T�pico: Culto a bobagens (Lida 1330 vezes)

dOM JORGE · « **em:** 05 de Fevereiro de 2020, 19:32 »

VIVA JESUS!

Boa-tarde! queridos irm�os.

Culto a bobagens

Gilberto Dimenstein, 63 anos, jornalista conceituado, veio a p�blico pela primeira vez ap�s iniciar-se no tratamento de grave c�ncer de p�ncreas com met�stases ao f�gado, dizendo:

Aquele Gilberto Dimenstein de antes do c�ncer morreu; c�ncer � algo que n�o desejo para ningu�m, mas desejo para todos a profundidade que voc� ganha ao se deparar com o limite da vida. N�o queria ter ido embora sem essa experi�ncia, pois grande parte da minha vida foi marcada pelo culto a bobagens.

� como se eu estivesse passando por um lugar lindo em um trem em alta velocidade: vendo tudo borrado. Com o c�ncer come�aram a aparecer coisas incr�veis, as rela��es emocionais se sofisticam � s� agora descobri a profundidade da rela��o homem/mulher; a pessoa do seu lado o tempo todo. N�o conhecia essa cumplicidade nesse n�vel. N�s vivemos nos meios digitais a era da indelicadeza, 500 mil pessoas criticando. Eu acabei entrando no mundo das gentilezas. Cada pessoa tem uma palavra, um ch�, uma ora��o, um olhar gentil. O outro mundo vai ficando rid�culo!

A experi�ncia da doen�a severa, da dor e da proximidade da morte ativa em n�s pensamentos diferentes sobre a vida e nos sensibiliza para uma vis�o diferente das coisas. Bom seria se essas vis�es diferentes do habitual se instalassem independentemente da dor. Jesus prop�s isso e grande parte de seus ensinamentos tinha como foco direcionarmos nossos desejos e nossas perspectivas para o belo, o bom, o justo, o solid�rio, o sadio, o �tico: �Buscai primeiro o reino de Deus...�[ii]

Simone Weil, a fil�sofa crist� francesa, dizia que n�s sofremos certa deforma��o decorrente de nossa vida na atmosfera da sociedade contempor�nea, e at� nossas aspira��es em prol de uma sociedade melhor trazem a sua marca. Nossa sociedade est� atacada de uma mania �nica: a monomania da contabilidade. Para ela nada tem valor se n�o pode ser registrado em francos e centavos, onde as coisas representam o papel dos homens e os homens representam o papel de coisas. Segundo Simone, o mal essencial da humanidade � a substitui��o dos fins pelos meios. Considerava os fins como a vida humana em sua plenitude, ou seja, o ser espiritual e os meios como os recursos que permitem ao indiv�duo desenvolver a sua espiritualidade: o comer, o beber, o fazer sexo, comprar o necess�rio � sobreviv�ncia, possuir o essencial � vida etc. Segundo essa fil�sofa � essa invers�o da rela��o entre o meio e o fim, essa loucura fundamental, que explica tudo o que h� de insensato e triste no curso da hist�ria.[iii]

Revivendo Jesus, o Espiritismo nos convoca a examinarmos atentamente o que temos cultuado em nossa vida. Bobagens? Tolices? Futilidades? Inconsequ�ncias? Excessos? Aguardar o c�ncer, o sofrimento atroz ou perdas do�das para ativarmos atitudes de vida saud�vel e produtiva � desnecess�rio. Podemos fazer isso agora!

Folha de S�o Paulo, 31/12/19.

[ii] Mateus, 6:33.

[iii] Simone Weil � A condi��o oper�ria e outros estudos sobre a opress�o - Ecl�a Bosi.

Ricardo Baesso de Oliveira

PAZ, MUITA PAZ!

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