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Autor Tópico: Paulo de Tarso  (Lida 26092 vezes)

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Offline Ana Ang

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Re: Paulo de Tarso
« Responder #15 em: 27 de Abril de 2011, 14:59 »
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A visão de Huberto Rohden sobre o Convertido de Damasco, no livro "Paulo de Tarso":

Israelita e cidadão romano

Na primeira década da nossa era viviam, simultaneamente em lugares diversos, dois meninos fadados a se tornar outros tantos marcos miliários na estrada da evolução religiosa e cultural da humanidade.

Perdido nas verdejantes alturas de Nazaré, empunhava a ferramenta de carpinteiro um menino que nem nome parecia ter, porque lhe chamavam simplesmente o “Filho do Carpinteiro”.

Ao mesmo tempo, vivia em Tarso da Cilícia outro menino, de saúde precária, que ensaiava com s mãozinhas desajeitadas os primeiros movimentos no manejo dum primitivo tear. Saulo era o nome hebreu que lhe deram os pais israelitas. Paulo, o seu nome latino de cidadão romano.

Em Nazaré e em Tarso se forjava a mais estupenda epopéia da história, porque nesses pontos do globo existiam dois poderosos focos de espiritualidade.

E onde quer que impere o Espírito aí se operam grandes maravilhas.

A dois operários - um carpinteiro e outro tecelão - Confiou-lhes a Providência o destino espiritual da humanidade ocidental.

Durante a sua vida mortal nunca se encontraram, face a face, esses dois meninos, esses operários, esses homens seculares.

Do homem de Nazaré é que deriva essa gigantesca torrente de espiritualidade que irriga os continentes.

O homem de Tarso, por sua vez, canalizou essas águas e lhe cavou um leito tão seguro e preciso que até hoje, após 19 séculos, não desviaram ainda o seu curso.

O Cristianismo, é certo, existiria também se Saulo não tombasse às portas de Damasco. Mas teria ele esse cunho característico que lhe conhecemos? Esse vigoroso colorido que lhe admiramos? Essa precisão quase jurídica e essa visão panorâmica, se não fora o espírito genial de Paulo de Tarso? Essa estranha personalidade que sintetizava em si as três grandes culturas da época: hebraica, helénica e romana?

Quem era Saulo? (1)

Responde ele mesmo: “Sou do povo de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu e filho de hebreus, circuncidado no oitavo dia; fui fariseu em face da lei” (Fp. 3,5).

À interrogação do comandante da fortaleza romana em Jerusalém não hesita Saulo em declarar: “Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade nada obscura da Cilícia” (At. 21,39).

À pergunta do oficial sobre a sua nacionalidade, responde ele: “Eu sou cidadão romano de nascimento” (At. 22,28).

Vai através de todas essas declarações um quê de briosa ufania: orgulha-se Saulo da qualidade de hebreu; gloria-se Paulo dos foros de cidadão romano. É que via nisto e naquilo armas poderosas para conquista espeirtual do mundo.

Tarso, capital da província romana da Cilícia, era, nesse tempo, um notável empório comercial, ponto de intersecção de duas grandes culturas: a heleno-romana do Ocidente, e a semita-babilônica do Oriente. Situada nas fraldas do Taurus, cujos nevados píncaros dominam os extensos vales da Cilícia – assim como os cumes do Líbano se erguem sobre as planícies da Galiléia – é Tarso regada pelas águas do Cydnus, por onde subiam e desciam então os navios do Mediterrâneo.

Numerosas caravanas de camelos, onerados de negrejantes fardos de pelo de cabra, de algodão e de cereais, cruzavam sem cessar as planuras da Cilícia, porfiando com a navegação fluvial por manter um intenso intercâmbio comercial entre o litoral e o interior.

Afora Atenas e Alexandria, era Tarso o mais importante centro de cultura helénica da época.

Terá o pequeno Saulo frequentado o célebre “Gymnasion” da metrópole? Ou terá aprendido em casa, com um preceptor, o manejo magistral do idioma de Homero e Aristóteles? Esse idioma em que, mais tarde, redigiu suas epístolas?

Ainda existiam em Tarso, numerosas obras públicas que, meio século antes de Cristo, mandara realizar o famoso tribuno e escritor romano Cícero, então procônsul dessa província.

Gregos e romanos, assírios e babilônios, persas e fenícios, o oriente e o ocidente, gravaram nos muros de Tarso os vestígios da sua história e o cunho de seu espírito.

Aqui sobre as águas do Cudnus, reclinada em luxuosos coxins de elegante galera, aguardava a sereia egípcia, Cleópatra, o seu poderoso amante Marcus Antônius (41 A.C.).

Mais acima, não longe das cachoeiras, mostravam os professores a seus alunos o lugar histórico onde Alexandre Magno acampara com o seu exército, depois de atravessar o fatídico desfiladeiro do Taurus. Pouco além, às margens do Issus, era o cenário da trágica derrota de Dario, rei dos persas.

