T�pico: As vidas de " El Pilarico ", de matador de touros a protetor de animais (Lida 2246 vezes)

dOM JORGE · « **em:** 15 de Mar�o de 2012, 12:09 »

VIVA JESUS!

Bom-dia! queridos irm�os.

As vidas de �El Pilarico�,
de matador de touros a
protetor de animais

O caso constitui um exemplo expressivo de supera��o
pessoal de um Esp�rito arrependido

�lvaro M�nera nasceu na Col�mbia e aos 4 anos come�ou a lidar com touros, acompanhado do seu pai, um aficionado de touradas. Com 12 anos decidiu ser toureiro, e a promessa triunfou aos 18 anos numa faena apote�tica na Macarena de Medell�n. Tom�s Redondo, o agente de 'El Yiyo', seu melhor amigo, abriu-lhe as portas duma carreira internacional com sucesso em Espanha, onde o apelidaram de �El Pilarico�. Completou 22 corridas e estava pr�ximo da consagra��o quando na tarde de 22 de Setembro de 1984, em Albacete, um touro � �Terciopelo� (veludo) � deu-lhe uma cornada na perna esquerda, projetou-o no ar e caiu de cabe�a. �A queda provocou-me uma fratura da 5� v�rtebra cervical com les�o medular completa acompanhada de trauma cranioencef�lico. Senti uma corrente de ar fria e perdi toda a sensibilidade do corpo�, relata �lvaro sobre o acidente que o deixou parapl�gico. (Sobre o assunto veja o document�rio La �ltima Faena em


Documental La �ltima Faena [COMPLETO]

.)

Houve v�rios momentos cr�ticos na sua carreira taurina em que M�nera assistiu a tanta crueldade que esteve para abandon�-la. �O 1�, quando matei uma �vaca de treino� que soube depois estar gestante; chorei quando vi tirar o feto do seu ventre!... O 2�, quando cravei 4 ou 5 vezes uma espada num touro (perfurando o seu corpo de um lado a outro) e ele lutou para viver numa agonia terr�vel.� As expectativas do seu pai e a admira��o err�nea do p�blico impulsionaram-no a continuar. �Estes foram 2 chamados que n�o atendi. Veio o 3� e ent�o tive que aprender com a dor o que podia ter atendido pela raz�o. Deus deu-me 2 oportunidades que n�o aproveitei e ensinou-me por outro m�todo com o qual aprendi muito bem a li��o.�

�Na ambul�ncia, logo ap�s o acidente, pensei: dev�amos deixar de tourear porque o sangue que vertemos voltar-se-� contra n�s.� "Compreendi que o que me aconteceu � o mesmo que eu fazia aos touros.� (o local da les�o parece um simbolismo). �Quando um touro atingiu fatalmente o cora��o de 'El Yiyo' e as pessoas choravam chocadas, perguntei-me que coisa � esta que n�s fazemos aos touros?�. Hoje agradece estar com vida porque a investida foi brutal. Houve 2 toureiros a quem sucedeu o mesmo � Julio Robles y Lime�o II � e �que tudo indica n�o suportaram a carga e se suicidaram.�

Depois de 4 meses no Hospital de parapl�gicos de Toledo, M�nera foi transferido para o Hospital Jackson Memorial de Miami, onde foi submetido a nova cirurgia e ap�s 3 anos de reabilita��o come�ou a registrar movimentos. Durante os 4 anos que viveu nos Estados Unidos, foi considerado � em algumas ocasi�es � um delinquente, pelos maus-tratos aos touros. Uma delas, quando a tia duma amiga que o convidou para comer em sua casa olhou para ele e friamente lhe disse que se alegrava por ele estar numa cadeira de rodas: "Oxal� nunca se levante da�, porque voc� � um b�rbaro, um assassino!" Ele argumentou de forma rebuscada como qualquer aficionado �que o touro tem oportunidade de salvar-se e nasceu para ser lidado�. Ao que ela replicou: �O touro foi criado para isso? Ele n�o est� l� pela pr�pria vontade como voc�! Levam-no, torturam-no e matam-no sem saber por que lhe fazem tudo isso! O touro � um ser vivo que sente como voc�. Tem um sistema nervoso que responde aos est�mulos da dor da mesma forma que o seu!� 'Pilarico' ficou calado�

