T�pico: Escravid�o-m�cula no passado... (Lida 2359 vezes)

dOM JORGE · « **em:** 16 de Maio de 2013, 11:38 »

VIVA JESUS!

Bom-dia! queridos irm�os.

Escravid�o: m�cula no passado � frutos na cultura e na forma��o
da ra�a brasileira!

�De tudo o que plantaram, nada lhes restou... nem da terra, nem
dos frutos. Apenas a liberdade.� - Benedito Ruy Barbosa.
(Novela Sinh� Mo�a, cap�tulo final.)

Portugal, desde 1526, praticou o tr�fico negreiro para a Am�rica do Norte, Antilhas e Brasil. No livro L�zaro Redivivo (1), Humberto de Campos diz-nos que, segundo Rio Branco, o primeiro contrato de introdu��o de escravos no Brasil ocorreu em 1583.

A escravatura no Brasil, de dores intensas, que ainda perduram nos planos f�sico e espiritual � pela crueldade inconceb�vel de alguns �senhores� de escravos �, � mancha que muito pesa sobre nossa gente e nossa p�tria! Ignorar as Leis da Vida conduz ao sofrimento, � irresigna��o e � revolta, por s�culos, at� que nos arrependamos e reparemos nossas faltas! � uma d�vida coletiva.

Cremos que as duas longas ditaduras; o per�odo inflacion�rio; muitas doen�as f�sicas e mentais, atuais e futuras, s�o sequelas dessas atrocidades � eis que a aboli��o formal n�o muda mentes de encarnados e desencarnados, a cultivar �dios rec�procos.

Em Brasil, Cora��o do Mundo, P�tria do Evangelho (2) lemos:

�O elemento ind�gena foi chamado a colaborar na edifica��o da p�tria nova; almas bem-aventuradas pelas suas ren�ncias se corporificaram nas costas da �frica flagelada e oprimida e, juntas a outros Esp�ritos em prova, formaram a falange abnegada que veio escrever na Terra de Santa Cruz, com os seus sacrif�cios e com os seus sofrimentos, um dos mais belos poemas da ra�a negra em favor da humanidade.�

(...)

�Os filhos da �frica foram humilhados e abatidos (...) e, do manancial de humildade de seus cora��es resignados e tristes, nasceram li��es comovedoras (...), dotando-se a alma brasileira dos mais belos sentimentos de fraternidade, de ternura e de perd�o.�

� p. 68, afirma que Ismael (Mentor do Brasil), autorizado por Jesus, convidou � reencarna��o, na ra�a negra, para que se redimissem:

�(...) antigos batalhadores das cruzadas, senhores feudais da Idade M�dia, padres e inquisidores, esp�ritos rebeldes e revoltados, (...).�

O livro Mem�rias de um Suicida (3) amplia essas not�cias:

�(...) Sabei que entre os escravos que, sob os c�us do Cruzeiro Sublime, choraram (...) Grandes falanges de romanos ilustres, do imp�rio dos C�sares; de patr�cios orgulhosos, de guerreiros altivos, autoridades das hostes de Diocleciano, como de Adriano e Max�ncio, dolorosamente arrependidas (...) expungiram, sob o cativeiro africano a mancha que lhes enodoava o Esp�rito!

(...)

�Da� (...) a doce, mesmo sublime resigna��o dessa ra�a africana digna, por todos os motivos, da nossa admira��o e do nosso respeito, a passividade heroica que nem sempre se estribou na ignor�ncia (...) mas tamb�m no desejo ardente e sublime da pr�pria reabilita��o espiritual!�

Sofriam eles os efeitos da Lei de A��o e Rea��o! Mas a crueldade a que foram submetidos, no Brasil colonial, n�o fora autorizada por Jesus. Com essas a��es desumanas, homens b�rbaros, brancos e negros, assumiram para eles pr�prios futuro de dores imensas; porque �(...) n�o perceberam que a evolu��o se processa pela pr�tica do bem (...).� � p. 51.

*

Brasil afora, campanhas libert�rias antecederam a aboli��o da escravatura.

Na Reg�ncia Trina Permanente, em 07.11.1831, uma Lei declarava livres todos os negros que a partir da� viessem para o Imp�rio. Mas o tr�fico ilegal prosseguiu.

Em 04.09.1850, a Lei Eus�bio de Queir�s, proibia, taxativamente, o tr�fico negreiro.

Gente do povo aderiu � campanha abolicionista e, em atos comoventes, revelaram grandeza d�alma, sentimento fraternal. No Cear�, jangadeiros negaram-se a transportar escravos para os navios que os trariam aos Estados do sudeste brasileiro, na triste pr�tica do tr�fico interno. Nesse Estado, em 25.03.1884, a escravid�o foi extinta. Nesse mesmo ano, o Amazonas abole a escravid�o; e, no sul, Porto Alegre.

Ao longo do s�culo XIX, Leis � al�m das indicadas � e outras decis�es contribu�ram para suavizar a vida dos escravos, no Brasil:

� Em 1866, foram libertados os escravos que lutaram na Guerra do Paraguai;

� Em 1869, uma lei proibia a venda de escravos em leil�es p�blicos e a separa��o da fam�lia;

� Em 28.09.1871, aprovou-se a Lei do Ventre Livre: nascituros seriam livres;

� Em 28.09.1885, a Lei dos Sexagen�rios;

� Outro fato not�vel: a partir de 1887 o Ex�rcito Imperial negava-se a capturar escravos fugidos;

� Esse processo libertador culmina, afinal, em 13.05.1888, com a promulga��o da Lei �urea, pela Princesa Imperial Regente, Isabel!