Tudo isso via e ouvia o hebreuzinho, filho de ancestrais fariseus, nascido no ambiente livre e amplo duma província da Ásia, onde as armas de Roma dominavam os corpos e a filosofia de Atenas empolgava os espíritos.

Dificilmente compreenderá as cartas de Paulo quem não respirou a atmosfera heleno-judaica-romana que ele inalou durante a sua infância e mocidade, à sombra do Taurus e às margens do Cydnus. Os seus escritos vêm repletos de alusões e reminiscências, de comparações e ideologias hauridas nos panoramas da Cilícia e coloridas pelas concepções mitológicas duma população heterogénea, caldeada dos mais diversos elementos raciais.

Teria Paulo defendido, mais tarde, com tanto ardor e desassombro, a liberdade do Evangelho e a universalidade da redenção, se nascera e fora educado no ambiente ortodoxo-judaico da Palestina? Teria ele tido a nacessária largueza de vistas e independência de espírito para ser para “apóstolo das gentes”, se não convivera, desde a mais tenra infância, com toda espécie de povos e raças, de credos e filosofias?

(1) Haurimos muitos dos elementos deste livro nas obras de Holzner: Paulus, de Bauman: Saint Paul, e outros autores modernos.



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Re: Paulo de Tarso
« Responder #16 em: 30 de Abril de 2011, 14:49 »
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Amigas, Gisella e Hebe :)

Os seus comentários sumiram no último "tilt" do sistema, mas cheguei a ler e responder, obrigada pela participação. Peço desculpas por não participar mais vezes, Gisella, por não ter mt tempo para vir aqui. Estão todos de parabéns pelo estudo mensal.

Vou adorar ler as suas contribuições neste tópico tb, qd puderem aqui voltar.

Hoje, trago uma reflexão sobre o livro Paulo e Estêvão, de Emmanuel.

"Conselhos de Abigail em Paulo e Estêvão

De ORSON PETER CARRARA

No capítulo III, da extraordinária obra Paulo e Estevão, ditada pelo Espírito Emmanuel ao médium Chico Xavier, e editada pela Federação Espírita Brasileira, encontramos valiosa lição de grande importância para os difíceis dias atuais. Aliás, vale dizer que a obra toda é um manancial de ensinamentos. Para o espaço deste pequeno artigo, todavia, nos fixaremos na referência citada, recomendando aos leitores que leiam ou releiam a obra, magistral fonte de conforto, emoções, exemplos e muitos ensinos.

A obra retrata, como se sabe, a vida de Saulo, que se transformou em Paulo após o encontro com Jesus no caminho para Damasco, em comoventes lances que o leitor não pode deixar de apreciar. É obra para se ler repetidamente.

O trecho que desejamos comentar refere-se à visita dos Espíritos Estevão e Abigail a Saulo, em momento de dores e preocupações acerbas. O trecho, de algumas páginas no capítulo, é extraordinário. Destaco, todavia, os quatro verbos recomendados por Abigail diante das sofridas indagações de Saulo nos testemunhos e desafios que enfrentava.

Ansioso de aproveitar os instantes felizes que desfrutava, desejando perpetuar aquele encontro, perguntou o que fazer para adquirir a compreensão perfeita dos desígnios do Cristo e a resposta não se fez esperar: Ama! Respondeu Abigail.

E nova pergunta de Saulo: como proceder de modo a enriquecer na virtude divina? (...) como fazer para que a alma alcançasse tão elevada expressão de esforço com Jesus Cristo? E a resposta: Trabalha! A nova resposta do Espírito.

Saulo voltou a perguntar: Que providências adotar contra o desânimo destruidor? Espera! Responde Abigail.

Nova pergunta foi apresentada: Como conciliar as grandiosas lições do Evangelho com a indiferença dos homens? Perdoa! Afirmou Abigail.

Interessante refletir nos quatro verbos apresentados pelo Espírito como respostas às aflitivas indagações de Saulo: amar, trabalhar, esperar, perdoar.

Observados detidamente permitem visualizar um autêntico roteiro de vida com serenidade. Imaginemos aplicarmo-nos à prática efetiva da conjugação de referidos verbos.

É notável porque quem ama compreende. Quem trabalha, equilibra-se. Quem espera, confia. Quem perdoa, liberta-se. E, claro, perceberemos desdobramentos claros para uma vida equilibrada. Basta pensar e refletir sobre a extensão e alcance de tais virtudes. Desnecessário alongar-se aqui. Preferível que paremos para refletir.

Os conselhos da elevada entidade Abigail é roteiro para nossos tumultuados dias. É a receita de Jesus: amar, trabalhar, esperar, perdoar. Com tais virtudes, nos precavemos da ansiedade, de expectativas que se frustram, de ódios que escravizam, de condicionamentos que travam...

Conselhos sábios esses! Observemos atentamente como são atuais, necessários, diria vitais para o equilíbrio e a serenidade que tanto precisamos no cotidiano. Tanto individualmente, como na família, como no meio social.

Se percebermos bem, veremos que é a ausência deles que está causando esse momento difícil que passa a humanidade.

