ROTAS  DE VÔO 
 
   “Como  é difícil, meu Deus, como é raro produzir, já  não digo uma andorinha inteira, mas um simples riscar de asa  no céu, uma cantiga de ave, um atrevimento de vôo” –  Rachel de Queiroz.
                 
  A  imortal escritora afirma ainda que: ninguém  pensa em cavalgar umaáguia,  entretanto o ser dito vivente, criado a imagem e semelhança de  Deus, voa com a sua imaginação. Constrói com a  sua mente, cenários fantásticos; com vivência  própria, tudo extraído dos recônditos do seu  inconsciente e das reminiscências da sua alma imortal!
  Esta  mesma alma acumulou informações e experiências,  trazidas de outras tantas jornadas que teve em sua rota evolutiva!
A  lâmina sete das cartas do Tarô nos mostra o Carro de  Osíris. Um ser conduz um veículo terrestre e, ligado ao  mesmo, dois animais alados; um dócil e o outro atávico  e irredutível! A função do condutor é  manobrar o veículo, imprimindo-lhe um rumo norte, entretanto,  ele apenas conduz o exótico e feliz instrumento. O Ser Supremo  que o criou e o mantém, e nele está, é o  verdadeiro autor da ação que transcorre durante a  missão.
  O  homem habitualmente voa.   Pela imaginação, afetado quimicamente, premido pelo  medo, por emoções súbitas, pelo êxtase,  pelo fervor religioso e principalmente e diariamente através  do seu estado onírico, que dura grande parte do seu tempo de  sono. É um viajante contumaz e de longo curso! Tem como teto  de vôo e campo de pouso, toda a multiplicidade de manifestações  do Universo!
  No  sono, a alma plástica saí do corpo, num exercício  de aprendizado, de tirania ou de amor! Das suas emoções  recalcadas ou não realizadas, do seu querer saber, ou do seu  código doutrinário, adquirido pela reflexão  ponderada, ou construído filosoficamente; a ação  é impressa!
Pela  força seletiva dos seus pensamentos, quase sempre  irredutíveis, vaga em rotas de vôo pelo Cosmo, nos  Umbrais, ou mesmo através do mundo físico ou a sua  contraparte nos planos espirituais (no duplo etéreo). O faz  suavemente como uma dádiva recebida, ou tempestuosamente como  a impulsão e voracidade de um pecado! Tudo depende do seu  lastro mental construído!
O  ser vivente assim comporta, pois foi por Deus criado, sendo assim, na  sua individualidade, o seu espírito é uma centelha que  se fragmentou da fonte primeira, e com a qual manterá pela  eternidade uma ligação de parceria. A criação  é conectada eternamente ao Criador!
  Quando  fora do corpo físico (o seu peso) a alma sai vogando por  lugares que estão em consonância vibracional com a sua  faixa de pensamentos, com o seu plano de seletividade. É o  lastro ou peso, que sintoniza e atrai os semelhantes! Diz-me  o quepensas  e te direi aonde andas enquanto dormes!
  É  durante o exercício do sono que a alma vaga em busca de  lugares que lhe satisfaz, obedecendo a sua memória seletiva.  Alguns viajam pelos mundos ainda negativos e imediatos ao nosso, em  missão, levando o seu ectoplasma de encarnados e sob a  supervisão de espíritos de luz, a prestar socorro a  outras almas encarnadas e mesmo desencarnadas, que vagando ainda pelo  estigma da dor se encontram trilhando os trinta e dois caminhos da  ação cármica, ou as setenta e duas câmaras  de retificação do Ego-cambaleante, instrumento feliz e  divino de tragédias e comédias!
  A  maioria dos que se encontram nas rotas de evolução faz  o seu aprendizado pela dor, pela auto-imolação, se  prendem ao corpo-catre, mesmo depois de terem sido dele desligado e  cumprida a sua passagem por aqui! Apegam-se à roupagem que  criaram pela força dos seus próprios pensamentos e,  arrasta atrás de si, uma jangada a qual fora projetada apenas  para fazer a travessia do grande caudal.  A vida com as provas que se  apresentam!
  Completada  a travessia, a jangada deve ser abandonada, independente da sua  suposta beleza, e do prazer de os termos construído por  caminhos exóticos e inusitados.  É a morte do  Ego-instrumento!
 
 
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