Neste mês de Outubro o Fórum Espírita marca 6 anos de existência. Considerando que os diversos indicadores estatísticos do Fórum têm apresentado um grande crescimento nos últimos meses, pretende-se proporcionar debates temáticos mensais para além dos tópicos já habituais, de modo a tentar ir ao encontro das expectativas de todos vocês.
Assim, para iniciarmos um debate sobre o tema, levantaria as seguintes questões:
1 - O que é a Fé?
2 - Podemos distinguir Fé religiosa (cega) de Fé raciocionada?
3 - A Fé é humana e/ou divina?
4 - Pode a Fé ser passiva?
'...Jesus respondeu. dizendo: Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei?...'
3 - A Fé é humana e/ou divina?- Diegas
Se fosse divina, não disporíamos dela nem para estudo.
A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das
necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras.(...) Repito: a fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos
da força que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas. Um Espírito Protetor. (Paris, l863.)
A Fé é a comunhão intima e profunda do espírito com o Pai...'
Como ocorreria a comunhão íntima e profunda de um espírito recém-saído da animalidade; e no outro extremo da escada evolutiva, de um Espírito Puro ?
A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das
necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras
Resumindo, Fé é comunhão com o Pai e crença é comunhão consigo mesmo.
Antes de mais, obrigada Carlos por trazeres aqui o excerto do ESE.
Ou seja, a fé, não pode ser simplesmente a crença em algo, guiada pelo desejo ou a razão do Eu. A verdadeira fé a que Jesus se refere, é a confiança plena na vontade do Pai.
- "do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas"
Eu penso que para a fé ser sólida não basta acreditar; é preciso acima de tudo compreender!
A crença em dogmas ou mesmo em qualquer ser, coisa ou acontecimento, que não seja Deus é sempre o inverso da fé.
Poderiamos então dizer que quem tem fé em Deus não acredita em nada; não se preocupa se fez bem ou mal; se fez ou deixou de fazer;
Mas penso que chegamos a um consenso: que a crença, o simples acreditar em algo ou alguma coisa, não é Fé.Eu penso (logo existo! :D) que temos de saber separar a fé cega da fé raciocinada. Veja-se este texto do ESE:
Então, o que acontece, quando certas pessoas doentes, são curadas, segundo afirmam, "porque tinham fé"? O que estaria em causa: acreditarem k ficariam boas ou a fé na vontade de que Deus poderia curá-las?
Principais pontos de reflexão:
- "do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas"
'...A Fé é a comunhão intima e profunda do espírito com o Pai. Fé e crença são duas coisas distintas e opostas. Ter crença é acreditar em algo pela razão (...) Resumindo, Fé é comunhão com o Pai e crença é comunhão consigo mesmo.
'...A crença em dogmas ou mesmo em qualquer ser, coisa ou acontecimento, que não seja Deus é sempre o inverso da fé....'
Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio? - Respondeu-lhes Jesus: Por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível. (S. MATEUS, cap. XVII, vv. 14 a 20.)"
Na análise a esta passagem do evangelho, que se reporta ao poder da Fé, Allan Kardec esclarece que as "montanhas" a que Jesus se refere são os obstáculos, os problemas que surgem no caminho.
A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras.(...) Repito: a fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas. Um Espírito Protetor. (Paris, l863.)
'...Ou seja, a fé, não pode ser simplesmente a crença em algo, guiada pelo desejo ou a razão do Eu...'
'...Porque razão Jesus disse que seus discípulos eram "incrédulos" ?
Por sinal, eles não acreditavam poder curar?...'
'...Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas têm seus artigos de fé. Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega...
CitarOu seja, a fé, não pode ser simplesmente a crença em algo, guiada pelo desejo ou a razão do Eu. A verdadeira fé a que Jesus se refere, é a confiança plena na vontade do Pai.
Cá estamos a caminhar por um norte nesta discussão: há uma Fé verdadeira.
Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas...automaticamente já está a distingui-la da fé apregoada por Jesus. Não é por acaso que usa da expressão crença...
Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.