Concluímos convidando o leitor a reler a obra. Para quem ainda não leu, o convite entusiasmado para emoções elevadas... "

Abraços!


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Re: Paulo de Tarso
« Responder #17 em: 09 de Maio de 2011, 14:54 »
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Amigos,

Um pouco mais sobre as origens de Paulo, segundo Huberto Rohden:

"Cidadão romano por nascimento, espírito helénico por educação, não deixava o pequeno Saulo de ser, com todas as veras de sua alma, filho de Israel, estrénuo paladino do rígido farisaísmo de seus maiores. No meio da babel do politeísmo e panteísmo dos gentios, conservou ele o monoteísmo de Abraão, Isaac e Jacó.

Gloria-se de pertencer ao povo de Israel e à tribo de Benjamin, única que, após o grande cativeiro, auxiliara Judá a reconstruir os muros de Sion. Competia à tribo de Benjamin formar a vanguarda nas procissões e préstitos litúrgicos; porque fora ela que, no memorável êxodo do Egito, atravessara em primeiro lugar o Mar Vermelho.

Era Saulo da casta dos “fariseus”, quer dizer, dos “segregados”, espécie de elite religiosa que se ufanava de conhecer melhor e observar mais estritamente do que o comum do povo os preceitos de Yahveh.

Depois da sua conversão ao Evangelho de Cristo, considera Paulo como “lixo” (2) toda essa jactância de perfeição legal e todas essas prosápias genealógicas de Israel.

Nada sabemos dos progenitores de Saulo. Não os menciona com palavra alguma. É de supor, todavia, que seu pai tenha sido um homem austeramente religioso, meticulosamente mosaico. Desde cedo, naturalmente, iniciou os filhos nos mistérios da Bíblia hebraica, fazendo-lhes conhecer, outrossim, a versão grega dos tradutores alexrandrinos.

Do fato de ter Saulo aprendido o ofício de tecelão, será lícito inferir que seu pai exercia profissão idêntica?

Terá Paulo conhecido sua mãe? Ou terá a infância desse grande espírito corrido à sombra duma orfandade sem afeto nem carinhos maternos? Mais de uma vez, nas suas cartas, recorre o apóstolo a suaves alegorias tiradas do ambiente das dores e solicitudes maternas. Na epístola aos Romanos (16,13) envia cordiais saudações à mãe de Rufo “que também é minha”, diz ele, revelando ternura filial para com uma senhora que, nas penosas expedições apostólicas, o agasalhara e tratara com carinho de mãe.

A única notícia histórica que temos da parentela de Saulo é a menção que Lucas faz nos “Atos dos Apóstolos” (23,16) duma irmã casada que ele tinha em Jerusalém e dum sobrinho, filho dessa mesma irmã.

(2) O termo sfhoala, empregado pelo apóstolo, significa literalmente: “aquilo que se lança aos cães”


Abraços a todos.


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Re: Paulo de Tarso
« Responder #18 em: 09 de Maio de 2011, 15:05 »
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Amigos,

Um caítulo sempre interessante e alvo das maiores atenções na história do Apóstolo é a sua conversão. Emmanuel deixa bem claro, no decorrer do livro Paulo e Estêvão, que isto não aconteceu de uma hora para outra, mas de um modo gradativo, que aos poucos foi Saulo compreendendo que o verdadeiro chamado de Deus partia de outro lado, dos corações simples e puros, adeptos de um Cristo todo amor e caridade, que representava esse próprio Deus, expressão máxima do amor e da misericórdia.

Trazendo o ensinamento para a nossa realidade, podemos perceber que assim ocorre com nós próprios, na jornada de transformação íntima que todos trilhamos, um passo de cada vez.

Vamos conferir os comentários de Huberto Rohden:

ÀS PORTAS DE DAMASCO

Corria o ano 34 ou 35 da nossa era.

Meio-dia.

Espessa nuvem de poeira se levanta na extensa planície da Síria, limitada, mais além, pelas fraldas do Antilíbano.

Ao longe aparecem, por entre verdejantes pomares e tamareiras, umas cúpulas brancas, uma floresta de esguios minaretes; grupos maiores e menores de casas se avistam.

Damasco!

A fulminante caravana estimula as cavalgaduras. Velozes desfilam sobre as brancas areias as sombras fugazes dos camelos.

À frente de todos, um homem em pleno vigor da idade. De estatura média e compleição franzina, domina todos os mais com a potência do seu espírito e o vigor da sua vontade. Vem munido de documentos do Sinédrio; está autorizado a prender todos os adeptos do Crucificado, homens, mulheres e crianças, que em Damasco encontrar. Organizara-se em Jerusalém uma espécie de “tribunal da inquisição”, que tinha por fim reprimir a crescente influência dos “nazarenos”, e Saulo, o mais ardoroso defensor das tradições paternas, fora investido do cargo de “inquisidor-mor”. Tinha carta branca. Podia invadir as casas, de dia e de noite, dar buscas e devassas, empregar torturas e instrumentos de suplício, que não faltavam nos subterrâneos das sinagogas (At. 26,11). Flagelações com “40 golpes menos 1” estavam nas ordens do dia.

