além-túmulo.




* CV.png (486.54 Kb - transferido 106 vezes.)
* Direitos autorais.png (42.62 Kb - transferido 85 vezes.)
« Última modificação: 29 de Abril de 2019, 03:23 by ram-wer »
Registado

Offline rwer

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 2035
  • Participação: 200
  • rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +633
  • País: 🇧🇷
Re: Cenas do Astral (livros mediúnicos)
« Responder #1 em: 24 de Dezembro de 2010, 02:28 »
0Gostou?


A vida além do véu, Vol. II

Capítulo IV - Terra, o vestíbulo do Céu, ditado por Zabdiel


Quinta, 27 de novembro de 1913

(...) E agora, meu amigo e tutelado, deixe-me mostrar-lhe um cenário que ilustra o que escrevi.
   
Em uma colina verde e dourada, com o perfume de muitas flores pairando no ar como música num beijo de cor, há uma antiga casa com muitas torrinhas e janelas como aquelas que na velha Inglaterra se fechavam com vidro. Árvores e gramados e, abaixo no vale, um grande lago onde pássaros de muitas cores, e muito bonitos, brincam entre si.

Não é um cenário de sua esfera, mas um deste lado do Véu. Seria de pouco proveito que eu argumentasse mostrando a racionalidade de tais coisas estando aqui. É assim, e o homem duvidaria que tudo isto, que é bom e bonito na terra, está aqui com a beleza intensificada, e o amor feito mais amor que já é, de nossa parte uma questão de se pensar o quão grande é.
   
Em uma das torres, ali está uma mulher. Ela está vestida na cor de sua ordem, e aquela cor não é cor conhecida na terra; portanto não posso dar o nome. Mas poderia descrevê-la como um lilás dourado; e temo que isto pouco lhe fará entender. Ela observa o horizonte longínquo do outro lado do lago, onde baixas colinas são tocadas pela luz além. Ela está feliz por ver isto.

Sua figura é mais perfeita e bonita que a de qualquer mulher na terra, e sua face mais amorosa. Seus olhos brilham com uma irradiação de um matiz violeta, e em sua testa uma estrela prateada brilha e cintila como em resposta aos pensamentos interiores. Esta é a joia de sua ordem. E se beleza fosse desejada para fazer a beleza dela mais completa, seria uma pontada de melancolia, que lhe aumenta a paz e a alegria de seu semblante.

Esta é a Senhora da Casa, onde mora um grande número de trabalhadoras que estão a seu encargo para fazerem o que ela quiser, e dirigirem-se em missão aonde ela desejar, de tempos em tempos. A Casa é muito espaçosa.
   
Agora, se estudar sua face verá em primeiro lugar que ela está em expectativa, e presentemente uma luz sai e pisca de seus olhos em raios violeta; e de seus lábios sai uma mensagem; e você sabe disto pela razão dos raios de luz azul e rosa e carmesim que disparam debaixo de seus lábios e parecem ter asas, voando tão rapidamente que não é possível segui-los através do lago.
   
Então um barco é visto chegando rapidamente pela direita, entre as árvores que crescem nas margens, e os remos faíscam e cintilam, e as gotas em torno da proa dourada são como pequeninas esferas de vidro dourado misturadas com esmeraldas e rubis, à medida que vão caindo para trás. O barco chega ao cais e uma multidão usando roupas brilhantes salta nos degraus de mármore que os conduzem para cima pelo gramado verde. Um deles não é tão rápido, entretanto. Sua face está banhada de alegria, mas também parece cheio de assombro, e seus olhos não estão muito acostumados à qualidade de luz que banha todas as coisas numa radiação suave de luz tênue.
   
Então, da entrada, e rumando abaixo em direção à recepção, vem a Senhora da Casa, e para a uma curta distância da reunião. O recém-chegado olha para ela enquanto ela está ali, e exprime espanto em seu olhar, extasiado e atento. Aí, finalmente, ela o chama e, em palavras calorosas, esta brilhante santa de Deus dá boas vindas a seu marido, “Bem, James, agora você chegou a mim - finalmente, querido, finalmente.”
   
Mas ele hesita. A voz é dela, mas está diferente. Além do mais, quando ela morreu era uma velhinha com cabelos grisalhos, e inválida. Agora ela se posta diante dele como uma adorável mulher, nem jovem nem velha, mas com a perfeita graça e beleza de juventude eterna.
   
“E eu observei você, querido, e estive tão próxima de você o tempo inteiro. Agora isso é passado e acabou, e sua solidão se foi para sempre, querido. Pois agora estamos juntos mais uma vez, e aqui é o Eterno Presente de Deus, onde nem eu nem você jamais envelheceremos, e onde nossos meninos e Nellie virão quando terminarem o que é encargo deles na vida terrestre.”
   