Em 1997, M�nera chegou ao Conselho de Medell�n em defesa de um movimento c�vico liderado por
pessoas com defici�ncia f�sica

Depois do acidente, o seu pai continuou assistindo �s corridas por um tempo, at� que leu num artigo na imprensa escrito por M�nera, intitulado �Eu vi touros chorar�, e deixou de ser taurino em solidariedade com seu filho. Ele escreve que �n�o creio que naquela �poca de decis�es equivocadas eu estivesse mentalmente doente, mas estou absolutamente convencido de que foi o fruto l�gico duma ignor�ncia tenebrosa�. �A realidade da mal chamada �fiesta� � cravar e enterrar at� matar, em locais onde se possa perfurar no corpo do inocente animal, t�o sens�vel ao medo e � dor como voc�, seu c�o ou eu.� �Uma coisa � ver os touros na bancada, n�o sentir os espetos de ferro, a tortura e a morte. � melhor beber cerveja e gritar �Ol�!, que vomitar sangue da boca com uma espada incrustada nos pulm�es e no cora��o. N�o � necess�rio ter as m�nimas no��es de anatomia para entender que todo ser vivo com um sistema nervoso central sofre quando o ferem. Basta aplicar a m�xima crist� �n�o fa�as aos outros aquilo que n�o queres que te fa�am��.

Em 1997, M�nera chegou ao Conselho de Medell�n em defesa de um movimento c�vico liderado por pessoas com defici�ncia f�sica. Como conselheiro pretende tamb�m ser defensor ativo dos animais para que �eles tenham voz e voto�. O objetivo � acabar com a tortura dos animais, atrav�s da Organizaci�n Fuerza Anticrueldad Unida por la Naturaleza de los Animales (FAUNA), que re�ne v�rias associa��es contra os maus-tratos aos animais, apostando na vida, na n�o crueldade e no n�o sofrimento de nenhuma esp�cie. �O equivocado era eu... e reconhecer o meu erro foi a atitude mais valorosa que tive como ser humano.�

Para os taurom�quicos, M�nera � um traidor. Ele se defende dizendo que ama o toureio: toureou vacas na sua cadeira de rodas e casou-se na Pra�a de Touros La Macarena no meio de muitos bezerros. "Se fosse rancoroso, odiaria os touros e defenderia os piores tormentos para quem matou o meu melhor amigo e me deixou incapacitado." �lvaro � um homem casado, tem uma filha adotada e n�o aceita o termo �deficiente�, j� que se dedica a construir e a lutar pela vida. �Deficientes s�o os que andam pelo mundo pensando que se pode matar, maltratar e, al�m do mais, divertindo-se com isso.�

Descreve-se a si mesmo como um esp�rito em tr�nsito que pretende sair melhor deste mundo do que como entrou; um homem que luta para reparar seus crimes e que assegura: �Trabalhar pelo direito que todo o ser vivo tem de n�o ser torturado � um dever que tenho com Deus e com a vida.� A cadeira de rodas � para ele �um instrumento para evoluir, para atenuar a dor alheia em contraste com aqueles que se dedicam a recolher bens materiais � custa do sofrimento de outros, sejam humanos ou animais�. �Mais que um castigo, a cadeira � uma b�n��o na minha vida, porque eu nunca havia estado em contato com a dor humana. O acidente n�o foi o ponto de chegada, mas sim de partida. Aquele touro estava no meu caminho e direcionou-me, mas foi o processo pessoal na solid�o que me fez refletir.�

Nuno Emanuel ( continua )

PAZ, MUITA PAZ!

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