Queridos amigos,

Freqüento a "Casa Espírita Eurípedes Barsanulfo" e trabalho na "Obra Social Dona Meca". É uma instituição filantrópica destinada a atender crianças portadoras de necessidades especiais e carentes.

A Obra iniciou na Casa Espírita e depois alçou vôo independente. Ambas são próximas e, mais próxima ainda a intenção de ajudar os necessitados. Dona Meca foi mãe de Eurípedes Barsanulfo e é muito amada por todos que conhecemos sua última existência.

O site da instituição é www.donameca.org e a mesma situa-se no Rio de Janeiro, em Jacarepaguá (bairro onde resido).

Um grande abraço e muita Paz!

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"Essa Mulher, Esse Anjo de Deus

Nasceu Jerônima. Jerônima Pereira de Almeida, em 1860.

Por seu porte pequeno, franzino, "chegada a desmaios", tornou-se MECA.

Jovem, quase criança, sapeca, alegre, brincalhona cresceu respirando o ar das belas colinas de Sacramento, mirando-se nas águas claras do Ribeirão Borá, correndo nos calçadões de pedras, suspirando aos lampiões de gás.

Essa é a pequena MECA sonhadora e traquinas.

14 anos. Idade de tomar responsabilidade - casar-se.

Como era costume, na época, os pais escolhiam o noivo. Rapaz de "família" para a sua filha. Como ficara órfã cedo, passou a morar com o irmão mais velho e respeitá-lo como a um pai.

No dia aprazado, chegam a sua casa o noivo (Hermógenes Ernesto de Araújo - Mogico - como era chamado), seu pai e um amigo do rapaz. Como boa sapeca e por estar com o coraçãozinho sobressaltado, não resiste: cola as orelhas na porta e os olhos no buraco da fechadura para descobrir o que está acontecendo e "conhecer" o futuro noivo. Morria de medo de casar-se com um rapaz feio. O coração, já aturdido e confuso, entra em verdadeiro pânico: na sala havia dois moços: um deles possuía um tremendo papo... era "papudo" como se dizia na época (bócio).

Essa é a MECA - adolescente e curiosa.

Apesar de arteira e de seu temperamento forte, reprovava o costume da época, mas não se rebelava. O uso era imposto e os rapazes não se opunham, pois, casando-se, ficavam livres do recrutamento para as fileiras nas forças imperiais, apavorados pela grande quantidade de soldados abatidos durante o conflito com o Paraguai... Se para os homens era bom, Meca não achava que era o mesmo para as mulheres. Porém obedecia, não sem demonstrar, embora silenciosamente, sua opinião.

A pobre noiva sofre dias e dias entre rendas e bordados do enxoval de casamento.

Chega o grande dia... treme como vara verde... quando se aproxima do noivo, já uma lágrima tremula em seus olhos sob os véus... Vê o prometido: Ufa!! Não era o feio papudo e sim um garbo mancebo. "Ah! Se soubesse não teria sofrido tanto...", pensa a menina. "Os olhos se encontraram. Ambos perceberam o magnetismo da afinidade, que os havia de irmanar para a eternidade!" A ternura e o companheirismo do marido não o deixavam esmorecer ante as crises (que diziam epiléticas) da jovem esposa, que durariam trinta anos. "Foram longos anos de paciente e amorosa solicitude." A cada dois anos, o lar de Mogico se enchia de graça ante o nascimento de um novo rebento... e foram 15 filhos.

Essa é Meca - de mãos iluminadas e voz doce.

De seus quinze filhos, o terceiro foi Eurípedes Barsanulfo - o Missionário do Amor. Espírito caridoso, humilde. Desde cedo demonstra sua fantástica evolução espiritual. Como toda a família, é católico convicto. Contudo, possui o íntimo repleto de dúvidas - nunca compreendeu o que o Senhor promete no "Sermão da Montanha". Há uma lacuna. Sua ânsia pelo certo, pelo verdadeiro, leva-o a descobrir essas verdades no Espiritismo. Abraça-o, plena, dócil e docemente como se já o conhecesse por toda a vida (ou "vidas"?). Todos lhe voltam as costas. O doce coração materno, porém, embebe-se nas lições inteligentes da Divina Doutrina e, resoluta, diz ao amado esposo: "- Mogico, eu sou Espírita." Pede ao marido, contudo, que estude as lições do Espiritismo para ter maior conhecimento de causa.

Essa é Meca - a corajosa.

A partir de então, colaborando como filho nas lides assistenciais, descobre-se uma médium de faculdades curativas. Eurípedes chega a declarar que"sua mãe era possuidora de um magnetismo curador superior ao dele e que ela poderia operar maravilhas, se o quisesse". Passou a trabalhar lado a lado com o filho, fazendo, assim, que toda a família se convertesse à Sublime Doutrina dos Espíritos. Com suas prendadas mãos fazia remédios para a farmácia Esperança e Caridade. Seu famoso xarope de açúcar nunca faltava. Socorria mães, velhos, crianças. Conta-se que, num certo dia, estando Meca enferma na casa de sua filha Edalides, chega uma família trazendo um arranjo de flores para a "sepultura de D. Meca" pois uma das mulheres havia recebido importante cura através do espírito da mãe de Eurípedes e que ela dissera que poderiam "chamá-la" quando precisassem.

Vemos aqui que Dona Meca, mesmo ainda na carne, achava-se já desligada do corpo efetuando trabalhos admiráveis para o próximo. De outra feita, os irmãos presenciaram um fenômeno de efeitos físicos, ocorrido durante a fluidificação das águas. Uma irmã havia colocado uma garrafa de água para fluidificar a fim de ser levada ao seu irmão. Quando recebeu a garrafa das mãos de Dona Meca, estava tudo normal. Mas, à medida que ela caminhava para casa, com o movimento, a água se tornava esbranquiçada. O enfermo, que era cético, não só melhorou como sentiu-se envolvido por uma fé que antes nunca sentira.

Essa é a grande Meca - incansável na tarefa de servir o irmão.

Mãe Meca, vó Meca dos seus filhos, dos seus netos, dos xaropes de açúcar para as crianças, do açúcar para os nossos corações, nossos filhos, nossos netos... tantos espíritos que perdidos neste "mundo de Deus", aflitos... procuramos seus braços maternais para o nosso consolo, para nos dar forças - a sua força. Agradecemos-lhe por este Lar que nos ensina a humildade, o trabalho, as realizações. Que ele permaneça "erguido sobre a rocha"."

("Eurípedes: O Homem e a Missão" - adaptação de Joana D´Ark de Souza)