Os cárceres de Jerusalém regorgitavam de adeptos do Nazareno. Se ainda existiam na capital discípulos do Crucificado, viviam às ocultas, ou evitavam prudentemente traçar entre a lei de Moisés e o Evangelho de Jesus uma nítida linha divisória, nem assumiam uma atitude tão desassombrada como Estêvão e seus amigos. Havia um partido mais radical, outro mais tolerante.

Bem sabia Saulo que Damasco era o foco do radicalismo pró-Nazareno.

Em Jerusalém vivia Tiago, universalmente conhecido como amigo e respeitador da lei mosaica, alvo da admiração de Israel.

De súbito – um fukgor estranho – uma claridade intensa!...

Saulo jaz em terra…

No meio da luz, divisa o semblante de um “homem celeste” (1Cr. 15,48)… um par de olhos profundos, cheios de eternidade, se cruzam por um momento com as pupilas de Saulo…

E logo depois – completa escuridão…

E, no meio dessa noite em pleno meio-dia, percebe ele um brado ingente como o rolar do trovão:

“Saulo!... Saulo!...”

E depois, como a voz plangente de incompreendido amor, tremula pelo espaço o eco longínquo de uma voz misteriosa:

“Por que me persegues?...”

Saulo levanta os olhos, crava no céu as órbitas – e nada enxerga…

Cegueira completa…

E pelas trevas meridianas vibra, firme e viril, esta pergunta:

“Quem és tu, senhor, a quem eu persigo?”

Momentos de silêncio… instante de indizível angústia… transes de ansiosa expectativa…

Saulo, sempre plenamente ele mesmo, quer saber quem é esse invisível acusador. Está pronto a servir a um “Senhor” que tenha o direito de lhe dar ordens; mas não está disposto a se render a um desconhecido, a um Ser anónimo, talvez a algum fantasma quimérico. A vigilante vontade de Saulo resiste até ao momento supremo. Não cedo senão à verdade insofismável, à inegável evidência. Eminentemente racionalista, exige o derrotado que o seu misterioso vencedor se declare, se identifique, apresente as suas credenciais. A inteligência de Saulo, a sua vontade só se renderão a um “mais inteligente”, a um “mais poderoso”…

“Quem és tu, senhor?”

Oh! Inaudita temeridade!

O nada pede uma definição ao Todo.

E o Todo, lá nas alturas, se define ante o nada, que jaz prostrado no pó, cego, aniquilado…

“Eu sou Jesus a quem tu persegues…”

Jesus vive! – foi esta a mais estupenda revelação da vida de Saulo. Estêvão tinha razão… o Crucificado ressucitara… vivia…

Este pensamento fuzila como um relâmpago pela escuridão daquele grande espírito.

Desde então será esta a ideia central da vida de Paulo; Jesus redivivo!... o Crucificado ressurgiu dentre os mortos! Não adoramos um Cristo morto, uma múmia, uma relíquia do Cristo; não o Cristo do passado, da história, da Palestina – mas, sim, o Cristo vivo, presente, hoje e por todos os séculos…

“Eu sou Jesus a quem tu persegues…”

Foi o momento trágico…

Foi o golpe fatal…

Neste instante, ruiu, ferido de violento terremoto, o soberbo palácio da teologia judaica de Saulo, e sobre essas ruínas se levantaria o templo magnífico do cristianismo de Paulo.

Como? Ele perseguia os discípulos do Cristo – e o Nazareno afirma que Saulo persegue a ele em pessoa?... logo, Jesus e seus amigos são um e o mesmo.

De relance, à beira da estrada de Damasco, nasceu na alma de Paulo a ideia sublime do “corpo místico do Cristo”, ideia que ele, mais tarde, defenderia em todas as suas epístolas.

No meio dessas reflexões que tumultuavam na alma de Saulo, tornou a falar a voz do alto, proferindo palavras repletas de mistério:

“Duro te é recalcitrar contra o aguilhão”!...

O aguilhão!?...

Saulo compreendeu tudo… havia tempo, sobretudo desde aquele olhar derradeiro de Estêvão agonizante, sentia ele cravada na alma, qual doloroso espinho, uma dúvida cruel. A dúvida na virtude redentora da lei mosaica. Espírito observador, não fugira à sua perspicácia a diferença que ia entre a piedade artificial, o formalismo complexo do israelita, por um lado – e a espontânea e serena espiritualidade dos discípulos do Nazareno, por outro. A lei mosaica, pautada pelo imperativo categórico do dever, filho do terror – e o espírito evangélico do querer, oriundo do amor… o israelita, máxime o fariseu, vivia peado por uma inextricável teia de preceitos – eram, segundo Gamaliel, 248, além de 346 proibições! Acresciam a isto inumeráveis conselhos e diretivas orais, cada um dos quais afetava a consciência com maior ou menos gravidade.

