As Vidas de Chico Xavier

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Re: As Vidas de Chico Xavier

« Responder #75 em: 31 de Agosto de 2016, 07:52 »

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74�-) A dedicat�ria, escrita com letras tr�mulas, profetizava:

�O Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a Rep�blica, o senhor a consolidar�. Francisco C�ndido Xavier.

Nessa visita, o Senador Itamar Franco, candidato a Vice Presidente, ganhou um livro com t�tulo sugestivo Sinal Verde.�

"J� como Presidente, no ano seguinte, Collor voltou a Uberaba para participar da abertura da Exposi��o de Gado Zebu. Retribuiu a profecia de Chico Xavier com uma visita ao vidente. Dessa vez, estava acompanhado por Rosane."

O anfitri�o adorou o casal e sofreu quando, meses depois, Collor tirou a alian�a do dedo, virou o rosto para a mulher em p�blico e exp�s ao Brasil as pr�prias mazelas conjugais.

Chico estava prestes a mandar uma mensagem ao parceiro de PC com o pedido de que ele deixasse de ser "t�o bravo com a Rosane" , quando soube da reconcilia��o do casal pelos jornais.

"Em maio de 1991, Chico, j� maltratado por outra pneumonia, foi surpreendido por mais uma visita de Collor. Sem marcar hora, ele chegou de surpresa, acompanhado da mulher, ap�s despistar seguran�as, jornalistas, pol�ticos e curiosos."

Chico estava de cama, no quarto, e fez o Presidente esperar na ante sala quase vinte minutos. Como sempre, o marido de Rosane estava impaciente. Sem assunto, passou a m�o no cabelo e desabafou para os poucos auxiliares do m�dium.

� H� um ano, quando estive aqui, n�o tinha cabelos brancos. Precisava continuar a viagem at� Arax�. Tinha pressa�.

De repente, com suas tradicionais passadas largas, alcan�ou a porta do quarto de Chico e girou a ma�aneta enquanto avisava: eu sou de casa. Vou entrar.

"Eur�pedes Higino dos Reis liberou a passagem e Collor surpreendeu aquele senhor doente, ainda tentando se vestir. Chico desistiu do esfor�o de colocar o terno, voltou para a cama e, embrulhado em len��is, conversou pouco mais de cinco minutos com o visitante. Foi o �ltimo encontro dos dois."

Logo ap�s o impeachment, quando estouraram as den�ncias de Pedro Collor sobre sexo e drogas na Casa da Dinda, Chico enviou um telegrama de apoio ao ex-Presidente.

Desejava f�, for�a e paz a ele. Na �poca, confidenciou aos companheiros mais pr�ximos o medo de que o esc�ndalo em Bras�lia terminasse em tiro.

"Uma semana antes de Collor ter os direitos pol�ticos cassados por oito anos, Chico arriscou mais uma previs�o. Otimista, garantiu a volta por cima de seu "amigo". Fez bem em ter mantido dist�ncia da pol�tica ao longo de sua vida."

Uma vers�o do outro mundo para a trag�dia pessoal de Fernando Collor de Mello come�ou a circular entre os esp�ritas.

"A hist�ria podia ser lida nas entrelinhas daquela dedicat�ria escrita por Chico antes das elei��es. Collor seria a reencarna��o do Marechal Deodoro da Fonseca e teria voltado � Terra para resgatar uma d�vida do mandato anterior."

Como primeiro presidente do pa�s, ele renunciou ao cargo, desiludiu a popula��o, abandonou o Brasil. Nesta temporada, o ex Deodoro da Fonseca (e atual Collor) recebia o troco.

Chico nunca confirmou esta tese. E sempre mudava de assunto quando algu�m amea�ava sond�-lo sobre suas pr�prias vidas anteriores. Mesmo assim, as especula��es animavam conversas reservadas entre os esp�ritas.

Os amigos aprenderam a arriscar, �s escondidas, palpites sobre a �ltima encarna��o de Chico na Terra. Entre os nomes mais cotados, sempre esteve o de Jos� de Anchieta, parceiro de Manuel da N�brega (o Emmanuel).

Mas outro nome ganhou for�a no meio:

"Allan Kardec, o respons�vel pela publica��o das b�blias do espiritismo no s�culo passado. Estava escrito."

No livro Obras P�stumas, assinado pelo franc�s com a ajuda de v�rios parceiros invis�veis.

Um esp�rito chamado Z anunciou a Kardec:

"Ter�s que retornar reencarnado noutro corpo para completar a tua obra, que n�o podes concluir nesta exist�ncia".