Até aqui ela falou, para que ele pudesse recuperar sua postura; e finalmente ele conseguiu, e repentinamente. Ele irrompeu em lágrimas de alegria, porque percebeu que era sem dúvida sua esposa e sua querida; e o amor sobrepujou seu respeito. Ele caminhou naquela direção com sua mão esquerda sobre seus olhos, somente dando olhadas para cima e então, quando ele estava perto, ela correu e tomou-o nos braços e o beijou, e jogando um braço em seu pescoço, tomou sua mão na dela e conduziu seus passos, lentamente e com delicada dignidade, para a Casa que preparou para ele.

Sim, aquela Casa era o complemento celeste da casa deles em Dorset, onde moraram toda sua vida de casados até que ela passou para cá, e onde ele permaneceu pranteando sua ausência.
   
Isto, meu tutelado, transmiti-lhe para apontar, com cenas caseiras, o fato de que tesouros do céu não são meras palavras de sentimento, mas são sólidos e reais e, se você não captou o sentido, materiais. Casas e amigos e pastos e todas as coisas queridas e bonitas que vocês têm na terra, estão aqui. Somente aqui elas são de uma beleza mais sublimada, mesmo as pessoas destes reinos são de uma beleza não terrena.
   
Aqueles dois que viveram uma boa vida como proprietário rural e esposa, ambos simples e tementes a Deus, e bondosos aos pobres, quase ricos. Estes têm sua recompensa aqui, e esta recompensa é frequentemente inesperada como foi a dele.
   
Este encontro eu pessoalmente testemunhei, porque fui um dos que o trouxe ao caminho para a Casa, ficando lá na esfera onde isto aconteceu.
   
- Em que esfera foi, por favor?
   
Na Sexta. E agora, meu amigo, encerrarei e devo mostrar-lhe algumas destas belezas que aguardam os simples de coração que por amor fazem o que podem, e procuram o correto perante Deus para agradar a Ele, em vez de procurarem as altas posições dentre os homens. Estes brilharão como estrelas e como o sol, e tudo ao seu redor terá mais amor por causa da presença deles. Está escrito assim, e é verdade. + (...)


* Captura de tela 2010-12-23 (407.01 Kb - transferido 3302 vezes.)
« Última modificação: 14 de Abril de 2019, 20:57 by ram-wer »
Registado

Offline rwer

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 2035
  • Participação: 200
  • rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +633
  • País: 🇧🇷
Re: Cenas do Astral (livros mediúnicos)
« Responder #2 em: 28 de Março de 2011, 00:03 »
0Gostou?
Patrícia, Violetas na Janela, imagem, foto artística
 
Ok, milhões de pessoas já leram Violetas na Janela. Mas é sempre bom dar uma relidinha.  Para os que ainda não conhecem, tá aí um pedaço dos mais pitorescos desse best seller de Patrícia.

Um detalhe que me chamou muito a atenção:  mesmo vendo outras pessoas voando em seus corpos astrais, alguns moradores da colônia São Sebastião não estavam a fim de aprender.

O peso da vida física, dos velhos hábitos e manias, tudo pode continuar no Astral.  Continua com a gente e atrapalha nossa adaptação ao novo.

Lembrando Jesus: há os que, não vendo, acreditam; os que acreditam quando veem; e existem os que, mesmo vendo, não querem acreditar.  Mas a Divindade ama infinitamente a todos.
 


Violetas na Janela, de Patrícia, médium Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho,
Editora Petit, São Paulo, 1993.


Capítulo 9

VOLITAR


(...) Tinha sempre notícias de casa, dos familiares. Continuava recebendo muitas orações, estímulos, votos de alegria e para que me adaptasse logo à vida espiritual. Amigos escreviam, dando notícias minhas aos meus, pela psicografia, através da tia Vera. (...)

Estava tranquila, o desencarne para mim não fez grande diferença, por nenhum momento senti-me separada dos meus. Entendi que não perdi a individualidade, continuava a mesma, meu amor pela família era o de sempre.

Não podemos separar nossa vida, ela é um todo, estar encarnada ou desencarnada são fases. Recebia muito, compreendi também que somos herança de nós mesmos. A reação é conforme a ação. (...)

Vovó me levou ao campo, ou pátio da escola, onde instrutores ensinam a volitar. Fui toda contente.

A escola é muito grande, tem várias áreas e muitos prédios. É muito bonita e agradável, rodeada de árvores e canteiros floridos.

O pátio é grande, parte gramado, parte ladeado com lindos ladrilhos cinza-claro, em sua volta há bancos e flores. Na Colônia São Sebastião, esse campo é repartido em duas áreas. Numa parte os principiantes aprendem a volitar, na outra, a alimentar-se pela respiração. (...)

