T�pico: Sonambulismo n�o � desdobramento (Lida 2875 vezes)

dOM JORGE · « **em:** 13 de Setembro de 2012, 12:33 »

VIVA JESUS!

Bom-dia! queridos irm�os.

Sonambulismo n�o � desdobramento

�Por que voc� n�o usa o termo �desdobramento�, adotado por Andr� Luiz? N�o acha mais adequado que o termo �sonambulismo�, usado por Kardec? Penso que Kardec usou o termo naquela �poca por ser a melhor rela��o poss�vel entre a observa��o e o cotidiano, mas acho o termo adotado por Andr� Luiz mais acorde com a atualidade.�

Eis, acima, indaga��o de companheiro esp�rita, ap�s ler nosso estudo: Sonambulismo natural em Reuni�es Medi�nicas.

Ofereci a ele a seguinte resposta:

Sonambulismo e desdobramento n�o s�o sin�nimos. Um e outro s�o faculdades an�micas. Mas n�o s�o a mesma coisa.

Tanto � que Andr� Luiz � citado na pergunta � utilizou as duas palavras, em sua obra1, n�o como sin�nimas, mas em situa��es distintas.

Analisemos o assunto.

Independentemente de serem, ou n�o, son�mbulos, desdobram-se let�rgicos e catal�pticos, assim como todos n�s, quando dormimos; e os m�diuns em geral, antes da ocorr�ncia de qualquer fen�meno medi�nico. O fato de a pessoa ser son�mbula facilitar� esse desdobramento. E, nessa condi��o, suas percep��es s�o ampliadas:

�Em geral, suas ideias s�o mais justas do que no estado normal, e mais amplos seus conhecimentos, porque sua alma est� livre. Numa palavra, ele vive antecipadamente a vida dos Esp�ritos.�2

Herm�nio C. Miranda, num pequeno grande livro3, afirma que �alma e esp�rito s�o e n�o s�o a mesma coisa. (...) A alma � a personalidade e o esp�rito, a individualidade.�

Se bem entendi a hip�tese que ele nos apresenta e desenvolve, a personagem �dorme� quando o sensitivo est� em desdobramento. A partir da�, n�o � mais a alma (Esp�rito encarnado) que se manifesta, mas a individualidade (Esp�rito), agora livre dos condicionamentos que o corpo lhe imp�e, com �apenas� cinco sentidos.

Ent�o, o fato de o m�dium ser son�mbulo � que enseja a ele entrar no transe an�mico � express�o do autor citado, na mesma obra �, a partir do qual ocorre o desdobramento espiritual, ou seja, o desdobramento, nele, � consequ�ncia da faculdade sonamb�lica. Esta facilita a ocorr�ncia daquele.

�Luciano, mergulhado num transe de perfil nitidamente an�mico, no qual seu esp�rito, dono de todo um acervo mnem�nico, falava atrav�s de seu pr�prio corpo f�sico, como uma esp�cie de m�dium de si mesmo.� (Palavras do escritor, � p�gina 31, referindo-se a Luciano dos Anjos.)

J� Martins Peralva4, registra que: �Ant�nio Castro: � m�dium son�mbulo.�

E, na mesma obra e Cap�tulo (XV), � p�g. 86, afirma: �O cap�tulo �Desdobramento em Servi�o�, �(...) esclarece essa singular mediunidade, realmente pouco comum entre n�s.�

(...) �M�dium de desdobramento � aquele cujo Esp�rito tem a propriedade ou faculdade de desprender-se do corpo, (...).� (Grifos nossos.)

Com todo o respeito que dedico aos escritos do nobre e estudioso autor � ora na P�tria Espiritual �, ouso discordar dele nos dois casos: de que o desdobramento � raro e em afirmar que h� m�dium de desdobramento.

A meu ver, ele se equivoca duplamente.

Primeiro, ao afirmar que o desdobramento � pouco comum entre n�s � situa��o real, quem sabe, no passado. Mas tudo evolui; e mudan�as ocorrem. H� que se preparar para elas e para novos aprendizados. Percentualmente, talvez o seja, mas em n�meros, num universo de 200 milh�es de brasileiros; ou de 7 bilh�es de habitantes, na Terra, existe em grande n�mero de pessoas son�mbulas!

E, ainda que continuasse rara, necessita e merece ser estudada, compreendida, at� para auxiliar m�diuns que a det�m e que sofrem, em muitos casos, enormemente, por n�o haver quem conhe�a um pouco dessa faculdade, e os auxilie e oriente!

Entendo, isto sim, que a faculdade � pouco conhecida, porque pouco ou raramente estudada, da� a dificuldade de muitos dirigentes de reuni�es medi�nicas em identific�-la. Ali�s, a pr�pria Doutrina Esp�rita � pouco estudada por grande maioria daqueles que nos dizemos esp�ritas! E mais ainda, especialmente por muitos que dirigem ou atuam em Reuni�es Medi�nicas; ou at� assumem responsabilidades ainda maiores no Movimento Esp�rita.