Lei que levou a fam�lia imperial ao ex�lio, com a proclama��o da Rep�blica, em 15.11.1889 � n�o obstante a generosidade de D. Pedro II, amado pela popula��o brasileira at� os dias de hoje, por quem conhece sua vida e o amor que dedicou � p�tria!

�N�o � nosso intento fazer a apologia da escravid�o, cujos horrores principalmente macularam o homem branco e sobre ele reca�ram. Mas a escravid�o no Brasil foi para os negros a reabilita��o deles pr�prios e trouxe para a descend�ncia deles uma p�tria, a paz e a liberdade e outros bens que pais e filhos jamais lograriam gozar, ou sequer entrever no seio b�rbaro da �frica.� � Citado em Brasil, mais al�m. RIBEIRO, Jo�o. Hist�ria do Brasil. RJ, Livraria S�o Jos�, 1957, 16. Ed., p. 210.

Defendem � uns por desconhecer os fatos espirituais acima � como o Dia Nacional do Negro no Brasil n�o o 13 de maio, mas, sim, o da morte de Zumbi, l�der do Quilombo dos Palmares: 20 de novembro. (J. Raul Teixeira - O Consolador, n. 5.)

N�o podemos ignorar os esfor�os de tantos brasileiros que, corajosamente, lutaram por essa nobre causa! Valorizemos as duas datas!

Defendemos o direito � liberdade de consci�ncia, de pensamento, de dirigir a pr�pria vida. Libertemo-nos de preconceitos, de v�cios, da ignor�ncia, do fanatismo...

*

Benef�cios perenes sobrevieram ao Brasil, com essa participa��o da ra�a negra: a miscigena��o racial; o sentimento fraternal; a do�ura e a humildade; h�bitos alimentares; a musicalidade; as palavras � com imensa riqueza vocabular �, arraigaram-se em nossa sociedade, de tal forma que todos trazemos no sangue essa heran�a bendita, com marcas da origem africana!

E essa presen�a est� na literatura, na topon�mia, na culin�ria, na religi�o � cujas cren�as devemos respeitar! �, nas artes em geral, especialmente na m�sica (no samba e em outros ritmos).

Por falar nesse tema, outra �das mais lindas can��es que ouvi� � a dolente, melanc�lica m�sica Sinh�, de Jo�o Bosco e Chico Buarque, lan�ada em 2011 � que nos remete, em bel�ssima poesia, � escravid�o!

Para ouvi-la basta clicar em https://www.youtube.com/watch?v=T4CP6aCXq9I

Eis sua letra:

Sinh�

Se a dona se banhou,

Eu n�o estava l�!

Por Deus Nosso Senhor,

Eu n�o olhei Sinh�!

Estava l� na ro�a;

Sou de olhar ningu�m!

N�o tenho mais cobi�a,

Nem enxergo bem.

Pra que me p�r no tronco?

Pra que me aleijar?

Eu juro a vosmec�

Que nunca vi Sinh�!

Por que me faz t�o mal,

Com olhos t�o azuis,

Me benzo com o sinal

Da santa cruz!

Eu s� cheguei no a�ude

Atr�s da sabi�;

Olhava o arvoredo!

Eu n�o olhei Sinh�!

Se a dona se despiu,

Eu j� andava al�m:

Estava na moenda;

Estava pra Xer�m!

Por que talhar meu corpo?

Eu n�o olhei Sinh�!

Pra que que vosminc�

Meus olhos vai furar?

Eu choro em iorub�,

Mas oro por Jesus!

Pra que que vassunc�

Me tira a luz?

E assim vai se encerrar

O conto de um cantor,

Com voz de pelourinho

E ares de senhor.

Cantor atormentado,

Herdeiro sarar�

Do nome e do renome

De um feroz senhor de engenho;

E das mandingas de um escravo,

Que no engenho enfeiti�ou Sinh�!

*

Homenageamos aqui a m�e �ndia e a m�e preta � de seios fartos e cora��o rico de nobreza, de generosidade �, ora a alimentar, com terna do�ura e belo sorriso de bondade, tanto o pretinho sofrido da senzala quanto o filho do �senhor�; a cantar, saudosa, can��es africanas; a embal�-los para que adorme�am! Duas ra�as nobres, �s quais tanto devemos e cujo sangue corre em nossas veias; queiramos, ou n�o!

Foram as primeiras e s�o, ainda, m�es forjadoras da ra�a brasileira. Sem falar no legado primoroso da gra�a, da beleza e da do�ura da mulher de nossa terra, que a todos nos encanta, a brasileiros e a estrangeiros!

Orgulhemo-nos de todas elas!

Refer�ncias:

1. XAVIER, Francisco C. L�zaro Redivivo. Pelo Esp�rito Irm�o X. 6. Ed., Rio de Janeiro: FEB, 1978. P. 25 e 54, cap. 34. p. 263.

2. XAVIER, Francisco C. Brasil, Cora��o do Mundo, P�tria do Evangelho. Pelo Esp�rito Humberto de Campos. 12. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1979, p. 238;

3. PEREIRA, Yvonne A. Mem�rias de um Suicida. 8ed., Rio de Janeiro: 1979, p. 568.

Gebaldo Jos� de Souza

PAZ, MUITA PAZ!

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