Fiquei encantada, admirando tudo, curiosa. Na parte ou campo de volitação, havia cinco instrutores. Cada um com um pequeno grupo de aprendizes. O primeiro grupo, do qual estávamos perto, tinha uns desencarnados que não davam impulso. O instrutor carinhosamente tentava ajudá-los, mas eles pareciam temer. Indaguei a vovó:

- Por que eles nem querem dar impulso? Será que não gostam de volitar?

- Talvez duvidem que conseguirão. Nem todos, Patrícia, aprendem fácil ou gostam de aprender. Sei de muitos desencarnados daqui da Colônia que não sabem porque não querem aprender.

- Será que estes conseguirão?

- O fato de eles estarem aqui é porque querem aprender. Muitos deles, não tendo nem ideia quando encarnados desta possibilidade, desencarnados estranham muito e, pior, duvidam. Mas quem quer, aprende.

Vovó me inscreveu no curso. Tudo bem organizado, com dia e hora marcados.
Fui apresentada ao primeiro instrutor que me interpelou.

- Patrícia, conhece alguma coisa sobre volitação?

- Conheço.

- Ótimo. - Pegou nas minhas mãos e deu um impulso, e saí tranquila a volitar.

- Oh! Você deve passar para a turma três.

O curso tem cinco fases, cada fase com um instrutor. Como já tinha aprendido o básico fui para a terceira fase. Recebi uma apostila para estudar sobre volitação. É bem organizado. Aprendi rápido, em poucas lições concluí o curso e estava apta a volitar. A volitação pode ser feita de vários modos: devagar, rápido, rapidíssimo, na vertical e na horizontal. Devagar é como andar, só que acima do chão.

Na Colônia volita-se pouco, é mais comum andar pelas suas ruas, avenidas e praças. Normalmente, volitamos devagar. Rápido, quando há mais pressa, e rapidíssimo, o último que aprendemos, volitamos como se nos desmaterializássemos para materializar-nos em outro lugar. Volita-se deste modo a longas distâncias. Vai-se, por exemplo, de um ponto a outro da Terra, em segundos. Na vertical, é usada para a locomoção rápida. Na horizontal, quando se quer apreciar a paisagem.

As crianças e jovens aprendem a volitar nos pátios do Educandário.
O corpo perispiritual é mais denso, quanto mais a personalidade se confunde com o corpo físico. Desligando-se da aparência física, vai-se aonde quer, pois se cosmifica.

Volitar é privilégio de desencarnados. Ah, que grande e maravilhoso privilégio!


Nota de Patrícia: (Certamente que encarnados volitam quando estão com seus corpos físicos dormindo e em desdobramento. Mas a sensação agradabilíssima é só para desencarnados que sabem.)




« Última modificação: 31 de Outubro de 2019, 00:54 by ram-wer »
Registado

Offline rwer

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 2035
  • Participação: 200
  • rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +633
  • País: 🇧🇷
Re: Cenas do Astral (livros mediúnicos)
« Responder #3 em: 19 de Março de 2012, 00:14 »
0Gostou?
Cartas de uma morta, Maria João de Deus, Chico Xavier, 1935

Ilustração:Djom

Em singelas cartas ao seu filho Chico, Maria João de Deus deixa entrever os desafios que nos esperam quando a gente retornar ao Astral.

A falta de controle das emoções, os pensamentos incessantes, tudo isso parece ser um grande problema pro recém-desencarnado.

Como disse Lísias a André Luiz: Quem pensa está fazendo alguma coisa em algum lugar. 

Aqui na Terra a gente não vê o resultado, mas no Astral ele salta à nossa frente.

Nesse ponto, também temos muito a aprender com os orientais: disciplina mental e emocional.

Eis um pedacinho desse livro único, agora com nova capa da Lake - Livraria Allan Kardec Editora.

Cartas de uma morta
Maria João de Deus, Chico Xavier
Editora Lake

Citar
(...) Num ambiente de paz e de serenidade transcorreram os meus primeiros dias no Além-Túmulo.

Não obstante a minha tranquilidade, impressionavam-me, ainda, as sensações corporais, em razão das profundas raízes de sentimentos que me ligavam ao orbe terráqueo.

Bastaria que me colocasse em contato com as recordações da vida que deixara, para que revivessem, em meu mundo interior, incidentes que presumia inumados para sempre no olvido, junto às mais acerbas lembranças. Avivaram-se, então, as próprias dores físicas que eu experimentara nos meus últimos tempos na Terra; e sentia-me alquebrada pela dor e pelos desgostos.

São essas manifestações de vontade fraca e indecisa que mais torturam os trespassados, no início de sua existência extraterrestre.