Em face desse caos formalístico da religião judaica, sentia-se Saulo impressionado pela encantadora simplicidade religiosa dos discípulos do Nazareno. Amavam a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmos – eis aí a sua religião! Todos os mais atos dimanavam, com espontânea naturalidade, dessas fontes eternas da mística e da ética.

Desde a morte de Estêvão era a alma de Saulo um campo de batalha. Abraçar o Evangelho?... mas como podia Jesus ser o Messias, se sucumbira à morte?... que seria da sua religião sem a presença do Mestre?... não desapareceria em breve da face da terra?...

Saulo “recalcitrava” contra o aguilhão. A imagem é tomada do boi que puxa o carro, e, estimulado pela acicate contra ele se defende, escouceia e recusa obedecer. Assim a alma de Saulo. Não queria ceder, não se queria render ao impulso da graça. A sua índole intelectualista, a sua razão judaica e humana relutavam contra a ideia de um Messias morto, um Deus crucificado, um Redentor justiçado por um juiz pagão, a título de criminoso.

O orgulho farisaico do doutor da lei levantara uma barreira imensa à graça divina.

Eis senão quando esse mesmo Jesus morto lhe aparece vivo! O Crucificado, glorioso!... o Nazareno, a continuar a sua obra na pessoa dos seus discípulos!...

“Por que me persegues?”

“Quem és tu, Senhor?”

“Eu sou Jesus!...” “Não recalcitres! Rende-te, Saulo!... tem fé em mim, sê fiel a mim!, porque sou vivo – redivivo! E estarei sempre com os meus até a consumação dos séculos…

Diante desses fulgores divinos desmaiam todas as luzes humanas…

Abertos os olhos do espírito, fechou Saulo os olhos corpóreos…

Estava cego…

Era um vidente…”



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Re: Paulo de Tarso
« Responder #19 em: 09 de Maio de 2011, 15:06 »
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Mais Huberto Rohden sobre a conversão:

AGIR!

Naqueles poucos momentos, às portas de Damasco, viveu a alma de Saulo séculos inteiros. O espírito não está sujeito às leis do tempo e do espaço.

Durante trinta anos trabalhara o israelita e fariseu de Tarso na construção do seu edifício filosófico-teológico, em no momento em que a construção parecia pronta e inabalavelmente sólida – eis que a graça de Deus sopra contra esse baluarte da humana sabedoria – e ele rui por terra, não ficando pedra sobre pedra!...

“O sopro sopra onde quer…”

E no meio dessa babel de ruínas procura Saulo orientar-se.

Orientar-se?

Não, é necessário que Deus o oriente, no meio dessa universal escuridão, após tão horroroso terremoto.

“Que queres, Senhor, que eu faça?” – pergunta o cego, o derrotado.

Só mesmo dos lábios de um Saulo poderiam brotar tais palavras. Outro teria implorado misericórdia e vida.
Saulo não! Não se entrega a covardes gemidos e estéreis lamentações, nem se abandona a melancólicos saudosismos sobre os três decénios que vivera em vão.

Não! É necessário agir! É preciso fazer alguma coisa! Realizar alguma obra! Está com um futuro diante de si… já que está por terra o edifício do mosaísmo, urge levantar no meio desse caos o templo do Cristianismo!

“Que queres, Senhor, que eu faça?”

Se tanto fez ele sem o Cristo e contra Cristo – quanto não fará com Cristo e pelo Cristo!

Saulo mostrara à Ásia quanto pode o ódio nascido do erro – e mostrará ao mundo inteiro quanto vale o amor, filho da verdade.

“Que queres, Senhor?”

Desde então, não há apóstolo genuíno que não repita estas palavras:

“Que queres, Senhor, que eu faça?”

Quero fazer alguma coisa de grande, mas conforme o teu querer! Porque tu és o senhor e eu sou o teu servo!...

E lá do alto vem a resposta, resposta que foi certamente, uma dolorosa decepção para Saulo.

“Vai à cidade, e lá te será dito o que deves fazer.”

Oh! Desilusão!

Depois de uma cena tão divinamente grande – um epílogo tão humanamente mesquinho! O grande herói que com os próprios olhos contemplou o Cristo glorioso, que com seus ouvidos percebeu a voz do Eterno – esse homem deve agora, como outro qualquer, pedir conselho a um seu semelhante, a um homem talvez medíocre, piedosamente medíocre, e que nunca teve um encontro pessoal com a Divindade!...

Como irá esse oceano acabar num regato vulgar?... por que não vem Jesus pessoalmente completar a sua obra tão gloriosamente iniciada?

Mistérios - e mais mistérios!...

Salvar o homem pelo homem – eis a pedagogia de Deus, tão incompreensível ao homem.

“Vai à cidade, e lá te será dito o que deves fazer...”

Por que não conduz Deus, pessoal e diretamente, essa alma que tão lealmente o procura? Por que a expõe à contingência do pensamento a encolher as possantes asas abertas na luminosa amplidão do espaço e entrar na estreita clausura duma alma alheia?