Livro dos Espiritos
73. O instinto independe da inteligência?
“Precisamente, não, por isso que o instinto é uma espécie de inteligência. É uma
inteligência sem raciocínio. Por ele é que todos os seres provêem às suas necessidades.”
74. Pode estabelecer-se uma linha de separação entre o instinto e a inteligência,
isto é, precisar onde um acaba e começa a outra?
“Não, porque muitas vezes se confundem. Mas, muito bem se podem distinguir os
atos que decorrem do instinto dos que são da inteligência.”
75. É acertado dizer-se que as faculdades instintivas diminuem à medida que
crescem as intelectuais?
“Não; o instinto existe sempre, mas o homem o despreza. O instinto também pode
conduzir ao bem. Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a razão. Nunca se transvia.”
a) - Por que nem sempre é guia infalível a razão?
“Seria infalível, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo
egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre arbítrio.”
A FÉ é incondicional[/b]. Ama-se a Deus incondicionalmente.Olá, Anton Kiudero.
Fé apenas refere-se à ligação com o criador. Todo o mais é crença.
Para ser proveitosa, a fé tem de ser activa; não deve entorpecer-se. Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus, cumpre-lhe velar atentamente pelo desenvolvimento dos filhos que gerou.
O sentimento de fé anula o sentimento de culpa. Como poderá manter-se envolvido na sensação de ser culpado quem crê na necessidade de renovação da vida ?
A contemplação da obra de Deus em sua evolução constante neutraliza a sensação do estacionamento junto ao erro, que dá ao espírito a impressão de regredir. Na realidade, quem estaciona junto às suas culpas regride, pois não acompanha o movimento progressivo da evolução. Quem pára e vê tudo deslocar-se à sua frente, tem a impressão de andar para trás.
Ter fé não é crer em coisas utópicas e impossíveis. É simplesmente compreender e aceitar o mecanismo de evolução da vida sem entravá-la com a própria incompreensão. É aceitar a própria necessidade de reajustamento constante. Por isso tanto se recomenda a humildade a quem deseja progredir. Como aceitará a necessidade de reajustamento diante de uma vida superior que ainda não pode compreender, quem não sente quão pequenas e acanhadas são as próprias diretrizes ?
O sentimento de humildade vem aliado ao de fé, não porque haja necessidade de nos anularmos para progredir. Seria um contrasenso. Há necessidade de compreendermos bem que a humildade deve basear-se num sentimento positivo. Não significa a anulação do eu, mas o seu ajustamento à grandiosidade do conjunto. É um sentimento alegre de irmanação com a obra do Eterno, no qual, diante da grandeza e sabedoria que vibra na Criação, o espírito se felicita por constituir uma parcela mínima deste conjunto, embora também grandiosa em suas possibilidades. Essa atitude mental possibilita renovações sucessivas, reajustamentos constantes. O ser que sentiu a beleza do conjunto, compara-a com sua condição e vê que, embora faça parte desta grandeza, não a atingiu em todas as suas facetas. É também grandioso, mas é aprendiz da imensidão desta obra ! Contemplando-a e procurando adaptar-se a ela, vem-lhe a convicção da vitória que o espera e não há mais lugar para o sentimento negativo de culpa. Quem poderá sentir-se culpado junto à vida generosa que o espera ?
Sinto que direis: - Há demasiado otimismo nessas afirmações.
É uma questão de atitude mental. Ali está o segredo da fé e do otimismo por ela gerado. A sensibilidade ferida pela dor da diificuldade temporária de ajustamento tende a envolver o espírito na ilusão de que a dor e não a vitória é o objetivo de luta. Nesta substituição gradual de valores, o espírito sente-se submerso nas sensações temporárias, com prejuízo da compreensão completa e absoluta dos problemas da vida.
Há uma programação de conjunto na qual a vitória está destinada a cada pequenino ser. É para esta circunstância que devemos voltar nossa atenção.
Consideramos aqueles que se negam a alimentar o sentimento de fé como almas que se comprazem na autoflagelação. Quem assim procede é o pior inimigo de si mesmo. Descrê de si, entravando o seu progresso, e impede que prossiga harmonioso o ritmo de criação na parte que lhe diz respeito....'