Na vida livre, o pensamento é quase tudo. Não há nela formas determinadas como no mundo da matéria; e tudo se subordina aos ditames de uma vontade potente.

Meus parcos conhecimentos a respeito do espírito e de suas possibilidades dificultavam-me a concentração do poder mental num objetivo definido, o que auxilia sobremaneira os seres recém-libertos da carne a compreenderem a vida que os rodeia. (…)

Para que se possa ter ideia do local em que me encontrava, direi que era igual aos dos majestosos edifícios daí, divididos em confortáveis apartamentos. Era, como se pode dizer, uma grande casa de socorros espirituais, um ninho acolhedor de almas errantes e enfraquecidas.

Havia ali solicitude, zelo e amor fraternais. Muita coisa existe que se não parece com os objetos da Terra; porém, lá vive algo que pode servir de formas intermediárias entre um e outro plano. (…)


« Última modificação: 31 de Outubro de 2019, 01:03 by ram-wer »
Registado

Offline rwer

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 2035
  • Participação: 200
  • rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +633
  • País: 🇧🇷
Re: Cenas do Astral (livros mediúnicos)
« Responder #4 em: 24 de Março de 2014, 00:04 »
0Gostou?
A vida além do véu, Vol. I (Feb)
Médium: George Vale Owen (1869-1931)
Tradutor: Carlos Imbassahy


Ilustração: Djom

Às vezes, Deus escolhe as pessoas mais improváveis para realizar uma tarefa. Quem diria que um zeloso padre, amado por seus paroquianos, se tornaria médium? Owen foi ordenado sacerdote aos 24. Porém, em 1909, após o desencarne de sua mãe, ele começou a receber mensagens celestes. As primeiras comunicações vieram justamente dela.

Em comemoração pelos 100 anos das mensagens reveladoras de A vida além do véu, vamos ver um episódio recebido em 29 de outubro de 1913:



(…) “Um homem veio para a nossa colônia, há pouco tempo, havendo desencarnado também havia pouco.

Vagava, procurando algum lugar que lhe servisse, e pensou que este estabelecimento lhe conviesse. Não julgue que ele estava só. Acompanhava-o, a distância, um vigia, pronto a socorrê-lo em caso de necessidade.

O homem possuía um daqueles curiosos caracteres mistos, como acontece muitas vezes adquirirmos. Tinha muita bondade e luz, porém, isso não podia ser aproveitado para o seu progresso, por ser ele tolhido e dominado por outros sentimentos que não podia vencer.

Foi encontrado em um atalho, a alguma distância do morro onde estava situada a nossa Casa, por um dos trabalhadores de outra Casa; este trabalhador parou e interrogou-o, por ter-lhe notado um olhar estranho e perplexo. Recebeu então um sinal do vigia, que estava distante, o qual lhe comunicou o que se tratava, e assim, de repente, ficou ele apto a cuidar do caso. Falou carinhosamente ao recém-vindo, travando-se o seguinte diálogo:

A. – Não pareceis estar muito acostumado com este lugar. Posso ser-vos útil de alguma forma?

B. – Creio que não, embora seja o vosso oferecimento muito generoso.

A. – Nós poderíamos resolver a vossa dificuldade, embora não completamente, como seria do vosso desejo.

B. – Receio que não conheçais essa dificuldade.

A. – Creio que a conheço em parte. Estais perplexo por não terdes encontrado nenhum dos vossos amigos e vos admirais disto.

B. – Assim, é, na verdade.

A. – Mas eles vos encontraram.

B. – Não os vi, e tenho estado a pensar onde os poderei achar. Parece bem estranho. Sempre julguei que os nossos amigos fossem os primeiros a vir ao nosso encontro quando aqui chegássemos, e não posso compreender nada.

A. – Mas eles já vos encontraram.

B. – Eu ainda não vi nenhum dos que conheço.

A. – Tendes razão. Eles vos encontraram e vós não os reconhecestes, não os quisestes reconhecer.

B. – Não entendo.

A. – O que eu quero dizer é o seguinte; quando passastes para aqui, fostes imediatamente recebido pelos vossos amigos, porém o vosso coração, bondoso a muitos respeitos, e mesmo esclarecido, era duro e teimoso, sob outros aspectos, e é esta a razão por que não lhes notastes a presença.

O outro olhou longamente, com sinais de dúvida, para seu companheiro e, por fim, balbuciou uma pergunta.

B. – Qual é a minha falha? Todos com quem me encontro são bons e felizes, e, apesar disto, parece não me ser possível juntar-me a nenhum ou achar o meu lugar adequado. Que é o que não está direito em mim?