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Re: Paulo de Tarso
« Responder #20 em: 09 de Maio de 2011, 18:25 »
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Muito obrigado, pela primeira vez no fórum tenho que me render aos textos colados, pois estou lendo sobre Paulo e o texto postado é de extrema riqueza.

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Re: Paulo de Tarso
« Responder #21 em: 09 de Maio de 2011, 18:52 »
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Oi Paulinho,
Vale a pena ler
Paulo de Tarso -
Autor Huberto Rohden editora Martin Claret

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Re: Paulo de Tarso
« Responder #22 em: 09 de Maio de 2011, 19:08 »
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Citação de: Hebe M C em 09 de Maio de 2011, 18:52
Oi Paulinho,
Vale a pena ler
Paulo de Tarso -
Autor Huberto Rohden editora Martin Claret
Um abço Hebe

Oi Hebe, como vai?
Muito obrigado pela recomendação, vou procurar.

Beijo,

Paulo

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Re: Paulo de Tarso
« Responder #23 em: 09 de Maio de 2011, 22:29 »
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Paulo,

Fico contente que tenha gostado dos textos. Huberto Rohden tem muitos outros livros interessantes. Sobre Paulo, que eu saiba, somente este citado. No meu primeiro post neste tópico, sugeri tb outros livros voltados ao estudo sobre Paulo e o Cristianismo.

Abraço


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Re: Paulo de Tarso
« Responder #24 em: 10 de Maio de 2011, 11:24 »
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Amigos, continuando com as reflexões de Huberto Rohden sobre a conversão de Saulo:

"SILÊNCIO E ORAÇÃO

Quando Saulo se levantou da terra, estava ainda cego.

Chamou os companheiros de viagem, que se conservavam á distância, atónitos, perplexos, com o estranho fenómeno, a luz e as vozes do céu. Tinham visto o intenso clarão, percebido as palavras do alto, mas sem verem ninguém.

Em silencia, conduziram o chefe pela mão, rumo a Damasco. Passaram por um largo portão que ainda hoje leva o nome de Saulo, e enveredaram pela “rua direita”, naquele tempo uma soberba avenida de um quilômetro de comprimento, ladeada de duas filas de colunas coríntias, cujos restos jazem hoje dispersos no meio duma babel de casas e casabres.

Hospedou-se Saulo em uma estalagem, cujo proprietário se chamava Judas, como nos diz o historiador. O hospedeiro, algo confuso, recebeu o viajante cego e lhe designou o competente quarto. Trouxeram-lhe refrescos, comida, bebida – Saulo recusou tudo.

Os companheiros queriam ficar com ele – Saulo, porém, os despediu todos. Tinha necessidade de completa solidão; ansiava por estar a sós consigo e com os seus pensamentos.

Os grandes abalos reclamam concentração interior. Para a alma clarividente, o mundo exterior não passa de simples miragem; a intuição interna é que constitui a única realidade.

Retiraram-se os amigos, cheios de estranheza e perplexidade.

E então seguiu Saulo de Tarso aquele memorável tríduo de silêncio, de jejum e de oração – tríduo em que o seu espírito percorreu eternidades e a sua alma realizou a mais estupenda evolução que se pode conceber.

O apóstolo, durante todo o resto da sua vida, atribuiu esse acontecimento a uma nítida intervenção divina – e, em última análise, é ele a testemunha mais autorizada e decisiva na questão. Os que pretendem dar o fato como natural, como efeito duma auto-sugestão, como a solução de um “recalque” psíquico, ou ainda como a resultante de prolongados estudos de Saulo, esquecem-se que quase todas as circunstâncias concomitantes do fenómeno, esquecem-se de que os companheiros de Saulo também viram o estranho clarão e perceberam as palavras do céu, sem as compreenderem; esses explicadores, no afã de eliminar uma incógnita espiritual, introduzem outra incógnita, psíquica, não menos enigmática que a primeira.

Não é possível, com todos os recursos da nossa adiantada psicologia e psicanálise, dar explicação natural satisfatória do fato histórico ocorrido às portas de Damasco. Entretanto, sem querermos despojar o fenómeno do seu nimbo sobrenatural, tentemos penetrar um pouco nessa misteriosa penumbra.

Quando uma alma humana é, de improviso, arrancada, com tronco e raízes, do terreno em que crescia e medrava, e transplantada para um ambiente totalmente diverso, pode daí resultar a morte ou um incurável raquitismo – a não ser que ela seja dotada dum extraordinário potencial de vitalidade, a par duma poderosa capacidade de adaptação

De um momento para o outro, teve a alma de Saulo de realizar esse processo arriscado, esse “salto mortal”, do mais fanático mosaismo para o mais decidido Cristianismo.