Tão descrentes se deixam ficar as almas que lutam e só vêem o momento presente, que não aceitam facilmente a idéia de serem possuidoras de uma constituição espiritual dotada de tesouros da vida celestial à espera do polimento. Compreendem, mas não conseguem sentir-se na posse das capacidades que lhes dão a vitória. Rejeitam sua filiação divina e esperam que a divindade se manifeste em contraposição às suas próprias leis de sabedoria, as quais negam-se a compreender. Em Sua sabedoria, o Senhor se revela no íntimo de cada um através da consciência que desperta no espírito imortal, de ser ele próprio criador, um deus, um pequeno senhor da vida e de suas leis harmoniosas.
Quando a criatura se une a esta certeza não necessita mais preocupar-se com seus erros. Eles serão vencidos pela convicção de uma capacidade infinita de recuperação e vitória. É este o toque mágico da fé: dar ao ser consciência do conjunto grandioso do qual faz parte, transmitindo-lhe a convicção de possuir em si uma parcela desta grandiosidade, à sua disposição, podendo manobrá-la na conquista de uma participação maior com a beleza do conjunto que ama.
A fé não é propriedade de espíritos privilegiados; é o único antídoto eficiente no combate aos males do espírito. Não é monopólio das almas que já venceram; é a cura racional para quem se certifica da necessidade de vencer os males do espírito. Em todas as gradações espirituais a fé é necessária. Isto se torna perfeitamente compreensível quando percebemos que, assim como toda viagem tem um rumo pré-traçado, todo espírito precisa conhecer para onde dirige seus esforços. Assim, conhecer a vida espiritual superior e nossa inclusão nos planos da Criação é indispensável a fim de sentirmos a razão da luta e a vitória que lhe é subsequente. É preciso sentir que a vida superior nos pertence !
Não transfiramos a conquista da fé para o futuro, quando já seremos iluminados. Estaríamos colocando a luz no final da estrada e pouco provável seria que a pudéssemos trilhar. A fé em nosso destino glorioso é sentimento que devemos e precisamos urgentemente cultivar no momento presente. Sem ela não há felicidade possível, pois não há confiança e, consequentemente, não há paz para que o Amor verdadeiro possa ser desfrutado.
Nos menores detalhes de vossa vida diária, confiai em que ‘cumprireis a vontade do Senhor o melhor possível’ e estareis cosntruindo, aos poucos, o sentimento vigoroso de vossa fé na felicidade espiritual indestrutível – patrimônio inalienável de todos os espíritos da Criação.
Nicanor.
É este o toque mágico da fé: dar ao ser consciência do conjunto grandioso do qual faz parte, transmitindo-lhe a convicção de possuir em si uma parcela desta grandiosidade, à sua disposição, podendo manobrá-la na conquista de uma participação maior com a beleza do conjunto que ama.
Os que caem por ignorância ou falta de vigilância, aceitam com alegria a retificação e mantêm-se em padrão de boa vontade sincera.- Atma
Os que se precipitam no desequilibrio atendendo às sugestões do orgulho, experimentam grande dificuldade para a corrigenda em si mesmos. Já os que possui FÉ inabalável e instrução, não sentem essa dificuldade nas superações dos seus erros.
a fé não se ensina e a fé não se apreende
Há pessoas que fazem uso desta força interior que é a Fé, de forma natural e espontânea...
A fé é um sentimento interior que nos prove da unica felicidade verdadeira, a comunhão com o Pai,
Ela, a D.E, nos proporciona uma fé com um sentido pratico, mais palpavel e menos mistica.
De fato a Fé é a Harmonia com Deus, e superior a Crença racional, ainda que ela seja útil e necessária no início. Fé é Amor e Confiança no processo, mesmo diante da adversidade. Fé é amar a Deus, e toda a sua criação de todo coração.
....
A Fé de cada um é uma razão da comunhão individual com a sabedoria divina. Uma razão da aceitação da vida tal como ela é, e não como nós primitivamente a desejamos. A cada encarnação damos passos rumo a esta comunhão.
A Fé é uma conquista individual. Então é possivel aprender. Jesus é Mestre!