Chico teria voltado ao planeta para p�r em pr�tica as ideias defendidas nos livros escritos por ele como Kardec. Algumas coincid�ncias refor�aram a tese defendida pela maioria dos amigos do autor do Parnaso.

Chico nasceu em 2 de abril, mesmo dia da morte de Kardec. Em Obras P�stumas, Kardec previa a pr�pria volta para o fim do s�culo passado ou in�cio deste. Chico nasceu em 1910.

Outro profeta invis�vel, auto denominado Esp�rito da Verdade, deu mais uma pista a Kardec:

"N�o suponhas que basta Diante da morte publicar um livro, dois livros, dez livros, para em seguida ficares tranquilamente em casa. Tens que expor a sua pessoa".

Chico Xavier se superexp�s at� ficar exaurido.

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Re: As Vidas de Chico Xavier

« Responder #76 em: 31 de Agosto de 2016, 08:02 »

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75�-) A tese virou livro: Kardec Prossegue.

"Escrito por um dos amigos mais respeitados de Chico, Adelino da Silveira, ele exibia na capa, lado a lado, as imagens de um Chico Xavier risonho e de um Allan Kardec sisudo. Chico n�o s� leu a obra, como presenteou sua amiga Silvia Barsante, de Arax�, com um exemplar autografado."

De vez em quando, de cama, ele perguntava aos amigos mais �ntimos:

▬ Onde est�o as mensagens de Kardec?
▬ Onde est�o?

E ria, misterioso. Sob o peso dos oitenta anos, Chico foi persuadido por seu m�dico e sobrinho Jos� Geraldo a se afastar do Grupo Esp�rita da Prece.

A angina e as pneumonias o convenceram a participar das sess�es apenas se seu estado de sa�de fosse est�vel. Ap�s exames semanais, receberia ou n�o autoriza��o para atender os desesperados.

"No in�cio dos anos 90, muita gente come�ou a se acostumar com a aus�ncia de Chico e a se conformar com sua fragilidade."

Muitos fi�is se satisfaziam em parar na porta de sua casa para "captar energias positivas" e ir embora. �nibus estacionavam diante do port�o e os passageiros rezavam.

Numa destas paradas, Eur�pedes entrou no ve�culo e pediu que a mo�a com nome de flor o acompanhasse. Rosa seguiu-o, entrou em sua casa e conversou com Chico Xavier.

"Muita gente tinha esperan�a de ser aben�oado por uma conversa com o santo de Uberaba. Alguns desesperados n�o se conformavam com a falta de contato e insistiam. Um deles esmurrou o port�o de ferro da casa de Chico Xavier at� perder as for�as."

Entre um soco e outro, berrava:
▬ Voc� est� se escondendo. Preciso falar com voc�. � urgente.

J� estava ficando rouco de tanto gritar quando Chico, amparado por amigos, caminhou at� a varanda e desabafou, quase sem f�lego, com a voz estridente:

"Os muros n�o existem contra o senhor ou contra qualquer outro, mas contra mim mesmo."

Se eu desfrutasse a liberdade, sairia por a� afora, arranjando confus�es. Estou aprisionado.

Numa noite, ao acompanhar um amigo at� o port�o de sua casa, ele pediu:
▬ Feche a porta do meu c�rcere.

Mas, numa madrugada, tudo mudou. Chico se levantou da cama e, de pijamas, atravessou Uberaba a p�, em minutos. Com o cora��o leve e os pulm�es livres, flutuou sobre as ruas da cidade, a meio palmo do ch�o.

"A seu lado estava o Dr. In�cio Ferreira, um dos seus amigos do outro mundo. Foi o m�dico quem convenceu o m�dium a abandonar o pr�prio corpo no quarto e a segui-lo noite adentro. Dr. In�cio precisava de ajuda para resolver uma quest�o dom�stica."

Chico deveria convencer a ex-mulher do companheiro a n�o se desfazer dos livros dele. Afinal, ele precisava de sua biblioteca para continuar o trabalho no sanat�rio em outra dimens�o. Chico persuadiu a vi�va com frases sopradas pelo velho conhecido.

"Ap�s a longa noite, voltou para casa. E, com alguma resist�ncia, quase nojo, deitou-se sobre a massa gelatinosa espalhada no len�ol. Estava preso de novo. Com o corpo despeda�ado e a cabe�a a mil, tratava de lan�ar palavras no papel."

Cansado, j� se permitia desabafos mais frequentes e dizia:
▬ Sinto-me como se fosse arrastado, n�o posso resistir. Vai ser assim at� quando Deus quiser.

Um m�dico amigo diagnosticou seu caso, em tom paternal:
▬ Para mim, voc� � maldito.

