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dOM JORGE · « **em:** 28 de Setembro de 2017, 23:39 »

VIVA JESUS!

Boa-noite! queridos irm�os.

Papel dos esp�ritas perante o Espiritismo

Muitos esp�ritas acreditam que a filosofia esp�rita � m�rito exclusivo dos Esp�ritos, cabendo a Kardec apenas sistematizar e organizar as comunica��es provenientes do plano espiritual. Este comportamento poderia sugerir aos adeptos do Espiritismo uma postura passiva e silenciosa diante das comunica��es, sem a necessidade de investiga��o, an�lise e pondera��es, uma vez que os Esp�ritos nos esclarecem com muita propriedade sobre os diversos temas que nos afligem. Nada poderia estar mais longe da verdade. Esse pensamento pode estar presente nas mentes dos esp�ritas em virtude da postura humilde de Kardec registrada nos proleg�menos de �O Livro dos Esp�ritos�. L� ele afirma:

�Este livro � o reposit�rio de seus ensinos (dos Esp�ritos). Foi escrito por ordem e mediante ditado de Esp�ritos superiores, para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, isenta dos preconceitos do esp�rito de sistema. Nada cont�m que n�o seja a express�o do pensamento deles e que n�o tenha sido por eles examinado. S� a ordem e a distribui��o met�dica das mat�rias, assim como as notas e a forma de algumas partes da reda��o constituem obra daquele que recebeu a miss�o de os publicar.� [1]

� exato afirmar que a filosofia esp�rita prov�m dos Esp�ritos, no sentido de que ela n�o saiu da cabe�a de um homem, como ocorre com as ci�ncias da mat�ria. Mas n�o � exato afirmar que a �nica miss�o de Kardec era de publicar seus ensinos. Encontramos no pr�prio �O Livro dos Esp�ritos� as marcas de um genu�no pesquisador. Como ler �O Livro dos Esp�ritos� pulando a sua introdu��o? N�o � l� como come�amos a entender como a Doutrina come�ou a ser revelada? N�o � l� que est� registrado os primeiros fen�menos estudados por Kardec? Tudo come�ou com as mesas girantes, depois a cesta com o l�pis, a prancheta e por fim a m�o do m�dium. O que dizer do seu artigo �Ensaio Te�rico das Sensa��es nos Esp�ritos�? Mesmo possuindo limitado conhecimento do funcionamento do c�rebro, ele consegue responder com maestria como � poss�vel os Esp�ritos terem as mesmas sensa��es e percep��es humanas, como a dor, por exemplo, se s�o destitu�dos de corpo f�sico? Como explicar as diversas reclama��es, de que foi testemunha, de frio e calor dos Esp�ritos?

Vou dar um exemplo para tornar clara a fun��o daquele que investiga os fen�menos esp�ritas. � o pr�prio Kardec que explica:

�Passa-se no mundo dos Esp�ritos um fato muito singular, de que seguramente ningu�m houvera suspeitado: o de haver Esp�ritos que se n�o consideram mortos. Pois bem, os Esp�ritos superiores, que conhecem perfeitamente esse fato, n�o vieram dizer antecipadamente: �H� Esp�ritos que julgam viver ainda a vida terrestre, que conservam seus gostos, costumes e instintos.� Provocaram a manifesta��o de Esp�ritos desta categoria para que os observ�ssemos. Tendo-se visto Esp�ritos incertos quanto ao seu estado, ou afirmando ainda serem deste mundo, julgando-se aplicados �s suas ocupa��es ordin�rias, deduziu-se a regra. A multiplicidade de fatos an�logos demonstrou que o caso n�o era excepcional, que constitu�a uma das fases da vida esp�rita; pode-se ent�o estudar todas as variedades e as causas de t�o singular ilus�o, reconhecer que tal situa��o � sobretudo pr�pria de Esp�ritos pouco adiantados moralmente e peculiar a certos g�neros de morte; que � tempor�ria, podendo, todavia, durar semanas, meses e anos. Foi assim que a teoria nasceu da observa��o. O mesmo se deu com rela��o a todos os outros princ�pios da doutrina.� [2]

Apesar de muitos princ�pios terem sido resultados das observa��es dos fen�menos, existem outros promulgados pelos Esp�ritos que Kardec n�o teve como demonstr�-los ou evidenci�-los. Esse � o caso da reencarna��o. Na quest�o n� 171 de �O Livro dos Esp�ritos� ele questiona: �Em que se funda o dogma da reencarna��o?� [3] Os Esp�ritos, por sua vez, respondem: �Na justi�a de Deus e na revela��o�� [3]. Ou seja, � um princ�pio que foi agregado a filosofia esp�rita, resultado dos ensinos dos Esp�ritos, e n�o da observa��o dos fatos.

No entanto, ele utilizou de outros crit�rios para se certificar da veracidade das informa��es provenientes dos Esp�ritos como o Controle Universal do Ensino dos Esp�ritos.