A. – A primeira coisa que tendes que aprender é que as vossas opiniões podem não ser exatas. Apontar-vos-ei uma errada, para começar. Este mundo não é feito como procurais acreditar, isto é, um mundo onde as pessoas são inteiramente boas ou inteiramente más. Elas são semelhantes às da Terra. Outra coisa é a seguinte: vossa mulher, que veio para cá há alguns anos, está em esfera mais alta do que aquela para onde ireis quando, finalmente, tiverdes uma verdadeira noção das coisas. Ela, mentalmente, não era igual a vós, na Terra, e ainda o não é agora, e vós lhe sois inferior em um ponto de vista geral, tendo-se em consideração todos os vossos atos. Esta é a segunda coisa que tendes de aceitar e aceitar ex-animo. Não a estais aceitando, como eu posso ver pelo vosso rosto. Mas tereis que o fazer antes de ir para a frente. Quando o houverdes feito, provavelmente podereis entrar em comunicação com ela. Por enquanto, isto não é possível.

Os olhos do homem ficaram marejados de lágrimas, porém sorriu docemente e disse: – Senhor, eu vejo que sois um profeta.

A. – Tendes razão, e isto conduz-me ao terceiro ponto, que tereis também que aceitar, e é o seguinte: Há alguém que vos observa continuamente e que está sempre pronto a socorrer-vos. É um profeta, ou antes, um vidente, como eu, e foi ele que colocou aquela frase no vosso cérebro para que ma repetísseis.

O rosto do estrangeiro tornou-se grave e pensativo. Ele procurava agora encarar as coisas pelo seu verdadeiro prisma. Perguntou:

B. – É, então, a vaidade que é a minha falta?

A. – Sim, porém, vaidade de um gênero especial. Em muitos casos sois dócil e humilde e não despido de amor, que é a maior de todas as forças, mas há certa dureza em vosso cérebro, mais do que em vosso coração, que é preciso ser abrandada. Metestes-vos em um círculo vicioso mental, que é preciso abandonar, para abranger um horizonte mais vasto ou caminhareis como um cego que pode ver – o que é uma contradição e um paradoxo. Há coisas que enxergais com bastante lucidez e outras para as quais sois completamente cego. Aprendei que mudar a opinião, em face de provas, não é fraqueza ou deserção, mas sinal de alma honesta.

Digo-vos mais: Se o vosso coração fosse tão endurecido quanto é o vosso cérebro, não estaríeis vagando, aqui, nos campos iluminados pelo Sol de Deus, porém, em regiões mais negras, para lá daqueles morros, muito além deles. Expliquei o mais claramente que pude, meu amigo, o vosso caso um tanto complicado. O resto compete a outro.

B. – A quem?

A. – Àquele de quem já vos falei, sob cuja guarda vos achais.

B. – Onde está ele?

A. – Daqui a um minuto estará aqui.

(O recado foi transmitido; o guarda achava-se ao lado do seu protegido que, não obstante, não o podia ver.)

A. – Aqui está ele, dizei-lhe o que desejais.

B parecia cheio de dúvida e ansiedade e, em seguida, disse:

– Meu amigo, se ele está aqui, por que não o posso ver?

A. – Porque na presente fase de vossa atividade mental estais cego. Esta é a primeira coisa de que vos tendes de convencer; acreditai-me, quando digo que estais cego para alguns efeitos.

B. – Eu posso ver perfeitamente e o que vejo está bastante claro; o terreno parece muito natural e belo, não estou cego para ver isto. Principio, porém, a crer que há muitas outras coisas, tão reais quanto estas, e que não posso ver; podê-lo-ei fazer algum dia, talvez, mas…

A. – Parai e deixai o “mas” sossegado. Olhai, agora, enquanto eu tomo o vosso Guia pela mão.

Ele, então, tomou a mão direita do Guia vigilante, dizendo a B que olhasse atentamente e que lhe dissesse se via alguma coisa. O outro não estava bem seguro. Parecia-lhe ver uma forma transparente que poderia ser ou não verdadeira, porém não tinha a certeza de nada.

A. – Tomai, então, a sua mão entra as vossas. Tomai-a de mim.

O homem estendeu a mão, tomou a do seu Guia das mãos de A e prorrompeu em pranto.

Não tivesse ele progredido, até o ponto de tomar essa deliberação, e não teria visto o seu Guia nem sentido o seu contato. O fato de ter estendido a mão, por ordem de A, mostrou que já tinha progredido durante a conversa, recebendo a sua imediata recompensa.

O outro segurou-lhe a mão com firmeza, durante algum tempo; enquanto que B o via e sentia cada vez com mais clareza. A, então, deixou-os sós. Bem depressa B poderá ouvir e ver o seu Guia e, sem dúvida, cada vez se tornará mais forte.