No momento em que, das serenas alturas do céu asiático, refulgiu o estranho clarão, e do silêncio do espaço vibrou o brado terrífico: “Eu sou Jesus a quem tu persegues” – neste instante se abalaram os alicerces daquele cosmos humano e estremeceu nas suas trajetórias o mais poderoso sistema planetário do universo espiritual…

Era completa a ruína…

Do edifício espiritual de Saulo não ficara pedra sobre pedra…

E no meio dos escombros do seu soberbo castelo estava prostrado o ardoroso discípulo de Gamaliel, o assassino de Estêvão, que viera de Jerusalém, com documentos oficiais, a fim de prender todos os discípulos do Nazareno…

Entretanto – e é o que há de mais admirável nesse homem - a alma de Saulo possuíra suficiente dinâmica e elasticidade para arquitetar de um mundo em ruínas a “nova creação em Cristo”. Não era nenhum Jeremias que se sentasse sobre as ruínas de Sion e deixasse de correr, em plangente passividade, o pranto amargo da desilusão e do desânimo. Não! Saulo era antes um Ezequiel que, no meio dum campo semeado de ossadas inertes, sabia lançar o audacioso desafio: “Ossos áridos! Ouvi a palavra do Senhor!”

E deu-se então a grande ressurreição…

Aparece aqui, pela primeira vez em todo o seu fulgor, o cunho característico da alma de Saulo: uma inquebrantável energia de vontade, servida por uma penetrante agudeza de inteligência.

Saulo não se dobra a coisa alguma senão só à verdade nitidamente conhecida; não se curva diante de ninguém senão diante de Deus somente, o Deus da Verdade. Por isso, antes de oferecer os seus serviçõs (“Que queres que eu faça, Senhor?”), quer saber quem é que lhe fala (“Quem és tu, Senhor?”).

Mas, uma vez convencido da Verdade, entrega-se de corpo e alma e sem reserva a esse supremo ideal da sua vida.

Integralmente de Moisés – integralmente do Cristo.

O caráter de Saulo é perfeitamente o caráter de Paulo. Nada se extinguiu, nada se apagou, nada se sufocou, nada se eliminou.

Saulo não mudou de caráter, mudou apenas o alvo, o ideal, a causa que ele patrocinava.

Vibra, através de todas as epístolas desse homem secular, a nota dominante; “A nova vida em Cristo nasce da morte do homem velho”. É necessário morrer para viver! É necessário que se apaguem todos os sóis mundanos para que Deus possa ascender no firmamento noturno da alma as estrelas da sua revelação! É necessário que emudeçam todas as creaturas para que possa falar o Creador!

Morrer – para viver!

Se Saulo não fora aquela personalidade firme e maleável ao mesmo tempo, teriam 30 anos da sua vida após-Damasco sido um vácuo, um deserto de repleto dos areais de pessimismo e negação, sem um oásis sequer de esperança e corajosa afirmação. No entanto, a sua vida de apóstolo foi um período de prodigiosa fecundidade e de tão transbordante plenitude que 19 séculos lhe gozam as riquezas, e até ao derradeiro dia da história há-de a Humanidade encher os seus vácuos coma divina plenitude de Paulo de Tarso."


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Re: Paulo de Tarso
« Responder #25 em: 10 de Maio de 2011, 11:37 »
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Falando ainda da conversão de Paulo, recordemos a narrativa de Emmanuel:

"A caminho de damasco

…. Devia ser meio-dia. Muito distante ainda, a paisagem de Damasco apresentava os seus contornos: pomares espessos, cúpulas cinzentas que se esboçavam ao longe. Bem montado, evidenciando o aprumo de um homem habituado aos prazeres do esporte, Saulo ia à frente, em atitude dominadora.

Em dado instante, todavia, quando mal despertara das angustiosas cogitações, sente-se envolvido por luzes diferentes da tonalidade solar.

Tem a impressão de que o ar se fende como uma cortina, sob pressão invisível e poderosa. Íntimamente, considera-se presa de inesperada vertigem após o esforço mental, persistente e doloroso. Quer voltar-se, pedir o socorro dos companheiros, mas não os vê, apesar da possibilidade de suplicar o auxílio.

— Jacob!... Demétrio!... Socorram-me!...  — grita desesperadamente.

Mas a confusão dos sentidos lhe tira a noção de equilíbrio e tomba do animal, ao desamparo, sobre a areia ardente. A visão, no entanto, parece dilatar-se ao infinito. Outra luz lhe banha os olhos deslumbrados, e no caminho, que a atmosfera rasgada lhe desvenda, vê surgir a figura de um homem de majestática beleza, dando-lhe a impressão de que descia do céu ao seu encontro. Sua túnica era feita de pontos luminosos, os cabelos tocavam nos ombros, à nazarena, os olhos magnéticos, imanados de simpatia e de amor, iluminando a fisionomia grave e terna, onde pairava uma divina tristeza.

O doutor de Tarso contemplava-o com espanto profundo, e foi quando, numa inflexão de voz inesquecível, o desconhecido se fez ouvir:

— Saulo!... Saulo!... por que me persegues?

O moço tarsense não sabia que estava instintivamente de joelhos. Sem poder definir o que se passava, comprimiu o coração numa atitude desesperada. Incoercível sentimento de veneração apossou-se inteiramente dele. Que significava aquilo? De quem o vulto divino que entrevia no painel do firmamento aberto e cuja presença lhe inundava o coração precípite de emoções desconhecidas?