'...Quero citar o caso do milagre da cidade de Lurdes (França) e o de Chico Chavier...'
Foi assim que nasceu a fonte milagrosa de Lourdes!
Neste sentido creio que podemos falar de Fé e Razão juntas a nos guiar
Vou tentar acertar: os mais "religiosos" sentiram o choque com menor intensidade. Acertei, Regina?
chama sagrada da confiança em Deus.
Bernadete fez com seus poucos recursos daquela encarnação algo muito especial para nosso estudo sobre a Fé. Ela testemunhou sua vidência, a "visão da Virgem Maria". Ela não se corrompeu internamente negando o fato, mesmo diante de muitas e muitas ameaças. Seria mais fácil. Mesmo quando foi inquirida varias e varias vezes, e sua vida transformada, recolhida a um convento. Ela não negou.
'...vamos considerar a Fé irracional?
Cientificamente não podemos provar a existencia de Deus. Então toda Fé Nele é cientificamente ilógica, e portanto irracional, neste presente momento. Quando for possível provar Sua existencia, então será científicamente lógica e racional. Este é o caminho das Ciencias, e entre elas a Lógica...'
'...Bernadete fez com seus poucos recursos daquela encarnação algo muito especial para nosso estudo sobre a Fé. Ela testemunhou sua vidência, a "visão da Virgem Maria".
'...Mas procurando uma coisa acabei de encontrar outra que pode ajudar a muitos neste tema de estudos: Leonice M. Kaminski da Silva, Mestra em Ciências da Religião- PUC-SP, tem na internet esta obra:
Existe uma inteligência existencial/espiritual?
O debate entre H. Gardner e R. A . Emmons
incluida na Revista de Estudos da Religião - REVER ISSN 1677-1222...'
‘...A Inteligência Espiritual seria um antídoto ao intelectualismo agnóstico ou areligioso predominante nos meios acadêmicos, uma vez que abre perspectivas novas na discussão cientifica e no relacionamento entre fé e razão. A investigação sobre o processo de maturação espiritual traz uma contribuição original para o estudo dos processos e o funcionamento do conhecimento humano.
As competências e as habilidades espirituais, sendo faculdades humanas, podem ser adquiridas, cultivadas e encorajadas. Ponderados sob um ângulo educativo, se deveria dizer, segundo Emmons, que o comportamento virtuoso e a maturidade espiritual têm grande potencial na formação de cidadãos produtivos para a sociedade e para a cultura. Para o mundo desumanizado de hoje, a espiritualidade tem elevado coeficiente de desejabilidade, mesmo que sua prática dependa de esforços estratégicos ainda para serem educacionalmente investigados.
Mesmo que a espiritualidade ainda seja negligenciada nas pesquisas científicas, ela pode ser debatida dentro de padrões de rigor e de objetividade, ao menos do mesmo nível exigido pela meio acadêmico quanto às demais formas de inteligência humana. O conceito de Inteligência Espiritual dá condições de cidadania científica à espiritualidade e suscita questões que possibilitam aprofundamento e enriquecimento especialmente estimulante para várias áreas das ciências da religião...’
'...Para Emmons a Inteligência Espiritual se funda na evolução biogenética do comportamento e dos sistemas neurais. Ele julga haver uma influência genética hereditária nas atitudes religiosas. Gardner já havia demonstrado que as estruturas especificas do cérebro se conectam a diferentes tipos de inteligência, razão porque cada um desses tipos é isolável, como se observa com pacientes com danos cerebrais. Emmons, referindo-se a essa questão, diz que os cientistas já avançaram na investigação das bases neurais da experiência religiosa e mística, seja em seus substratos neurológicos, seja em suas alterações em casos disfuncionais, mas que resta ainda um caminho longo para ser percorrido. O que já se descobriu é assim suficiente para dizer que a Inteligência Espiritual é sustentável à luz desse critério neurofisiológico...’
- Mas - continuou o aprendiz - o senhor concordará que isso é uma observação puramente filosófica; desejo que o senhor me conduza para o domínio dos fatos reais.
