Querida Suzana;
perdoe-me a rústica participação, pois não consegui penetrar as muralhas sólidas da argumentação filosófica, e sequer o seu sentido.
Sei que o argumento da realidade ilusória é um braço do pensamento filosófico denominado Solipsismo, que curiosamente conta com dois ativos participantes de nosso fórum: o Anton e a Marlened.
Sempre que me esforço para entender a tessitura desta idealização, deparo-me com a necessidade de se conceituar melhor os termos: realidade, verdade, ilusão.
Percebo, por exemplo, que ao elaborar o texto, em várias ocasiões se o autor empregasse o termo Verdade em vez de realidade, o aprofundamento das idéias percorreria um caminho menos áspero e palatável, ainda que sob meu ponto de vista, inconsistente.
Muitas vezes se questiona a realidade, quando de fato, o que se quer conhecer é a verdade... vejo aqui o grande problema do Solipsismo.

Mas pode ser que, como de tantas outras vezes, eu esteja enganado na minha análise por não ter, confesso, compreendido o pensamento proposto.

Olá Zarthur,
Não sou especialista no assunto, isso tem a ver com física quântica, apenas achei o texto interessante para refletir e quis dividir.
Sim, pode ser que a palavra "verdade" seja mais adequada, mas "realidade" também não está errado.
No exemplo que ele citou da bolinha de gude, se tivéssemos uma lente quadrada poderíamos ver um lápis no lugar da bolinha, então de fato a bolinha de gude não existe como realidade, existe qualquer coisa menos bolinha de gude.
Daí que podemos dizer que sim, existe algo sendo identificado pela mente mas aquela realidade é ilusória pois não existe da forma como percebo.
No caso do gato que tropeça no pé da mesa por exemplo, ele não enxerga o pé da mesa, mas que mesmo assim existe, está lá, então a realidade do gato é uma ilusão porque ele vê o  mundo de uma forma mais restrita.
Se disséssemos para aquele gato, que existe um objeto chamado mesa, ele (é só uma hipótese rs)  ia dizer que era mentira.
Assim somos nós, baseamos nossas experiências nos nossos sentidos nos esquecendo que o homem não é a medida do universo ,então todos nossos sistemas e crenças estão baseados numa realidade relativa.
Aliás como é a realidade ao final? Depende: para um gato é uma, para um peixe é outra, para os humanos é outra, então não temos como dizer  que o que nós  pensamos é o  real porque a realidade é algo subjetivo,depende de como a mente iá experimentar aquela situação baseada na percepção sensorial.
Esta passagem do texto resume bem a questão:
" A mente criou uma realidade efêmera, quase uma miragem. Embora isso não seja tangível nem apreensível pelos sentidos, a mente se expressa no mundo material.
Os objetos possuem, na melhor hipótese, uma realidade secundária que não é nem sequer realidade quando comparada com o que é real: a mente não manifesta."

Então sim, quando vemos uma bola de gude realmente existe ali um aglomerado de matéria, mas dependendo do tipo de lente do nosso olho  poderíamos ver um quadrado ao invés de uma bola, e ao final qual é a forma correta daquele tipo de objeto?
Não existe forma correta porque ela vai sempre variar dependendo do tipo de visão de quem a observe e do processo desta informação a nível mental.
Tem um texto que achei em um blog que resume de forma um pouco mais digerível a idéia central do texto, colei abaixo:
 P.S: também estou tentando introjetar isso, por isso que abri o tópico para que possamos chegar a alguma conclusão mesmo que ela seja relativa ou mera ilusão.

“Equipado com seus cinco sentidos, o homem explora o universo que o cerca e chama essa aventura de Ciência.”
Edwin Hubble