Numa noite, ap�s mais uma peregrina��o pelos bairros pobres de Uberaba, Chico fez uma inconfid�ncia:

"Seu mentor, Emmanuel, voltaria � Terra no fim deste mil�nio e ele "subiria". Ou seja: trocariam de posi��o."

Ap�s o aviso, lan�ou a d�vida, com um sorriso nos l�bios:
Diante da morte quero ver se ele vai aguentar o tranco.

E desabafou, mais uma vez:
▬ �s vezes, me pergunto se era preciso tudo isso, embora ache que isto tudo seja o certo.

● Algu�m t�o bom como Chico sofria tanto?
● Onde estava Deus, o misericordioso?

"O estado prec�rio do porta-voz dos mortos intrigava muita gente. Uma de suas amigas mais �ntimas e constantes, Neuza Arantes, �s vezes perdia a paci�ncia e perguntava:
▬ Chico, cad� o Dr. Bezerra de Menezes? Ele n�o te ajuda n�o?

O paciente, que mal conseguia andar ou falar, respondia, sem gra�a:
Ajuda muito. Toda tarde ele vem me visitar."

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Re: As Vidas de Chico Xavier

« Responder #77 em: 31 de Agosto de 2016, 08:14 »

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76�-) Para justificar a pr�pria agonia, Chico gostava de contar a hist�ria de Teresa de �vila.

"Filha de pais ricos, na Espanha poderosa do s�culo XVI, ela abandonou a ostenta��o, entrou para o Convento Carmelita da Encarna��o e iniciou uma s�rie de viagens pelo pa�s para fundar abrigos para todos os �rf�os e vi�vas miser�veis cujos pais e maridos foram mortos nas intermin�veis batalhas expansionistas."

A p�, montada em mulas, enfrentou p�ntanos, montanhas e florestas, atormentada por crises de angina e febres intermitentes. Numa de suas maratonas, ela tentava atravessar um rio quando um temporal desabou e a correnteza a engoliu. J� estava prestes a se afogar quando foi salva por Jesus.

Ap�s agradecer, comovida, ouviu as palavras pouco animadoras do Salvador:
Est� vendo, Teresa?

� assim, em meio aos perigos da estrada, que eu trato os meus disc�pulos e os meus amigos queridos.

Teresa n�o resistiu e apelou para o senso de humor:
Oh, compreendo, Senhor. � por isto que os tendes t�o poucos.

Chico se divertia com a hist�ria. Neuza Arantes tamb�m. De vez em quando, ela encarava o amigo, cada vez mais fraco, e dizia:
▬ Por isto os tendes t�o poucos... Chico sorria.

"Em julho de 1992, um jovem do Paran� pulou o muro de sua casa e, com o rev�lver na m�o, anunciou o motivo de sua visita, matar o mito."

Foi desarmado a tempo pelo PM Aparecido Evaristo Rosa. Terminou o dia na pris�o. Mas foi solto e encaminhado de volta � fam�lia na tarde seguinte, a pedido da ex-futura v�tima.

O pr�prio Chico pagou sua passagem de �nibus. Para ele, a culpa pelo atentado n�o era do paranaense, mas dos obsessores interessados em assassin�-lo. Ele estava durando demais.

"Eur�pedes Higino dos Reis protegiam o m�dium com fidelidade canina. E rosnava para os intrusos mais persistentes. M�es inconformadas com a morte dos filhos imploravam por um encontro com Chico e ouviam dele "n�os" implac�veis."

O guardi�o do porta- voz dos mortos estava cansado. J� tinha ouvido muitos desaforos. De vez em quando, algu�m olhava para ele, de alto a baixo, e ordenava:
▬ Vai chamar seu patr�o.

"Choro n�o o comovia. Quem quisesse que esperasse pela apari��o de Chico no Grupo Esp�rita da Prece. Mas o m�dium raramente sa�a da cama. Muitos n�o suportavam a ansiedade. A garagem de sua casa virou abrigo para os mais desesperados."

▬ As paredes encardidas foram cobertas por um amontoado de pedidos de socorro escritos a caneta ou riscados com pedra:

● Chico, reze por mim.
● Chico, por favor, mande a paz para minha casa.
● Chico, vim de t�o longe na esperan�a de ter uma mensagem da minha irm�.

Recados de quem percorreu quil�metros e quil�metros para ver Chico Xavier e terminou a viagem a poucos metros do alvo, diante do port�o de ferro mais esmurrado do pa�s.

Na cal�ada, eles dividiam uns com os outros suas trag�dias e suas esperan�as. Pais que perderam os filhos, gente atormentada por vozes e vis�es, curiosos, fan�ticos, prepotentes.

