A história de um amor ao longo de várias encarnações da vida

Regis Mesquita


Alexandre tinha dois filhos. Um deles tinha apenas 7 anos. Os dois, pai e filho tinham uma relação difícil que oscilava do amor até a briga rapidamente. Havia mais proximidade de Alexandre para com o filho mais velho (12 anos). Com o menor havia impaciência e irritação. “Isto não é normal. É algo que não consigo mudar. Já tentei. Já tentei de tudo, mas não consigo. Preciso que me ajude”. Estas foram as palavras do pai ao me procurar.


Durante as regressões surgiram várias histórias entre os dois. Necessário enfatizar que saber a história é uma parte pequena do tratamento. O mais importante é o uso das técnicas apropriadas para superar traumas, gerar descondicionamentos, permitir aprendizados e reorganizar a mente.


Vou contar três destas histórias, o Alexandre será marcado como (P) e o filho (F).


A primeira história a surgir foi de dois irmãos inseparáveis. Os dois brincavam muito e se divertiam. Um dia o mais novo (F) estava atravessando uma ponte improvisada quando caiu. Gritou para o irmão (P) por socorro. O irmão não reagiu, ficou parado observando o afogamento. Alexandre disse: “algo em mim me disse que foi uma espécie de vingança eu não ter ajudado. Depois que ele morreu, eu sofri muito. Me sentia culpado. Vivi completamente culpado”.


A segunda história aconteceu antes da primeira. O pai (F), filho (P) e outros irmãos estavam caçando juntos. Eram felizes e amigos. Tudo corria bem na família. Nova cena: o pai arranjou outra mulher. O Filho (P) escuta a discussão da mãe com o pai. “Você vai abandonar as crianças? Elas vão passar fome. Como vou alimentá-las?” O pai (F) foi embora e a fome realmente aconteceu. O pai alimentava a nova família e os filhos da nova mulher. Seus filhos passavam fome. A revolta aumentou quando um dos irmãos morreu. O filho (P) transformou seu amor em ódio.


A terceira história aconteceu antes desta segunda. O casal se amava muito, mas os dois brigavam continuamente. As constantes brigas duraram toda a vida. Havia os filhos para criar e eles ficaram juntos. Havia também o amor que sentiam, não conseguiam ficar longe um do outro. Viveram assim, um acusando o outro de ter atrapalhado a vida.


Nesta encarnação estão juntos novamente. Um como pai e o outro como filho. Havia muito a ser resolvido entre eles. Muita raiva, muito rancor, muita culpa, muita desconfiança. O relacionamento entre os dois mostrava claramente esta dificuldade. O amor permitia o contato entre eles. O amor ajudava a ter alguma aproximação. Todo o resto os afastava.


“O amor é esta “cola” que induz as pessoas a se ligarem e a se “prenderem”. Esta “prisão” serve para ajudar as pessoas a terem progresso dentro das áreas escolhidas em seus planejamentos de vida. Muitas vezes temos missões específicas para com algumas pessoas; missões de ajuda, missões de resgate ou de pagamento por atitudes tomadas no passado. Somos espíritos em evolução, isto significa que temos crenças e valores confusos ou errados que geram conflitos. O amor, por sua vez, é uma forma de absorver estes conflitos e permitir a manutenção do vínculo. Ou seja, o ser humano tem muito o que melhorar; se optar por se distanciar dos problemas e das missões de vida a evolução fica bem mais difícil. Frente às dificuldades da vida o amor cria união, diminui o sofrimento, dá força e estabilidade. O amor é sempre uma oportunidade e um incentivo. Por isto é tão importante aprender a usá-lo”.  [parágrafo do livro Nascer Várias vezes, a ser lançado em breve]


Ao manter os dois unidos e “abrir canais de relacionamento” entre eles, o amor permite que a transformação pessoal dos dois ocorra mais rapidamente.


Alexandre superou grande parte dos seus traumas e condicionamentos com a ajuda da terapia. Ao final se sentia preparado para ser pai e ajudar o espírito encarnado como filho a evoluir. Ele estava pronto para servir, para ouvir, para aceitá-lo, para se aproximar, ter carinho. Paciência, ele sabia o porque de muitas reações agressivas do filho. Perseverança, ele sabia que deveria ofertar o que é nobre, só assim quebraria as amarras do passado que condicionava o comportamento do filho.


Quanto mais Alexandre escolhia o que é nobre, mais ele evoluia e mais preparado estava para amar e ajudar. O caminho está aberto para, depois de séculos, os dois finalmente encontrarem a paz, o perdão recíproco e convivência fraterna. Graças ao amor que os uniu e permite que juntos superem estas dificuldades.

Texto do Blog Nascer Várias Vezes
http://nascervariasvezes.blogspot.com/