Enquanto os companheiros cercavam o jovem genuflexo, sem nada ouvirem nem verem, não obstante haverem percebido, a princípio, uma grande luz no alto, Saulo interrogava em voz trêmula e receosa:

— Quem sois vós, Senhor?

Aureolado de uma luz balsâmica e num tom de inconcebível doçura, o Senhor respondeu:

—Eu sou Jesus!...Então, viu-se o orgulhoso e inflexível doutor da Lei curvar-se para o solo, em pranto convulsivo. Dir-se-ia que o apaixonado rabino de Jerusalém fora ferido de morte, experimentando num momento a derrocada de todos os princípios que lhe conformaram o espírito e o nortearam, até então, na vida. Diante dos olhos tinha, agora, e assim, aquele Cristo magnânimo e incompreendido!

Os pregadores do “Caminho” não estavam iludidos! A palavra de Estêvão era a verdade pura! A crença de Abigail era a senda real. Aquele era o Messias! A his¬tória maravilhosa da sua ressurreição não era um recurso lendário para fortificar as energias do povo. Sim, ele, Saulo, via-o ali no esplendor de suas glórias divinas!

E que amor deveria animar-lhe o coração cheio de augusta misericórdia, para vir encontrá-lo nas estradas desertas, a ele, Saulo, que se arvorara em perseguidor implacável dos discípulos mais fiéis!. .. Na expressão de sinceridade da sua alma ardente, considerou tudo isso na fugacidade de um minuto. Experimentou invencível vergonha do seu passado cruel.

Uma torrente de lágrimas impetuosas lavava-lhe o coração. Quis falar, penitenciar-se, clamar suas infindas desilusões, protestar fidelidade e dedicação ao Messias de Nazaré, mas a contrição sincera do espírito arrependido e dilacerado embargava-lhe a voz.

Foi quando notou que Jesus se aproximava e, contemplando-o carinhosamente, o Mestre tocou-lhe os ombros com ternura, dizendo com inflexão paternal:

— Não recalcitres contra os aguilhões!...

Saulo compreendeu. Desde o primeiro encontro com Estêvão, forças profundas o compeliam a cada momento, e em qualquer parte, à meditação dos novos ensinamentos. O Cristo chamara-o por todos os meios e de todos os modos.

Sem que pudessem entender a grandeza divina daquele instante, os companheiros de viagem viram-no chorar mais copiosamente.

O moço de Tarso soluçava. Ante a expressão doce e persuasiva do Messias Nazareno, considerava o tempo perdido em caminhos escabrosos e ingratos. Doravante necessitava reformar o patrimônio dos pensamentos mais íntimos; a Visão de Jesus ressuscitado, aos seus olhos mortais, renovava-lhe integralmente as concepções religiosas. Certo, o Salvador apiedara-se do seu coração leal e sincero, consagrado ao serviço da Lei, e descera da sua glória estendendo-lhe as mãos divinas.

Ele, Saulo, era a ovelha perdida no resvaladouro das teorias escaldantes e destruidoras. Jesus era o Pastor amigo que se dignava fechar os olhos para os espinheiro ingratos, a fim de salvá-lo carinhosamente.

Num ápice, o jovem rabino considerou a extensão daquele gesto de amor. As lágrimas brotaram-lhe do coração amargurado, como a linfa pura, de uma fonte desconhecida. Ali mesmo, no santuário augusto do espírito, fez o protesto de entregar-se a Jesus para sempre. Recordou, de súbito, as provações rígidas e dolorosas. A idéia de um lar morrera com Abigail. Sentia-se só e acabrunhado. Doravante, porém, entregar-se-ia ao Cristo, como simples escravo do seu amor.

E tudo envidaria para provar-lhe que sabia compreender o seu sacrifício, amparando-o na senda escura das iniqüidades humanas, naquele instante decisivo do seu destino. Banhado em pranto, como nunca lhe acontecera na vida, fez, ali mesmo, sob o olhar assombrado dos companheiros e ao calor escaldante do meio-dia, a sua primeira profissão de fé.

— Senhor, que quereis que eu faça?

Aquela alma resoluta, mesmo no transe de uma capitulação incondicional, humilhada e ferida em seus princípios mais estimáveis, dava mostras de sua nobreza e lealdade.

Encontrando a revelação maior, em face do amor que Jesus lhe demonstrava solícito, Saulo de Tarso não escolhe tarefas para servi-lo, na renovação de seus esforços de homem.

Entregando-se-lhe de alma e corpo, como se fora ínfimo servo, interroga com humildade o que desejava o Mestre da sua cooperação.

Foi aí que Jesus, contemplando-o mais amorosamente e dando-lhe a entender a necessidade de os homens se harmonizarem no trabalho comum da edificação de todos, no amor universal, em seu nome, esclareceu generosamente:

— Levanta-te, Saulo! Entra na cidade e lá te será dito o que te convém fazer!..."

(Extraído do Livro Paulo e Estêvão, ditado pelo espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier)


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