Em julho de 1993, um Opala preto com placa de Bras�lia estacionou em frente � casa de Chico. Uma senhora loura, ao lado do motorista, baixou a janela e ordenou, autorit�ria, ao PM Aparecido:

"Diga a Eur�pedes que a chefe de gabinete do Dr. Ademar de Barros Filho esteve aqui. Ele foi muito bem atendido l� na C�mara. S� passei para mandar um abra�o."

O carro foi embora e o policial sacudiu a cabe�a:
▬ N�o entendi nada. As sereias cantavam...

"Uma das que batiam o p� e resmungavam em frente � casa de Chico explicava por que estava irritada."

Diretora de um col�gio em S�o Paulo, ela vivia muito bem e dormia melhor ainda at� ser visitada por apari��es noturnas de um fantasma com barbas brancas. O marido, delegado, come�ou a desconfiar de sua sanidade.

Numa tarde, ela recebeu a visita de uma senhora de carne e osso. Era uma m�dium de um centro esp�rita distante e levava um recado:

�O tal velho inconveniente se chamava Bezerra de Menezes, era m�dico e precisava de sua ajuda para promover curas. A foto do morto coincidia com a imagem que ela via, sem querer, diante de sua cama todas as noites.�

Resultado:
▬ Em poucos meses, para se livrar da assombra��o, a diretora do col�gio deu f�rias para o pr�prio ceticismo e construiu um centro num terreno pr�ximo a sua casa.

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Re: As Vidas de Chico Xavier

« Responder #78 em: 31 de Agosto de 2016, 08:23 »

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77�-) � noite, sem saber como nem porque, cercada de esp�ritas e envolvida pela leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo, ela ca�a em sono profundo.

Quando acordava, ouvia relat�rios extensos sobre os milagres realizados, por suas m�os, atrav�s do Dr. Bezerra.

Pois bem. Seu corpo era invadido contra sua vontade, ela estava ali, na cal�ada, plantada � espera de Chico Xavier, e nada. O parceiro do Dr. Bezerra n�o a atendia. Eur�pedes nem lhe dava ouvidos.

▬ Por que ele atende o Gugu Liberato e n�o me recebe?

"Sua vida tinha virado de cabe�a para baixo, seu irm�o tinha morrido num acidente de avi�o, e ningu�m lhe dava satisfa��o alguma."

● Onde est� o Dr. Bezerra?
● Por que ele n�o pede pro Chico me receber?

"Com os olhos fitos na casa de Chico Xavier e com um sorriso ir�nico nos l�bios, ela imaginava, diante dos quase dois metros do PM e do mau humor de Eur�pedes:

"Ser� que eu vou terminar assim? Escondida no fundo de casa, cercada por todos os lados?

Nem tudo era trabalho, solid�o e agonia nos �ltimos anos de Chico Xavier. Aos domingos, estimulado por Neuza Arantes, ele descobria o v�deo cassete. No aparelho quase obsoleto de Vivaldo da Cunha Borges, ele acompanhou, comovido, a aventura de ET e o drama do al�m Ghost, do Outro Lado da Vida.

E se chateou com as gracinhas de Whoopi Goldberg em Mudan�a de H�bito. Ficava contrariado com ironias sobre qualquer religi�o, inclusive a cat�lica.

"Em sua luta para se manter o mais saud�vel poss�vel, aprendia a gostar de �gua de coco e de banhos de sol matutinos no quintal. Precisava se cuidar para suportar a rotina durante a semana."

Todas as noites, de segunda a sexta-feira, das 20h at� 1h da manh�, ele se sentava na mesa da sala, ao lado de Neuza e de dois 'auxiliares, para preparar caixas com cerca de cinquenta mensagens destinadas a no m�nimo vinte eleitos por dia.

Ele mesmo fazia quest�o de anotar o nome e o endere�o do destinat�rio no embrulho. Quase sempre, sabia os dados de cor.

"No Dia das M�es, em 1993, conseguiu presentear mais de 3 mil amigos com sua sele��o de conselhos do outro mundo ditados por Emmanuel e alguns de seus quase 2 mil colaboradores do al�m."

Chico se dedicava aos pacotes com a mesma obstina��o com que cuidava de sua correspond�ncia. Toda sexta ou s�bado, Eur�pedes ia at� o Correio buscar as cerca de cinquenta cartas e pacotes enviados ao l�der esp�rita a cada semana.

"Tudo era entregue em m�os ao destinat�rio mais requisitado do pa�s. Chico guardava os embrulhos at� segunda-feira, quando os abria e os separava por assunto."