O instrutor meditou por alguns instantes em profundo silêncio e rematou:
- Caro amigo, se você pretende observar o poder de um agente pequenino, qual a semente de mostarda, sobre um corpo extenso de dificuldades que o desorienta ou perturba, acenda uma vela pequenina diante da escuridão.
EMMANUEL
(Da Obra A Semente De Mostarda, Francisco Cândido Xavier)
Existe sim diferença entre a fé humana e fé Divina, no texto do Evangelho citado acima Jesus é muito claro quando nos coloca a ausência de confiança que os discipulos depositavam em si mesmo ,aqui está denotada a fé humana que é a confiança em ser capaz de ser o agente da ação; já a fé divina ela é proporcional a evolução moral do espírito encarnado ou não , a medida que evoluimos somos mais capazes de compreender sem fanatismo esse auxília Divino que não nos falta nunca ou seja é a Fé em Deus.
P'la Equipa Fórum Espírita:
Neste mês de Outubro o Fórum Espírita completa 6 anos de existência. Considerando que os diversos indicadores estatísticos do Fórum têm apresentado um grande crescimento nos últimos meses, pretende-se proporcionar debates temáticos mensais, para além dos tópicos já habituais.
Todos os meses haverá um novo tema para exposição e estudo, preparado por um membro do Fórum Espírita.
Será um formato idêntico ao de uma palestra, em que o expositor apresenta o tema e depois fomenta e modera o debate, mas com as vantagens inerentes a um fórum (comunicação assíncrona, registo, preparação, recursos, consulta e partilha).
Pretende-se assim fomentar o estudo sério e sistematizado, gerando mais conhecimento, através da troca de ideias concisas e sustentadas, acessível com recursos pedagógicos e síntese das participações. Esta metodologia permite, em simultâneo, traduzir-se numa fonte de informação útil para a elaboração de palestras, seminários e outros estudos.
Por isso é importante que as participações sejam efectuadas com mensagens relevantes e enquadradas no estudo em causa, e estar em conformidade com as regras do Fórum Espírita ( ver aqui (http://www.forumespirita.net/fe/index.php?page=6) )
Bons estudos!
Apresentação:
[youtube=650,526]Bmuw3-BsxCw[/youtube]
Encontra-se em anexo o PowerPoint que originou este vídeo.
Resumo:
Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, Cap.XIX
A Fé transporta montanhas
"1. Quando ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou e, lançando-se de joelhos a seus pés, disse: Senhor, tem piedade do meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar. Jesus respondeu. dizendo: Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui esse menino. - E tendo Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são. Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio? - Respondeu-lhes
Jesus: Por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé
do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível. (S. MATEUS, cap. XVII, vv. 14 a 20.)"
Na análise a esta passagem do evangelho, que se reporta ao poder da Fé, Allan Kardec esclarece que as "montanhas" a que Jesus se refere são os obstáculos, os problemas que surgem no caminho.
Principais pontos de reflexão:
Sucintamente, neste capítulo do ESE, podemos extrair algumas definições/reflexões sobre a Fé:
- é a "confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim."
- a "fé sincera e verdadeira é sempre calma"
- "a verdadeira fé se conjuga à humildade; aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em si próprio"
- "do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas"
- "para ser proveitosa, a fé tem de ser ativa; não deve entorpecer-se"
- "no homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que
ele tem das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo"
Questões para debate:
Assim, para iniciarmos um debate sobre o tema, levantaria as seguintes questões:
1 - O que é a Fé?
2 - Podemos distinguir Fé religiosa (cega) de Fé raciocionada?
3 - A Fé é humana e/ou divina?
4 - Pode a Fé ser passiva?
Sites relacionados:
Sobre Razão e Fé:
http://www.forumespirita.net/fe/index.php/topic,8141.msg29330/topicseen.html#msg29330
http://www.forumespirita.net/fe/index.php/topic,8584.msg30776/topicseen.html#msg30776
Coloco também em análise este video:
http://www.youtube.com/watch?v=_qOoMCw1PSc
a fim de questionar que ligação existe entre a Fé e as "curas mediúnicas".