Por sua vez, �O Livro dos M�diuns� � uma obra na qual Kardec exp�e toda sua perspic�cia na an�lise das comunica��es. Esta obra possui um cap�tulo especial de mensagens ap�crifas [4] atribu�das a esp�ritos de alta envergadura moral, como Jesus de Nazar� por exemplo. Ele fez este registro para que os esp�ritas saibam que ningu�m est� livre de receber comunica��es mistificadoras, e que cabe aos esp�ritas discernir o falso do verdadeiro. � intrigante notar que esta recomenda��o seja proveniente dos pr�prios Esp�ritos, ou seja, s�o os pr�prios Esp�ritos que nos dizem que devemos analisar as mensagens oriundas do al�m, conforme segue a recomenda��o abaixo de Erasto:

��fazei-a (Erasto refere-se �s comunica��es esp�ritas) passar pelo crisol da raz�o e da l�gica e rejeitai desassombradamente o que a raz�o e o bom-senso reprovarem. Melhor � repelir dez verdades do que admitir uma �nica falsidade, uma s� teoria err�nea.� [5]

N�o h� nesta argumenta��o nenhum prop�sito de desmerecer o trabalho extraordin�rio daqueles Esp�ritos que foram incumbidos de realizar a revela��o esp�rita (S�o Jo�o Evangelista, Santo Agostinho, S�o Vicente de Paulo, S�o Lu�s, O Esp�rito de Verdade, S�crates, Plat�o, etc..) [1], pois sem o concurso deles o Espiritismo careceria de seu car�ter verdadeiro, ou seja, seria uma express�o equivocada das leis Divinas espirituais. Em contrapartida, uma postura criteriosa, cautelosa, investigativa, questionadora e abnegada por parte de Kardec garantiu, com boa dose de certeza, que as comunica��es recebidas eram, de fato, provenientes de Esp�ritos superiores. O que estamos tentando esclarecer para o querido leitor � que o car�ter cient�fico da Doutrina � o que garante a origem divina da revela��o esp�rita, sendo a ci�ncia esp�rita de total responsabilidade dos esp�ritas, e n�o dos Esp�ritos. Portanto, a nossa postura diante dos fen�menos � que vai caracterizar o Espiritismo como ci�ncia, a exemplo de Kardec.

O Fundador do Espiritismo discorre em seu brilhante artigo intitulado �Car�ter da Revela��o Esp�rita�, contido em sua obra �A G�nese� o papel dos homens perante os fen�menos. Ele considera que a revela��o esp�rita tem duplo car�ter: divino e cient�fico. Esta passagem � t�o esclarecedora que dispensa qualquer coment�rio.

�Por sua natureza, a revela��o esp�rita tem duplo car�ter: participa ao mesmo tempo da revela��o divina e da revela��o cient�fica. Participa da primeira, porque foi providencial o seu aparecimento e n�o o resultado da iniciativa, nem de um des�gnio premeditado do homem; porque os pontos fundamentais da doutrina prov�m do ensino que deram os Esp�ritos encarregados por Deus de esclarecer os homens acerca de coisas que eles ignoravam, que n�o podiam aprender por si mesmos e que lhes importa conhecer, hoje que est�o aptos a compreend�-las. Participa da segunda, por n�o ser esse ensino privil�gio de indiv�duo algum, mas ministrado a todos do mesmo modo; por n�o serem os que o transmitem e os que o recebem seres passivos, dispensados do trabalho da observa��o e da pesquisa, por n�o renunciarem ao racioc�nio e ao livre-arb�trio; porque n�o lhes � interdito o exame, mas, ao contr�rio, recomendado; enfim, porque a doutrina n�o foi ditada completa, nem imposta � cren�a cega; porque � deduzida, pelo trabalho do homem, da observa��o dos fatos que os Esp�ritos lhe p�em sob os olhos e das instru��es que lhe d�o, instru��es que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele pr�prio as ila��es e aplica��es. Numa palavra, o que caracteriza a revela��o esp�rita � o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Esp�ritos, sendo a sua elabora��o fruto do trabalho do homem.� [6]

REFER�NCIAS

1) KARDEC, Allan. O Livro dos Esp�ritos. Tradu��o de Guillon Ribeiro. 74� ed. Rio de Janeiro: Federa��o Esp�rita Brasileira, Proleg�menos.

2) KARDEC, Allan. A G�nese. Tradu��o de Guillon Ribeiro. 38� ed. Rio de Janeiro: Federa��o Esp�rita Brasileira, Cap�tulo I, Car�ter da Revela��o Esp�rita, �tem 15.

3) KARDEC, Allan. O Livro dos Esp�ritos. Tradu��o de Guillon Ribeiro. 74� ed. Rio de Janeiro: Federa��o Esp�rita Brasileira; Justi�a da Reencarna��o; Cap IV � Da Pluralidade das Exist�ncias, Parte Segunda � Do mundo esp�rita ou mundo dos Esp�ritos.

4) KARDEC, Allan. O Livro dos M�diuns. Tradu��o de Guillon Ribeiro. 64� ed. Rio de Janeiro: Federa��o Esp�rita Brasileira, Comunica��es ap�crifas, Cap�tulo XXXI � Disserta��es Esp�ritas, Segunda Parte � Das manifesta��es esp�ritas.

5) KARDEC, Allan. O Livro dos M�diuns. Tradu��o de Guillon Ribeiro. 64� ed. Rio de Janeiro: Federa��o Esp�rita Brasileira, Cap�tulo XX � Da Influ�ncia Moral do M�dium, Segunda Parte � Das manifesta��es esp�ritas.

6) KARDEC, Allan. A G�nese. Tradu��o de Guillon Ribeiro. 38� ed. Rio de Janeiro: Federa��o Esp�rita Brasileira, Cap�tulo I, Car�ter da Revela��o Esp�rita, �tem 14

PAZ, MUITA PAZ!

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