Estudo com criminosos descreve muta��o que pode causar impulsividade

Luiz Gustavo C. Assis* comenta

A descoberta de uma muta��o gen�tica que predisp�e o indiv�duo � impulsividade e agressividade nos leva a diversos questionamentos: Qual a influ�ncia do organismo sobre a personalidade da pessoa? O nosso jeito de ser, a nossa forma de pensar e o nosso modo de agir s�o predeterminados, ent�o, pelo nosso organismo, por nossa qu�mica cerebral e nossos neurotransmissores? Se for dessa maneira, a diferen�a entre um Ghandi, ou um Francisco C�ndido Xavier, e um criminoso est� apenas na gen�tica, no organismo de cada um? Sendo assim, o nosso destino � pr�-determinado pelo nosso corpo?

O espiritismo vem nos explicar que n�o � bem assim. A alma n�o � criada no momento da concep��o e o esp�rito � pr�-existente ao corpo. Dessa forma, o corpo � apenas o envolt�rio material do esp�rito. Quando o esp�rito une-se ao corpo, conserva os atributos de natureza espiritual.

� claro que h� uma influ�ncia direta do corpo na manifesta��o do esp�rito, conforme a quest�o de n�mero 369, de O Livro dos Esp�ritos:

�O livre exerc�cio das faculdades da alma est� subordinado ao desenvolvimento dos �rg�os?�

Resposta: �Os �rg�os s�o os instrumentos da manifesta��o das faculdades da alma, manifesta��o que se acha subordinada ao desenvolvimento e ao grau de perfei��o dos �rg�os, como a excel�ncia de um trabalho o est� � da ferramenta pr�pria � sua execu��o.�

Entendemos, assim, que, para que o esp�rito consiga exercer as suas faculdades espirituais, o corpo deve estar em boas condi��es. Por�m, da� a dizer que � o corpo que d� os atributos do esp�rito vai uma longa dist�ncia. Conforme nos explicam os Esp�ritos Superiores, respondendo ao codificador, nas perguntas 370 e 370-a:

�Da influ�ncia dos �rg�os se pode inferir a exist�ncia de uma rela��o entre o desenvolvimento dos do c�rebro e o das faculdades morais e intelectuais?�

Resposta: �N�o confundais o efeito com a causa. O Esp�rito disp�e sempre das faculdades que lhe s�o pr�prias. Ora, n�o s�o os �rg�os que d�o as faculdades, e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos �rg�os.�

�Dever-se-� deduzir da� que a diversidade das aptid�es entre os homens deriva unicamente do estado do Esp�rito?�

Resposta: �O termo � unicamente � n�o exprime com toda a exatid�o o que ocorre. O princ�pio dessa diversidade reside nas qualidades do Esp�rito, que pode ser mais ou menos adiantado. Cumpre, por�m, se leve em conta a influ�ncia da mat�ria, que mais ou menos lhe cerceia o exerc�cio de suas faculdades.�

Para clarear ainda mais o nosso entendimento a respeito da quest�o, explica-nos o pr�prio Allan Kardec, em coment�rio �s quest�es acima destacadas:

�Encarnando, traz o Esp�rito certas predisposi��es e, se se admitir que a cada uma corresponda no c�rebro um �rg�o, o desenvolvimento desses �rg�os ser� efeito e n�o causa. Se nos �rg�os estivesse o princ�pio das faculdades, o homem seria m�quina sem livre-arb�trio e sem a responsabilidade de seus atos. For�oso ent�o fora admitir-se que os maiores g�nios, os s�bios, os poetas, os artistas, s� o s�o porque o acaso lhes deu �rg�os especiais, donde se seguiria que, sem esses �rg�os, n�o teriam sido g�nios e que, assim, o maior dos imbecis houvera podido ser um Newton, um Verg�lio, ou um Rafael, desde que de certos �rg�os se achassem providos. Ainda mais absurda se mostra semelhante hip�tese, se a aplicarmos �s qualidades morais. Efetivamente, segundo esse sistema, um Vicente de Paulo, se a Natureza o dotara de tal ou tal �rg�o, teria podido ser um celerado e o maior dos celerados n�o precisaria sen�o de um certo �rg�o para ser um Vicente de Paulo. Admita-se, ao contr�rio, que os �rg�os especiais, dado existam, s�o consequentes, que se desenvolvem por efeito do exerc�cio da faculdade, como os m�sculos por efeito do movimento, e a nenhuma conclus�o irracional se chegar�. Sirvamo-nos de uma compara��o, trivial � for�a de ser verdadeira. Por alguns sinais fision�micos se reconhece que um homem tem o v�cio da embriaguez. Ser�o esses sinais que fazem dele um �brio, ou ser� a ebriedade que nele imprime aqueles sinais? Pode dizer-se que os �rg�os recebem o cunho das faculdades.�

Interpretando, ent�o, os ensinamentos do codificador e dos esp�ritos superiores, a muta��o no gene HTR2B seria efeito e n�o causa da impulsividade, inclusive da impulsividade apresentada em exist�ncias anteriores. Como falamos anteriormente, o esp�rito antecede o corpo que tr�s gravado em si tend�ncias e predisposi��es do esp�rito reencarnante. Por isso, Allan Kardec, em A G�nese, esclarece:

�Com a preexist�ncia, o homem traz, ao renascer, o g�rmen das suas imperfei��es, dos defeitos de que se n�o corrigiu e que se traduzem pelos instintos naturais e pelos pendores para tal ou tal v�cio�.

Desse modo, assim como o homem traz gravado em si mesmo a tend�ncia a alguma doen�a que pode vir a se desenvolver, ou n�o, dependendo de v�rios fatores, mas que s�o heran�as do seu passado espiritual, traz gravado tamb�m a tend�ncia � impulsividade que, a depender do seu livre- arb�trio, ir� se manifestar ou n�o. Ressalte-se, conforme descrito na reportagem, que a presen�a da muta��o n�o � suficiente para provocar ou prever o comportamento impulsivo. � que a escolha de agir � sempre do homem e depende da sua vontade. E, conforme nos ensinam os esp�ritos superiores, em O Evangelho Segundo o Espiritismo:

�Compenetrai-vos, pois, de que o homem n�o se conserva vicioso, sen�o porque quer permanecer vicioso; de que aquele que queira corrigir-se sempre o pode. De outro modo, n�o existiria para o homem a lei do progresso�. � Hahnemann. (Paris, 1863.)

* Luiz Gustavo C. Assis � psic�logo, trabalhador do Centro Esp�rita Maranhense, em S�o Lu�s do Maranh�o, e da equipe do Espiritismo.net.

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Ana Ang

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