Bibliografia relacionada:
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Toda a a restante Codificação Espírita disponível para download aqui:
http://www.forumespirita.net/fe/index.php?action=tpmod;dl=cat3
A Jornada de Amor, antologia mediúnica, Edições Cordis
Visto que o tema é vasto, proponho que se comece por definir o que é a Fé, na perspectiva do ser humano e do espírito.
Será que há diferenças?
OI Séforah,
São os prodígios da fé.
Busquemos sustentá-las com todo o nosso coração, recordando sempre as palavras do Mestre.
A cada enfermo que seu Divino Amor levantava e restaurava nos caminhos do mundo: “ ELE dizia - "a tua fé te curou”.
Lições que jamais serão esquecidas!
Muita luz, paz e harmonia, para Vc.
Com certeza se Ele estivesse aqui em forma física, Eu ouviria da sua mansa voz" A tua fé te salvou , vá, siga teu caminho.Porém não peques mais."
Obrigada amigos pela colaboração neste estudo, e assim em jeito de conclusão, uso as palavras de um amigo:
"Primeiro o que a fé não é? Fé não é acreditar em algum, livro, religião, lider, formador de opinião, ciencia ou evento da natureza. Isto é uma crença racional que apenas leva a crenças racionais, sujeitas a alegrias e tristezas, euforias e decepções sem fim. Esta crença é o que denominamos de conhecimento. Acredita-se no que se conhece e portanto quem desconhece algo, não pode crer no que desconhece.
Fé é algo completamente diferente e bem mais profundo.
Fé é um sentimento de absoluta liberdade e felicidade.
É a total confiança em Deus ou no universo.
É a consciencia de que nada e nem ninguem pode nos fazer qualquer mal, ferir, abalar ou destruir.
É a consciencia de que tudo é vida e é vivo e sentir esta vida do universo em nos.
É a entrega confiante, sem qualquer restrição, ao Pai, fazendo-lhe a vontade com alegria.
É a consciencia de que somos e sempre seremos espiritos..."
Fé é a plena convicção da Existência de Deus, em alguns é uma chispa que acende como uma fogueira quando houve a palavra DEUS, a fé já está pronta, porém, aqueles que não a têm nessa existência, com certeza em outra terá despertada no seu ser.
Parabéns pela conclusão. ;D
A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das
necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras.(...) Repito: a fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos
da força que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas. Um Espírito Protetor. (Paris, l863.)
Olá amigos
Pode parecer estranho, mas neste fórum me ocorreu algo que nunca antes havia acontecido... Lembrei-me de Jesus e de S. Paulo pregando nas sinagogas, debatendo e esclarecendo... e eles continuam a conversar conosco. Estou aprendendo muito, e obrigado a todos por isso.
Jesus é Mestre, e seus ensinamentos não são dogmáticos, e sim um convite. Não são ordens a seguir, e sim instruções cujo objetivo é a Paz Interior. Livre arbítrio são opções diante de uma encruzilhada na vida de cada um. Na DE convivemos lado como irmãos onde aprendemos observando, e então (para aqueles que estudam) comprovando os manuais.
Reconheço que a dor é real. Sofrer porem diante dos ensinamentos é reconhecer nossa natureza inferior, nossos apegos a comportamentos, pensamentos e emoções. Hábitos.
Sofrer é descobrir a dificuldade da mudança, reconhecendo nossa inferioridade espiritual.
Porem temos o Livre Arbítrio. Posso deliberadamente escolher, "não o mais fácil, porem o correto, o que é certo... Não é nossa índole interior e sim nossas escolhas é que nos fazem diferentes" (adaptado de JK Rolling - Dumbledore para Harry Poter - 6 livro).
Assim aqueles cansados do mesmo resultado de suas ações, e inspirados a seguir os ensinamentos do Cristo, farão conscientemente a opção de burilar-se, para revelar o diamante que vive em seu interior. Não é preciso ter Fé. Faça um experimento científico, como S.Tomé. Avalie seu interior e os resultados exteriores. Faça mais alguns testes, mesmo pequenas mudanças produzem grandes resultados. Animado com seus resultados estará estabelecendo para si uma Crença. Como ela é estabelecida pela observação, prática e estudo da DE, moldada em termos racionais por Kardec, podemos classificá-la como Crença Racional.