Isso serve para mostrar-lhe com que casos difíceis temos muitas vezes que lidar. Luz e escuridão intensa, humildade e dureza; orgulho obstinado, tudo em confusão, bem difícil é de separar-se ou tratar-se com resultado. Tais problemas porém são interessantes e, depois de dominados, dão grande alegria aos obreiros. (…) “



« Última modificação: 31 de Outubro de 2019, 01:05 by ram-wer »
Registado

Offline rwer

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 2035
  • Participação: 200
  • rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +633
  • País: 🇧🇷
Re: Cenas do Astral (livros mediúnicos)
« Responder #5 em: 30 de Março de 2018, 20:53 »
0Gostou?

Ilustração: Vivianne Fair
A crise da morte
Ernesto Bozzano
Editora: Feb

Sexto Caso

"Extraio a seguinte mensagem de um precioso volumezinho de revelações transcendentais, devido à mediunidade da Sra. E. B. Duffey, intitulado: Heaven Revised.(...)

(...) passo à reprodução de algumas páginas da narração ditada pela personalidade que se comunicava e referente ao processo de sua desencarnação. Essa personalidade, no curso de sua existência terrestre, fora conhecida do médium. Era uma senhora distinta e de espírito muito culto, cujas opiniões foram, durante longo tempo, as de um livre-pensador, em matéria de religião, porém que se tornara espírita convencida nos últimos anos de sua vida.

Eis o que ela escreve, falando de si mesma:"


"Eu sabia que ia morrer, mas não temia a morte, não fremia a essa ideia. Desde muito tempo, os terrores da ortodoxia haviam perdido toda a eficácia para minha alma; sentia-me pronta a afrontar a inevitável crise com uma serenidade filosófica.

Acrescentarei mesmo que havia alguma coisa de mais em meu estado da alma, pois que me dispunha a observar e analisar, com o interesse de uma pesquisadora, a lenta aproximação do grande momento. Não queria perder essa suprema ocasião de adquirir conhecimentos psicológicos que escapam às investigações da Ciência.

Conservei-me, pois, como espectadora impassível dos lentos progressos da minha agonia, esperando poder comunicar mais tarde, aos assistentes, minhas observações e prestar assim um último serviço à humanidade: o de dissipar o terror que a hora fatal produz em toda a gente.

Parecia que o meio terrestre se afastava em torno de mim; sentia-me como que a flutuar fora do corpo, num desconhecido meio de existência. Não se deu comigo nada do que eu julgava dever experimentar durante a crise da morte. Assim, por exemplo, lera descrições interessantes acerca de uma espécie de epílogo da morte, que nasceria da mentalidade dos moribundos, em conseqüência do qual todos os acontecimentos de suas vidas lhes passariam diante da visão subjetiva. Nada disso se verificou comigo: não me sentia atraída nem pelo passado, nem pelo futuro. Um só pensamento e um só sentimento me dominavam a consciência: os das pessoas que eu amava e das quais me ia separar.

Entretanto, jamais me considerara uma mulher excessivamente terna; levava minha razão a dominar todas as impulsões e todas as emoções. Julgo até que esse domínio de mim mesma exerceu influência muito favorável sobre o rendimento eficaz da atividade de minha vida. Contudo, nessa hora suprema, a afeição me pareceu o cúmulo e a substância de tudo o que há de apreciável na existência...

Esse estado de vigília atenta sobre a aproximação da morte acabou por me esgotar e, pouco a pouco, uma suave sonolência me invadiu. Era mesmo tão suave, de tal modo me repousava que, no curso desse período de semi-inconsciência, que precede ao estado de inconsciência total, eu refletia sobre o tato de somente duas vezes na minha existência haver experimentado sensação análoga de sonolência deliciosa...

Despertei, experimentando quase um sentimento de remorso, como acontece quando alguém se apercebe de ter dormido demais, além das conveniências sociais. Esse despertar me pareceu ainda mais doce do que o período que precedera o sono. Não cuidava de abrir os olhos, permanecia a gozar daquela sensação de paz e de serenidade, que em vão desejara tantas vezes, no correr da minha existência tão provada. Como era delicioso! Que perfeito era aquele sentimento de paz! Oh! se ele pudesse durar eternamente!

De toda sorte, sentia-me bem; o que me mostrava que, afinal de contas, ainda não estava a ponto de morrer. Teria então que me submeter de novo à antiga servidão, conhecer outra vez o aborrecimento, a inquietação da existência?

Súbito, ouvi algumas pessoas que conversavam à meia voz no quarto ao lado. Ouvindo, nitidamente, pela porta aberta, o que diziam, não lograva apanhar o sentido da conversação em que se achavam empenhadas. Porém, despertando mais, cheguei a perceber um dito que me prendeu a atenção, se bem não lhe ligasse muita importância. Eis a frase em questão:

- Não duvido de que ela o fizesse com boa intenção; aliás, era tão excêntrica!