Alguns dos pedidos de socorro ele deixava sobre a mesa para que pudessem ser examinados por seus auxiliares invis�veis.

"Muitos dos presentes: caf�, ch�, agasalhos, livros, rem�dios e roupas doava aos mais pobres. Sete anos antes, ele mesmo fazia quest�o de ir ao Correio depois do almo�o e voltava feliz da vida com sua m�dia de 250 cartas di�rias."

Nunca teve coragem de jogar a papelada fora. Alguns amigos faziam, �s escondidas, a triagem do material e vasculhavam as caixas de papel�o onde os envelopes se acumulavam, para alegria das tra�as.

Aos s�bados, quando tinha for�as, participava das sess�es no Grupo Esp�rita da Prece ou recebia visitantes, selecionados por Eur�pedes, em sua casa. As trag�dias de personagens ilustres continuavam batendo � sua porta.

"Em 27 de fevereiro de 1993, quase tr�s meses ap�s o assassinato da atriz Daniela Perez, ele atendeu a m�e dela, Gl�ria Perez. A novelista queria not�cias de sua filha."

▬ Ela estava bem?
▬ Como tudo aconteceu?

Chico segurou suas m�os e pediu calma:
▬ Daniela est� passando por um per�odo de descanso.

Em seguida, prometeu not�cias da v�tima no momento adequado, quando seu esp�rito atingisse outros est�gios. Gl�ria saiu de l� mais tranquila. Um dos personagens mais decisivos e pavorosos de 1993 tamb�m buscou consolo em Uberaba.

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Re: As Vidas de Chico Xavier

« Responder #79 em: 31 de Agosto de 2016, 08:27 »

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78�-) O economista Jos� Carlos Alves dos Santos, parceiro do deputado Jo�o Alves em falcatruas no or�amento da Uni�o, apareceu no Grupo Esp�rita da Prece com uma d�vida suspeita:

V�o encontrar os sequestradores de minha mulher, a Ana Elizabeth?

Chico encarou o rec�m-chegado e respondeu, s�rio:
▬ N�o se preocupe porque destino de sequestrador � um s�: cadeia.

O corrupto que detonou a CPI do or�amento, ao denunciar o esquema de desvio de verbas federais no Congresso Nacional, desabou em crise de choro.

Quando saiu, Chico confidenciou a uma amiga ao seu lado:
▬ O caso dele � parecido com o de sua filha.

"A mo�a tinha sido assassinada pelo pr�prio marido. No final do ano, a verdade sobre Jos� Carlos e Ana Elizabeth era estampada nas primeiras p�ginas dos jornais. Ele tinha planejado, e participado, do assassinato da mulher, morta com golpes de picareta ap�s um jantar rom�ntico."

As trag�dias atingiam Chico em cheio, mas n�o o derrubavam. Ao completar 83 anos, em 2 de abril de 1993, ele avaliou:

�Minha miss�o est� no fim. Mas estou feliz por t�-la cumprido da melhor forma poss�vel.�

E se divertiu:

�Se eu tivesse nascido em 1 de abril, diriam que eu era uma grande mentira.�

Na noite de 31 de julho de 1993, sob um frio de treze graus, Chico Xavier contrariou todas as expectativas e, com o aval de seu m�dico, se levantou da cama, colocou um palet� bege sobre um casaco de l� e fez o que gostaria de fazer sempre, todos os s�bados.

E foi ao Grupo Esp�rita da Prece:

�Cerca de trezentas pessoas quase se ajoelharam diante da vis�o cada vez mais rara.�

Os fi�is se aboletaram nos muros, nas janelas, nos bancos de madeira. Queriam ver Chico Xavier, tocar nele, ouvir sua voz.

Na cabeceira da mesa, ao lado de Eur�pedes e abaixo da inscri��o presa na parede

"Sil�ncio � prece".

Ele acompanhou, sorridente, a leitura de trechos do Evangelho Segundo o Espiritismo, ao som de m�sica cl�ssica. Em seguida, fechou os olhos, segurou uma das dezenas de l�pis � sua frente e deixou a m�o tr�mula deslizar sobre o papel.

A velocidade j� n�o era vertiginosa.

O sil�ncio s� era quebrado por um ou outro riso de crian�a, pelos flashes das m�quinas fotogr�ficas sempre seguidos de caretas reprovadoras de Eur�pedes, pelo ru�do long�nquo das c�meras de v�deo, por suspiros, rezas.

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Re: As Vidas de Chico Xavier

« Responder #80 em: 31 de Agosto de 2016, 08:33 »

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79�-) De p�, no meio da multid�o, a dois metros da mesa, uma freira, enfiada em um h�bito marrom, acompanhava de olhos vidrados cada movimento do esp�rita mais importante do pa�s.