Na Índia, seguindo a filosofia Védica, estaríamos diante de símbolos, ricos de mitos universais do conflito humano e da divindade - doutrina cuja lógica interna, proporciona ainda a evolução de muitos espíritos. Aqui no ocidente chamada de "Crença mística". A cada um o que lhe for mais conveniente, para atingir seu caminho de amadurecimento espiritual.
Os primeiros passos são sempre débeis e inseguros, porem a cada proposta de mudança, a cada conflito interno, colhemos vitórias e derrotas contra os velhos hábitos. Porem aprendemos sempre, mesmo com as derrotas. Elas tornam a vitória mais próxima. Sofrer é o conflito de aprender alguma coisa que não sei. Se já aprendi o necessário, deixo de sofrer, pois agora já sei fazer o que é preciso. Para colaborar conosco em nossas intenções sinceras, surgem em nosso caminho muitas oportunidades de servir. Lembre-se: "É dando que se recebe". Faremos bônus hora, e os acumularemos, para usufruí-los conforme nossa necessidade. Mas isto é ainda uma Crença Racional.
Um dia, numa encarnação, e pode ser nesta, ou noutro plano, nosso espírito entenderá, e depois compreenderá como uma verdade profunda que o Amadurecimento Espiritual, proposto por Jesus, é uma proposta de eterna mudança - para melhor - de nós mesmos.
Que servir, e pelo serviço assumir responsabilidades e compromissos não é um fardo, e sim uma benção. Que aprender não é obrigação e sim um desejo nosso. Ao reconhecermos em nós ainda os instintos primitivos, a dor já não será importante, pois saberemos o que fazer: mudar, estudar, e trabalhar servindo a obra de Jesus em qualquer dimensão.
A Crença Racional ainda existirá em nós como espíritos. A Fé é o dom de fazer o muito com o pouco. A multiplicação dos pães... andar sobre as águas... 100 anos sem reclamar... aceitar feliz uma encarnação difícil... mutilado... sem recursos ... poucas oportunidades... etc. De fato a Fé é a Harmonia com Deus, e superior a Crença racional, ainda que ela seja útil e necessária no início. Fé é Amor e Confiança no processo, mesmo diante da adversidade. Fé é amar a Deus, e toda a sua criação de todo coração.
Orando sempre estaremos mais perto de Dele. Mas isto também é um experimento... seja S Tomé, e faça algumas orações... pratique dar os primeiros passos. A vida é eterna, imagine ficar repetindo e repetindo os mesmos erros... e sofrendo por eles. Que tal?
Pelo exposto acima, tema que encontramos em narrativas espíritas, posso concluir:
A Fé de cada um é uma razão da comunhão individual com a sabedoria divina. Uma razão da aceitação da vida tal como ela é, e não como nós primitivamente a desejamos. A cada encarnação damos passos rumo a esta comunhão.
A Fé é uma conquista individual. Então é possivel aprender. Jesus é Mestre!
Podemos e faremos uso da Crença Racional, ou Fé Racional para nossas conquistas espirituais. Nenhum desmérito nisso. Ser ignorante não é defeito, é uma condição corrigivel. Nós nos corrigeremos encarnação, após encarnação.
A Crença racional, ou mesmo a Fé NÃO nos eximem de sofrer... e podemos escolher sofrer o processo de reforma intima. Sofrer limitações materiais inclusive, porem com muita harmonia interior. De larva a crisálida e enfim borboletas. Todos aposotolos de Jesus, de todos os tempos, sofreram, uns com sangue, outros em lágrimas, porem sofreram amando o processo, e a vida.
Para terminar gostaria de sugerir leitura do Livro de Jó e do Sermão da Montanha
Um abraços a todos
Nelson
A fé religiosa. Condição da fé inabalável
6. Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas especiais, que
constituem as diferentes religiões. Todas elas têm seus artigos de fé. Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega. Nada examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Em assentando no erro, cedo ou tarde desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada tem a temer do progresso das luzes, dado que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz meridiana. Cada religião pretende ter a posse exclusiva da verdade; preconizar alguém a fé cega sobre um ponto de crença é confessar-se impotente para demonstrar que está com a razão.