A outra voz respondeu:

- Sim, muito excêntrica e também obstinada nos seus caprichos.

A primeira replicou:

- Foi muito experimentada pela infelicidade, mas também cumpre se reconheça que foi quase sempre a causadora de seus próprios infortúnios. É o que acontece as mais das vezes.

- Sem dúvida. Por exemplo, sei perfeitamente...

E seguiu-se a narrativa, grotescamente desfigurada, de alguns incidentes da minha vida.

Eu estava surpresa: falavam de mim e falavam empregando o verbo no imperfeito: Ela era... Que quereriam dizer? Julgar-me-iam morta? Veio-me a ideia de que aquelas pessoas poderiam pensar mais tarde que eu fingia estar morta para lhes ouvir a conversação confidencial a meu respeito. Dei-me por isso pressa em chamar uma das minhas amigas, para lhe certificar que eu ainda vivia e me sentia muito melhor...

Elas, porém, não se aperceberam do meu chamado e continuaram a conversar sem se interromperem. Chamei de novo, em voz mais alta, porém sempre em vão. Sentia-me tão bem de corpo e de Espírito, que me decidi a lhes interromper as imprudentes apreciações, apresentando-me diante delas no outro quarto...

Mas... que havia? Fiquei um instante presa de terror, ou de qualquer coisa semelhante. Que manequim era aquele que alguém deitara na minha cama, onde, entretanto, eu devera estar, muito gravemente enferma, o qual jazia rígido em meu lugar e com o rosto lívido, absolutamente idêntico a um cadáver no leito de morte? Eu o via de perfil; tinha os braços cruzados sobre o peito, as pernas rigidamente estendidas, as pontas dos pés viradas para cima. Sobre ele, um pano branco se achava desdobrado. Mas, coisa estranha! eu o distinguia igualmente debaixo do pano e reconhecia naquele manequim os meus traços!

Meu Deus! Estava então realmente morta? Enorme sensação me assaltou, que parecia abalar-me no mais profundo da alma. Só então foi que todo o meu passado emergiu de um jacto e me invadiu, como grande onda, a consciência. Tudo o que me haviam ensinado, tudo o que eu temera, tudo o que esperava com relação à grande passagem da morte e à existência espiritual se apresentou ao meu Espírito com indescritível nitidez. Foi um momento solene e aterrador; porém, a sensação de terror se desvaneceu logo e só a solenidade grandiosa do acontecimento permaneceu...

De todo modo, no mundo dos Espíritos, como no dos vivos, o sublime acotovela não raro o ridículo, de maneira tão imediata, que basta dar-se um passo à frente, para se cair do solene no divertido, da dor na alegria, do desespero na esperança. Foi o que se produziu na minha primeira experiência em o mundo espiritual. Com efeito, não podendo prender a língua àquelas mulheres enredadeiras e maldizentes, tive que me resignar a ouvir todo o mal que diziam de mim. Assim foi que, pela primeira vez, tive que me contemplar a mim mesma, à claridade da luz em que me viam outros. Pois bem! a lição me foi instrutiva, embora houvesse eu transposto uma fronteira que tirava todo interesse aos acontecimentos mundanos. Aqueles conceitos maldizentes foram para mim comparáveis a um espelho convexo, colocado diante de minha visão espiritual, onde os defeitos do meu caráter eram exagerados e deformados do modo mais grotesco, pela convexidade do vidro que os refletia. Assim, a minha primeira lição espiritual recebi-a das minhas amigas vivas.

Logo que satisfizeram aos seus instintos de enredo, as duas mulheres se levantaram, para virem mais uma vez contemplar a fisionomia da amiga que lhes morrera e cujo caráter haviam anatomizado com tanta crueldade. Éramos três a contemplar aquele cadáver, conquanto uma das três fosse invisível para as outras. E, como estas não percebiam a minha presença, desinteressei-me delas, para me absorver na contemplação do corpo inanimado, que fora meu. Observava-lhe o pálido aspecto, demudado pelos sofrimentos, e com a minha mão invisível procurava afastar da fronte os cabelos brancos que a cobriam, enquanto uma inefável piedade me oprimia a alma, ao pensar na sorte daquele corpo velho, do qual me sentia separado para sempre..."



