Quem somos nós como espécie, uma vez que, em pleno século XXI, ainda não aprendemos como domar nossas forças e corrigir nossas fraquezas?

A nossa capacidade de destruição, de ódio por nós mesmos e pelos outros (sem falar nas espécies diferentes), a avareza, a indiferença pelo planeta, a arrogância e a maldade que em nós habitam, mostram-nos que a mudança é uma tarefa árdua, mas necessária.


Negligenciamos a vida de nossa espécie, assim como a de outros seres com os quais dividimos o planeta.

Existe uma cumplicidade quase que generalizada com o mal, cuja conseqüência principal é o recrudescimento da violência em todo o mundo. E pior, parece que perdemos a indignação que nos era costumeira.

A omissão passou a ter sinônimo de educação, de não intrometimento na vida de outrem. Somos meros passageiros dos metrôs da vida, deixando tudo para trás, com a falsa sensação de que os fatos mudarão por si mesmos, sem a nossa interferência.

O escritor Scott Peck, de O Povo da Mentira, sintetiza muito bem o caos que criamos para nós:
“As principais ameaças à nossa sobrevivência já não vêm da natureza externa, mas sim de nossa natureza humana interna. São nossas hostilidades, nosso descaso, o egoísmo, o orgulho e a ignorância deliberada que põem o mundo em perigo. Se não conseguirmos domar e transmutar o potencial da alma humana para o mal, estaremos perdidos”.

E o pior é que, ainda não estamos totalmente cônscios da presença do mal em nosso planeta, o que limita o nosso campo de ação. Nem mesmo temos noção da maldade que nos acompanha e seduz. E não há como combater as mazelas do mundo, sem começarmos a limpeza dentro de nós mesmos.

Temos que ter conhecimento do bem, mas não podemos fugir ao conhecimento do mal, pois não se combate um inimigo desconhecido.

O escritor Alexandre Soljenitsine foi muito sábio ao concluir que “A linha que divide o bem do mal atravessa o coração de todo ser humano. E quem estaria disposto a destruir um pedaço do próprio coração?”.

Se quisermos continuar existindo, temos que fazê-lo, mesmo a contragosto.

Assim como o bem, todo mal possui o contexto em que foi engendrado. Haja vista que vivemos num século marcado pelos avanços científicos e tecnológicos, em que muitos desses estão a serviço do mal. A ponto de sermos hoje, uma espécie danosa para o planeta que nos dá vida.

Somente a espécie humana possui latente a capacidade para a destruição planejada.

E Tomás de Aquino já na sua época, alertava-nos para o fato de que “um único ser humano pode causar mais mal do que todos os outros animais do planeta.”

E não é fora de um contexto, que vemos as catástrofes ecológicas ameaçando a vida de todas as espécies. Não mais podemos subestimar a explosão populacional, a extinção de várias espécies, o aquecimento global, a violência latente nos jovens, o abismo que separa ricos e pobres, a morte do sagrado.

Não podemos mais fugir da verdade de que todos os elementos do universo, vivem, morrem e ressuscitam, de uma forma ou de outra, segundo a crença de cada um. Não é apenas a carne que morre. Tudo está interligado, qualquer que seja a sua classificação: seres animados ou inanimados.

Portanto, devemos abandonar a prepotência de que somos os soberanos do planeta. Temos que respeitar o que recebemos ao nascer e, com o máximo esforço, ao nos transmutarmos, deixar um mundo melhor para todos os seres que ficam ou ainda virão.

Então comecemos a combater em nós mesmos qualquer forma de antropocentrismo, racismo, arrogância, egoísmo, violência, parcialidade, omissão, poder e tantas outros seres parasitários que se alimentam de nossa alma.

Temos que nos apaixonar pela Terra, de modo a não querer destruir a nossa amada, pois quem ama PROTEGE.

 Lu Dias

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Muita paz.