Este verão encontrei Deus dentro de mim.
E o que significa isso? Que podemos contar com o seu amor a toda a hora.

É uma sensação maravilhosa que ultrapassa o nosso entendimento.
Estudar Deus e tentar compreende-lo torna-se por vezes um trabalho inglório, porque o buscamos fora de nós, como se Deus fosse uma individualidade, um ser á nossa semelhança. Descobrir Deus dentro de nós dá-nos uma força sem limites para empreendermos qualquer tarefa.

A voz da consciência está sempre desperta para escutar a voz do Nosso Pai que emana e vibra no nosso pensamento, intuindo-nos no caminho do bem.
Descobrir Deus dentro de nós é compreender e aceitar-Lhe a vontade.
Não somos fantoches, somos colaboradores.

Há quem diga que acolhermos a vontade divina sem restrições é sermos comandados pelo Nosso Pai, como se um general fosse. General seria se caminhássemos para a guerra, mas o Pai amoroso, ser supremo de bondade, que nos criou, orienta-nos para a Paz, para o Amor.
Ao nos deixarmos levar nos braços da Sua vontade, estamos a participar na construção de um universo fraterno.

E como participar se a vontade que seguimos não é a nossa? Eis o engano.
A verdadeira vontade do homem não é o amor? Não é a Paz? Se Deus nosso Pai é amor e paz, quem melhor do que Ele para saber o que é bom para nós? Quem melhor que Ele para nos orientar no caminho?
Só temos pois que nos deixarmos levar…

Como uma folha á deriva no rio, tranquila, que sabe que a corrente a leva até à foz onde se encontrará com outras milhares de folhas, que tranquilas, também procuram o mar… o mar da tranquilidade.
Ocorre-me a visão desse mar maravilhoso que vi no espaço: mar sem ondas, mas com movimento, mar calmo mas com som a lembrar uma harpa angelical, mar sem cor, de água pura, que nos convida a mergulhar…
Imagino como seria meditar junto a esse mar todos os dias…

Depois de descobrir Deus dentro de mim antevejo já outra etapa: unir-me a Deus percorrendo o universo com a velocidade do pensamento, e viajar assim sem tempo e sem espaço.
Para chegar lá serão precisos mais mil anos de existências futuras do meu ser. Será mesmo? Porque adiamos? Quando nos despiremos dos nossos defeitos e nos mostraremos nus, movidos pela vontade interior de sermos simples e humildes e amarmo-nos uns aos outros?
Estamos sempre a adiar…Eu estou sempre a adiar...

Mas de repente surge-me esta certeza: libertando-me agora do pesado fardo da ilusão do sofrimento, voando em direcção á luz que o Pai nos indica, insuflando o meu espírito desse sentimento que apenas ainda conhecemos como sendo amor, eu alcançarei a felicidade.

Porque então perco tempo?



Lyon, 18 de Novembro 2006

Regina