"A irm� Natalina dos Anjos, de 66 anos, da Ordem Terceira Franciscana, veio da paulista Ribeir�o Preto, onde fundara o Lar Assistencial Cavaleiro de Cristo, s� para conhecer o m�dium. Teve sorte. E saiu fascinada."

Chico Xavier � divino:

�Primeiro e �nico no mundo. Se ela acredita em reencarna��o? � claro.�

Do l�pis daquele senhor destro�ado, saiu uma quadra Diante da morte jovial com a assinatura de Corn�lio Pires.

Ele mesmo leu, com sua voz combalida ampliada pelos alto-falantes, os versos quase adolescentes:

"O beijo mais cativante segundo conceito s�bio � um sonho maravilhoso que deve ficar no l�bio.�

Logo depois, tomou f�lego. pigarreou, bebeu um gole de �gua. A bacia azul sobre a mesa guardava quase cem pedidos de mensagens de mortos queridos. Chico iria ler uma delas. Alguns solu�os tomaram conta da sala, O porta-voz dos esp�ritos repetiu o velho ritual.

"Chamou pelo nome os destinat�rios da carta at� a mesa. De p�, diante do p�blico, Vanilda e Archimedes ouviram o recado de sua filha, T�nia Mazeo, morta aos 24 anos, quando se preparava para o casamento, em 1980."

Vanilda n�o conteve as l�grimas nem as lembran�as de treze anos antes, quando, desesperada, procurou Chico Xavier numa noite de aut�grafos em S�o Paulo.

S� � 1h da madrugada ela conseguiu se aproximar dele para desabar:

▬ Minha filha morreu.
▬ Como?
▬ Dormindo.

Chico sorriu emocionado:

�Que beleza! Poucos meses depois, colocou no papel a primeira de uma s�rie de quinze mensagens assinadas por T�nia.�

Mais uma vez, ap�s quatro anos de sil�ncio, ela deu not�cias a seus pais e falou de suas atividades numa esp�cie de col�nia espiritual onde ajudava os pobres, os doentes, os desesperados.

No final da sess�o, Chico se levantou, amparado pelos amigos e, com um sorriso t�mido, quase envergonhado, tomou o rumo da porta dos fundos, arrastado pelo PM Aparecido.

"Algumas mulheres mandaram beijos para ele, outras avan�aram sobre seu corpo arqueado em busca de aut�grafos. Sem �xito. Ele precisava ir embora."

Os dez metros at� o port�o pareciam quil�metros. Para alcan�ar a rua e chegar ao carro, atravessou mais uma vez o beco dos aflitos, um corredor estreito entre uma das paredes da casa e o muro do vizinho.

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Re: As Vidas de Chico Xavier

« Responder #81 em: 31 de Agosto de 2016, 08:41 »

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80�-) A multid�o se aglomerou ali para tocar no santo, para enfiar bilhetes em seus bolsos, para gritar:

● Chico, olha pra mim.
● Ele olhava.

Chico, voc� � maravilhoso.
▬ Ele acenava.

Chico, voc� � lindo.
▬ Ele sorria.

"Muitos devotos choravam. Ele seguiu, devagar e em sil�ncio, quase se arrastando, com as cal�as frouxas, o terno amarrotado. Parecia esgotado. Era s� apar�ncia. Em casa, dez minutos depois, j� estava sentado � mesa de madeira da sala de jantar."

Pendurada na parede repleta de rachaduras, uma tape�aria com a imagem da Santa Ceia ilustrava o segundo round da noite as visitas.

"Como nos bons tempos, Chico abriu as portas de sua casa aos visitantes, muitos deles desconhecidos. No port�o de ferro, Eur�pedes fazia a sele��o dos privilegiados e dava uma instru��o b�sica antes de abrir caminho: N�o chore."

O desespero alheio arrasava Chico. Ele precisava ser poupado. A noite se prolongou at� quase 3h da manh�. Chico recebia cada forasteiro com um sorriso e com um pedido de perd�o:
▬ Desculpe a minha pobreza.

E contava os "causos" de sua vida. Naquela noite estava inspirado. Chegou at� a imitar os relinchos de felicidade de um burro da Fazenda Modelo no dia da aposentadoria de seu condutor, um expert em chibatadas.

As hist�rias divertidas se misturavam tamb�m a lembran�as emocionadas de sua madrasta, Cid�lia:

�Se eu precisar de ajuda na hora do meu "desencarne", tenho certeza de que ela vai me auxiliar.�

De vez em quando, interrompia a conversa para escrever dedicat�rias aos "prezados irm�os pelo cora��o".