abraços Susana

" Mas voltando ao mundo de “maya”, da ilusão, a Física ocidental acabou por vir dar uma certa razão a essa ideia. Assim, o nosso mundo material não passa de um imenso vazio visto sob a perspectiva atómica, quero dizer, à dimensão do átomo. A matéria mais dura, compacta e resistente, à dimensão atómica é um enorme vazio.
Foram os gregos que nos legaram a ideia do átomo, como o mais pequeno e indivisível elemento da matéria. Ninguém sabe como é que os gregos descobriram o átomo, pois não tinham a tecnologia necessária para o fazer. Provavelmente alguém lhes ensinou. Durante muito tempo o átomo foi mostrado com um núcleo como se fosse um Sol, rodeado de electrões como se fossem planetas gravitando à volta da sua estrela central. Hoje sabe-se que não é bem assim. Além disso, deixou de ser indivisível e não é o menor elemento da matéria.
Para termos uma ideia do que seria colocarmo-nos na dimensão atómica, considerando um átomo com o seu núcleo rodeado de uma nuvem onde vibram os electrões, o núcleo seria 100.000 vezes menor do que o conjunto todo e, se o núcleo tivesse um centímetro de diâmetro, os electrões estariam a cerca de, mais ou menos, mil metros de distância. Portanto, se nos colocássemos no lugar do núcleo de um átomo de hidrogénio, por exemplo, que tem apenas um electrão, não conseguiríamos ver este nem com os binóculos mais potentes. Se conseguíssemos condensar os átomos de uma montanha do tamanho dos Himalaias, eles caberiam dentro de uma pequeno recipiente, não maior do que um cálice de licor, mas esse cálice teria o mesmo peso da montanha.
Temos assim que a matéria, por mais densa e pesada que nos possa parecer, é apenas vazio. A Física Quântica veio ainda complicar mais. Segundo esta disciplina, o mundo tangível aos nossos sentidos não é mais do que a projecção daquilo que queremos ver ou sentir. Por isso se diz, com muita propriedade, que cada um tem a sua própria verdade. Por exemplo, não vemos com os olhos. Estes são meros transmissores de sensações luminosas para o nosso cérebro. Nós vemos com o cérebro e, se determinada imagem não corresponder a nada do que aí tenhamos guardado, acontece que podemos até deixar de ver algumas coisas.
Conta-se a este respeito que, quando Colombo chegou à América, a uma das ilhas que hoje suponho pertencer às Bahamas, os indígenas não viram as caravelas à distância. O chefe da tribo percebeu um movimento pouco usual nas águas e fixou melhor o olhar. Então viu os três navios à distância. Os outros índios só conseguiram vê-los quando o chefe lhes descreveu o que estava a ver. Verdade ou lenda, isto procura explicar que os índios não viam as caravelas pela simples razão de não fazerem parte do que estava arquivado no seu cérebro.
A Física Quântica vai mais longe: o mundo material em que estamos inseridos pode ser alterado pela nossa vontade e pensamento. Coisa estranha, então temos esse poder incrível e não o utilizamos? Na verdade, utilizamo-lo a todo o momento sem sequer darmos por isso. Ao visitarmos determinados locais podemos sentir-nos bem ou sentir-nos mal, porque esses locais estão impregnados das impressões de quem e do que os frequenta. É vulgar ouvir-se dizer que uma pessoa se sente muito bem quando visita uma catedral gótica, ou se sente mal ao visitar uma prisão ou um hospital. Esses locais transmitem-nos, digamos assim, as impressões das pessoas que os frequentaram. Os átomos que constituem essas construções ficaram com o registo de todas as impressões sentidas pelas pessoas que lá estiveram. Em todos os locais por onde andamos, seja em casas, ruas, jardins, sentimos sempre essa estranha sensação de bem-estar ou de mal-estar. Se algumas vezes conseguimos dar uma explicação lógica para essas sensações, na maioria dos casos não temos qualquer explicação, sentimos somente.
Então, esse vazio que constitui o mundo atómico, não parece ser assim tão vazio, há correntes invisíveis que circulam entre os átomos e entre os seus elementos, transformando esse vazio num imenso mar, a que poderíamos chamar mar cósmico. De outro modo, não haveria outra explicação para as sensações que experimentamos e determinados fenómenos que acontecem na vida de todos nós. Ou seja, estamos todos inseridos nesse mar, nós, os animais, as plantas, tudo o que faz parte da Criação. Por isso se diz que fazemos parte do todo.

Fonte:http://cravulsas.blogspot.com.br/2007/02/ligaes-invisveis-1.html

Anton: - Seguindo-se a linha de raciocinio de Zarthur, os espiritos que ditaram a codificação espirita foram solipsistas, uma vez que propõem que as qualidades do que se denomina de materia não existem de "per si" mas são consequência da disposição dos orgãos do observador e por consequência de sua mente.