7. Diz-se vulgarmente que a fé não se prescreve, donde resulta alegar muita gente que
não lhe cabe a culpa de não ter fé. Sem dúvida, a fé não se prescreve, nem, o que ainda é mais certo, se impõe. Não; ela se adquire e ninguém há que esteja impedido de possuí-la, mesmo entre os mais refratários. Falamos das verdades espirituaisbásicas e não de tal ou qual crença particular. Não é à fé que compete procurá-los; a eles é
que cumpre ir-lhe, ao encontro e, se a buscarem sinceramente, não deixarão de achá-la.
Tende, pois, como certo que os que dizem: "Nada de melhor desejamos do que crer, mas não o podemos", apenas de lábios o dizem e não do íntimo, porquanto, ao dizerem isso, tapam os ouvidos. As provas, no entanto, chovem-lhes ao derredor; por que fogem de observá-las? Da parte de uns, há descaso; da de outros, o temor de serem forçados a mudar de hábitos; da parte da maioria, há o orgulho, negando-se a reconhecer a existência de uma força superior, porque teria de curvar-se diante dela.
Em certas pessoas, a fé parece de algum modo inata; uma centelha basta para
desenvolvê-la. Essa facilidade de assimilar as verdades espirituais é sinal evidente de anterior progresso. Em outras pessoas, ao contrário, elas dificilmente penetram, sinal não menos evidente de naturezas retardatárias. As primeiras já creram e compreenderam; trazem, ao renascerem, a intuição do que souberam: estão com a educação feita; as segundas tudo têm de aprender: estão com a educação por fazer. Ela, entretanto, se fará e, se não ficar concluída nesta existência, ficará em outra.
A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes provém menos dele do que
da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a
inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso,
sobretudo, compreender. A fé cega já não é deste século (1), tanto assim que precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio. É principalmente contra essa fé que se levanta o incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se prescreve. Não admitindo provas, ela deixa no espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida. A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.
A esse resultado conduz o Espiritismo, pelo que triunfa da incredulidade, sempre que
não encontra oposição sistemática e interessada.
A fé humana e a divina
12. No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que
ele tem das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da sua vontade. Até ao presente, a fé não foi compreendida senão pelo lado religioso, porque o Cristo a exalçou como poderosa alavanca e porque o têm considerado apenas como chefe de uma religião. Entretanto, o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou, por esses milagres mesmos, o que pode o homem, quando tem fé, isto é, a vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação. Também os apóstolos não operaram milagres, seguindo-lhe o exemplo? Ora, que eram esses milagres, senão efeitos naturais, cujas causas os homens de então desconheciam, mas que, hoje, em grande parte se explicam e que pelo estudo do Espiritismo e do Magnetismo se tornarão completamente compreensíveis? A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras. O homem de gênio, que se lança à realização de algum grande empreendimento, triunfa, se tem fé, porque sente em si que pode e há de chegar ao fim colimado, certeza que lhe faculta imensa força. O homem de bem que, crente em seu futuro celeste, deseja encher de belas e nobres ações a sua existência, haure na sua fé, na certeza da felicidade que o espera,a força necessária, e ainda aí se operam milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não há maus pendures que se não chegue a vencer. O Magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé posta em ação. É pela fé que ele cura e produz esses fenômenos singulares, qualificados outrora de milagres. Repito: a fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas. Um Espírito Protetor. (Paris, l863.)
Eu deixo aqui para debate esta questão: afinal o que é a fé? Será simplesmente acreditar em algo? Eu penso que para a fé ser sólida não basta acreditar; é preciso acima de tudo compreender!
Olá Jorge
Ainda bem que tudo correu bem.
As melhoras e a felicidade da tua filha são o meu desejo.
Eu acredito que a prece sincera e sentida ajuda efectivamente, se se tratar de algo que não vá contra a boa moral. É o teu caso quando pedes ajuda para a tua filhota.
Deus abençoe a tua filha e a todos