« Última modificação: 31 de Outubro de 2019, 01:08 by ram-wer »
Registado

Offline rwer

  • Mundo Divino
  • *
  • Mensagens: 2035
  • Participação: 200
  • rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!rwer is awe-inspiring!
  • Sexo: Masculino
  • Relevância: +633
  • País: 🇧🇷
Re: Cenas do Astral (livros mediúnicos)
« Responder #6 em: 30 de Março de 2018, 20:58 »
0Gostou?
Continuação de "Sexto Caso" (acima), do livro A crise da morte, de Ernesto Bozzano

"Estava então morta? Que estranha sensação a de uma pessoa saber-se morta e se sentir exuberante de vida! Como os vivos compreendem mal o sentido desta palavra. Estar morto significa estar animado de uma vitalidade diferente e extraordinária, de que a Humanidade não pode fazer ideia... Provavelmente, a morte se dera havia vinte e quatro horas: eu adormecera no mundo dos vivos e despertara no meio espiritual. Como é estranho! Só nesse momento foi que me lembrei, pela primeira vez, de que estava no meio espiritual. Até ali, meus pensamentos e minhas emoções se tinham conservado presos ao mundo dos vivos.

Mas, onde estavam os espíritos de tantas pessoas caras, que haviam transposto antes de mim a fronteira da morte? Esperava vê-las acorrendo a me darem as boas-vindas no limiar da morada celeste e a me servirem em seguida de conselheiros e guias. Não me preocupava o insulamento em que me achava e ainda menos me assustava; porém, experimentava um penoso sentimento de decepção e de desorientação. Em todo caso, esse estado da alma não durou mais que um instante.

Apenas formulara em meu Espírito aqueles pensamentos, vi dissolver-se e desaparecer o quarto em que me encontrava e tudo o que ele continha e me achei, não sei como, numa espécie de vasta planície... Era indescritível a beleza da paisagem. Bela também é a paisagem terrena, mas a celeste é muito mais maravilhosa. . . Caminhava; entretanto, coisa singular, meus pés não tocavam o solo. Deslizava sobre este, como sucede nos sonhos...

Mas, onde estavam aqueles a quem eu amara? Onde estavam tantos amigos mortos, aos quais tão ligada estivera na Terra? Por que esse estado de insulamento da minha nova existência? Não tinha consciência de haver manifestado de viva voz meus pensamentos; todavia, como se alguém me houvesse escutado e se apressasse em me atender, vi diante de mim dois mancebos, cuja radiosa beleza excedia a tudo o que o espírito humano possa imaginar... Muitos anos antes, levara ao túmulo, com lágrimas de desesperada dor, dois filhinhos que adorava: um após outro. E muitas vezes, a chorar sobre as suas sepulturas, estendera os braços para frente, como se contasse reavê-los à morte que mos arrebatara.

Ó! meus filhos! meus filhos! Quanto os desejara!... Quando vi diante de mim aqueles mancebos radiosos, um instinto súbito e infalível me preveniu de que eles eram os meus filhinhos, que se haviam tornado adultos. Não hesitei um instante em os reconhecer. Estendi-lhes os braços, como fizera outrora na Terra, e dessa vez os apertei realmente ao peito! Ó! meus filhos, meus filhos! Enfim tornei a encontrar-vos! Ó! meus filhos, meus para sempre!..."




« Última modificação: 20 de Junho de 2018, 02:29 by ram-wer »
Registado


  • Imprimir
Páginas: [1]   Ir para o topo
« anterior seguinte »
 

Comente no facebook

Assuntos relacionados

  Assunto / Iniciado por Respostas Última mensagem
Fenômenos mediúnicos

Iniciado por refesi Reencarnação

2 Respostas
3192 Visualizações
Última mensagem 14 de Setembro de 2009, 00:04
by refesi
Livros mediúnicos?

Iniciado por Lorreyne « 1 2 » Livros Espíritas

27 Respostas
8537 Visualizações
Última mensagem 02 de Fevereiro de 2011, 13:01
by Mourarego
Cenas da rua, vivências da vida

Iniciado por dOM JORGE Acção do Dia

0 Respostas
2728 Visualizações
Última mensagem 26 de Maio de 2014, 12:40
by dOM JORGE
Câmeras da polícia captam cenas evangélicas

Iniciado por rwer Cinema & Vídeo

2 Respostas
9467 Visualizações
Última mensagem 06 de Abril de 2015, 15:57
by Vitor Santos
Cenas do Além – vinhetas musicais 🎹

Iniciado por rwer Audiovisuais

0 Respostas
2340 Visualizações
Última mensagem 02 de Novembro de 2015, 22:47
by rwer

Clique aqui para receber diariamente novidades do Forum Espirita.


Estudos mensais

facebook-icontwitter-icon

O seu e-mail:


 
Receba no seu e-mail um resumo diário dos novos tópicos.

Pesquisar assunto



Pesquisa avançada
  • Mobile


    • Powered by SMF 2.0 RC3 | SMF © 2006–2009, Simple Machines LLC