Olá, Anton;
claramente não foi isto que disseram: vc colocou palavras e as interpretou ao sabor de seu alvitre.
Os espíritos disseram que todas as coisas materiais derivam de uma mesma matéria primitiva, que é o Fluido Cósmico.
Daí Kardec questiona a respeito de coisas subjetivamente materiais, quais sejam o som, que é percebido pelo órgão da audição; a cor, perceptível pelo órgão da visão; o sabor, perceptível pela química das papilas gustativas da cavidade oral; o odor, de igual modo é reação química nas papilas olfativas das narinas.

Estes são os órgãos aos quais os Espíritos fazem referência.

O cérebro, sim, é um órgão, sendo a mente um atributo do espírito que se serve dele para gerenciar as complexas atividades do ser em evolução.

Os espíritos da Codificação somente serão solipsistas num contexto em que  haja jogo de palavras e interpretações canhestras. 



 

Percepção além da Matéria Parte (Beyond Matter) - PT 1

Percepção além da Matéria Parte (Beyond Matter) - PT 1

Percepção além da Matéria Parte (Beyond Matter) - PT 2

Percepção além da Matéria Parte (Beyond Matter) - PT 2

Gostei muito dos vídeos Haga.
Bastante didáticos e elucidativos.

abraços
Susana

Anton disse: - Mas se isto é a materia, porque vemos uma parede de tijolos se somente existe espaço vazio? Porque a forma é uma criação da mente e por consequencia a realidade que é função das formas somente existe na mente.

Nada disto! A distância existente entre as partículas atômicas que compõem a matéria são relativamente proporcionais às dimensões das tais partículas. Apenas por serem infinitamente pequenas, a distância entre elas se tornam imensas.
Mas não se esqueça que na ponta de uma agulha existem bilhões destas partículas, que lhe conferem solidez.
Fazer comparações e alusões entre o mundo do microcosmo , e as nossas percepções humanas, que fazem parte do macrocosmo, não aponta para qualquer conclusão razoável.
No entanto, páginas e mais páginas são escritas com a finalidade de jmpressionar os incautos.

Como ja o disse antes, o maior problema para o ser humano materialista é comprovar que a matéria existe. Existe aparentemente, mas nada alem disto. Lembre-se de que voce é apenas um espírito que vive a consciencia de existir na materia, voce não esta na materia e nem vai sair dela, isto são apenas figuras retoricas. O universo é inteiramente espiritual.

Existem cinco elementos que não são do espírito. Eles estão agregados ao espírito e só se mantêm assim enquanto o ser estiver humanizado. A partir do momento que o espírito alcance a sua elevação, os “cinco agregados” deixam automaticamente de existir.

O espírito enquanto estiver ligado a carne necessitará deles. No entanto o espírito não pode apegar-se às paixões e desejos que nascem a partir da ação através deles.

Quando o espírito, mesmo utilizando-se destes agregados, libertar-se da paixão e do desejo fruto da ação através deles, terá conseguido para esta vida felicidade incondicional e para a próxima uma boa colocação.

Eses cinco agregados são os formadores da realidade que cada espírito vive como real, mas que é apenas ilusão e são:

• As formas
• As percepções
• As sensações
• As formações mentais
• A consciência

Tudo o que para o ser humanizado é real, tudo que é verdadeiro, é formado pela ação destes “cinco agregados”.

Para ler mais continue neste link:  http://meeu.informe.com/os-cinco-agregados-df5.html

Foi devido a todas essas dúvidas que Santo Agostinho disse estas palavras...

Eu contemplei todas estas outras coisas sob Vós, e vi que nem existem absolutamente, nem absolutamente deixam de existir. Por certo têm existência pois procedem de Vós; e, no entanto, não existem pois não são o que Vós sois. Pois apenas existe verdadeiramente aquilo que permanece imutável…

Porque, na realidade, tudo o que é visto e percebido é ilusão. Isto inclui o mundo inteiro, com homens e tudo. Apenas há Deus, a causa, os efeitos são ilusórios.

O imutável apenas se percebe pelo não pensar, como recomenda a doutrina.