Nos bilhetes, com votos de paz e felicidade, sempre se definia como "seu servidor muito grato". Uma das beneficiadas, C�ssia Flora Grandizoli, saiu de l� com um cart�o e com uma cisma.

● Por que a �gua sobre a mesa ficou leitosa?
● De onde vinham aquelas ondas de perfume de rosas?

No dia seguinte, Chico voltou � solid�o habitual, povoada por fantasmas. Precisava escrever para cumprir sua miss�o.

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Re: As Vidas de Chico Xavier

« Responder #82 em: 31 de Agosto de 2016, 08:57 »

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81�-) At� 23 de junho de 1993, 367 livros estampavam seu nome na capa, 65 deles tinham sido traduzidos em l�ngua estrangeira (entre elas, o grego, o tcheco e o japon�s), 86 chegavam aos cegos em braile e oito circulavam mundo afora em esperanto. Um m�s depois, os n�meros seriam atropelados.

"No dia 22 de julho, doze novos t�tulos j� estavam no prelo, tr�s descansavam na cabeceira de Chico � espera de um pref�cio (sempre assinado por Emmanuel) e outro j� estava a caminho da editora Ideal."

O homem que teve a vida desapropriada pelos esp�ritos parecia querer compensar a queda de produ��o dos tr�s anos anteriores. Em 1991, s� conseguiu lan�ar quatro t�tulos. Em 1992, foram oito.

Em fevereiro de 1994, o mundo de Chico movimentava n�meros impressionantes, Livros publicados:

375 Exemplares vendidos: cerca de 20 milh�es (1 milh�o s� de Nosso Lar) "Autores espirituais": quase 2 mil. Renda m�dia anual com direitos autorais: 650 mil d�lares. Quanto, desse total, Chico guardava para si mesmo: zero. Nenhum tost�o.�

Vivia de sua aposentadoria como escritur�rio n�vel 8 do Minist�rio da Fazenda - cerca de 150 d�lares - e da ajuda de amigos e admiradores. Sete milh�es de esp�ritas assumidos prestavam rever�ncias a ele. S� na d�cada de 80, meio milh�o de cat�licos se converteram ao espiritismo.

Entre um livro e outro, o principal respons�vel pela transforma��o do Brasil no maior pa�s esp�rita do mundo se preparava para morrer. Tomou todas as precau��es.

Para come�ar, doou a Eur�pedes, Vivaldo e Jos� Geraldo o seu �nico bem:

"A casa simples.�

Em seguida, atestou, em documento, o desejo de ser enterrado em Uberaba e n�o em Pedro Leopoldo. Queria evitar que sua sepultura na cidade natal, t�o provinciana, se transformasse em p�lo de romaria ap�s sua morte.

Para arrematar:

Pediu a Vivaldo que queimasse os originais de todas as mensagens publicadas. Temia que os garranchos do al�m fossem comercializados quando ele j� estivesse longe.

Numa noite, pouco antes de dormir, encarou os amigos e, bem-humorado, fez um �ltimo pedido:
Quando voc�s olharem para mim na cama e eu estiver sorrindo, em sil�ncio, virem o rosto, porque eu vou embora.

Ep�logo Uberaba. Fevereiro de 2003. Oito meses j� se passaram desde a morte de Chico Xavier e at� agora nada. Nenhuma palavra, nenhuma mensagem do l�der esp�rita.

"O "correio espiritual" mais concorrido do planeta n�o manda not�cias do al�m. N�o usa um m�dium como ele para contar como vai a vida depois da morte ou como foi a passagem deste mundo para o outro. Um sil�ncio inc�modo quase constrangedor toma conta do circuito esp�rita da cidade."

No Grupo Esp�rita da Prece, o centro fundado por Chico Xavier em Uberaba h� 28 anos, o filho adotivo Eur�pedes Higino dos Reis lidera as reuni�es de s�bado � noite. Sobra lugar na sala de piso de cimento onde a velha placa avisa:

"Aqui, com o nome de Grupo Esp�rita da Prece, funciona o Culto de Evangelho do Lar do Irm�o Francisco C�ndido Xavier em casa de sua propriedade".

Uma novidade - s� admitida depois da morte de Chico se destaca na parede ao lado:

�Dois p�steres gigantescos do l�der esp�rita que se constrangia com a idolatria em torno dele e fazia quest�o de se menosprezar ao m�ximo.�

Hoje no centro de Chico Xavier ningu�m p�e no papel mensagens ditadas por mortos a seus "entes queridos" na Terra:

"A programa��o semanal inclui ora��o, leitura do Evangelho e uma breve sess�o de passes regada � �gua "fluidificada", energizada pelos esp�ritos.�

A sess�o na noite de 21 de fevereiro foi acompanhada por 42 pessoas, algumas com a esperan�a de assistir ao momento hist�rico em que Chico enviaria uma mensagem aos companheiros de Uberaba. Mas nada.