Allan Kardec dedicou trinta e uma quest�es � as de n�meros 425 a 455 �, com mais duas subquest�es, ao tema, em O Livro dos Esp�ritos5; os itens 172 a 174, em O Livro dos M�diuns; e in�meros artigos na Revista Esp�rita, ao longo de v�rios anos! S�o algumas cita��es, para n�o nos alongarmos demais. Como se v�, para ele o assunto n�o � menor e, portanto, merece ser estudado e compreendido.

Em segundo lugar, ao chamar essa faculdade (de desdobramento) de mediunidade.

O simples fato de um m�dium, detentor da faculdade sonamb�lica, achar-se em transe an�mico � ou seja, desdobrado � n�o indica que haja Esp�rito a manifestar-se por ele. N�o se encontra, nesse momento particular, incorporado por qualquer Entidade. N�o existe, pois, m�dium de desdobramento. Existem m�diuns que possuem a faculdade sonamb�lica. Quando entram no transe an�mico, desdobram-se e se manifestam eles mesmos, sem a interfer�ncia de outro Esp�rito. N�o h�, pois, no fato, o exerc�cio da mediunidade; h�, sim, uma �viv�ncia� sonamb�lica, se assim podemos dizer.

A aus�ncia de estudo dessa faculdade, repito, � erro extraordin�rio, pelos recursos que apresenta no socorro a esp�ritos sofredores, seja porque o m�dium, desdobrado, desloca-se a regi�es distantes, ou pr�ximas, onde existam intensos sofrimentos, seja porque permite � quando os Mentores Espirituais concordam com a aplica��o desse recurso � submeter o esp�rito rebelde � regress�o de mem�ria, quando incorporado ao m�dium em transe sonamb�lico � e, em casos assim, ele atua na condi��o de m�dium, exercitando a psicofonia sonamb�lica (Ver o Cap. 8 da obra de Andr� Luiz, acima indicada; e, ainda, o item 173, de O Livro dos M�diuns, de Allan Kardec).

No item 172 deste �ltimo livro, o Codificador registra que:

�O sonambulismo pode ser considerado como uma variedade da faculdade medi�nica, ou melhor, s�o duas ordens de fen�menos que frequentemente se acham reunidos.�

Nesse mesmo item 172, diz ainda Allan Kardec:

�Mas, o Esp�rito que se comunica com um m�dium comum tamb�m pode faz�-lo com um son�mbulo; ali�s, o estado de emancipa��o da alma provocada pelo sonambulismo facilita essa comunica��o.� (Sublinhamos).

Porque a faculdade sonamb�lica favorece a incorpora��o, requer daqueles que a possuem vigil�ncia igual ou ainda maior do que a de quaisquer m�diuns; sobretudo no que se refere ao aprimoramento moral, eis que ficam mais sujeitos � obsess�o. � o que se conclui com a leitura de Andr� Luiz � obra citada1, Cap. 10: Sonambulismo torturado.

Referindo-se � enferma �(...) Aulus acentuou: � � um caso doloroso como o de milhares de criaturas.� (p. 89) � Grifamos.

O nobre Esp�rito n�o usou a palavra �alguns�, mas �milhares�; ou seja, h� n�mero consider�vel de pessoas passando pela prova��o do �sonambulismo torturado�. No caso em estudo, a mulher deveria receber o perseguidor como filho, mas, ao engravidar, provocou o aborto, descumprindo compromissos espirituais, advindo da� sua enfermidade. (p. 91).

Em situa��es semelhantes, certamente haver� grande n�mero de doentes mentais reiteradamente internados em cl�nicas especializadas, esp�ritas, ou n�o.

Son�mbulos s�o m�diuns independentemente de �entrarem� no transe an�mico e, nessa condi��o, incorporam, �(...) como qualquer m�dium comum (...)�, entidades sofredoras, ou n�o � mas o fazem tamb�m no decorrer desse transe, quando desdobram-se e ocorre a psicofonia sonamb�lica. Passam, assim, do transe an�mico ao transe medi�nico.

Como vimos, sonambulismo n�o � �apenas� desdobramento. E, portanto, nem essas faculdades s�o iguais, nem as express�es que as identificam s�o sin�nimas!

Refer�ncias:

1. XAVIER, Francisco C. Nos Dom�nios da Mediunidade. Pelo Esp�rito Andr� Luiz. 9. ed. - Rio de Janeiro: FEB, 1979. Cap. 3, 8 e 11.

2 � KARDEC, Allan. O Livro dos M�diuns. Tradu��o Evandro Noleto Bezerra. 1. Reimpress�o. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Segunda parte, Cap. XIV, Item 172.

3 � MIRANDA, Herm�nio C. O que � Fen�meno An�mico. S�o Bernardo do Campo: CORREIO FRATERNO, 2011. P�ginas 19 e 31.

4 � PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. Cap. VII, p. 44.

5 � KARDEC, Allan. O Livro dos Esp�ritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1� edi��o Comemorativa do Sesquicenten�rio. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Q. 455 e 425.

Gebaldo Jos� de Sousa

PAZ, MUITA PAZ!

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