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Re: As Vidas de Chico Xavier

« Responder #83 em: 25 de Abril de 2017, 08:06 »

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82�-) Na mesa de doze lugares, ocupada pelos colaboradores do Grupo Esp�rita da Prece Eur�pedes � cabeceira , uma das oradoras conversa, em voz alta, com Chico Xavier:

�N�s gostar�amos que voc�, Chico, tivesse permanecido mais tempo conosco, mas Deus sentiu saudade de voc�. Por que tanto sil�ncio?�

Carlos Bacelli e Celso de Almeida Afonso os m�diuns de Uberaba mais procurados hoje por quem busca mensagens do al�m - t�m a mesma explica��o:

"Chico quer evitar confus�o". Uma mensagem sua, publicada em jornais e revistas, funcionaria como um holofote sobre o m�dium escolhido para coloc�la no papel. O eleito para a miss�o n�o teria paz.�

Prefiro n�o receber esta mensagem, Celso se esquiva enquanto passeia com seu poodle branco pelas ruas de Uberaba num domingo de sol:
▬ Sou pregui�oso demais.

A casa simples e confort�vel onde Chico Xavier passou os �ltimos anos de sua vida se transformou em museu administrado por Eur�pedes. As portas est�o abertas para quem quiser entrar e uma urna est� � disposi��o na cozinha para doa��es volunt�rias.

Uma livraria, logo na entrada, vende os t�tulos psicografados por Chico Xavier ao longo da vida e exp�e objetos de todo tipo com a imagem dele estampada:

● Pratos,
● Agendas,
● Cadernos,
● Camisetas,
● Calend�rios.

A imagem de Chico se multiplica. Uma c�mera de v�deo instalada no corredor de acesso � porta dos fundos hoje est� desligada - uma lembran�a dos tempos em que era preciso zelar pela seguran�a de Chico e registrar, com cuidado, Ep�logo a entrada e sa�da de desconhecidos na casa aos s�bados � noite.

"A voz de Chico ecoa por todo canto durante a visita ao Museu. Um CD com mensagens lidas por ele, embalado por m�sica cl�ssica, serve como trilha sonora para a revela��o da intimidade do homem que lutou, em v�o, para preservar um m�nimo de privacidade."

Faixas em verde e amarelo - como as dos museus p�blicos impedem os curiosos de entrar no quarto onde Chico morreu e onde passou boa parte dos �ltimos anos de sua vida.

Os outros c�modos est�o abertos � visita��o:

�As duas salas onde Chico recebeu amigos e admiradores, almo�ou e jantou (sopas e mingaus nos �ltimos anos) e bebericou caf� (seu �nico v�cio), enquanto se equilibrava entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos.�

Na porta do seu quarto, est� pendurado um dos bilhetes escritos por ele para os esp�ritos.

Um pedido de desculpas por um transtorno imprevis�vel:

� Ele teria que dormir no quarto ao lado, uma noite, por causa de um conserto na caixa de �gua, mas estaria � disposi��o dos "amigos espirituais".

Hoje, no quarto ao lado, penduradas nas paredes, deparamos com as boinas usadas por Chico para cobrir sua calv�cie. Nas paredes de toda a casa, est�o expostos aos visitantes tudo o que Chico evitou exibir ao longo da vida:

● Trof�us,
● Medalhas,
● Comendas.
● T�tulos de cidad�o honor�rio.

No cemit�rio, um mausol�u de m�rmore branco foi constru�do para homenagear o morto mais ilustre e visitado da cidade.

"O movimento em Uberaba desabou com a morte dele, os hot�is j� n�o lotam com as caravanas de esp�ritas e n�o-esp�ritas vindas de todo o Brasil."

Mas os admiradores continuam a chegar, aos poucos, e fazem quest�o de visitar o t�mulo de Chico para pedir paz e socorro.

Uma frase assinada por Chico enfeita uma das paredes do mausol�u, sob uma escultura que mostra a m�o dele segurando um l�pis, pronta para receber uma mensagem:

"A minha vida dediquei � minha mediunidade, � minha fam�lia, aos meus amigos. Ao povo. A minha morte me pertence. Meu corpo deve voltar para a m�e Terra e n�o deve ser tocado".

Chico pede paz.

As Vidas de Chico Xavier.
Marcel Souto Maior.

FIM.

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